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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, RECURSOS HÍDRICOS E MEIO AMBIENTE -TER DISCIPLINA: AVALIAÇÃO E PERÍCIA AVALIAÇÃO UTILIZANDO O MÉTODO EVOLUTIVO Turma A1 – 2019.1 Ana Carolina Franco Mat.:114037053 Rafael Reis Mat.:114037026 Thaise Peixoto Mat.:114037073 Thiago Ciabotti Mat.: 112037026 Niterói Junho de 2019 SUMÁRIO INTRODUÇÃO A avaliação de bens pode ter diversas finalidades, tais como transações de locação, transações de compra e venda, desapropriação, perícias judiciais, cobrança de IPTU e entre outras. A Engenharia de Avaliações é regida pela norma NBR 14653, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, dividida em sete partes. Na Parte 1, a NBR 14653 prevê quatro métodos para identificar o valor de um bem: Método Comparativo Direto de Dados de Mercado, Método Involutivo, Método Evolutivo e o Método da Capitalização da Renda. Cada um desses métodos possui aplicação específica e a escolha do método mais adequado depende das características do bem avaliando, da finalidade da avaliação e dos dados de mercado disponíveis. A NBR 14653-1 recomenda a utilização, sempre que possível, do método comparativo direto. Porém, se não existirem dados para que a comparação seja realizada, o método não pode ser aplicado. Neste trabalho, o método adotado foi o método evolutivo, amplamente utilizado na avaliação de imóveis. APRESENTAÇÃO E TEXTUALIZAÇÃO DO TEMA No método evolutivo, o valor do bem é determinado através da soma do valor do terreno e do custo da edificação. Neste método deve ser considerado um fator de comercialização (FC), que representa principalmente a tendência de valorização do imóvel no mercado local. Em síntese o fator de comercialização será um fator indicativo se o mercado é “comprador” (FC > 1) ou “vendedor” (FC < 1). Ou seja, a determinação do FC permite, além de calcular o valor do imóvel, obter uma boa noção do comportamento do mercado imobiliário. OBJETIVOS, DELIMITAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO Objetivos O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo acerca do mercado imobiliário da região escolhida, utilizando o método evolutivo para a determinação do valor de um imóvel cujo valor de terreno já havia sido previamente determinado pelo método comparativo direto de dados de mercado. Delimitação do estudo A Engenharia de Avaliações não é uma ciência exata, portanto, não é possível determinar o valor exato de um imóvel, apenas, estimá-lo através de conceitos e métodos que estão em constante aperfeiçoamento, portanto, o valor apresentado para o imóvel neste trabalho é estimado. Além disso, a precisão de uma avaliação depende muito da experiência do avaliador para compor o valor mais provável, aquele que mais se aproxima do valor de mercado. Importância do estudo A importância deste estudo consiste em demonstrar as etapas necessárias para a aplicação do método evolutivo através de um estudo de caso, além de analisar, posteriormente, os resultados calculados. REVISÃO DE LITERATURA Principais conceitos e formulações Benfeitoria Resultado de obra ou serviço realizado num bem e que não pode ser retirado sem destruição, fratura ou dano. Custo direto de produção Os custos diretos de produção compreendem os gastos com insumos, inclusive mão-de-obra, na produção de um bem. Custo indireto de produção Os custos indiretos de produção compreendem as despesas administrativas e financeiras, benefícios e demais ônus e encargos necessários à produção de um bem. Custo de reprodução O custo de reprodução é o gasto necessário para reproduzir um bem, sem considerar eventual depreciação. Custo de reedição É o custo de reprodução, descontada a depreciação do bem, tendo em vista o estado em que se encontra. Depreciação Depreciação é a perda de valor de um bem, devido a modificações em seu estado ou qualidade, ocasionadas por: decrepitude, deterioração, mutilação ou obsoletismo. Ao custo de reprodução da construção obtido, aplica-se um fator de depreciação estabelecido pelo Método de Ross-Heidecke (função do estado de conservação e idade aparente da construção), chegando-se, assim, ao custo de reedição