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PESQUISA DOLO E CULPA 2

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1. Conceito de dolo
O dolo é a vontade livre e consciente de praticar a conduta criminosa descrita na lei penal, ou seja, é a intenção do agente em praticar o crime.
Guilherme de Souza Nucci define o dolo como sendo "a vontade consciente de realizar a conduta típica".
2. Teorias
As teorias abaixo procuram estabelecer o conteúdo do dolo.
a) da vontade: para esta teoria, haverá dolo quando o sujeito pratica a conduta consciente e voluntariamente, isto é, o agente prevê e quer o resultado;
b) da representação: segundo esta teoria, basta a simples previsão do resultado pelo sujeito para a existência do dolo;
c) do assentimento: de acordo com esta teoria, configurar-se-á o dolo quando o sujeito consente em causar o resultado ao realizar a conduta.
O Código Penal Brasileiro adotou duas das teorias supramencionadas, a saber: da vontade quanto ao dolo direto, e do assentimento ao definir o dolo eventual.
3. Espécies de dolo
a) direto ou determinado: é aquele em que o agente deseja obter a produção de um resultado típico, realizando todos os meios necessários para tanto, ou seja, pratica a conduta com o fim de alcançar o resultado, como, por exemplo, o agente, desejando matar, descarrega o revólver na cabeça de "B" (art. 121 do Código Penal).
b) indireto ou indeterminado: é aquele em que o sujeito não quer a produção do resultado, mas, mesmo prevendo que este poderá acontecer, assume o risco de causá-lo, como, por exemplo, dirigir automóvel, em alta velocidade, na contramão, embriagado, batendo em outro carro que trafegava regularmente e matando uma pessoa.
O dolo indireto subdivide-se em alternativo e eventual.
alternativo: é aquele em que o sujeito prevê mais de um resultado, sendo um resultado mais grave que o outro. Ele não quer o resultado mais grave, mas assume o risco de produzi-lo, como, por exemplo, matar ou ferir;
eventual: é aquele em que o sujeito não quer o resultado, mas o aceita. Não deixa de realizar de conduta, considerando-se que esta poderá produzir o resultado, o que demonstra sua indiferença a lesão ao bem jurídico protegido pela norma, como, por exemplo, rachas de trânsito.
Seguindo a linha de raciocínio adotada acima, portanto, existe o dolo eventual no momento em que o agente não deseja diretamente o resultado, mas assume o risco de produzi-lo (art. 18, I, segunda parte, do CP).
c) de dano: é o dolo em que o agente deseja ou assume o risco de causar um dano efetivo à sua vítima.
d) de perigo: é aquele em que o autor da conduta quer apenas o perigo, ou seja, é a conduta que se orienta apenas para a criação de um perigo. Sendo assim, o próprio perigo constitui o resultado previsto na lei. Por exemplo: o crime de perigo de contágio venéreo (art. 130 do CP).
e) genérico: é a vontade de realizar o fato descrito na lei.
f) específico: é a vontade de realizar o fato descrito na lei com um fim específico, isto é, o agente pretende uma finalidade especial com a prática da conduta, como, por exemplo, o delito previsto no art. 148, §1º, inciso V, do CP, a saber:
Art. 148 - "Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: (...) V – se o crime é praticado com fins libidinosos".
g) geral: é o tipo de dolo em que o agente conquista o resultado, porém, de maneira diversa de sua conduta pretendida inicial, ou seja, de modo não previsto, mas em decorrência de outros atos praticados por ele na mesma linha de conduta. Por exemplo: aquele que, pensando já ter matado a vítima a facadas e, para ocultar o cadáver, joga-a ao rio, mas por afogamento ocorre a morte da vítima e não pelas várias facadas.
h) ímpeto: é o dolo praticado de imediato, ou seja, é uma ação instantânea.
i) premeditação: é o aquele que indica uma atitude planejada anteriormente, calculista (exatamente o oposto ao dolo de ímpeto).
A culpa
A Culpa está prevista no artigo 18, inciso II, do Código penal, que diz:
O Art. 18. Diz-se o crime:
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
A culpa pode então ser definida como a voluntária omissão de diligência em calcular as consequências possíveis e previsíveis do próprio fato.
A essência da culpa esta toda nela prevista.
Previsibilidade: Há previsibilidade quando o indivíduo, nas circunstâncias em que se encontrava, podia ter-se representado como possível a consequência de sua ação.
Distingue-se da previsão, porque esta a contém. O previsto é sempre previsível. A previsão é o desenvolvimento natural da previsibilidade.
Espécies de Culpa
Culpa consciente: ou com previsão, o sujeito ativo prevê o resultado, porém espera que não se efetive.
