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Resumo NP2 - Psicologia Comportamental

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1 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – PSI COMP 
RESUMO NP2 
PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL 
 
COMPORTAMENTO VERBAL E 
LINGUAGEM 
Todo comportamento verbal pode ser chamado de 
comunicação, mas nem todo tipo de comunicação pode 
ser chamado de comportamento verbal. O 
comportamento verbal é um tipo de comportamento 
operante que depende de suas consequências, ou seja, 
só ocorre no contexto em que tem a probabilidade de 
ser reforçado. É fruto de contingências sociais, da 
interação, então há uma comunidade verbal – um grupo 
de pessoas que falam entre si e reforçam umas às 
outras – que contribui para que os comportamentos 
verbais mudem conforme os reforços mudam. 
É operante porque é emitido em determinado 
contexto, exige a presença de um ouvinte para ser 
reforçado. O ouvinte é um estímulo discriminativo 
(audiência) e também a consequência (que mantém 
esse comportamento). Ex: 
 Falta sal nas batatas e o saleiro está longe 
(contexto) 
 “Me passa o sal, por favor” (comportamento 
verbal que o falante emitiu; estímulo 
discriminativo para o ouvinte agir) 
 *O ouvinte passa o sal para o falante* (reforço 
para o falante e estímulo discriminativo que 
determina a ocasião para uma resposta de 
retribuição do falante para o ouvinte) 
 “Obrigada” (reforço para o ouvinte) 
 
Se a pessoa simplesmente tivesse levantado e pego o 
sal sozinha, não teria havido comportamento verbal, 
porque para que isso acontecesse, ela precisaria ter sido 
reforçada por um ouvinte. 
Além disso, o comportamento verbal é mantido por 
reforço intermitente, e exige menos reforço para ser 
mantido do que para ser adquirido. Ex: para um bebê 
aprender a falar “mamãe’, ele precisa ser reforçado 
pelos pais sempre que disser algo como “mamá”, até 
que um dia falará corretamente “mamãe”. É por 
aproximações sucessivas que se modela um 
comportamento verbal. 
Outro fator é que o ser humano é geneticamente 
programado a imitar sons que ouvem de pessoas 
significativas, e principalmente crianças imitam muito 
do que ouvem dos pais. Isso somado ao reforço que 
essas pessoas provêm enquanto ouvintes, é a maneira 
como o comportamento verbal é adquirido e modelado 
ao longo do tempo. 
 
 
O OUVINTE E O FALANTE 
Nós aprendemos a ser ouvintes desde cedo, e nossas 
ações como ouvintes fornecem reforço aos falantes ao 
nosso redor. As ações do ouvinte têm que ser 
reforçadas tanto quanto as do falante. Ex: em crianças 
pequenas, o falar é juntamente reforçado com o ouvir. 
Quando uma mãe responde a vocalizações de seu bebê, 
ela está reforçando tanto o comportamento de falante 
quanto o de ouvinte, porque o bebê falava no contexto 
de ouvir a resposta dela. 
 
A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DE 
REFORÇAMRENTO, O SIGNIFICADO E O 
CONTEXTO 
Se você vai a Índia e pergunta a alguém “que horas 
são?”, essa pessoa não entenderá o idioma (português) 
e não te dará a informação. Isso é um comportamento 
verbal? Sim, porque é baseado na sua história de 
reforçamento que você fez uma generalização. Como 
estímulo discriminativo, essa pessoa é suficientemente 
parecida com alguém que já te reforçou nessa situação, 
mas ao perceber isso, você discriminará, e perguntará 
“que horas são?” no idioma que ela entenda, ou usará 
um tradutor do celular, etc. Se ainda assim a pessoa não 
te entender, seu comportamento de perguntar a hora 
entrará em extinção na presença dela. Mas pela 
perspectiva da sua história de reforçamento, essa 
pessoa inicialmente era um ouvinte para você, porque 
seu comportamento já foi reforçado pela sua 
comunidade verbal em algum momento. 
SIGNIFICADO E CONTEXTO 
O significado é o contexto + as consequências de sua 
ocorrência. Por isso, não tem como avaliar que um 
comportamento verbal significa X, porque o significado 
depende do contexto. 
 
