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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA TATIANE DO SOCORRO DA SILVA LIMA THAIS ELIANE LIMA AMARAL ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O LETRAMENTO COMO FACILITADOR DA LEITURA E ESCRITA NO 3° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO ALVES RAMOS” IGARAPÉ-AÇU 2015 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA TATIANE DO SOCORRO DA SILVA LIMA THAIS ELIANE LIMA AMARAL ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O LETRAMENTO COMO FACILITADOR DA LEITURA E ESCRITA NO 3° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO ALVES RAMOS” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pelas discentes Tatiane do Socorro da Silva Lima e Thais Eliane Lima Amaral ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura Plena. Orientadora: Ms. Thais do Socorro Pereira Pompeu. IGARAPÉ-AÇU 2015 TATIANE DO SOCORRO DA SILVA LIMA THAIS ELIANE LIMA AMARAL ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O LETRAMENTO COMO FACILITADOR DA LEITURA E ESCRITA NO 3° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO ALVES RAMOS” Trabalho de Conclusão de Curso apresentado pelas discentes Tatiane do Socorro da Silva Lima e Thais Eliane Lima Amaral ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, como requisito para a obtenção do grau de Licenciatura Plena. BANCA EXAMINADORA ___________________________________Orientador Prof.ª Msc.Thais Pereira Pompeu / UFRA ___________________________________ Membro 1 Profª Ayvânia Alves Pinto ___________________________________ Membro 2 Prof.ª Sandra Maria Pachiano Calvosa Avaliado em: ____/____/____ Conceito: ____________________________________ DEDICATÓRIA Aos nossos pais, pelo amor e cuidado a nós dedicado. Aos nossos esposos, pela amizade, respeito, paciência, incentivo e dedicação em todos os momentos. Aos nossos filhos, razões do nosso viver, que contribuem cada vez mais em nossas realizações e tornam tudo que acontece em nossas vidas maravilhoso. Aos nossos irmãos, familiares, amigos e a todos que contribuíram direta ou indiretamente com a realização deste trabalho. Tatiane do Socorro da Silva Lima & Thais Eliane Lima Amaral AGRADECIMENTO Agradecemos a Deus, por estar sempre presente em todos os momentos de nossas vidas; A nossa família pela compreensão e incentivo a nossa formação; A Universidade Federal Rural da Amazônia pela oportunidade de realizar este curso; A nossa orientadora, Professora Ms.Thais do Socorro Pereira Pompeu, pela generosidade e dedicação com a qual nos orientou; Aos nossos professores da graduação pelos momentos de sabedoria e paciência compartilhados; Aos colegas que estiveram presentes no decorrer do curso, colaborando direta ou indiretamente em nossa caminhada acadêmica. Tatiane do Socorro da Silva Lima & Thais Eliane Lima Amaral " [...] A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual, por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos que escutam, há criança que pensa." Emília Ferreiro RESUMO O presente trabalho aborda as diferentes concepções dos teóricos sobre o letramento como um instrumento facilitador da leitura e escrita com compreensão na alfabetização vivenciada com os diferentes gêneros textuais, com alunos do 3° ano do Ensino Fundamental da Escola Antônio Alves Ramos, do espaço do campo da vila São Jorge, cidade de Igarapé-Açu, nordeste do Estado do Pará. Para tanto, sob a luz da metodologia qualitativa, a pesquisa de campo foi realizada ao mês de março de 2015, os registros foram coletados através de questionários descritivos com perguntas abertas e fechadas direcionadas aos docentes. Objetivou-se aqui, demonstrar que, para auxiliar os alunos na compreensão da leitura e escrita, é necessária a emancipação dos mesmos, que só ocorrerá na medida em que o processo educacional seja permeado por uma concepção que agrega os saberes escolares com o do cotidiano do alunado, que só se manifesta através da valorização dos diferentes gêneros textuais. Considerando ser de extrema importância a utilização da diversidade textual nas salas de aula, para conexões entre as atividades discursivas propostas pela escola e a vida do aluno na sociedade. Vê–se a utilização de atividades diversificadas como uma forma de aproximar o discente das situações originais de produções de textos orais e escritos, contribuindo efetivamente para o aprendizado significativo de prática de leitura, produção e compreensão. Assim, este estudo teve como aporte teórico os estudos de Soares (1998), Ferreiro e Teberosk (1985, [1986]), Kleimam (1993), Freire (1998), Tfouni (1995). Palavras-chave: Gêneros Textuais. Compreensão. Aprendizagem. RESUMEN Este artículo discute las diferentes concepciones de teóricos sobre el letramento como un instrumento facilitador de la lectura y la escritura con la comprensión en la alfabetización experimentado con diferentes géneros, con los estudiantes del 3º grado de la enseñanza primaria de la Escuela Antonio Alves Ramos en el ámbito del espacio Vila Sao Jorge Ciudad de Igarapé-Açu, en el noreste del Estado de Pará. Por lo tanto, a la luz de la