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20/10/2019 1 Mecanismos de Patogenicidade Microbiana Prof. Michellangelo Nunes Fundamentos de Microbiologia e Imunologia O que faz um microrganismo ser patogênico? 1 2 20/10/2019 2 Postulados de Koch O que é? Os postulados de Koch são quatro critérios desenhados na década de 1880 para estabelecer uma relação causal entre um microrganismo causador e uma doença. Robert Koch (1843 - 1910) Médico alemão que desenvolveu os postulados de Koch. Os postulados de Koch ✓ O agente causador deve estar presente em todos os casos da doença. ✓ O patógeno deve ser isolado do hospedeiro doente e cultivado em cultura pura. ✓ A doença específica deve ser reproduzida quando uma cultura pura do microrganismos é inoculado num hospedeiro suscetível saudável. ✓ O mesmo microrganismo deve ser recuperado a partir do hospedeiro infectado experimentalmente; 3 4 20/10/2019 3 Postulados de Koch Os postulados de Koch têm suas limitações e nem sempre pode ser a última palavra. Eles não podem manter se: - Alguns microrganismos não são cultivados em cultura no laboratório; - Alguns animais são resistentes às infecções microbianas. - Certas doenças se desenvolvem somente quando um patógeno oportunista invade um hospedeiro enfraquecido. - Nem todas as doenças são causadas por microrganismos. Definições no estudo da patogenicidade ▪ Patogenicidade: capacidade de um microrganismo em causar doença a um determinado hospedeiro; ▪ Virulência: medida quantitativa; grau de patogenicidade; ▪ Infecção 1: contato inicial do hospedeiro com o microrganismos patogênico; ▪ Infecção 2: descreve a doença infecciosa propriamente dita (endêmicas, epidêmicas, pandêmicas); ▪ Colonização: processo de interação do microrganismo, patogênico ou não, com o hospedeiro sem a ocorrência de sintomas; ▪ Mecanismo de patogenicidade: estratégia utilizada pelo patógeno para causar doença no hospedeiro; ▪ Fator de virulência: característica fenotípica envolvida com a patogenicidade de um microrganismo. 5 6 20/10/2019 4 Definições no estudo da patogenicidade PATOGENICIDADE Capacidade de um microrganismo causar dano (doença) em um hospedeiro (qualitativa); VIRULÊNCIA Capacidade relativa de um microrganismo causar dano (doença) em um hospedeiro (quantitativa); grau da patogenicidade; Estágios/Evolução do processo infeccioso 1. Penetração no hospedeiro com evasão das defesas primarias. 2. Adesão do microrganismo as células do hospedeiro; 3. Propagação do microrganismo 4. Dano as células do hospedeiro por toxinas 5. Evasão das defesas secundarias do hospedeiro Infecção Colonização ou Invasão Proliferação Agressão ao hospedeiro Dispersão e Transmissão 7 8 20/10/2019 5 Patogenicidade 1. Portas de entrada: pele, membranas mucosas e via parenteral. 2. Portas de saída: secreções e excreções. Como os microrganismos infectam o hospedeiro? ▪ Para causar doença, a maioria dos patógenos deve obter acesso ao hospedeiro, se aderir aos tecidos, penetrar ou evitar as defesas e danificar os tecidos do hospedeiro. ▪ Alguns micróbios não causam doença pelo dano direto ao hospedeiro. Em vez disso, a doença ocorre como resultado do acúmulo de excretas microbianas. Cárie dental Acne 9 10 20/10/2019 6 Portas de entrada Os patógenos podem infectar os hospedeiros por várias vias, denominadas portas de entrada. São elas: ▪ As membranas mucosas; ▪ A pele; ▪ Via parenteral; Membranas Mucosas ➢ Muitos microrganismos têm acesso ao corpo entrando pelas membranas mucosas que revestem os tratos respiratório, gastrintestinal, geniturinário e a conjuntiva. ➢ A maioria dos patógenos entra no hospedeiro através das mucosas dos tratos gastrintestinal e respiratório. 11 12 20/10/2019 7 Membranas Mucosas Membranas Mucosas ➢ O trato respiratório é a porta de entrada mais fácil e utilizada com mais frequência pelos microrganismos. ➢ Micróbios são inalados para dentro da cavidade nasal ou boca em gotículas de umidade ou partículas de pó. ➢ As doenças comumente adquiridas através do trato respiratório incluem o resfriado comum, a gripe, a pneumonia, a tuberculose, o sarampo e a varíola. 