OUTROS ANIMAIS 
Um gato miar para você perto da bacia de ração à noite 
é um comportamento verbal? Sim, porque o miar 
nasceu de uma história de reforçamento em que você 
reforçava o gato com comida quando ele miava perto 
da bacia à noite. 
Com isso, podemos considerar que um comportamento 
verbal não depende de vocalização, pode ser mantido 
por gestos. Do contrário, não como comportamento 
verbal as pessoas que se comunicam em LIBRAS. 
*Nem todo comportamento verbal é vocal, e nem todo 
comportamento vocal é verbal. Recitar um poema para si 
mesmo não é comportamento verbal, porque você até pode 
ser reforçado pelo som produzido, mas esse reforço não exige 
nenhum outro comportamento típico de um ouvinte da sua 
parte, que está recitando. Nenhum ouvinte precisa estar 
presente para que você continue recitando. 
 
 
2 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – PSI COMP 
FALAR CONSIGO PRÓPRIO 
Falar sozinho é um comportamento verbal? Há uma 
contradição entre os analistas do comportamento a 
esse respeito, porque isso depende de considerar ou 
não que você possa ser falante e ouvinte ao mesmo 
tempo. 
Se sua fala consigo mesmo (aberta ou encoberta) 
resulta em uma mudança no seu comportamento, 
então sim, é um comportamento verbal. Ex: quando 
você fica muito bravo com alguém durante uma 
discussão e diz para si mesmo de forma encoberta 
(“dentro da cabeça”) “conta até 10 antes de 
responder”, e você de fato fizer isso. 
 
COMPORTAMENTO VERBAL X 
LINGUAGEM 
Comportamento verbal e linguagem não são a mesma 
coisa. Comportamento verbal diz respeito a eventos 
concretos sem topografia definida. A linguagem é uma 
abstração, e tem uma topografia definida para ser 
considerada como tal. 
 
UNIDADES FUNCIONAIS E CONTROLE 
DE ESTÍMULOS 
O comportamento verbal consiste em atos que 
pertencem a classes operantes que são definidas 
funcionalmente e sujeitas a controle de estímulos. 
 ATIVIDADES VERBAIS 
O comportamento verbal não tem uma topografia 
definida, afinal, é muito variável. Uma atividade verbal 
são ações que produzem o mesmo efeito sobre o 
ouvinte, então do mesmo modo que todas as formas 
estruturalmente diferentes que um rato usa para 
pressionar uma barra pertencem à mesma atividade 
porque produzem o mesmo efeito (de deslocar a barra), 
todas as formas estruturalmente diferentes de pedir o 
sal “pode me passar o sal?”, “pega o sal ali para mim”, 
pertencem a mesma atividade verbal porque produzem 
o mesmo efeito sobre o ouvinte (passar o sal). A 
estrutura muda, a função é a mesma, e a estrutura não 
diz nada sobre a função. Se eu te disser “tem uma 
criança atrás de você” ou “tem um leão atrás de você”, 
a estrutura é a mesma, mas a função é completamente 
diferente. Na primeira, posso estar te avisando para 
você ter o cuidado de não pisar na criança sem querer, 
já na segunda estou te alertando sobre um perigo 
iminente. 
 
As atividades verbais são as unidades funcionais do 
comportamento verbal 
 
 
CONTROLE DE ESTÍMULO 
A atividade verbal depende das circunstâncias, ou seja, 
dos estímulos discriminativos, para que seja mais ou 
menos provável de ocorrer. A relação das circunstâncias 
com a probabilidade de ocorrência é o chamado 
controle de estímulos. Mesmo assim, não existe uma 
correspondência exata entre um e outro tal como bater 
no joelho e a perna saltar, porque os estímulos 
discriminativos apenas fornecem contexto para que 
uma situação ocorra. 
Dentre os estímulos mais importantes, estão os 
auditivos e visuais produzidos pelo falante. A história de 
reforço é extremamente importante, porque é o 
contexto que habilitará a atividade: quando você está 
perdido num local e pede informação para alguém, 
você faz isso porque no passado já foi reforçado por 
alguém nesse contexto (que te deu a informação que 
precisava quando você estava perdido). 
 