metodología cualitativa, el estudio de campo se llevó a cabo en el mes de marzo de 2015, los registros han sido recogidos a través de cuestionarios descriptivos con preguntas abiertas y cerradas dirigidos a los maestros. El objetivo en este caso es que, para ayudar a los estudiantes en la comprensión de la lectura y la escrita se requiere la emancipación de los mismos, solamente se producirá en la medida en que el proceso educativo está permeado por un diseño que combina la escuela con el conocimiento de los estudiantes todos los días que sólo se manifiesta a través de la valoración de los géneros textuales, considerando ser muy importante las conexiones entre las actividades discursivas propuestas por la escuela y la vida del estudiante en la sociedad. Ver el uso de diversos géneros con una manera de traer a los estudiantes de las situaciones originales de la producción de textos orales y escritos, contribuir con eficacia para la lectura práctica de aprendizaje significativo, la comprensión y la producción. Este estudio tuvo como soporte teórico de los estudios Soares (1998), Ferreiro e Teberosk (1985, [1986]), Kleimam (1993), Freire (1998), Cagliari (1993), Tfouni (1995). Palabras clave: Géneros Textuales. Comprensión. Aprendizaje. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 - localização de Igarapé-Açu.................................................................... 36 Imagem 2 – Vila São Jorge do Jabuti........................................................................ 37 Imagem 3 – Escola Est. de Ens. Fund. e Médio “Antônio Alves Ramos”.................. 38 LISTA DE GRÁFICOS QUADRO 1 – Socioeconômico dos Professores e Técnicos................................. 41 QUADRO 2 – Eixo 1: concepções de aquisição da leitura e escrita no 3° ano do ensino fundamental................................................................................................ 42 QUADRO 3 – Eixo 2: dificuldades de compreensão da leitura os alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentam................................................................ 44 QUADRO 4 – Eixo 3: Medidas tomadas pelo professor para amenizar as dificuldades dos alunos na aquisição da leitura..................................................... 46 QUADRO 5 – Eixo 3: Suporte daSecretária de Educação ou Equipe Técnica da Escola para superar as dificuldades no processo de aquisição de leitura e escrita...................................................................................................................... 47 QUADRO 6 – Eixo 4: o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo da aprendizagem........................................................ 48 QUADRO 7 – Eixo 1: concepções de aquisição da leitura e escrita no 3° ano do ensino fundamental................................................................................................. 50 QUADRO 8 – Eixo 2:dificuldades de compreensão da leitura dos alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentam................................................................. 50 QUADRO 9 – Eixo 3: Suporte dado ao professor para amenizar as dificuldades dos alunos na aquisição da leitura.......................................................................... 51 QUADRO 10 – Eixo 4: o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo da aprendizagem........................................................ 51 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 12 2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: TECENDO CONCEITOS........ 14 2.1 Contextualização Sócio-Histórico.................................................... 16 2.2 Espaço escolar e os Aspectos Legais............................................ 17 2.3 O letramento como facilitador da leitura e da escrita.................... 19 2.4 As diferentes concepções acerca da leitura e escrita................... 22 2.5 Algumas considerações sobre as dificuldades na aquisição da leitura e da escrita nos anos iniciais do ensino fundamental........ 24 2.6 O letramento como facilitados no processo ensino- aprendizagem...................................................................................... 27 2.7 Reflexões do ensino sobre a prática pedagógica........................... 28 3 METODOLOGIA................................................................................... 32 3.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................... 32 3.2 Instrumentos de pesquisa ................................................................ 33 3.2.1 Questionários individuais...................................................................... 33 3.3 Lócus da Pesquisa.............................................................................. 35 3.4 Caracterização da Escola Antônio Alves Ramos............................. 38 4 ANÁLISE DOS DADOS........................................................................ 40 4.1 Sobre o perfil Socioeconômico dos Professores e Técnicos Pedagógicos........................................................................................ 