Culpa inconsciente: ou sem previsão, o sujeito ativo não prevê o resultado, por isso não pode esperar que se efetive.
Culpa imprópria: é de evento voluntário. O agente quer o evento, porém sua vontade está lastreada por erro de fato vencível ou inescusável.
Modalidades de culpa, trazidas pela Lei 7.209, de 11 de julho de 1984, que altera o Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940, doravante denominado Código Penal.
De início, ressalta-se que para a configuração de crime, fora os seus elementos constitutivos, é necessário a presença do dolo, sendo a culpa exceção.
Vai-se além, aduzindo não ser possível a responsabilização de alguém por crime culposo senão quando previsto expressamente na capitulação do tipo legal.
Entendimento extraído do parágrafo único, do artigo 18, do Código Penal, onde aduz que salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.
Sabe-se, também, que existem outras modalidades de culpa, criadas pela doutrina e jurisprudência, como a culpa consciente e inconsciente, mas por não ser abrangidas legalmente, não se falará delas no presente resumo.
Pois bem, passadas as considerações preliminares adentra-se nas modalidades de culpa, e, de acordo com o artigo 18, inciso II, do Código Penal, o crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Vejamos cada uma dessas modalidades;
1. IMPRUDÊNCIA
A imprudência é caracterizada por uma AÇÃO, na qual o agente não toma os cuidados que qualquer outra pessoa tomaria, na mesma situação, ou mesmo deixa de empregar as precauções indicadas pela experiência, como capazes de prevenir possíveis resultados lesivos.
Dá-se como exemplo o amigo que joga o outro na piscina, e este, ao cair, bate a cabeça na quina e vem a óbito.
Não se trata, aqui, de crime preterdoloso, porquanto, inexistia qualquer intenção na conduta de empurrar o amigo, sendo este apenas imprudente.
Já o artigo 129, do Código Penal, em seu parágrafo 3, reza que a lesão corporal seguida de morte caracteriza-se se da ação resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo.
Ora, aqui, existiu alguma vontade anterior, cite-se, como exemplo, o mesmo caso trazido anteriormente. O agente briga com o seu melhor amigo e, visando lesiona-lo, o empurra na piscina, porém, na queda, este bate a cabeça na quina e vem a óbito.
Percebe-se que a intenção primeira era a de lesionar o amigo, e o fato de empurra-lo não era, na sua visão, apto a ocasionar a morte, nem assumiu tal risco, porém, o resultado foi além do esperado.
Por estes exemplos, fica clara a diferenciação entre o crime culposo, na modalidade imprudência e o crime preterdoloso.
2. NEGLIGÊNCIA
A negligência está ligada à OMISSÃO, ou seja, não fazer algo que se deveria fazer.
Diga-se, como exemplo, o morador de determinada residência que cria animais ferozes, e não toma os devidos cuidados na guarda desses animais, que fogem e matam uma criança que passava pelo local.
O morador como visto, devia ter tomado certas precauções para evitar a fuga dos seus animais, seja reforçando as grades dos portões, construindo locais seguros para os animais etc.
Lembrando que essa omissão nada tem a ver com a do artigo 13,
parágrafo 2, alíneas (a), (b), e (c), do Código Penal, porquanto, aqui o agente responde pelo resultado, na sua forma dolosa.
Porquanto, o agente tem o dever de cuidado, vigilância ou proteção, ou de outra forma assume a responsabilidade de impedir determinado resultado, ou mesmo com um comportamento anterior cria o risco da ocorrência do resultado.
3. IMPERÍCIA
A imperícia está ligada a falta de técnica, habilidade, destreza etc., na realização de determinada tarefa.
O médico que, numa cirurgia, esquece o bisturi na barriga de uma paciente quando de sua cesariana, e esta vem a óbito, deve responder pelo crime de homicídio consumado na sua forma culposa, na sua modalidade imprudência, não por imperícia, pois possuía a perícia para realizar o procedimento.
Sendo assim, percebe-se que a imperícia nada mais é do que a falta de habilidade técnica do agente, que, necessariamente, precisaria, para realizar determinada tarefa.
Como exemplo, mencione-se Camila, enfermeira de determinado hospital, que na falta de médico resolve realizar o parto de determinada paciente, porém, na realização do procedimento, mata a moça.
Referências Bibliográficas
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, parte geral/parte especial, 2° edição revisada, atualizada e ampliada, editora RT, 2006;
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. volume I. 22ª edição, editora Atlas, 2005. 
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1: parte geral (arts. 1º a 120) - 16. ed. - São Paulo: Saraiva, 2012.

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