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Superação das dificuldades de leitura e interpretação em Língua Portuguesa junto a alunos de 5ª série que frequentam Sala de Recursos, através de intervenção pedagógica. Professor PDE: Maria de Fátima Mendes Psicóloga, Professora, Especializada em Educação Especial – Deficiência Intelectual. Professor Orientador: Jefferson Olivatto da Silva Professor/pesquisador do Departamento de Pedagogia, Mestrado em Educação e Doutorando em Ciências Sociais. Área PDE:Educação Especial IES vinculada:UNICENTRO PITANGA 2009 Superação das dificuldades de leitura e interpretação em Língua Portuguesa junto a alunos de 5ª série que frequentam Sala de Recursos, através de intervenção pedagógica. RESUMO: Este artigo apresenta um recorte do projeto de pesquisa desenvolvido dentro do Plano de Desenvolvimento Educacional - PDE, da Secretaria de Estado de Educação do Paraná. O objetivo deste artigo é o de propor uma avaliação mediada e assistida focando os contextos escolar, familiar, como também a avaliação de leitura e interpretação dos alunos participantes, e de atividades de superação, norteado pela pedagogia histórico-cultural. Utilizamos os métodos quanti-qualitativos como procedimento na análise da avaliação realizada; em seguida, sugerimos exemplos de atividades de superação das dificuldades encontradas, de acordo com as especificidades de cada aluno participante. Participaram desse trabalho, três escolas localizadas no município de Pitanga, a partir da queixa dos professores das salas de recursos das referidas instituições, quanto à insegurança gerada no trabalho docente, por conta da ausência de material avaliativo que forneça informações das dificuldades específicas em leitura/interpretação dos alunos e a deficiência de informações teórico- metodológicas para a superação dessas dificuldades. Este trabalho apresenta algumas das observações feitas no decorrer da pesquisa as quais poderão contribuir com os docentes que se preocupam com as dificuldades de seus alunos e percebem a leitura não como uma simples decifração das letras, e sim como uma forma de oportunizar aos alunos o conhecimento, tornando-se cidadãos críticos e comprometidos com a realidade social. PALAVRAS-CHAVE: Leitura. Interpretação. Dificuldades. Avaliação. Superação. ABSTRACT: This article presents an approach to the research project developed in the Educational Development’s Program called PDE, of the Paraná’s Department of Education. The purpose of this paper is to propose an evaluation mediated and assisted focusing on the school, family, assess the reading and interpretation of the participating students, and activities to overcome, guided by historical-cultural pedagogy. We use methods-qualitative and the analysis procedure of the assessment, then we suggest examples of activities to overcome the difficulties, according to the needs of each student participant. Participated in this study, three schools located in the city of Pitanga, from the complaints of teacher in resource rooms of these institutions, and insecurity generated in teaching, because of the lack of evaluative material to report the specific difficulties in reading/interpretation of students and lack of information theoretical and methodological approaches to overcoming these difficulties. This paper presents some of the notes taken during the research which would contribute to teachers who are concerned about the difficulties of their students perceive reading and not as a mere deciphering of the letters, but as a way to favor students with the knowledge, becoming a critical and committed to social reality. WORD-KEY: Reading. Interpretation. Difficulties. Evaluation. To overcome INTRODUÇÃO Ler é uma das tarefas mais importantes a ser trabalhada com o aluno. Esta afirmativa se tornou mais consistente após termos pesquisado sobre esse assunto e percebermos que esta é uma das principais deficiências, não só dos alunos de 5ª série da Educação Básica que frequentam as Salas de Recursos, mas da grande maioria dos estudantes na fase de escolarização. Acreditamos que não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido; compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Podemos afirmar que ler é ir além da simples decifração das letras; é oportunizar aos alunos o conhecimento, para que possam se tornar cidadãos críticos e comprometidos com a realidade social. O presente artigo descreve um material elaborado, o qual consistiu em caderno pedagógico composto de fichas e materiais de avaliação como também atividades de superação direcionado ao professor da Sala de Recursos e ensino comum, frente a problemas de leitura e interpretação, apresentados pelos alunos de 5ª série da Educação Básica que frequentam esta modalidade de ensino, sem déficits sensoriais, apresentando ou não deficiência intelectual. O que motivou a elaboração deste material foi a queixa dos professores das salas de recursos das instituições de ensino, sobre a falta deste tipo de apoio pedagógico, salientando suas inseguranças quanto ao trabalho docente na disciplina de Língua Portuguesa, em função da ausência de material avaliativo que oferecesse informações mais específicas dos problemas que os alunos apresentavam, assim como a deficiência de informações teórico-metodológicas, que dessem conta da superação dessas dificuldades. Os objetivos principais do presente material foram: propor uma avaliação mediada e assistida focando os contextos escolar e familiar, como também a avaliação de leitura e interpretação junto aos alunos, oportunizar atividades de superação frente às dificuldades encontradas. DESENVOLVIMENTO Este trabalho foi desenvolvido numa perspectiva sócio-cultural, por entendermos que a aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire conhecimento, a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente e as pessoas. Assim sendo, este processo, inclui a interdependência dos indivíduos implicados, envolvendo aquele que aprende aquele que ensina e a relação entre as pessoas, o que, nos remete a pensar que os processos de aprendizagem não se desenvolvem na individualidade do aluno, mas em complexas redes de intercâmbio social, dentro e fora da sala de aula, de modo que as variáveis sócio-culturais, sociais do meio, devem ser observadas dentro deste processo. Consideramos necessário destacar os principais aspectos teóricos, dentro desta abordagem, que nortearam o presente trabalho. A aprendizagem foi compreendida como um processo de apropriação e transformação do conhecimento historicamente construído e socialmente disponível, estando esta em função da comunicação e do desenvolvimento (Vygotsky,1988). O desenvolvimento foi visto como um processo através do qual, os homens constroem ativamente suas características físicas e psíquicas, portanto, desenvolvimento e aprendizagem, não são sinônimos, não acontecem paralelamente, mas esse acontece de forma mais lenta, atrás da aprendizagem. O ensino escolar para Vygotsky (1988) não pode ser identificado como desenvolvimento, mas sua realização resulta no crescimento intelectual do aluno, logo, podemos concluir que o bom ensino é aquele que adianta os processos de desenvolvimento. Sob esse enfoque, a qualidade da aprendizagem depende da qualidade das interações. Portanto, ao falarmos em dificuldades de aprendizagem dentro da teoria histórico-cultural, devemos pensá-la com base nas interações linguísticas. Entendemos que as dificuldades de aprendizagem são passíveis de superação, quando se leva em conta que as capacidades e o raciocínionão são inatos, mas desenvolvidos através de complexas redes de intercâmbio social, dentro e fora da escola, as quais podem sofrer intervenções. Acreditamos que toda a revisão literária focada na abordagem histórico- cultural, nos deu respaldo para acreditarmos numa praxis educativa transformadora, capaz de reconfigurar o talento cultural quando o talento biológico não se revela como o esperado, corroborando a tese atual postulada pelas neurociências de que não existe quem não aprenda. No que se refere à produção de material avaliativo, fomos buscar na avaliação mediada e assistida, a qual tem como fundamentação a Psicologia cultural. Essa