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Crimes contra a honra Tratam-se dos crimes cujo bem jurídico tutelado é a honra, que é o conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria. A honra tem dois aspectos: Honra objetiva ou honra externa - é o conceito que a pessoa desfruta no meio social onde ela vive, é a reputação da pessoa, seu bom nome, é o que os terceiros pensam sobre cada um de nós, é a estima e a consideração social. Honra interna ou honra subjetiva - é o conceito que cada um de nós faz de si próprio, é o que se chama autoestima, sentimento da própria dignidade. São crimes contra a honra, a calúnia (art. 138), a difamação (art. 139) e a injúria (art. 140). Nos dois primeiros, protege-se a honra objetiva e, na injúria, a honra subjetiva. A calúnia e a difamação consistem na imputação de algum fato concreto pelo agente ao sujeito passivo, sendo que, na calúnia, o fato atribuído ao ofendido tem que ser definido em lei como crime e, na difamação, basta que seja ofensivo à honra. A injúria não consiste na imputação de um fato concreto, mas sim na emissão de um conceito depreciativo do ofendido. Calúnia Bem Jurídico Honra objetiva. Sujeito Ativo Qualquer pessoa. Sujeito Passivo Qualquer pessoa, inclusive, aquelas de má-fama e os irresponsáveis (loucos ou menores). Os mortos podem ser caluniados (§ 2º), e seus parentes serão o sujeito passivo. No que tange à pessoa jurídica, somente se a calúnia for relativa a crimes ambientais (Lei nº 9.605/98). Tipo Objetivo a) Art. 138, caput - imputar falsamente (atribuir); b) Propalar ou divulgar, sabendo falsas as imputações (espalhar, tornar público, bastando que se dê conhecimento a uma só pessoa). Tipo Subjetivo Na modalidade de calúnia do caput o dolo pode ser direto ou eventual, ocorrendo este último quando o ofensor não sabe se o fato é verdade ou não, mas, na dúvida, atribui ao ofendido o cometimento de um crime. Exige-se o dolo específico, ou o elemento subjetivo do tipo “propósito de ofender”. No § 1º, só cabe dolo direto, a lei não se satisfaz com o dolo eventual em relação ao propagador. Não existe modalidade culposa. Exceção da verdade Admite-se a prova da veracidade do fato imputado, pois o Estado tem interesse em saber da prática de crimes. Tentativa e Consumação Há consumação quando a ofensa chega ao conhecimento de terceira pessoa, não bastando o próprio ofendido. É crime formal. Se o crime for verbal, não se admite a tentativa, entretanto, se for praticado por escrito é possível haver tentativa. Classificação Comum, doloso, formal, comissivo e instantâneo. Difamação Difamação consiste na imputação de fato concreto, infamante, contra a honra objetiva, seja ele verdadeiro ou falso. Diferentemente da calúnia, na difamação o fato imputado não é crime; enquanto na calúnia a imputação tem que ser falsa, na difamação basta que seja ofensiva à reputação, pouco importando, na maioria das situações, se o fato é verdadeiro. Bem jurídico A honra objetiva Tipo Objetivo A conduta típica é atribuir ou imputar conduta que seja capaz de macular a reputação do sujeito passivo, e o fato deve ser determinado, mas não precisa ser especificado com todas as suas circunstâncias. A imputação não necessita ser falsa, pois ainda que seja verdadeira haverá o delito (exceção: funcionário público). O delito é comissivo e pode ser praticado por qualquer meio. Tipo subjetivo Dolo de dano (direto ou eventual) e elemento subjetivo do tipo “intenção de ofender”, ou cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta. Consumação e tentativa Quando a imputação chega ao conhecimento de outrem que não a vítima. Admite-se tentativa. Exceção da verdade Somente é possível se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de sua função. Funcionário público, para fins da lei penal é aquele que embora transitoriamente e sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública estando a ele equiparado àqueles que o exercem em entidade paraestatal (art. 327 do CP e parágrafo único) Classificação Crime formal, simples, instantâneo, comum, comissivo, plurisubsistente ou unissubsistente. Injúria Injuriar significa ofender ou insultar (vulgarmente, xingar). No caso presente, isso não basta. É preciso que a ofensa atinja a dignidade (respeitabilidade ou amor-próprio) ou o decoro (correção moral ou compostura de alguém). Portanto, é um insulto que macula a honra subjetiva, arranhando o conceito que a vítima faz de si mesma. Bem jurídico A honra subjetiva. Sujeito ativo Qualquer pessoa humana. Sujeito passivo Qualquer pessoa humana. A jurídica, em que pese gozar de reputação no seio social, não tem amor-próprio a ser atingido Tipo objetivo Imputação de uma qualidade ou opinião negativa a respeito do ofendido, e não de um fato. Não precisa ser levada ao conhecimento de terceiro para se consumar, basta que o ofendido tome conhecimento. Pode ser praticado por qualquer forma (verbal, escrita, gestos, ações); é comissiva, embora, teoricamente, possa também ser omissiva. Tipo subjetivo Dolo de dano (direto ou eventual), e elemento subjetivo do tipo - intenção de ofender (dolo específico). Não há a forma culposa. Consumação e tentativa Quando a ofensa chega ao conhecimento do ofendido. Poderá haver tentativa se praticada por escrito. Classificação Comum, doloso, formal, de forma livre, comissivo, instantâneo, simples e complexo (injúria real). Exceção da verdade Não é admitida. Ação penal Como regra geral, a ação penal é privada. No caso de injúria real + lesão, a ação penal será pública condicionada à representação, se a lesão for leve (art. 88 da Lei 9.099/95), e incondicionada se for grave, se for apenas vias de fato ficará absorvida pela injúria real.
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