13 14 20/10/2019 8 Membranas Mucosas ➢ Os microrganismos podem ter acesso ao trato gastrintestinal através de água, alimentos ou dedos contaminados. ➢ A maioria dos MO que entra no corpo por essa via é destruída pelo ácido clorídrico (HCℓ) e pelas enzimas presentes no estômago, ou pela bile e enzimas no intestino delgado. Membranas Mucosas ➢ Os MO no trato gastrintestinal podem causar poliomielite, hepatite A, febre tifoide, disenteria amebiana, giardíase, cólera, entre outras. ➢ Esses patógenos são então eliminados nas fezes e podem ser transmitidos a outros hospedeiros pela água e por alimentos contaminados. 15 16 20/10/2019 9 Membranas Mucosas ➢ O trato geniturinário é a porta de entrada de patógenos que são sexualmente transmitidos. ➢ Alguns MO que causam infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem entrar no organismo através de membranas mucosas íntegras ou requerem a presença de cortes de algum tipo. Membranas Mucosas ➢ Exemplos de ISTs: HIV, verrugas genitais, herpes, sífilis e gonorreia. 17 18 20/10/2019 10 Pele ➢ A pele, maior órgão do corpo humano, é uma importante barreira defensiva contra doenças. ➢ A pele íntegra é impenetrável para a maioria dos microrganismos. ➢ Aberturas na pele: folículos pilosos e ductos sudoríparos. Pele ➢ A conjuntiva é uma membrana mucosa delicada que reveste as pálpebras e cobre a parte branca dos globos oculares. ➢ Embora seja uma barreira relativamente eficiente contra infecções, certas doenças como a conjuntivite, o tracoma e a oftalmia neonatal podem ser adquiridas pela conjuntiva. 19 20 20/10/2019 11 Via Parenteral ➢ Microrganismos podem ter acesso ao corpo quando são depositados diretamente nos tecidos sob a pele ou mucosas, quando estas barreiras são penetradas ou danificadas. ➢ Perfurações, injeções, mordidas, cortes, ferimentos, cirurgias e rompimento da pele ou mucosas por inchaços podem estabelecer vias parenterais. Via Parenteral ➢HIV ➢Hepatite B e C ➢Tétano / Gangrenas 21 22 20/10/2019 12 Fatores de Virulência ▪ Definição: características expressas por um microrganismo, que aumentam sua patogenicidade; que permitem escaparem dos mecanismos de defesa do hospedeiro e causar doença. ▪ Principais fatores de virulência: entrada no hospedeiro; invasão; aderência; produção de toxinas; Aderência ➢ Etapa necessária para a patogenicidade; ➢ Quase todos os patógenos apresentam algum mecanismo para se aderir aos tecidos do hospedeiro em sua porta de entrada. ➢ Adesinas ou ligantes: glicoproteínas ou lipoproteínas. ➢ Localizadas: glicocálice, pili, fímbrias e flagelos. 23 24 20/10/2019 13 Aderência Aderência ➢ Biofilmes: comunidades de microrganismos e seus produtos extracelulares; ➢ Colonizam: dentes, cateteres médicos, endopróteses, válvulas cardíacas, lentes de contato etc. 25 26 20/10/2019 14 RESISTENCIA AOS MECANISMOS DE DEFESA DO HOSPEDEIRO Como as bactérias ultrapassam as defesas do hospedeiro? ➢ Embora alguns patógenos possam causar dano quando na superfície dos tecidos, a maioria precisa entrar nos tecidos para causar doenças. ➢ Consideraremos diversos fatores que contribuem para a capacidade da bactéria de invadir o hospedeiro: Cápsulas Componentes da parede celular Enzimas. Cápsulas ➢ Algumas bactérias produzem substâncias no glicocáliceque formam cápsulas ao redor de sua parede celular; ➢ Essa propriedade aumenta a virulência da espécie; ➢ A cápsula impede a fagocitose; 27 28 20/10/2019 15 Cápsulas Bactérias que possuem cápsula: ▪ Streptococcus pneumoniae, pneumonia. ▪ Klebsiella pneumoniae, pneumonia; ▪ Haemophilus influenzae, pneumonia e meningite (crianças); Componentes da parede celular A parede celular de certas bactérias contém substâncias químicas que contribuem para a virulência. ➢ Proteína M: encontrada na superfície celular e nas fímbrias; é resistente ao calor e acidez. - Permite aderência às células epiteliais do hospedeiro; - Auxilia