forma de avaliação começou a ser utilizada no Brasil, a partir da década de 90, a qual é definida por Linhares (1995, p.24) como: “...um conjunto de estratégias instrucionais utilizadas durante o processo de avaliação, a fim de garantir o fornecimento de ajuda, melhorando as condições da situação de avaliação, para que o examinando possa revelar o seu desempenho potencial e possa atingir um grau crescente de autonomia em situações de resolução de problemas.” (Linhares, 1995) Nesse tipo de avaliação, este autor relata que há flexibilidade das instruções, regulada pelo desempenho do examinando, incluindo-se um componente de ensino, de instruções adicionais e, portanto, havendo uma verificação de mudanças em função da aprendizagem. Avalia enfatizando o como o examinando adquire conhecimentos e resolve problemas, focando mais a oportunidade presente de aprendizagem e obtém indicadores do processo de aprendizagem do indivíduo. Linhares (1995) também pontua que a avaliação dinâmica e mediada pode ser complementar dos testes psicométricos, pela idéia de confiabilidade dada à quantificação e padronização dos mesmos tendo, portanto, papel central no processo avaliativo, e propõe a comparação dos resultados das testagens formais e não formais. Quando partimos do pressuposto de que o desenvolvimento das funções psicológicas superiores como a atenção voluntária, percepção, pensamento abstrato, memória só são capazes de se desenvolverem a partir das mediações culturais, o foco do problema sobre as dificuldades/distúrbios de aprendizagem desloca-se do nível individual para o social, assim, temos que pesquisar a qualidade das mediações que a sociedade atual vem exercendo dentro e fora da escola. Desta forma, a avaliação deve contemplar o desenvolvimento cultural da criança, as exigências que são feitas no seu entorno social, que produzem este ou aquele comportamento, pontuando o que a cultura provoca em termos de desenvolvimento psicológico, que tipos de instrumentos a criança utiliza para resolver as atividades propostas e de que forma. Dentro deste contexto, se faz necessário, estudos mais aprofundados sobre os processos cognitivos envolvidos na leitura e compreensão para a montagem de material avaliativo eficaz, assim, buscamos como aportes teóricos a Psicologia cognitiva, a abordagem de Processamento da Informação, e a Neuropsicologia Cognitiva. Vários estudos têm sido realizados sobre a aquisição e o desenvolvimento da leitura, dentre os nacionais podemos citar Pinheiro (1994), Capovilla e Capovilla (2007), Cardoso Martins (1991,1995), Rego (1995), Kato (1999) e Cielo (1997). Estes dois últimos autores adotam uma abordagem predominantemente linguística do tema, já os primeiros, adotam essencialmente a Psicologia Cognitiva como abordagem teórica básica. Pinheiro (1994) afirma que os processos mentais que permitem ao leitor identificar, compreender e pronunciar palavras escritas são explicados por meio de modelos que enfatizam a estrutura cognitiva envolvida no reconhecimento de palavras e as interconexões dessa estrutura. Portanto, a leitura em voz alta de um sistema de escrita alfabético pode ocorrer, pelo menos, de duas maneiras: por meio de um processo visual direto (Rota Lexical) ou através de um processo envolvendo mediação fonológica (Rota Fonológica). Estes recebem consequentemente, o nome de Modelos de Leitura de Dupla Rota (Ellis, 1995; Hillis & Caramazza, 1992). Ambas as rotas de leitura iniciam com o sistema de análise visual, que tem as funções de identificar as letras do alfabeto, a posição de cada letra na palavra, e agrupá-las. A Rota Fonológica utiliza o processo de conversão grafema-fonema, envolvendo a procura de pronúncias para palavras não-familiares e pseudopalavras (formadas por uma combinação de fonemas ou grafemas que não existem no léxico de uma língua) de uma forma serial, traduzindo letras ou grupos de letras em fonemas, por meio da aplicação de regras. As representações fonêmicas armazenadas ativam as formas fonológicas das palavras que, por sua vez, levam à ativação das representações semânticas e ortográficas correspondentes (Morais, 1996). O fonema é o menor elemento constitutivo da cadeia falada que permite distinções semânticas, enquanto o grafema é a referência gráfica de um fonema. A transposição dos grafemas impressos nos seus respectivos fonemas, ou seja, uso de regras de conversão grafema-fonema, deveria permitir uma pronúncia precisa das palavras que possuem correspondência grafia-som regular, mas não de palavras irregulares, o que é conhecido como efeito de regularidade. A leitura por rota fonológica também é fortemente afetada pelo número de letras contidas na palavra, o que é conhecido por efeito de extensão. Na leitura, palavras regulares são aquelas cuja estrutura ortográfica possibilita uma leitura por meio de "conversão grafema-fonema unívoca", ou seja, regida por regras. As palavras irregulares, ao contrário, possuem relações grafofonêmicas ambíguas. No português, estas ambiguidades encontram-se apenas diante de um grafema consonantal (“X”) e de dois vocálicos (“e” e “o”), estes últimos quando estão em posição paroxítona tônica (Parente, Silveira & Lecours, 1997). A consoante “X” pode ser associada, independentemente da posição, aos fonemas / /, /s/, /ks/ ou /z/. A vogal “e” pode ser associada aos fonemas / / ou /e/, como, por exemplo, nas palavras “festa” e “vespa”, enquanto a vogal “o” pode ser associada aos fonemas / / ou /o/, como nos exemplos “bosque” e “fosco”. Na rota lexical, geralmente utilizada por leitores adultos, as representações de uma enorme quantidade de palavras familiares são armazenadas em um léxico de entrada visual, que é ativado pela apresentação visual de uma palavra. Isto é, seguido pela obtenção do significado a partir do sistema semântico (depósito de todo o conhecimento sobre os significados de palavras familiares) e, então, a palavra pode ser articulada. Pessoas que utilizam apenas esta rota têm pouca ou nenhuma dificuldade em pronunciar palavras familiares, entretanto, encontram muita dificuldade com palavras relativamente não-familiares e pseudopalavras. Ellis (1995) afirma que através da rota lexical, palavras de alta frequência de ocorrência na língua são reconhecidas com maior rapidez e precisão do que palavras de baixa frequência, o que é conhecido como efeito de frequência. A presença de um efeito de lexicalidade, ou seja, palavras reais sendo identificadas mais rápida e precisamente do que pseudopalavras é outro indício de leitura por rota lexical. As palavras, quando familiares, têm unidades de reconhecimento no léxico de entrada visual, o que não ocorre com as pseudopalavras. Considerando o Modelo de Leitura de Dupla-Rota, pode-se deduzir que leitores que usam preferencialmente a rota lexical têm maior facilidade na leitura de palavras irregulares do que na leitura de pseudopalavras, enquanto que leitores que usam preferencialmente a rota fonológicatêm maior facilidade na leitura de palavras regulares e pseudopalavras do que na leitura de palavras irregulares. Segundo Pinheiro & Parente (1999), a avaliação dos processos envolvidos na leitura, em uma abordagem de Processamento da Informação, consiste no uso de procedimentos que possibilitem a determinação do estado operacional e do modo de funcionamento de cada componente do modelo cognitivo. Esses procedimentos caracterizam-se pela apresentação de listas de palavras que variam nas suas propriedades linguísticas: frequência de ocorrência na língua; regularidade da correspondência grafema-fonema; concretude, extensão, lexicalidade e classe gramatical. Nos leitores considerados hábeis, as duas rotas estão disponíveis e podem intervir paralelamente na leitura de palavras (Morais, 1996). Tanto as características linguísticas do estímulo, como o nível de competência do leitor, determinam o tipo de processo a ser usado (Pinheiro & Parente, 1999). Pinheiro (1994), estudando as habilidades de leitura e escrita de crianças brasileiras de 1ª a 4ª série, constatou o uso de processos lexicais e, predominantemente, fonológicos em estágios iniciais do desenvolvimento de leitura. Seus resultados sugerem que ambos os processos devem desenvolver-se