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Dr. Fábio Marinho Departamento de Bioquímica e Imunologia fmarinho@c-bio.grad.ufmg.br Desenvolvimento de linfócitos e geração de diversidade nos receptores https://www.medicalnewstoday.com/articles/285666.php Todas as células sanguíneas no adulto se originam de precursores hematopoiéticos na medula óssea A hematopoiese é o processo de formação de células sanguíneas linfopoiese é a formação dos linfócitos Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. (CTH) Progenitor Mieloide Comum ➢ Comprometimento em resposta a instruções recebidas de receptores de superfície celular ➢ Diferenciação em subpopulações funcionais distintas ➢ Proliferação ➢ Rearranjo ordenado e sequencial dos receptores de antígenos ➢ Seleção Eventos cruciais no desenvolvimento de linfócitos Progenitor Linfoide Comum Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. (CTH) Progenitor Mieloide Comum➢ Muitos eventos nucleares que ocorrem durante o desenvolvimento dos linfócitos são regulados por mecanismos epigenéticos: ➢ Compactação do DNA (Heterocromatina x Eucromatina) regulando o acesso da maquinaria de recombinação e expressão ➢ MicroRNAs (miRNAs) que silenciam a expressão de genes ➢ Sinais de sobrevivência: sinalização intracelular Regulação do desenvolvimento de linfócitos Progenitor Linfoide Comum maduros maduros ➢ A linfopoiese ocorre nos órgãos linfoides primários: medula óssea (linfócitos B) e timo (linfócitos T) ➢ Progenitor linfoide comum (PLC): se originam a partir de células tronco hematopoiéticas (CTH) e dão origem a todos os linfócitos T e B ➢ Nos órgãos linfoides primários, os PLC em desenvolvimento sofrem rearranjo gênico para a geração de receptores de antígenos e processos de seleção (clones auto- reativos são eliminados) Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. 1. Célula tronco originada na medula óssea 2. Pró-linfócitos se proliferam e iniciam a recombinação gênica da cadeia pesada do BCR ou da cadeia β do TCR (pré-receptores) 3. Pré-linfócito expressando o pré-TCR ou pré-BCR (apenas parte dos receptores de antígenos + moléculas sinalizadoras); proliferam 4. Pré-linfócito inicia a recombinação gênica da cadeia leve do BCR ou da cadeia α do TCR, formando um linfócito completo mas ainda imaturo 5. Linfócito B ou linfócito T maduros (mas ainda virgens) prontos para responderem a antígenos Visão geral do desenvolvimento dos linfócitos Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. Linfócitos T ou B → 1 2 3 4 5 ➢ Sinais de sobrevivência ➢ Mediado por Citocinas (estágios 1 e 2) ➢ Mediado por Receptores (estágios 3, 4 e 5) Visão geral do desenvolvimento dos linfócitos Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. Linfócitos T ou B → 1 2 3 4 5 Pontos de controle da maturação de linfócitos Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. * ➢ Linfócitos em desenvolvimento passam por pontos de controle* para a verificação da geração de receptores funcionais (em cada etapa) ➢ Linfócitos auto-reativos são eliminados** ➢ Linfócitos que geram receptores não funcionais morrem por apoptose ** * ** Tolerância Central A geração da grande diversidade de receptores de antígenos ocorre durante o processo de maturação dos linfócitos e é atingido por recombinação gênica A especificidade dos receptores é gerada totalmente ao acaso, podendo originar células com receptores potencialmente auto-reativos; estes são eliminadas por mecanismos de seleção positiva e negativa O “pool” de linfócitos maduros que saem do timo/medula óssea contém, portanto, células com receptores de antígenos específicos para antígenos estranhos e não contra antígenos próprios Portanto, não é preciso haver contato prévio com nenhum antígeno estranho para que os linfócitos expressem os receptores de antígenos! ➢ Existem cerca de 107 clones diferentes de linfócitos T e B na circulação ➢ Porém, nosso genoma não comporta um número tão grande de genes de