OPERANTES VERBAIS 
São unidades funcionais – classes de eventos 
particulares e definidos por seus efeitos no ambiente. É 
uma classe de atos que têm o mesmo efeito sobre o 
ouvinte e diferentes topografias.Mando = pedir 
Tato = informar 
 MANDO 
São classes de respostas relativas a pedidos, ordens, 
perguntas e até conselhos. A situação em que o mando 
for emitido pode variar, mas ainda assim seremos 
capazes de reconhecê-lo como tal. Quando o reforçador 
de uma verbalização é bem especificado pelo falante, 
então é um mando. Há a retirada de um estímulo 
aversivo ou o fornecimento do reforço. Ex: “me 
empresta um dinheiro?”, “psiu”. 
*O psicólogo deve estar atento à emissão de mandos 
pelo paciente, porque este pode ter dificuldade em 
emiti-los, o que acaba privando-o de certas 
consequências reforçadoras. 
TATO 
São verbalizações informativas que não especificam o 
reforçador. A resposta emitida é controlada por um 
estímulo antecedente e reforço generalizado (porque 
qualquer reforço, reforça o comportamento do falante 
– “aham”, *balançar a cabeça*). Ex: “tem um leão atrás 
de você”, “que dia lindo”, “estou com dor nas costas”. 
 
COMPORTAMENTO CONTROLADO 
POR REGRAS 
Dizer que um comportamento é controlado por regras 
quer dizer que esse comportamento está sob controle 
de estímulo. Regras são estímulos antecedentes que 
 
3 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – PSI COMP 
descrevem uma contingência para a emissão da 
resposta (se... então...), e além disso, indicam algo de 
maior relevância que geralmente só se percebe a longo 
prazo (o conselho de não fumar para manter a saúde, 
depois de um certo tempo vai trazer compensação – a 
boa saúde). São sempre comportamentos verbais. 
Grande parte do nosso repertório não é adquirido pela 
exposição a contingências de reforço ou punição, mas 
sim através de descrições verbais (apresentadas como 
regras) que especificam essas contingências. 
Aprendemos pela descrição, não pela experiência. Ex: 
não precisamos ser atropelados para saber que 
atravessar a rua sem olhar para os dois lados e sem 
respeitar o semáforo causará um acidente. 
Conselhos e instruções também são formas de regras, 
assim como propostas de benefício mútuo (se você me 
ajudar com isso, amanhã te ajudo com tal coisa). 
 RELAÇÃO ÚLTIMA 
É a consequência a longo prazo por seguir a regra. Ex: 
se você parar de fumar, evitará problemas pulmonares 
no futuro. 
 RELAÇÃO PRÓXIMA 
É a consequência a curto prazo por seguir a regra. Essa 
tem mais controle sobre o nosso comportamento do 
que a anterior. Ex: se você não parar de fumar 
imediatamente, você vai morrer. 
 
O COMPORTAMENTO CONTROLADO 
POR REGRAS X CONTINGÊNCIAS 
Por contingência: no trânsito, tomo um atalho. É um 
comportamento fortalecido por tentativa e erro 
(aprendo conforme vou vivendo), e só depende de mim. 
Por regra: o trânsito, há uma placa sinalizado que 
houve um bloqueio no tráfego, indicando para virar em 
determinada via (atalho). Ajo sob controle de 
antecedentes verbais, e dependo de outra pessoa (que 
me mostrou essa regra – que é mentira por controle 
social). 
 