simultaneamente. Apenas o procedimento fonológico é gerativo, ou seja, capaz de permitir a identificação das palavras encontradas pela primeira vez ou palavras para quais não está disponível uma representação ortográfica na memória. Graças a esta propriedade, a rota fonológica constitui um elemento essencial na aquisição da leitura segundo Alégria, Leybaert & Mousty (1997). De acordo com a hipótese de auto-ensinamento de Share (1995), cada encontro de decodificação bem sucedido com uma palavra não familiar provê uma oportunidade para adquirir informação ortográfica, que é o fundamento do reconhecimento hábil de palavra. Sabemos que o objetivo principal da leitura, não é o reconhecimento de palavras isoladas e sim a compreensão do material lido. Para tal, a identificação de palavras é uma condição necessária, embora não suficiente (Alégria & cls., 1997). Braibant (1997) afirma que a compreensão da leitura requer capacidades cognitivas, e as principais são: a elaboração de inferências e linguísticas, como conhecimento do vocabulário e da sintaxe. A literatura sugere uma relação entre automatismo (precisão e rapidez) no reconhecimento de palavras e compreensão de leitura (Alégria & cols., 1997; Morais, 1996; Perfetti & Hogaboam, 1975). Quanto mais rápida for a identificação de cada palavra, maior a capacidade da memória de trabalho consagrada às operações de análise sintática, de integração semântica dos constituintes da frase e de integração das frases na organização textual, processos importantes para a compreensão da leitura (Morais, 1996). Além do automatismo na identificação de palavras, para compreender um texto é necessário empregar conhecimentos e estratégias que vão além da mera combinação de significados lexicais individuais, é necessário elaborar uma representação mental do conteúdo proposicional das mensagens. Proposições são unidades abstratas de significado e implicam, no mínimo, a predicação de algo (uma propriedade, ação, relação, etc.) acerca de algo (um objeto, argumento, etc.) (Kintsch, 1998). Kintsch e Van Dijk (1978) propõem um Modelo de Compreensão de Textos segundo o qual, devido às limitações na memória de curto prazo, o processamento de um texto é feito em ciclos, que correspondem, aproximadamente, a uma frase. Destes ciclos, uma estrutura mais geral de significado, a macroestrutura, é extraída das proposições do texto original e mantida na memória episódica junto com os itens finais do ciclo. As frases apresentadas no texto são conhecidas como microestruturas. O ciclo seguinte altera as representações dos anteriores na memória episódica, fazendo com que ocorra a construção gradual de um texto base. A noção de macroestrutura é empregada, de acordo com estes autores, para definir a descrição semântica do conteúdo global do discurso. Pode ser entendida como uma organização de significado que representa os aspectos essenciais de um texto, por meio de unidades denominadas macroproposições. A compreensão pode ser entendida como um processo que permite elaborar a macroestrutura do texto a partir de sua microestrutura. No processamento e retenção da informação textual, as macroproposições têm maior probabilidade de serem lembradas e incluídas em resumos (Kintsch, 1998). Van Dijk e Kintsch (1983, citados em Denhière & Baudet, 1992) distinguem três níveis na representação do discurso: 1) a estrutura de superfície (palavras e sintagmas utilizados no texto); 2) o conteúdo semântico local (microestrutura) e global (macroestrutura); e, 3) o modelo de situação. Neste último, o que é representado é a situação descrita no texto, retirada da estrutura do texto e encaixada no campo de conhecimentos pré-estabelecidos do sujeito, o que envolve também a elaboração de inferências. Após este levantamento literário, fomos buscar em Capovilla e Capovilla (2007), instrumentos e procedimentos na avaliação de leitura para analisar a(s) rota(s) usada(s). Estes autores consideraram o Modelo de Leitura de Dupla-Rota. Construíram listas de estímulos uma para cada série escolar. Cada lista era composta por igual número de palavras regulares, irregulares e pseudopalavras, totalizando 90 estímulos, que variavam em extensão: estímulos curtos (até 4 letras) e longos (7 letras). As palavras reais variavam também quanto à frequência de ocorrência na língua portuguesa. As pseudopalavras foram formuladas considerando as convenções grafofonêmicas e a estrutura silábica da língua portuguesa. Portanto, elas podem ser lidas em voz alta, mas carecem de significado. Importante salientar que de acordo com Capovilla & Capovilla (2007) o desempenho na leitura de pseudopalavras é usado para inferir o uso da rota fonológica de leitura e escrita e o desempenho nas palavras irregulares, cuja correspondência entre fonemas e grafemas é ambígua, exigindo conhecimento prévio do estímulo para a precisão da resposta, é usado para analisar o uso da rota lexical. Levamos em consideração um fator importante apontado por Moreira (2006) que diz respeito à preparação do aluno para a avaliação, ela orienta o “teste de aquecimento”, o qual consiste numa espécie de preparação para a tarefa, antes do “teste principal”, objetivando unicamente deixar o aluno alerta para a atividade, ao mesmo tempo em que o avaliador se certifica de que as orientações foram realmente compreendidas pela criança. As fichas avaliativas e material avaliativo elaborados objetivaram dar respaldo para modificarem características, dos contextos: escolar, familiar, e individual do aluno, no que se refere aos possíveis obstáculos existentes, para que a aprendizagem de leitura e interpretação aconteça a contento. Em seguida, propusemos exemplos de atividades de superação destas dificuldades, adequadas às especificidades de cada aluno. Utilizamos os métodos quali-quantitativos como procedimento, através de fichas avaliativas com foco nos contextos escolar, familiar. Com o aluno, elaboramos material avaliativo e fichas que indicassem os resultados das dificuldades encontradas, visando buscar fatores que possam estar dificultando a aquisição das aptidões necessárias à Língua Portuguesa, no que tange a leitura e interpretação. A execução deste trabalho constou de seis etapas principais: Na primeira, visitamos cinco escolas da rede estadual para contato com os diretores das referidas escolas para propor eexpor o projeto. Na segunda, realizamos um encontro com os professores das Salas de Recursos e pedagogos das instituições que aceitaram participar, da execução do projeto e demos subsídios teóricos pontuando as aptidões necessárias para a leitura e interpretação. Nesta ocasião, entregamos as fichas avaliativas com as devidas orientações de como proceder às sondagens, como também um kit de material avaliativo. Na terceira, atendendo a solicitação dos professores, realizamos avaliação demonstrativa em um aluno de cada uma das Salas de Recursos. Na quarta etapa, fizemos acompanhamento da aplicação da avaliação junto aos alunos, objetivando esclarecimentos de possíveis dúvidas. Na quinta, após fazermos análise quali-quantitativa das mesmas, propusemos um segundo encontro com professores e pedagogos para devolução da fichas, assim como fornecemos fundamentação teórica sobre aprendizagem na abordagem histórico-cultural, orientações sobre como fazer a análise qualitativa das fichas preenchidas, busca das atividades de superação e mediações necessárias para cada dificuldade encontrada nos alunos avaliados, utilizando não apenas as contidas no projeto de implementação, como também as sugeridas pelos professores e pedagogos, objetivando enriquecimento do caderno pedagógico. Finalmente, na sexta etapa, fizemos o acompanhamento da execução das atividades de superação em todos os contextos avaliados. A apresentação dos resultados foi feita a partir de três categorias: contexto escolar, contexto familiar e aluno. Nas duas primeiras categorias, a avaliação foi realizada através do preenchimento de fichas avaliativas, sendo que a primeira compreende os gráficos de 1 a 20, apresentados no Anexo I; a segunda, os gráficos de 21 a 25, referidas no Anexo II. Na terceira categoria, aluno, a avaliação foi realizada a partir da análise de desempenho, compreendendo os gráficos de 