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PETIÇÃO INICIAL GISELE

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AO JUIZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE RAINHA, DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
GISELE SANTOS TEIXEIRA, solteira, influenciadora digital, número do CPF 66.295.854-87, e-mail giseleteixeira@gmail.com, residente e domiciliada na Rua Floriano Peixoto, nº 230, bairro central cidade de Belezinha/CE, devidamente representada por seu advogado abaixo indicado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência ajuizar a presente
Ação de Indenização e Condenação em Obrigação de Fazer com Pedido de Tutela de Urgência
em face de MATILDE CASTRO DE ALMEIDA, solteira, influenciadora digital, número do CPF 532.889.056-69, e-mail Matilde_almeida@hotmail.com, residente e domiciliada na Avenida dos Tupinambás na cidade de Rainha/RJ, pelos motivos fáticos e fundamentos jurídicos expostos a seguir.
DOS FATOS
Ocorre que Gisele Santos Teixeira, autora desta ação tem como profissão a atividade de influenciadora digital, atuando no ramo de cosméticos. A mesma possui e administra um canal em uma rede social. Por outro lado, Matilde, a requerida nesta ação, também atua no mesmo ramo que Gisele possuindo também um canal na mesma rede social.
Gisele, que tinha 5 (cinco) milhões de seguidores inscritos em seu canal, foi de súbito, surpreendida com a veiculação de acusações gravíssimas realizadas por Matilde em seu canal. 
Matilde afirmou publicamente que Gisele realizou campanha pela erotização de crianças. A requerida acusou a autora de ensinar crianças a fazerem maquiagens vulgares e a se vestirem como se fossem adultas.
Em detrimento dessa acusação, os próprios seguidores da autora passaram a lhe desferir ofensas na rede mundial de computadores. Outro fato é que o número de seus seguidores “despencou” de 5 (cinco) milhões para 3 (três) milhões, gerando perdas materiais, que deverão ser apuradas por perito, isto por Gisele não possuir o conhecimento e recursos necessários para fazer tal apuração. Salienta-se que deve ser considerado também a perda do valor da marca. É que houve uma expressiva diminuição da monetarização das visualizações e a queda no crescimento do canal, que muito perdeu de seu sucesso, certamente.
No tocante ao caso concreto, Gisele ainda deixou de auferir por 5 (cinco) os valores que recebia mensalmente de suas empresas patrocinadoras, chamadas “Linda Moça” e “Mais Amor”, conforme demonstrado pelos contratos anexos. A Autora auferia mensalmente a quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), de cada empresa que patrocinava seu canal, motivo pelo qual os danos patrimoniais emergentes equivalem a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais).
Salienta-se que Gisele, após desmentir as falas de Matilde, conseguiu retomar o patrocínio da empresa “Linda Moça”, no entanto, a empresa “Mais Amor” não teve mais interesse em voltar a ser sua patrocinadora, fato que esse que lhe causou um maior prejuízo ainda. Nota-se que conforme o contrato anexo, ainda haveria vínculo de patrocínio por mais 3 (três) meses, para além dos 5 (cinco) já perdidos até agora, se o contrato não tivesse sido rescindido pela empresa em razão das mentiras contadas por Matilde. Destarte, objetiva-se o dano patrimonial, a título de lucros cessantes, no valor equivalente a R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
É importante frisar que Gisele teve seu estado emocional seriamente abalado por ter sofrido seguidamente ofensas por seus seguidores que, de admiradores, passaram a ser críticos, disseminando notícias de que ela não teria respeito por crianças e que até mesmo representaria um risco a estas. 
No tocante, houve grave violação ao direito da personalidade de Gisele, tendo sua honra e integridade emocional abaladas e manchadas em razão da difamação perpetrada por Matilde. É lúcida a indenização por dano moral, sugerindo-se desde já sua fixação no valor de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), com base em recentes entendimentos jurisprudenciais de casos análogos.
Por fim, é digno de anotação que os vídeos nos quais Matilde veiculou as acusações contra Gisele ainda continuam disponíveis nas redes sociais, podendo ser acessados por quaisquer usuários que poderão perpetuar as injustas acusações e prejuízos consequentes. Pretende-se a retirada imediata desses vídeos, por tratar-se de medida de justiça.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Responsabilidade Civil: danos patrimoniais (emergentes e lucros cessantes) e morais
De início, registra-se a presença dos elementos da responsabilidade civil, em conformidade com os arts. 186 e 927 respectivamente, “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”, e “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Ambos do Código Civil de 2002. Verifica-se por tanto que a existência a conduta, pois Matilde proferiu acusações em vídeos contra Gisele; o dano, a ser detalhado pouco adiante, desdobrado em patrimonial e moral; o dolo, pois Matilde, propositalmente, difamou Gisele; e o nexo causal, pois a conduta da requerida é justamente a causa dos resultados danosos suportados pela parte autora. Tratando-se dos lucros cessantes, referentes ao prejuízo de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), ressalta-se o fato de que há vasta prova documental no sentido de que Gisele certamente receberia esse valor, não fossem as ofensas realizadas por Matilde, que culminaram na rescisão contratual por parte da empresa “Mais Amor”. ressalte-se também o disposto no art. 402, do Código Civil de 2002.