receptores de antígenos para cada receptor de antígeno diferente ➢ A geração da grande diversidade de receptores de antígenos ocorre através de um processo de rearranjo gênico conhecido como Recombinação V(D)J Geração da diversidade dos receptores de antígenos dos linfócitos Clones de linfócitos T e B: 107Genes: cerca de 20.000 Im u n o lo gi a C el u la r e M o le cu la r. A b b as , 8 ª ed . Organização genômica dos segmentos que codificam as imunoglobulinas Lócus: região específica no cromossomo na qual um gene (ou grupo) está localizado L: líder; peptídeo sinal, que direciona se a proteína será excretada V: variável D: diversidade J: junção C: constante Amp: amplificador A B C A. Representação esquemática da organização genômica dos segmentos gênicos que codificam a cadeia pesada da Ig B. Região genômica dos segmentos gênicos que codificam a cadeia leve k C. Região genômica dos segmentos gênicos que codificam a cadeia leve l O processamento envolve a seleção de um gene V, um D (quando presente) e um J, e juntar à região C Figure 4-2 Recombinação somática em linfócitos B – V(D)J Ja n ew ay ’s Im m u n o b io lo gy 6 ª ed . Im u n o lo gi a C el u la r e M o le cu la r. A b b as , 8 ª ed . Sequência de eventos durante a recombinação V(D)J: 1. recombinação dos segmentos DJ 2. junção de algum segmento V ao DJ 3. Junção de VDJ ao segmento Cm da região constante 4. gene pronto para ser transcrito em RNA mensageiro da cadeia pesada 5. Splicing para retirar o que não será transcrito 6. Transcrição da cadeia 7. A recombinação do gene de cadeia leve segue a mesma sequência de eventos; genes de cadeia leve não apresentam segmentos D 8. “Checkpoints” antes de recombinar a cadeia leve Im u n o lo gi a C el u la r e M o le cu la r. A b b as , 8 ª ed . → Estágio posterior do desenvolvimento, ocorre recombinação do gene da cadeia leve → Não há segmento D na cadeia leve • RSSs: sequências de sinais de recombinação, localizadas na extremidade 3’ de cada segmento gênico V, na extremidade 5’ de cada segmento J (geralmente) e em ambos os lados de cada segmento D • Heptâmero: 7 nucleotídeos altamente conservados • Nonâmero: 9 nucleotídeos altamente conservados rico em AT • Sequência: Heptâmero adjacente à sequência codificadora -> espaçador de 12 ou 23 nucleotídeos -> Nonâmero • Regra 12/23: recombinação só ocorre se um segmento estiver ladeado por espaçador de 12 e o outro por 23 Sinais de reconhecimento que conduzem a recombinação V(D)J • Os segmentos gênicos são aproximados (sinapse) • O dúplex de DNA interveniente é removido • As extremidades são unidas. • Inversão: RSS na extremidade 3’ de um J • Alinhamento do DNA e fusão das RSSs (retidas no cromossomo) • RAG1/RAG2: cliva e mantém os segmentos unidos; formação de um grampo • Artemis: corta o grampo • TdT (desoxinucleotidil-transferase terminal): adiciona nucleotídeos aleatórios no espaço aberto • Ligação das extremidades (reparo normal) Mecanismo da recombinação V(D)J Geração da diversidade juncional Recombinação V(D)J gera diversidade na região variável dos receptores de antígenos Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. A recombinação V(D)J forma um gene funcional (promotor + sequência gênica +amplificador) Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. • Aproxima os promotores 5’ dos genes V dos amplificadores que ficam próximos à região C (maximizar a transcrição dos genes) Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. Organização genômica dos segmentos do TCR L: líder; peptídeo sinal, que direciona se a proteína será excretada V: variável D: diversidade J: junção C: constante Amp: amplificador sil: silenciador (regulam a transcrição) Relação dos segmentos gênicos após o rearranjo com a estrutura das Ig ou TCR Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. CDR3 Maior variabilidade CDR1 CDR2 ➢Deficiência em enzimas chave da recombinação V(D)J como RAG1, RAG2 ou Artemis levam à Imunodeficiência Combinada Severa (SCID) ➢Deficiência em RAG1 ou RAG2: modelos animais para estudo da importância da imunidade adaptativa Em quê resulta problemas na recombinação? Doença do menino da bolha Infecção com vírus do sarampo Desenvolvimento dos linfócitos B Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. ➢ Pró-B: iniciam a expressão das RAG1 e RAG2; recombinação da cadeia pesada m ➢ Uma vez que expressa a cadeia pesada m, passa a se chamar Pré-B; expressão do pré-BCR (m + cadeias leves substitutas + IgαIgβ) ➢ Pré-BCR funcional gera o primeiro sinal do “checkpoint” Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. ➢ Se a recombinação é produtiva, ocorre silenciamento do outro alelo (exclusão alélica) ➢ Se a recombinação não é produtiva, o outro alelo tenta recombinação ➢ Indução da recombinação da cadeia leve (κ primeiro) Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. Mecanismos de manutenção da tolerância de células B a antígenos próprios: edição do receptor e seleção negativa ➢ Linfócitos B imaturos passam pelo processo de seleção positiva, que é representado pelo expressão de um receptor IgM funcional ➢ Se linfócitos B reconhecerem antígenos próprios com alta avidez, ocorre a edição do receptor (RAGs são re-expressas e re-arranjam os genes de cadeia leve k do outro cromossomo, seguido das cadeias l de ambos os cromossomos). ➢ Se mesmo após a edição do receptor os linfócitos B ainda reconhecerem antígenos próprios com alta avidez, estes são eliminados por apoptose (seleção negativa) Subgrupos de células B maduras ➢ Linfócitos B-1: Originados de CTH do fígado fetal ➢ Compõem uma população autorrenovável no peritônio e mucosas ➢ Repertório de receptor limitado ➢ Linfócitos B-2: CTH da medula óssea; terminam a maturação no baço ➢ B-2 da zona marginal: expressam IgM e CR2/CD21; diversidade limitada ➢ Linfócitos B-2 folicular: expressam IgM e IgD; maior abundância Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. Desenvolvimento dos linfócitos T ➢ Timócitos (Linfócitos T imaturos no timo) iniciam a maturação na periferia do córtex e migram em direção à medula enquanto amadurecem ➢ Células epiteliais tímicas, DCs (células dendríticas) e macrófagos fornecem sinais de maturação aos linfócitos em desenvolvimento (antígenos próprios) ➢ O movimento de timócitos através do timo é comandado por quimiocinas Os linfócitos T migram para o timo durante seu desenvolvimento Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. ➢ Pró-T: recombinação da cadeia pesada β ➢ Pré-T: expressão do pré-TCR (β + pré Tα + CD3 e ζ) ➢ Indução da expressão de CD4 e CD8 Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. ➢ Timócitos duplo-negativos chegam no córtex do timo ➢ Timócitos que expressam o TCR completo e expressam tanto CD4 quanto CD8 (duplo-positivos) passam por seleção positiva na migração do córtex para medula ➢ Os que sobreviverem, passam por seleção negativa na medula Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed. ➢ Seleção positiva: seleção de linfócitos com capacidade de reconhecer MHC próprio para sobrevivência; influencia no comprometimento CD4-MHC-II / CD8-MHC-I ➢ Seleção negativa: morte de linfócitos com capacidade de se ligar fortemente a antígenos próprios (auto-reativos); tolerância central ➢ AIRE: proteína nuclear expressa em células epiteliais da medula; importante na expressão de antígenos tecido-específicos no timo e no processo de seleção negativa Subgrupos de células T maduras ➢ Linfócitos T reg: Células CD4+ reguladoras ➢ Reconhecimento com alta afinidade por antígenos próprios, mas em um nível menor que o exigido para deleção clonal ➢ Linfócitos T γδ: diversidade real de TCR limitada ➢ Defesa contra microrganismos em barreiras epiteliais ➢ Nas células duplo-negativas o rearranjo de β, γ ou δ é igualmente possível. O rearranjo funcional γδ ocorre em cerca de 10% das vezes Imunologia Celular e Molecular. Abbas, 8ª ed.
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