26 a 49, os referidos gráficos encontram-se no Anexo III. 1. Avaliação do contexto escolar: Ao avaliarmos o contexto escolar, sobre teoria e prática pedagógica, pudemos concluir que a maioria dos professores afirmou ser a abordagem histórico-crítica a norteadora da prática pedagógica, que acontece compatibilidade entre a sua prática pedagógica e a filosofia da escola, Observamos que existem outras abordagens teóricas utilizadas de forma independente por alguns professores, porém, numa frequência menor, como pode ser observado no Gráfico 1 (Anexo I). No Brasil, a rotatividade das tendências pedagógicas tem conotação de algo premeditado, por parte do Estado. Na verdade o que existe é uma subordinação do sistema educacional aos ditames da UNESCO, do FMI, do BIRD, entre outros. Um bom exemplo de demonstração de poder do Estado é o daqui do Paraná com os dois últimos governadores. No início da década de 1990, tínhamos o governo, Roberto Requião, que adotou a abordagem histórico-crítica, dentro da educação paranaense, desenvolveu cursos de formação continuada e discussões sobre o currículo básico com o objetivo de fundamentar a implantação do mesmo, elaborado no governo anterior. O Governo que sucedeu Roberto Requião foi o de Jaime Lerner que implantou um modelo econômico e educacional neoliberal no Estado do Paraná. Com o retorno de Roberto Requião volta a abordagem histórico-critica. Neste contexto, seria a responsabilidade, então, da rotatividade das teorias pedagógicas que desorganizam o espaço abstrato do sistema escolar? As práticas educativas acabaram gerando alunos que não entendem o que lêem e, portanto, não adquirem uma visão crítica da forma como se encontra organizada a sociedade. Algo para refletirmos. Em se tratando da relevância do contexto familiar dos alunos para a escola, observamos no Gráfico 2 (Anexo I), que os professores, de acordo com a avaliação realizada, afirmaram que com certa frequência levam em consideração o contexto familiar de seu alunado, embora às vezes não conheçam estes contextos de todos os alunos, o que implica, de acordo com a literatura estudada, uma falha dentro do processo ensino-aprendizagem, uma vez que este se dá através de redes de intercâmbio social e não na individualidade do aluno. No que se refere à consideração da influência do contexto escolar no processo ensino-aprendizagem, os professores a consideraram, em sua maioria. (Gráfico 3, Anexo I). Em concordância ao que propõe a literatura estudada. Sobre a inclusão, observamos que as escolas participantes, frequentemente executam projetos, não só para atender as necessidades individuais de seus alunos, como também da comunidade em que estão inseridas, há nelas uma significativa disposição à inclusão, efetuando trabalho de recuperação paralela pela maioria dos docentes, porém, quando há substituição de professores, observamos que há uma tendência maior para não acontecer repasse de orientações pedagógicas específicas de alunos com problemas de aprendizagem (Gráfico 4, Anexo I), o que faz cair por terra ou retardar o avanço do aluno e consequentemente prejudicar a inclusão dos mesmos. Observamos um discurso inclusivo, e uma prática pedagógica não emancipatória. Partindo do pressuposto que o educando, ao chegar à escola, já possui uma vasta bagagem informativa proveniente do meio em que vive, é papel dos educadores orientarem e conduzirem o conhecimento a partir de uma prática vivenciada e correlacionada à realidade do aluno; quando esse conhecimento não é repassado para o professor substituto, a prática pedagógica tende, dentro de uma visão vygotskyana, a fracassar. Sobre os professores, analisando os resultados da avaliação, estes relataram, em geral, buscarem apoio técnico pedagógico de suas escolas, prepararem suas aulas, estarem envolvidos no processo ensino-aprendizagem e não agredirem os seus alunos, porém, observamos que há rotatividade de professores em 45%, ao somarmos a frequência em que acontecem (sempre e frequentemente) como pode ser observado no Gráfico 5, Anexo I. Nesse sentido, os professores não se envolvem com as dificuldades de seu alunado e de seus contextos sócio-culturais, mantendo ações pedagógicas fora de uma abordagem histórico-crítica. Ao avaliarmos a relação professor-aluno, no que diz respeito ao conhecimento dos professores sobre os contextos sócio-culturais de seus alunos, observamos, através do Gráfico 6, no Anexo I que a maioria deles não conhece o contexto familiar de seus alunos e não adequa, portanto, a sua prática pedagógica aos mesmos, numa frequência maior do que a apontada no Gráfico 2, anexo I. Percebemos uma contradição entre o discurso e a prática. Sob a ótica vygotskyana, temos subsídios apontando que, para uma prática fundamentada na construção do indivíduo como pessoa, é fundamental conhecer o ambiente cultural do alunado, formado a partir do seu grupo familiar e social, afinal, são esses grupos que fornecerão instrumentos que irão possibilitar sua maturidade intelectual, assim sendo, quando os professores o desconhecem, torna-se difícil conduzir o conhecimento a partir de uma prática vivenciada e correlacionada à realidade do aluno. Quanto ao controle de turma por parte dos professores, a avaliação demonstrou que não enfrentam problemas neste aspecto (Gráfico 7, Anexo I), porém, informalmente, a queixa de indisciplina e a dificuldade de contê-la em sala de aula existe. O Gráfico 8, Anexo I, pontua a relação professor e abordagem teórica. Cerca de 90% do professorado afirmou conhecer a Pedagogia Histórico-Crítica numa frequência que oscilou entre: sempre, frequentemente e às vezes. 100% deles, disseram utilizar esta abordagem na sua ação pedagógica, variandoa frequência entre sempre, frequentemente e às vezes. Quanto a não se fixar em abordagem teórica, a maioria do corpo docente participante, relatou que às vezes não o faz. Sobre a ação docente, a maioria deles se considera um mediador no processo ensino-aprendizagem, os participantes afirmam desenvolver a criticidade em seu alunado e que fazem relações entre os conceitos do cotidiano e os científicos. Porém, é evidente a ocorrência de uma prática docente não vygotskyana: apenas 62% do corpo docente oportuniza trabalhos em grupo sempre ou frequentemente. (Gráfico 9, Anexo I). A inclusão, sob o olhar e a ação dos professores, através do Gráfico 10, no Anexo I, podemos constatar que embora cerca de 90% dos docentes tenham informado que consideram a zona de desenvolvimento proximal de seus alunos sempre ou frequentemente no processo ensino-aprendizagem, na prática, outra situação foi observada, uma vez que os alunos com dificuldades de aprendizagem não têm esse privilégio, o que se observou foram falas do tipo: “Com tantos alunos na sala de aula não posso trabalhar de forma diferenciada com esse alunado, atrasaria o programa de conteúdos que tenho que cumprir”. Observamos neste tipo de expressão, o desconhecimento de metodologias que facilitam o ensinar na heterogeneidade. Para explicar as possibilidades da aprendizagem, Vygotsky (1987), formulou o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal ou área de desenvolvimento potencial, como a distância entre o que a criança é capaz de fazer com a intervenção de um adulto; potencialidade para aprender que não é a mesma para todas as pessoas; ou seja, é distância entre o nível de desenvolvimento real e potencial e varia de pessoa para pessoa. Isso posto, entendemos que o processo ensino-aprendizagem só faz sentido na medida em que atua sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal, produzindo novos níveis de desenvolvimento e é aí, que deve incidir o trabalho do professor. A real aprendizagem acontece quando a ação docente se volta para a “exploração” da Zona de Desenvolvimento Proximal e a construção de conhecimentos nela possibilitada; quando também considera a complexidade deste processo de construção pelo aluno, assim como quando leva em conta a complexidade do contexto, que envolve as enumeras influências sociais, presentes nas relações do aluno com a escola. Na análise da ação docente focando leitura/interpretação, ao observarmos o Gráfico 11, no Anexo I, podemos constatar que sempre ou frequentemente, os professores realizam atividades que envolvem leitura/interpretação em suas turmas. O que questionamos é: se o trabalho em leitura/interpretação acontece na prática docente, por que os alunos continuam com problemas neste aspecto? A resposta, de acordo com a análise qualitativa feita, se dá em função do desconhecimento, por parte do professorado, do aluno e sua realidade cultural, como também de metodologias adequadas frente a este tipo de trabalho, tornando-o inócuo. Quanto aos professores terem conhecimento do aluno em relação à leitura/interpretação (Gráficos 12 Anexo 1 ), relataram conhecer as dificuldades do alunado participante deste trabalho. Constatamos também, que cerca de 70% dos alunos participantes, comprovaram o não interesse nas atividades que envolveram leitura. 