Aponta-se ainda que a vertiginosa queda de seguidores (de cinco para três milhões) Gisele sofreu sérias perdas econômicas (danos patrimoniais) que no presente momento não se consegue mensurar, sendo necessária a realização de prova pericial para tal apuração. Registre-se a possibilidade de realizar pedido genérico, com base no art. 324, § 1º, II, do CPC. Sobre a prova pericial, prevista no art. 464, do CPC, não seria caso de incidência de seu § 1º e incisos, pois a prova depende de conhecimento técnico, não há outras provas produzidas nesse sentido e a verificação é praticável.
Concernente aos danos morais, é de extrema importância transcrever o disposto no art. 5º, V e X, da Constituição Federal de 1988, respectivamente: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem” e “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (BRASIL, 1988, [s.p.]). É inegável a base jurídica para o pedido indenizatório por danos morais, conforme realizado na presente peça exordial.
Obrigação de Fazer e Tutela de Urgência 
O art. 497, do CPC, preconiza o seguinte: “Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente” (BRASIL, 2015, [s.p.]).
Dessa forma, vislumbra-se a obrigação de fazer em detrimento de Matilde para que esta seja compelida a retirar imediatamente os vídeos por meio dos quais divulgou ofensas à Gisele nas redes sociais. Ressalte-se a necessidade dessa ordem ser concedida já em sede de tutela de urgência de acordo com o artigo 300 do CPC.
A probabilidade de direito no presente caso é evidente, tanto pelos documentos como pelas fotografias e pelos vídeos anexados à petição inicial.
É evidente também o risco de dano, pois enquanto durar a veiculação dos vídeos nas redes sociais, certamente permanecerão também as ofensas ocasionando cada vez mais prejuízos em à imagem de Gisele. 
Por fim, aponte-se que é perfeitamente reversível a decisão, sendo simplesmente possível que, não dada razão à parte autora, os vídeos podem ser disponibilizados novamente por Matilde.
Dessa forma, pretende-se a concessão da tutela de urgência, para que seja a
requerida compelida a retirar, imediatamente, os vídeos exibidos nos seguintes endereços eletrônicos: facebook.com.br e instagram.com.br, sob pena de ser fixada multa diária, para o caso de descumprimento da decisão.
DOS PEDIDOS
Diante do exposto, a parte autora pugna pela integral procedência da presente ação e, em especial, requer o deferimento dos seguintes pedidos:
Tutela de urgência. 
A concessão da tutela de urgência, nos moldes do art. 300, caput e § 1º, do CPC, para compelir a parte requerida a retirar em tempo hábil os vídeos por ela postados onde veiculam injustas ofensas à autora, exibidos nos seguintes endereços eletrônicos: facebook.com.br e instagram.com.br. Descumprida a ordem, requer-se a fixação de multa diária.
Citação. 
A citação pelo correio, nos moldes dos arts. 246 e 248, ambos do CPC/2015, para que a requerida venha comparecer à audiência de conciliação e mediação na data a ser designada e para que, em querendo, apresente contestação, sob pena de revelia, conforme previsto no art. 344, do CPC.
Produção de Provas. 
A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a documental, e de prova pericial, de acordo com o art. 464, do CPC, para que seja nomeado perito hábil a apurar a extensão do prejuízo econômico resultante da diminuição do número de seguidores no canal virtual da parte autora cujos documentos requer, desde já, a juntada.
Condenação. 
Pretende-se a condenação da parte requerida em obrigação de fazer, ao pagamento de danos patrimoniais (danos emergentes e lucros cessantes), no valor de R$ 650.000,00, bem como no valor a ser apurado após realização de perícia (pedido genérico, conforme art. 324, § 1º, II, CPC), e ao pagamento de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), a título de danos morais e que retire os vídeos ofensivos das redes sociais;
Condenação em Custas e Honorários. 
Requer-se a condenação da parte requerida ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, em conformidade com o disposto no art. 85, do CPC.
Atribui-se à causa o valor de R$ 695.000,00 (seiscentos e noventa e cinco mil reais), com base no art. 292, V e VI, do CPC.
Termos em que pede deferimento.
Rainha/RJ, 16 de outubro de 2019.
Ubirajara Barbosa Jorge – OAB nº 182794

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