na resistência bacteriana à fagocitose; Ex.: Streptococcus pyogenes 29 30 20/10/2019 16 Componentes da parede celular ➢ Ácido micólico que constitui a parede celular e aumenta sua virulência por resistir à digestão por fagócitos. Ex.: Mycobacterium tuberculosis Enzimas Acredita-se que a virulência de algumas bactérias seja auxiliada pela produção de enzimas extracelulares (exoenzimas). Ex.: ✓ Enzimas necrosantes; ✓ Coagulase; ✓ Quinases; ✓ Hialuronidase; ✓ Colagenase; ✓ Hemolisinas; 31 32 20/10/2019 17 Enzimas Enzimas necrosantes - destroem tecidos Ex.: proteases e lipases Enzimas Coagulases ➢ São enzimas que coagulam o fibrinogênio no sangue; ➢ Os coágulos podem proteger a bactéria da fagocitose; ➢ As coagulases são produzidas por alguns membros do gênero Staphylococcus; 33 34 20/10/2019 18 Hemolisinas – causam danos as hemácias do hospedeiro. ▪ A lise dos eritrócitos prejudica não somente o hospedeiro, mas também fornece uma fonte de ferro aos patógenos. Enzimas LESÃO ÀS CÉLULAS DO HOSPEDEIRO Como as bactérias danificam as células do hospedeiro? (1) causando dano direto à região da invasão; (2) utilizando os nutrientes do hospedeiro; (3) produzindo toxinas; 35 36 20/10/2019 19 Utilizando os nutrientes do hospedeiro: Sideróforos ▪ Ferro livre: lactoferrina, transferrina, ferritina, hemoglobina. ▪ Quando o complexo sideróforo-ferro é formado, ele se liga a receptores de sideróforos na superfície da bactéria, sendo absorvido por ela. ▪ O ferro é levado para dentro da célula bacteriana. Produção de toxinas ➢ Toxigenicidade: capacidade dos microrganismos de produzir toxinas; ➢ Toxinas: fator primário que contribui para as propriedades patogênicas dos microrganismos. ➢ Toxinas geram febre, distúrbios cardiovasculares, diarreia e choque. Podem destruir células e danificar o sistema nervoso central. ➢ As toxinas podem ser de dois tipos principais: exotoxinas e endotoxinas 37 38 20/10/2019 20 Exotoxinas As exotoxinas são produzidas no interior de algumas bactérias, como parte de seu crescimento e metabolismo, sendo então secretadas pela bactéria no meio circundante ou liberadas após a lise celular. ▪ Agem destruindo determinadas partes das células do hospedeiro ou inibindo certas funções metabólicas. ▪ Produzem exotoxinas: bactérias gram-positivas e gram-negativas. Ex.: Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Escherichia coli. Exotoxinas As exotoxinas são nomeadas com base em diversas características: ➢Tipo de célula hospedeira afetada pela toxina ▪ Neurotoxinas afetam as células nervosas (Clostridium tetani, C. botulinum); ▪ Leucotoxinas afetam os leucócitos (Streptococcus pneumoniae); ▪ Enterotoxinas atacam as células do trato gastrintestinal (Vibrio cholerae); ➢A partir da doença à qual estão associadas ▪ Toxina diftérica (causa da difteria) ▪ Toxina tetânica (causa do tétano). 39 40 20/10/2019 21 Endotoxinas As endotoxinas diferem das exotoxinas de diversas formas. ➢ São parte da porção externa da parede celular de bactérias gram- negativas. ➢ São liberadas quando as bactérias gram-negativas morrem e suas células sofrem lise, liberando a toxina. ➢ Todas as endotoxinas produzem os mesmos sinais e sintomas, independentemente do microrganismo, embora nem sempre na mesma intensidade. ➢ Sintomas incluem: calafrios, febre, fraqueza, dores, choque e até mesmo morte. Plasmídeos e patogenicidade ➢ Plamídeos são moléculas de DNA pequenas e circulares que não estão conectadas ao cromossomo principal, sendo capazes de se replicar independentemente. ➢ Um grupo de plasmídeos, denominados fatores R (de resistência), é responsável pela resistência aos antibióticos. 41 42 20/10/2019 22 Plasmídeos e patogenicidade O plasmídeo pode transportar informações que determinam a patogenicidade de um microrganismo. Ex.: fatores de virulência codificados por genes plasmidiais - neurotoxina tetânica, - enterotoxina termolábil e estafilocócica - enzimas (adesinas; coagulase) 43
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