85% desse alunado demonstraram numa frequência que oscilou entre às vezes, raramente e nunca, ter conhecimento de mundo. Quanto ao comportamento dos alunos frente aos diferentes gêneros literários, a frequência maior ficou entre às vezes (52%), os demais oscilaram entre frequentemente (19%), raramente (19%) e nunca (10%). 57% do alunado foi caracterizado com necessidade de auxílio na leitura; 65% deles foram percebidos pelos professores como necessitando de apoio na compreensão da leitura; 70% dos alunos participantes foram vistos pelos professores, como apresentando um desempenho bom na leitura nas frequências às vezes e frequentemente, levando-se em conta a utilização na avaliação de textos simples e complexos, tendendo a demonstrarem maior dificuldade nestes últimos. Embora pareça contraditório, é importante salientar que estes dados sofreram a interferência dos textos simples utilizados na avaliação. Em se tratando da preferência do tipo de leitura dos alunos (Gráfico 13, Anexo I), nem todos os professores responderam às questões, o que pode prejudicar o trabalho em leitura/interpretação de forma adequada, cujos estudos realizados apontaram para a importância de se iniciar por leituras que coincidam com os interesses do educando. O Gráfico 14, Anexo I nos mostra que os professores pontuaram que cerca de 60% dos alunos gostam dos momentos de leitura, porém observaram dificuldades por parte dos mesmos. Quanto à utilização da biblioteca, constatamos: embora as direções das escolas participantes não demonstrem restrições quanto ao seu uso por parte dos professores e alunos, não observamos um incentivo, na prática docente, para atividades que envolvessem esse local, como pode ser verificado no Gráfico 15, Anexo I. Percebemos que alguns aspectos primordiais necessitariam ser trabalhados junto aos professores do ensino comum: falta de conhecimento de mundo por parte da maioria dos educandos, motivação dos alunos para a leitura e utilização mais frequente e espontânea da biblioteca, como também, atividades que envolvessem a biblioteca em suas disciplinas, além de conhecer o estilo de leitura mais apreciado por seus alunos. Quanto à direção e equipe pedagógica das escolas que participaram do projeto, pontuamos que há apoio da parte da direção quanto às inovações propostas pelos seus funcionários. Em geral existe um clima de ânimo e otimismo na escola, bom relacionamento interpessoal entre seus membros, entretanto, não há por parte da equipe pedagógica, um trabalho de preparação dos alunos para mudanças de professores (Gráfico 16, Anexo I). Partindo do pressuposto de que a aprendizagem acontece na relação do educador/aprendente, esta relação também passa pela afetividade e pelo vínculo, essa atitude escolar prejudica o processo ensino-aprendizagem (Vygotsky 1993). Na avaliação do ambiente escolar, as três escolas declararam ter um ambiente limpo, o número de alunos por turma na maioria das salas de aula, está dentro do que preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, porém observamos problemas de indisciplina e condições das salas de aula, nem sempre com luminosidade, temperatura e ventilação suficientes (Gráfico 17, Anexo I). Por outro lado, para que o aprendizado aconteça, faz-se necessário que fatores ambientais sejam observados e levados a sua melhor condição, uma vez que estes têm influência no processo ensino-aprendizagem. Na avaliação do contexto familiar junto à escola, através do Gráfico 18, Anexo I, constatamos que as escolas analisadas, percebem, em geral, que os pais acreditam, valorizam e apóiam o estudo na vida de seus filhos. Também comparecem à escola quando solicitados. Quanto ao suporte pedagógico oportunizado pelos pais dos alunos participantes deste projeto, demonstraram acontecer com menor frequência, uma vez que esses pais, em sua maioria, não têm escolaridade suficiente para tal. Percebemos que faltam a esses alunos, oportunidades de crescimento cultural, de rápida construção cognitiva e desenvolvimento de linguagem, o que, certamente, prejudica suas chances de êxito escolar. De acordo com Vygotsky (1988) a escola não pode ser vista isolada da sociedade, pois o sistema de ensino reflete sempre a sociedade na qual está inserido. É neste momento que a ação pedagógica alcança seu maior grau de desempenho,fazendo com que o aluno exercite, através de estímulos, a atenção, a memória e o pensamento lógico-crítico. Cabe ao profissional da educação proporcionar aos seus alunos oportunidades para que o conhecimento para a vida aconteça. Sobre como as escolas participantes deste trabalho percebem a relação familiar, podemos constatar através do Gráfico 19, Anexo I, que as mesmas consideraram que cerca de 60% das famílias dos alunos, não apresentam problemas conjugais, e que a relação entre os pais e seus filhos no geral é boa, embora, existam famílias em que tal não acontece. Para Vygotsky (1993), a emoção e o sentimento são fatores determinantes no desenvolvimento cognitivo, assim, podemos afirmar que os fatores emocionais interferem no processo ensino-aprendizagem. A visão que as escolas demonstraram ter quanto ao modo das famílias educarem os filhos, foi a de que 60% dos pais sempre e frequentemente dão apoio emocional aos filhos; 40% entre às vezes e raramente conseguem este intento. Quanto à colocação de limites, os mesmos resultados foram obtidos (Gráfico 20, Anexo I). Por meio destes dados podemos inferir, sobre uma das interfaces a ser considerada como possível geradora da indisciplina na escola. 2. Avaliação do contexto familiar junto à família: Em se tratando do relacionamento familiar, o Gráfico 21 no Anexo II, demonstra que a maioria das famílias dos alunos participantes deste trabalho, tem bom relacionamento familiar. Ao se fazer um paralelo com a visão da escola neste aspecto, percebemos haver concordância. Quanto à participação da família na vida escolar do filho, constatamos que as mesmas sempre e frequentemente, consideraram a educação escolar como importante, participam das atividades da escola quando chamados, mas nem todas acompanham e auxiliam no aprendizado do filho. (Gráfico 22, Anexo II). Constatamos concordância entre o que família e escola afirmaram. Sobre o diálogo familiar, 49% delas têm momentos de conversas com os filhos; frequentemente 55% das famílias incentivam os interesses dos mesmos. Outra característica detectada foi a de que embora poucas famílias dêem responsabilidades aos filhos e consigam fazê-los cumprir, evidenciam dificuldades na colocação de limites e obediência dos filhos. Percebemos também que tendem a não estabelecer uma rotina diária junto aos mesmos. (Gráficos 23 e 24, Anexo II). Obviamente, isto reflete no desempenho acadêmico do alunado, quanto às responsabilidades escolares. Sobre problemas familiares, pudemos constatar, através do Gráfico 25, Anexo II, que em torno de 68% das famílias, trabalha o dia todo e não têm tempo para os filhos numa frequência que variou entre sempre, frequentemente e às vezes. 40% delas afirmaram existir problemas em casa que poderiam estar prejudicando a aprendizagem de seus filhos. De acordo com as famílias participantes deste trabalho, 65% relataram que os filhos convivem com os pais e 36% delas afirmaram ter dificuldades financeiras sempre e às vezes. Traçando um paralelo dos resultados da avaliação obtidos entre o contexto familiar junto à escola e à família, pudemos observar contradições, numa análise quantitativa, principalmente quanto ao relacionamento familiar, hábitos de estudo do aluno em casa, colocação de limites, obediência do filho, apoio pedagógico e emocional ao mesmo. Os resultados demonstram a necessidade de maior integração entre escola e família, a primeira como apoio à última. 