REGRAS PARCIAIS 
Para seguir uma regra, os três elementos da tríplice 
contingência S – R – C não precisam necessariamente 
estar todos explícitos. Como dito anteriormente, por 
meio da regra, é possível aprender uma resposta 
completamente nova sem precisar viver as 
contingências. 
 
EXEMPLOS DE REGRAS 
ORDENS E EXIGÊNCIAS 
“Não brinque perto da pista, você pode ser atropelado”. 
 
NORMAS MORAIS 
“Não roubar”; “não matar”. 
INSTRUÇÕES 
“Diga sempre ‘por favor’ e obrigado’”. 
INFORMAÇÕES 
“Você pode precisar de um casaco nesse frio”. 
CONSELHOS 
“Filho, acho que você deveria se casar com a Joana”. 
PROPOSTAS DE BENEFÍCIO MÚTUO 
“Se você me maquiar, eu maquio você”. 
 
POR QUE SEGUIMOS REGRAS? 
Desde cedo somos expostos a contingências próximas 
(de curto prazo), como os reforçadores sociais e a 
aprovação. Existem até jogos que ensinam o 
seguimento de regras, como “o mestre mandou”. 
Consequentemente, seguir regras torna-se uma 
habilidade generalizada – seguimos sem hesitar as 
instruções de um estranho que nos mostrou um 
caminho enquanto estávamos perdidos. Além disso, as 
regras resumem anos de experiência direta, e por 
poderem se transmitidas culturalmente, poupam 
tempo, custo e experiências de sofrimento inúteis. 
ONDE ESTÃO AS REGRAS? 
Na análise do comportamento, não falamos em 
“internalização”. As regras estão no ambiente, são 
estímulos discriminativos. 
 
PENSAMENTO E RESOLUÇÃO DE 
PROBLEMAS 
Muitas vezes as regras são resoluções de problemas. 
“Se você fizer o dever de casa, eu devolvo os seus 
brinquedos”. 
É comum dizer que quando alguém está resolvendo 
algum problema, essa pessoa está “pensando”. Será 
que é possível explicar esse processo sem cair em 
argumentos mentalistas? Assim como aprendemos a 
ser ouvintes, também aprendemos a ser solucionadores 
de problemas. A resolução de um problema acontece 
com base em treino prévio, instrução e reforço, não é 
nenhum processo interno de “imaginação” ou 
“criatividade”, como diriam os mentalistas. É produto 
de uma história de reforçamento. 
Um problema nada mais é do que situações em que o 
reforçador é claro, mas o comportamento que deve ser 
emitido para consegui-lo é obscuro. 
Um comportamento influencia o seguinte, o primeiro 
age como estímulo discriminativo para o segundo, e 
conforme nos comportamos, eliminamos algumas 
possibilidades que diminuem a probabilidade de nos 
 
4 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – PSI COMP 
comportarmos de determinada maneira no futuro, e 
além disso, acabamos aprendendo diversas resoluções 
de problemas (que são sistemáticas – usamos de 
tentativas que funcionaram antes). Resolução de 
problemas é semelhante ao comportamento controlado 
por regras. 
 
COMPORTAMENTO PRECORRENTE 
É aquilo que costuma ser chamado de “raciocínio”. 
Acontece antes da solução do problema e gera 
estímulos discriminativos que alteram a probabilidade 
de ações subsequentes. Se agimos como falantes e 
ouvintes ao mesmo tempo (“nossa! Preciso ler o 
capítulo solicitado na aula passada! – em seguida vou e 
leio) então houve comportamento precorrente. 
 
A EVOLUÇÃO DA CULTURA 
O que difere os seres humanos dos outros animais é a 
cultura. Skinner definiu a cultura concretamente, ao 
apontar práticas verbais e não-verbais compartilhadas 
por um grupo de geração em geração. Esta é resultado 
da seleção atuando sobre a variação, e da transmissão. 
A evolução cultural explica o porquê de as pessoas 
agirem em seu próprio prejuízo pelo bem da 
comunidade. Mas é claro que a evolução da cultura 
opera dentro dos limites da evolução genética. A curto 
prazo, ela gera práticas reforçadoras, porém 
prejudiciais para a saúde e reprodução. A longo prazo, 
práticas que tendem a preservar a saúde e promover a 
reprodução. 
 