da construção. Decrepitude É o desgaste de suas partes constitutivas, em consequência de seu envelhecimento natural, em condições normais de utilização e manutenção. Deterioração É o desgaste de seus componentes em razão de uso ou manutenção inadequados. Mutilação É a retirada de sistemas ou componentes originalmente existentes. Obsoletismo É a superação tecnológica ou funcional. Método evolutivo O método evolutivo consiste em somar ao valor do terreno, o valor da construção com seus custos diretos e indiretos. Este é utilizado quando o método comparativo não pode ser aplicado, ou seja, quando não há elementos para comparação. Caso a finalidade seja a identificação do valor de mercado, é necessário considerar o fator de comercialização. Onde: Vi é o valor do imóvel; CG é o custo global da benfeitoria; VT é o valor do terreno; FC é o fator de comercialização. Para aplicação do método evolutivo, o valor do terreno deve ser calculado em comparação com outros de características semelhantes, o valor da benfeitoria por meio do método do custo de reprodução e o fator de comercialização deve ser obtido observando o mercado. Este fator de comercialização pode ser maior ou menor que uma unidade, em função das condições de comercialização do bem avaliando na área de influência. Método do custo de reprodução O método do custo é utilizado para determinar o valor das benfeitorias no método evolutivo. Este método determina o custo de reprodução de uma benfeitoria analisando as suas caraterísticas originais de construção. O custo da benfeitoria pode ser calculado conforme indicação da NBR 14653-2: Onde: CB é o custo da benfeitoria por m²; CUB é o custo unitário básico de construção; OE é o orçamento de elevadores; OI é o orçamento de instalações especiais e outras, tais como geradores, sistemas de proteção contra incêndio, centrais de gás, interfones, antenas, coletivas, urbanização, projetos, etc. OFe é o orçamento de fundações especiais; OFd é o orçamento de fundações diretas; Seq é a área equivalente, de acordo com a NBR 12721; A é a taxa de administração da obra; F é o percentual relativo aos custos financeiros durante o período da construção; L é o percentual correspondente ao lucro da construtora. Para calcular a área equivalente (Seq) devem ser utilizados os coeficientes fornecidos pela NBR 12721, e a área equivalente deve ser calculada pela seguinte fórmula: Onde: Seq é a área equivalente de construção; Ap é a área construída padrão; Aqi é a área construída de padrão diferente; Pi é o percentual correspondente à razão entre o custo estimado da área de padrão diferente e a área padrão, de acordo com os limites estabelecidos na NBR 12.721. É importante ressaltar que a parcela (1+A)(1+F)(1+L) do custo da benfeitoria corresponde aos Benefícios e Despesas Indiretas (BDI). O custo global da benfeitoria é determinado pela multiplicação entre o custo da benfeitoria e a área bruta da mesma. Onde: CG é o custo global da benfeitoria; CB é o custo da benfeitoria por m²; S é a área bruta da construção. ESTUDO DE CASO Características principais do bem avaliando O bem avaliando consiste em um terreno localizado no Condomínio Alphaville, um condomínio de casas localizado no bairro da Barra da Tijuca – RJ. Previamente, através do método comparativo direto, o valor mais provável para o terreno com dimensões de 15m x 41,5m foi avaliado em R$ 1.513.000,00. Figura 1 - Imagem de satélite do Condomínio Alphaville. Parâmetros determinados pela municipalidade De acordo com o Decreto nº 3.046 de 27 de abril de 1981, que regulamenta a ocupação do solo na Barra da Tijuca, o condomínio onde o terreno está inserido pertence à subzona 16, informaçãoque também pode ser conferida através da Figura 2. Figura 2 - Subzonas da Barra da Tijuca. O Decreto nº 3.046/1981 define critérios como: gabarito, índice de aproveitamento, taxa de ocupação e afastamentos mínimos para edificações unifamiliares, multifamiliares e comerciais. Os critérios adotados foram os correspondentes às edificações residenciais unifamiliares, pelo fato de a edificação estar localizada em um condomínio de casas. Tais critérios podem ser observados na Figura 3. Figura 3 - Critérios para edificações residenciais unifamiliares na subzona 16. Desta forma, é possível determinar a área máxima do pavimento térreo e a área máxima total. Pela taxa de ocupação, tem-se que a área máxima do pavimento térreo é igual a: Pelo índice de aproveitamento, a área total máxima de construção é: E, seguindo os afastamentos mínimos, as dimensões máximas para construção tornam-se 10m x 34m. CÁLCULO do valor do imóvel Pelo fato de o bem avaliando ser constituído apenas por um terreno e não ter construções, o valor global da benfeitoria não pode ser calculado através das fórmulas apresentadas neste trabalho, pois não há projeto e nem orçamento para a realização de tais cálculos. Desta forma, o valor da benfeitoria será calculado através de procedimento estabelecido pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP). O IBAPE/SP sugere que o valor de venda da benfeitoria (Vb) deve ser calculado pela seguinte expressão: Onde: Vb é o valor de venda da benfeitoria; CUB é o custo unitário básico da construção civil, calculado e divulgado mensalmente Sindicato da Indústria da Construção Civil, em conformidade com os critérios da ABNT NBR 12.721; Pc é o índice referente à tipologia e padrão construtivo da edificação em apreço; Ac é a área construída da edificação em apreço; Foc é o fator de adequação ao obsoletismo e ao estado de conservação referente à edificação em apreço. O valor do CUB utilizado foi o valor referente ao mês de abril de 2019 para projetos residenciais de um pavimento e de alto padrão. O valor utilizado foi o indicado na Figura 4. Figura 4 - Valores de CUB/RJ de abril de 2019. O índice referente à tipologia e ao padrão construtivo utilizado foi o valor mínimo para edificações enquadradas no padrão fino, conforme a Figura 5. Figura 5 - Intervalo de índices referente ao padrão fino O padrão fino refere-se às edificações localizadas em terrenos de grandes proporções, totalmente isoladas, obedecendo a projeto arquitetônico peculiar, demonstrando preocupação com funcionalidade e a harmonia entre os materiais construtivos, assim como, com os detalhes dos acabamentos aplicados. A área utilizada para o cálculo foi 373,5m², já determinada anteriormente pelo índice de aproveitamento. O Foc utilizado foi igual a 1,0, pois foi considerada uma construção nova, visto que o terreno se apresenta vazio. Assim, tem-se que: O valor adotado para o valor da benfeitoria foi o valor médio e o FC adotado foi igual a 1,0. Desta forma, o valor do imóvel é igual a: Análise crítica Este método de avaliação apresenta um valor justo ao imóvel apesar dos índices não serem divulgados com a periodicidade adequada, o que pode exigir um tratamento adicional aos valores para ajustá-los à data presente da avaliação. Entretanto, o valor calculado de R$4.713.483,00 é compatível com o oferecido na região. Após o levantamento de valores de imóveis no mesmo condomínio, foi obtido um preço médio ofertado por construções do mesmo padrão no valor de R$4.550.000,00. Novamente, ratificando a compatibilidade da avaliação em questão. CONCLUSÃO A utilização do CUB para a inferência do valor é um dos métodos para se obter o valor desejado. Além do CUB, existem outros métodos orçamentários que permitem chegar ao valor da avaliação, como o método do valor residual ou o método do lucro mínimo. A aplicação do método evolutivo é vantajosa quando não há um espaço amostral para a comparação de dados, pois ele fornece o valor a partir dos custos de construção e indiretos. Desta forma, é possível avaliar imóveis em locais remotos ou onde não existem construções do mesmo padrão. Ao analisarmos as ofertas da região e o valor obtido para nossa avaliação, entende-se que o método é aplicável para as situações supracitadas e assim como, para a elaboração de uma avaliação não especulativa. BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-1: Avaliação de bens, parte 1: Procedimentos gerais. Rio de Janeiro. 2001. IBAPE, S. P. Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Norma para Avaliação de Imóveis Urbanos. 2011. IBAPE, S. P. Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo. Valores de edificações de imóveis urbanos. 2017.