3. Avaliação dos alunos participantes: Na avaliação da linguagem oral, no que tange ao vocabulário, observamos que cerca de 60% dos alunos participantes deste trabalho, apresentaram vocabulário pobre, tanto em situações formais como informais (Gráfico 26, Anexo III). Ao nos remetermos à literatura estudada, constatamos que um fator preponderante é o conhecimento lexical na interpretação de textos, cabendo à escola desenvolver este tipo de conhecimento (Capovilla & Capovilla, 2007). Podemos constatar no gráfico 27, no anexo III, que as características de comunicação dos alunos avaliados apontaram como principais dificuldades: clareza de idéias e organização do pensamento. Para Vygotsky (1993), a relação entre o pensamento e a palavra é um processo contínuo. O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, mas, por meio delas, ele, o pensamento, passa a existir. Assim, o ensino deve considerar, também, as aptidões, as qualidades pessoais, a cultura, a comunicação, enfim, a valorização do conhecimento que o aluno já possui e, a partir da sua visão de mundo, o desenvolvimento de uma prática pedagógica que estimule a pensar, criar, dialogar e participar ativamente na construção de novos conhecimentos. Quanto à compreensão, são significativas as dificuldades do alunado avaliado (Gráfico 28, Anexo III). No que diz respeito à atenção e concentração na linguagem receptiva, podemos constatar que a maioria do alunado participante deste trabalho, tende manter a atenção, demonstrando às vezes concentração, ao examinarmos o Gráfico 29, AnexoIII). Através do Gráfico 30, Anexo III, notamos no que se refere à quantidade de informações captadas pelos alunos em questão, que conseguiram captar pouca quantidade. A dificuldade maior residiu na memória imediata, um fator que prejudica o processo ensino-aprendizagem. Continuando a análise da linguagem expressiva, no que tange à coesão oral, constatamos que essa população evidenciou como principal dificuldade, a construção de períodos compostos estabelecendo referência entre dois elementos gramaticais. Coesão é a manifestação linguística da coerência. Provém da forma como as relações lógico-semânticas do texto são expressas na superfície textual. Assim, a coesão de um texto oral ou escrito é verificada mediante a análise de seus mecanismos lexicais e gramaticais de construção (Koch & Travaglia,1999). Sobre exposição de ideias oralmente, o alunado avaliado, revelou que às vezes consegue êxito ao expô-las de forma clara e coerente quanto ao tema e ao título (Gráfico 32, Anexo III) Para argumentar e adequar a linguagem às diferentes situações sociais, os alunos demonstraram dificuldades, apresentaram vícios culturais de linguagem, como pode ser observado no Gráfico 33, Anexo III. Nas atividades propostas que envolveram produção de texto oral, os educandos tenderam a buscar apoio mais na ilustração do que na memória. (Gráfico 34, Anexo III). Na leitura oral, um dos fatores avaliados foi a rota de leitura. Esclarecendo: A leitura em voz alta de um sistema de escrita alfabético pode ocorrer, pelo menos, de duas maneiras: por meio de um processo visual direto (Rota Lexical) ou através de um processo envolvendo mediação fonológica (Rota Fonológica). Uma terceira rota é a logográfica, caracterizada por uma leitura da palavra como se fosse uma gravura (Capovilla & Capovilla, 2007) Constatamos através do Gráfico 35, Anexo III, que a grande maioria utilizou as três rotas. Importante salientar que este resultado se deu, considerando leitura de textos contendo palavras de alta frequência, cujas rotas utilizadas foram a logográfica e a lexical, nas palavras de baixa frequência e pseudopalavras a rota utilizada foi a fonológica. Quanto à velocidade de leitura, observamos que metade dos alunos avaliados, apresentou uma velocidade lenta, a outra, oscilou entre regular e normal. Neste item também temos que considerar palavras de alta frequência (lidas com maior rapidez), de baixa frequência e pseudopalavras (lidas numa velocidade lenta), como pode ser verificado no Gráfico 36, no anexo III. Importante salientarmos que quanto mais rápidafor a identificação de cada palavra, maior a capacidade da memória de trabalho consagrada às operações de análise sintática, de integração semântica dos constituintes da frase e de integração das frases na organização textual, processos importantes para a compreensão da leitura (Morais, 1996). Os tipos de erros, encontrados em atividades que envolveram leitura oral, podem ser constatados através do Gráfico 37, Anexo III, o qual nos mostra que a maioria dos alunos às vezes faz trocas, omissões e acréscimos de fonemas ao ler. O que nos remete a pensar na necessidade de investigação de transtorno funcional específico (dislexia) ou déficit no processo de alfabetização (José & Coelho, 1999) Como podemos constatar no Gráfico 38, Anexo III, no que diz respeito à atenção ao ler, a maioria oscilou: ora apontou e repetiu palavras ou parágrafos, ora não. Na leitura de gravuras, pudemos perceber que alguns alunos avaliados, tenderam a simplesmente nomear os seus elementos, numa frequência entre sempre e às vezes; outros descreveram ações (sempre e às vezes) e a maioria foi capaz de contar uma história com sequência lógico temporal (início, meio e fim), na frequência sempre e às vezes. (Gráfico 39, Anexo III) Em atividades avaliativas que envolveram simbolização, tivemos como resultado que a grande parte dos alunos conseguiu diferenciar texto escrito de outras formas de registro, como pode ser observado no Gráfico 40, Anexo III. Quanto a respeitar à pontuação, parágrafo e acentuação das palavras na leitura oral, os alunos tiveram dificuldades. (Gráfico 41, Anexo III) Na avaliação da leitura silenciosa, no aspecto velocidade, podemos perceber através do gráfico 42, Anexo III, que o grupo que reuniu o maior percentual apresentou, numa frequência às vezes, velocidade de leitura regular. Sobre, a necessidade de seguir a leitura com algo direcionador, a maioria oscilou entre as frequências sempre e às vezes necessitar, conforme pode ser constatado no Gráfico 43, anexo III. A maior parte dos alunos avaliados apresentou leitura subvocal, como pode ser constatado no gráfico 44, Anexo III. Na interpretação de textos, lidos pelo próprio aluno, no que se refere à compreensão e relação do título ao assunto do texto, a maioria às vezes compreende a ideia principal do texto e faz a relação do título ao assunto do mesmo. (Gráfico 45, no anexo III). Este resultado provavelmente se deu por conta da utilização de textos simples e complexos no processo avaliativo, demonstrando êxito nos primeiros e dificuldades nos últimos. No Gráfico 46, Anexo III, os alunos participantes, evidenciaram mais facilidade em representar por meio da fala, desenho e dramatizações, os textos simples; mostrando maior dificuldade para os complexos. A maioria dos alunos conseguiu fazer o reconhecimento da opinião do autor e a fala de outras pessoas que não este; porém nos mais complexos, não obtiveram sucesso, conforme mostra o Gráfico 47, Anexo III. Quanto à capacidade de síntese, o Gráfico 48, Anexo III expõe que a maioria necessita de questões que direcionem a interpretação de textos, principalmente nos complexos, nos simples, revelaram maior facilidade. Ao serem solicitados a recontarem os textos lidos, percebemos uma tendência a não fazerem inferências e acrescentarem elementos, demonstrando falta de conhecimentos sobre o assunto, principalmente em textos complexos, conforme mostra o Gráfico 49, Anexo III. CONCLUSÃO Três grandes aspectos foram avaliados: os contextos familiar, escolar e o aluno focando a leitura/interpretação. Percebemos que o tempo de avaliação foi acima do previsto. Os contextos familiar e escolar, somente uma das escolas realizou todas as avaliações. As demais as realizaram parcialmente. Alegaram dificuldades, principalmente as que dependiam dos professores do ensino