A mudança cultural é guiada pelo bem-estar dos 
nossos genes 
 
SOCIEDADE 
É um grupo que vive junto em uma associação estável e 
seus membros se comportam altruisticamente uns com 
os outros. Somente seres humanos vivem em 
sociedade. 
CULTURA 
O que falta para os animais terem cultura? A 
aprendizagem, porque cultura é o comportamento 
aprendido de um grupo. Esse comportamento é 
operante, verbal ou não verbal, e programa 
consequências para os membros dessa cultura. Ex: um 
macaco imitou o outro, que antes de comer uma fruta 
na praia, ia até o mar lavá-la para tirar a areia. Essa 
aprendizagem sugere rudimentos de uma cultura, mas 
ainda não pode ser considerada de fato como cultura, 
porque além das características citadas, cultura é 
transmissão, é a posse da sociedade. Traços culturais e 
genéticos são transmitidos, priorizando a manutenção 
do grupo. 
Aprender com os outros é valioso, porque evita que 
tenhamos que reinventar coisas a todo momento. 
 
CULTURA E SOCIEDADE 
Para existir cultura, antes deve existir uma sociedade. 
Toda população tem um conjunto gênico, mas só as 
populações humanas têm um conjuntocultural, e da 
mesma maneira que transmitimos genes, transmitimos 
cultura. Só que esses dois conjuntos transcendem o 
indivíduo: nós somos apenas meios para que eles sejam 
transmitidos para as próximas gerações. 
 
SELEÇÃO NATURAL E OS INGREDIENTES 
ESSENCIAIS 
A seleção natural consiste na variação (o indivíduo varia 
em função do ambiente), transmissão (os traços 
genéticos adquiridos são transmitidos aos 
descendentes - do contrário eles morrerão), e seleção 
(o ambiente seleciona os indivíduos mais sensíveis a 
mudança, deixando assim descendentes. 
Isso quer dizer que nós, “máquinas de sobrevivência” 
dotadas de comportamentos já programados 
geneticamente temos menor chance de nos 
comportarmos de maneira inadequada, certo? Além 
disso, somos máquinas de sobrevivência que 
aprendem, e isso nos confere maior capacidade de 
sobreviver e se reproduzir. Ou seja, genes que 
favoreçam essa aprendizagem tenderão a sobreviver e 
aumentar. O ambiente favorece a predisposição 
genética. 
VARIAÇÃO 
Consiste em replicadores culturais, que são ações 
desempenhadas pelo grupo transmitidas por imitação e 
educação. Ex: saudação em São Paulo (um beijo na 
bochecha) e no Rio de Janeiro (um beijo em cada 
bochecha). 
Nós replicamos esses comportamentos culturalmente. 
Isso inclui: práticas verbais (contos de fada) e não 
verbais (seleção e produção de alimentos). 
A nossa cultura envolve regras, os que não cumprem 
são punidos em função da manutenção da sociedade. O 
comportamento de ensinar, corrigir ou instruir, consiste 
em reforçar comportamentos que são normais para 
aquela cultura, e punir os que se desviam da norma. 
 TRANSMISSÃO 
O que não foi reforçado pelo grupo, não é transmitido. 
O bem maior é sempre o grupo, afinal, o indivíduo 
acaba, mas a cultura transcende. Nós herdamos 
geneticamente traços culturais. Você pode herdar do 
seu pai o medo de altura, por exemplo. Mas para 
transmitir cultura, não é necessário um laço sanguíneo, 
qualquer um que pratica a cultura pode transmiti-la, e 
a evolução cultural é muito mais rápida que a evolução 
 
5 Gabriela Gomes – Resumo NP2 – PSI COMP 
genética (cada ano que passa mais mulheres aderem à 
depilação e mais métodos surgem, mas mesmo assim, 
não evoluíram geneticamente ao ponto de nascerem 
sem pelos no corpo). 
O problema da cultura é que práticas culturais evoluem 
de tal modo, que em um novo ambiente, elas são 
prejudiciais, como por exemplo a ingestão de açúcar, 
que passou a aumentar conforme a fabricação de 
doces, e isso gera hoje diversos problemas de saúde. 
Em contrapartida, outras práticas evoluíram para 
compensar os efeitos negativos dessas anteriores, 
como escovar os dentes e fazer dietas saudáveis. 
 
TRAÇOS QUE PERMITEM A CULTURA 
São pelo menos três exigências para que reconheçamos 
que um comportamento aprendido foi transmitido do 
grupo para o indivíduo: os limites do estímulo, a 
imitação e o reforço social. 
LIMITES DO ESTÍMULO 
Certos estímulos afetarão nosso comportamento mais 
do que outros, o que gera propensões. Quando esses 
estímulos que são propensos a nos afetar são 
produzidos por outros membros da nossa espécie, 
então aprenderemos rapidamente com eles. 
Sensibilidades específicas andam lado a lado com 
tendências comportamentais específicas. E é claro, esse 
limite é proveniente do nosso aparato biológico – 
“vamos até onde o corpo nos permite”. Ex: na interação 
com os adultos, um bebê tenderá a cuidar dos outros 
(de bonecos, por exemplo) como cuidam dele; somos 
propensos a caminhar com duas pernas; somos 
propensos a evitar determinados alimentos que nos 
fizeram mal antes. 
IMITAÇÃO 
Os indivíduos que imitam têm maior chance de se 
comportar de maneiras que resultem em sobrevivência 
e reprodução. Já pensou se a cada geração nova os 
indivíduos tivessem que reaprender a se comportar nas 
estações do ano? “Descobrir” que no calor devemos 
beber bastante água, que no frio devemos nos aquecer, 
que tomar chuva pode causar um resfriado? A imitação 
é uma vantagem adaptativa que garante a aquisição de 
comportamentos adequados. Voltando ao exemplo do 
macaco que lava a fruta suja de areia no mar, os outros 
imitam esse comportamento, entretanto só aquele 
grupo de macacos fez isso. Não é cultura pois não foi 
um comportamento transmitido a outras gerações de 
macacos à parte daquele grupo. 
REFORÇO SOCIAL 
Os reforçadores sociais permitem um elemento chave 
da cultura humana: a educação. Estão sempre 
disponíveis, a liberação é rápida e a saciedade é 
demorada. Ex: comida não é um reforço social, então 
imagine o trabalho que daria se pais educassem seus 
filhos apenas reforçando-os com comida. Um sorriso ou 
um abraço, que são reforçadores sociais, ao contrário 
da comida, permitirão que a educação da criança seja 
contínua. 
 
RETOMANDO O COMPORTAMENTO 
CONTROLADO POR REGRAS 
A imitação por aprendizagem é a transmissão cultural 
através de regras. Isto é, crianças, ao invés de apenas 
imitar, aprendem a fazer aquilo que os outros mandam. 
Elas aprendem a seguir regras porque a transmissão de 
práticas sociais através do seguimento de regras é 
rápida. Ex: se um pai bate na mãe, seu filho tenderá a 
fazer o mesmo com sua futura esposa. 
 
CONVENÇÃO SOCIAL E SELEÇÃO 
Convenção social são aqueles comportamentos 
emitidos de modo que “tem que ser assim porque 
sempre foi”. Pessoas conservadoras se comportam 
assim. Ex: xenofobia. 
Seleção são aqueles comportamentos mais bem-
sucedidos que serão os mais imitados pelos indivíduos. 
O critério para a emissão desses comportamentos é a 
frequência. As pessoas imitam práticas frequentemente 
observadas, assim como imitam indivíduos próximos 
(pais e professores). 
 
REFERÊNCIAS 
BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: 
comportamento, cultura e evolução. Porto Alegre: 
Artmed, 1999.

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