comum; os mesmos não entregaram ou se negaram a realizar as avaliações. Quanto à execução de ações para superação das dificuldades encontradas, nenhuma das três escolas participantes colocou em ação as atividades de superação. Mencionaram falta de tempo para tal, e se queixaram de não conseguirem que os pedagogos exerçam sua real função pedagógica, relataram que se limitam a “apagar incêndios” e ações burocráticas. Consideraram a proposta importante, porém muito trabalhosa. Dos 15 alunos participantes deste trabalho, apenas 11 permaneceram. Os demais abandonaram a escola. Quanto à concretização das atividades de superação junto aos alunos, esta teve início somente no mês de junho, quando o previsto era em abril. As justificativas se resumiram em: falta dos alunos e curto espaço de tempo. Estes fatos reduziram o tempo em dois meses, para a aplicação das atividades de superação. As principais dificuldades relatadas pelos professores das Salas de Recursos foram: prolongamento das férias devido a gripe Influenza A1, desencontro entre o retorno às aulas na rede estadual de ensino e a municipal, acarretando falta de transporte escolar e muitos dias de chuva, consequentemente, os alunos tiveram poucos dias de frequência e também de forma não consecutiva. Observamos resultados, portanto, não significativos. Sobre a contribuição de nossa pesquisa, entendemos que se deu devido ao alerta de que nada e quase nada se faz para identificar, aprimorar e avaliar alunos com necessidades especiais voltados ao desenvolvimento de leitores. De qualquer modo, o importante é que as ponderações ora lançadas atuem como ponto de partida para trilharmos novos rumos educacionais voltados ao enriquecimento do processo ensino-aprendizagem, independentemente do tipo de educando. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALÉGRIA, J., LEYBAERT, J.; MOUSTY, P. 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A escola leva em consideração o contexto familiar na sua prática pedagógica. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 3 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N O contexto escolar e o processo ensino aprendizagem A escola considera que o contexto escolar influi no processo ensino- aprendizagem. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 4 Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 5 0% 20% 40% 60% 80% S F A R N Professores Há rotatividade de professores Há implicação dos professores no processo ensino-aprendizagem Os professores preparam suas aulas, têm plano de trabalho junto aos educandos. Os professores buscam apoio técnico pedagógico da escola Professores agridem física, verbal ou emocionalmente os alunos Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% S F A R N Inclusão A escola executa projetos para atender as necessidades individuais de seus alunos e da comunidade na qual está inserida. A escola executa projetos para atender as necessidades dos educandos A escola tende a incluir a diversidade de alunos Há repasse para o professor substituto, sobre as orientações pedagógicas específicas de alunos com problemas de aprendizagem Existe um trabalho bom de recuperação paralela de conteúdos Gráfico 6 0% 10% 20% 30% 40% 50%60% S F A R N Conhecimento do contexto sócio-cultural do aluno Conheço o contexto familiar dos meus alunos e adequo minha prática pedagógica às mesmas. Presto atenção no contexto-histórico de cada um dos meus alunos. Presto atenção às variáveis sócio-culturais dos meus alunos. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 7 0% 10% 20% 30% 40% 50% S F A R N Controle de turma A relação professor- aluno acontece sem problemas. Tenho dificuldades para manter a disciplina dos alunos. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 8 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% S F A R N Abordagem teórica Conheço a Pedagogia histórico-crítica A abordagem que utilizo na minha ação pedagógica é a histórico-crítica. Não me fixo em abordagens teóricas no meu trabalho docente. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 9 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% S F A R N Ação docente Oportunizo atividades em grupo em sala de aula Vejo-me como mediador no processo ensino- aprendizagem. Desenvolvo nos meus alunos a criticidade. Desenvolvo a consciência reflexiva dos meus alunos No processo ensino- aprendizagem faço relações existentes entre os conceitos do cotidiano e os científicos. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 10 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% S F A R N Inclusão Levo em conta, no processo ensino- aprendizagem a zona de desenvolvimento proximal de meus alunos. Sei quando atingiram a zona de desenvolvimento real no processo ensino- aprendizagem. Oportunizo a participação de todos os meus alunos, estimulando-os a falar sobre o tema abordado. Acredito na afirmação: “todos aprendem.” Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 11 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% S F A R N Trabalho em leitura/interpretação Oportunizo circunstâncias para que o aluno em questão interprete textos. Estimulo a leitura de textos pertinentes à minha disciplina. Estimulo a leitura de textos fora da minha disciplina. Trabalho com leitura de jornal em sala de aula. Oportunizo situações que envolvem leitura em sala de aula. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 12 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Conhecimento do aluno em relação a leitura O aluno em questão demonstra interesse em atividades que envolvem leitura. O aluno demonstra conhecimento sobre o mundo uma vez que consegue completar, enriquecer o assunto lido O aluno comporta-se diferentemente de acordo com a natureza do texto (gênero, conteúdo, nível de complexidade) Precisa de auxílio no processo de leitura Necessita de auxílio no processo de compreensão da leitura) O desempenho do aluno neste processo é bom Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 13 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Conhecimento das preferências de leitura dos alunos As leituras que meus alunos preferem são obras literárias As leituras que meus alunos gostam são gibis Meus alunos lêem e dão preferência à revistas sobre artistas. Meus alunos lêem textos pertinentes à disciplina apenas. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 14 0% 20% 40% 60% 80% S F A R N Utilização da biblioteca Há incentivo da escola para que o aluno freqüente a biblioteca. O aluno frequenta a biblioteca por conta própria. Na sua prática docente existem atividades que liguem o conteúdo que está sendo trabalhado à biblioteca A bibliografia disponível na biblioteca é apropriada às necessidades de sua disciplina Com que frequência, na sua disciplina os alunos freqüentam a biblioteca Quanto ao uso da biblioteca, há restrições aos professores. Quanto ao uso da biblioteca, há restrições aos alunos por parte da escola. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 15 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Percepção dos professores em relação aos alunos em momentos de leitura Os alunos demonstram gostar dos momentos de leitura. Percebo dificuldades dos alunos em geral, no que se refere a leitura e interpretação de textos. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 16 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% S F A R N Direção e equipe pedagógica Os alunos são preparados para mudanças de professores A direção apóia as inovações de funcionários Existe um clima de ânimo e otimismo dentro da escola A relação interpessoal entre direção e técnico- pedagógica é boa. A relação interpessoal entre professor pedagogo e professores é boa. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 17 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Ambiente escolar O ambiente escolar é limpo O ambiente escolar tem problemas de indisciplina O ambiente escolar tem problemas de organização As salas de aula têm luminosidade, temperatura e ventilação suficientes O número de alunos por turma está dentro do que preconiza a LDB Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 18 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% S F A R N Participação dos pais na vida escolar do filho Os pais valorizam os estudos do filho Os pais acreditam na importância dos estudos para seu filho Os pais apóiam pedagogicamente o filho Os pais acompanham a vida escolar do filho Comparecem à escola quando chamados Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 19 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% S F A R N Relação familiar A relação entre os pais se dá sem problemas A relação entre pai e o aluno é boa A relação entre a mãe e o aluno é boa A relação com os irmãos é boa Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 2O 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Educação na família Os pais apóiam emocionalmente o filho Os pais conseguem por limites e a obediência do filho Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca ANEXO II 3. Avaliação dão contexto familiar: Gráfico 21 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Relacionamento familiar Temos em casa um clima de amizade e confiança O pai/padrasto tem uma boa relação com meu filho Eu, mãe/madrasta tenho boa relação com meu filho Os irmãos têm boa relação entre si. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 22 0% 20% 40% 60% 80% S F A R N Participação dos pais na vida escolar do filho Acreditamos na importância dos estudos para seu filho Alguém na família o ajuda nas atividades escolares. Acompanho a vida escolar do meu filho, participando das reuniões na escola. Meu filho tem hábitos de estudo em casa Participamos das atividades da escola quando chamados. Independentementede sermos chamados vamos à escola para saber como está o aprendizado do meu filho Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 23 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% S F A R N Diálogo familiar Fazemos “rodas de prosa” com os filhos (falamos sobre trabalho, nossas vidas e assuntos gerais) Eles se sentem à vontade para falar sobre seu cotidiano (problemas de amizade, namoro, emprego, brigas, etc.). Incentivamos seus interesses Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 24 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% S F A R N Controle sobre os filhos Conseguimos a obediência do nosso filho e lhe colocar limites. Estabelecemos uma rotina diária para os filhos Damos responsabilidades domésticas para os filhos Meu filho cumpre com suas responsabilidades domésticas Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca Gráfico 25 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% S F A R N Problemas familiares Trabalho o dia todo e não tenho tempo para os filhos Existem problemas em casa que podem estar prejudicando a aprendizagem do meu filho Caso o aluno more com outras pessoas, convivem com os pais Temos dificuldades financeiras. Símbolos do gráfico: S= Sempre; F= Frequentemente, A= Às vezes, R= Raramente, N= Nunca ANEXO III 4. Avaliação dos alunos: Gráfico 26 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Vocabulário Seu vocabulário é pobre em situações informais. Seu vocabulário é pobre mesmo em situações formais Seu vocabulário é razoável em situações informais Seu vocabulário é razoável em situações formais Seu vocabulário é rico em situações informais Seu vocabulário é rico em situações formais Gráfico 27 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sempre Às vezes Nunca Características de comunicação Demonstra clareza de idéias Organiza seu pensamento de forma adequada ao expressar- se Consegue ter sequência lógico temporal, dos fatos a que se propôs falar Pronuncia as palavras de forma clara Ao comunicar-se o faz com coerência Gráfico 28 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Compreensão Compreende o que está sendo falado (conteúdos simples) Compreende o que está sendo falado (conteúdos complexos) Gráfico 29 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Atenção concentração Mantém atenção quando lhe falam Mantém concentração quando lhe falam Gráfico 30 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Quantidade de informações captadas Consegue captar pouca quantidade de informações Consegue captar razoável quantidade de informações Consegue captar grande quantidade de informações Gráfico 31 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Coesão oral É capaz de construir, oralmente, períodos compostos estabelecendo É capaz de construir, oralmente, períodos compostos estabelecendo É capaz de construir, oralmente, períodos compostos Gráfico 32 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Exposição de idéias na produção de texto oral È capaz de expor suas idéias, de forma clara. È capaz de expor suas idéias, de forma coerente O título é coerente com a sua produção Gráfico 33 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sempre Às vezes Nunca Poder de argumentação e adequação da fala Consegue argumentar em defesa de suas idéias Adequa a sua fala a diferentes situações sociais Faz uso de vícios culturais de linguagem Gráfico 34 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Tipo de apoio ao produzir texto oral Apóia-se na memória ao produzir um texto oral Apóia-se na ilustração ao produzir um texto oral Gráfico 35 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Rota de leitura Utiliza a rota logográfica ao ler. Ao ler, utiliza a rota fonológica. Utiliza a rota lexical, ao ler. Gráfico 36 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Velocidade de leitura Sua velocidade de leitura é lenta Sua velocidade de leitura é regular Sua velocidade de leitura é normal Gráfico 37 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sempre Às vezes Nunca Tipos de erros na leitura oral Faz trocas de fonemas. Faz omissões de fonemas. Acrescenta fonemas, nas palavras que lê Gráfico 38 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Atenção ao ler Faz repetição de palavras ou parágrafos. Necessita apontar as palavras com lápis, régua ou dedo. Gráfico 39 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Sempre Às vezes Nunca Leitura de gravura Frente a uma gravura, limita-se a nomear seus elementos. Frente a uma gravura, descreve apenas ações. Frente a uma gravura, é capaz de contar uma história com início meio e fim, demonstrando boa criatividade. Gráfico 40 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Simbolização Percebe a diferença entre texto escrito e outras formas de registro Gráfico 41 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% Sempre Às vezes Nunca Respeito a pontuação, parágrafo e acentuação Lê respeitando o tom adequado dado pela pontuação Respeita os parágrafos garantindo a seqüência da leitura. Associa os acentos gráficos à pronúncia da palavra. Lê variando entonação da voz, fazendo suspense, Gráfico 42 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Velocidade na leitura silenciosa Sua velocidade de leitura é lenta Sua velocidade de leitura é regular Sua velocidade de leitura é normal Gráfico 43 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% Sempre Às vezes Nunca Atenção ao ler Necessita apontar as palavras com lápis, régua ou dedo. Gráfico 44 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Presença de leitura subvocal Apresenta leitura subvocal (mover os lábios) emitindo ou não sons. Gráfico 45 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% Sempre Às vezes Nunca Compreensão e relação do título com o assunto lido Relaciona o título do texto ao assunto abordado por ele. Compreende e oraliza a idéia principal do texto Gráfico 46 0% 20% 40% 60% 80% 100% Sempre Às vezes Nunca Capacidade de representar fatos através diferentes linguagens Consegue representar fatos do texto lido pelo professor, por meio de diferentes linguagens: fala, desenho, dramatizações, entre Gráfico 47 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Reconhecimento da opinião do autor Através de reflexão do texto feito, reconhece a suposta opinião de quem o escreveu. Percebe que em alguns textos podem conter a fala de outro que não a do autor. Gráfico 48 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Sempre Às vezes Nunca Capacidade de síntese e necessidade de questões para interpretação de textos Consegue sintetizar o texto lido. Necessita de questões de múltipla escolha para demonstrar