40 4.2 O olhar dos Professores sobre o letramento.................................. 42 4.3 O olhar dos Técnicos Pedagógicos sobre o letramento................. 49 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 53 REFERÊNCIAS.................................................................................... 55 APÊNDICES......................................................................................... 58 Apêndice A – Termo de Autorização................................................ 59 Apêndice B – Questionário 1- Sócio Demográfico........................ 60 Apêndice C – Questionário 2- Técnico Pedagógico....................... 62 Apêndice D – Questionário 3- Professor......................................... 66 12 1 – INTRODUÇÃO A questão da alfabetização no Brasil tem sido um tema muito discutido na atualidade, merecendo atenção especial. Dados alarmantes mostram o elevado número de brasileiros que sabem ler e escrever, porém não compreendem o que estão lendo. A preocupação tornou-se foco constante de muitos estudos não com os níveis de analfabetismo, mas com os níveis de letramento e compreensão dos saberes adquiridos; Nesse contexto, observou-se a dificuldade que adultos e crianças demonstram, para fazer uso adequado da leitura e escrita na escola estadual “Antônio Alves Ramos”, localizada na vila São Jorge do Jabuti, Igarapé- Açu. Portanto, o presente trabalho tem como tema “Alfabetização e Letramento: O Letramento como facilitador da leitura e escrita no 3º ano do ensino fundamental na escola “Antônio Alves Ramos” que irá discutir o tema dentro da realidade pesquisada. É sabida a importância para o processo Sócio Educacional a inserção da criança no universo do letramento, tendo um convívio efetivo com a leitura para que o aluno se aproprie do sistema de escrita, estabelecendo assim, relações com o conhecimento e também com as suas práticas sociais. A pesquisa tem como relevância contribuir de forma significativa para o estudo e reflexão do ensino e das práticas educativas, bem como ampliar a visão dos docentes sobre os processos de como alfabetizar através do letramento. Analisando as diferentes concepções que se tem acerca da aquisição da leitura e escrita nos primeiros anos da alfabetização. Então a partir desta problemática o estudo sobre o referido tema tem como objetivo analisar que dificuldades de compreensão da leitura alunos encontram no 3º ano do ensino fundamental, compreendendo o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo de aprendizagem, pois a escola, o currículo escolar e seus conteúdos da forma que geralmente está sendo desenvolvido, transportam o indivíduo para outra realidade que não é aquela em que estabelece suas relações interpessoais e sociais como cidadão. Desta maneira esta escola envolve o aluno numa redoma de saberes escolares necessários para sua promoção dentro dela mesma e não para sua elevação social. Paulo Freire (1998, p.09) afirma que “o domínio sobre os signos linguísticos escritos, mesmo pela criança que se alfabetiza, pressupõe, uma experiência social que precede a leitura do mundo”. O qual chamou de letramento. Deste modo, este 13 estudo surgiu a partir da inquietação em saber quais os fatores que corroboram para as grandes dificuldades em desenvolver a leitura e escrita dos os alunos do 3º ano do ensino fundamental da escola “Antônio Alves Ramos”, e procuramos entender ainda a concepção ou não concepção de alfabetização, sobretudo na perspectiva do letramento, compreendendo que a aprendizagem da escrita alfabética constitui um processo de compreensão de um sistema de notação e não à aquisição de um código. Para tanto, a natureza da pesquisa é de cunho bibliográfico, exploratória com estudo de campo, contendo quatro capítulos que discutirá as diferentes concepções acerca da leitura e escrita; as dificuldades na leitura com compreensões evidenciadas no processo aprendizagem do 3º ano do ensino fundamental; o letramento como facilitador no processo- ensino aprendizagem e as reflexões do ensino sobre a prática pedagógica. Então, busca-se, aqui, refletir sobre o letramento no contexto escolar. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo geral compreender o letramento como facilitador da leitura e escrita no 3º ano do ensino fundamental da Escola “Antônio Alves Ramos”. E como objetivos específicos: a. analisar as diferentes concepções que se tem acerca da aquisição da leitura e escrita no 3º ano do ensino fundamental; b. investigar que dificuldades para compreensão da leitura que os alunos encontram no 3º ano do ensino fundamental; c. compreender o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo da aprendizagem; d. refletir sobre o ensino e as práticas educativas no contexto escola. No percurso deste estudo, procurou-se evidenciar a importância do aprimoramentodas práticas pedagógicas do professor da educação básica, aqui neste estudo os do 3º ano do ensino fundamental, e como esse fator se intercala principalmente com a prática do letramento, poderá facilitar o aprendizado da leitura e da escrita, dando-lhe forma significativa. Sendo, assim faz-se necessário que o docente se utilize de várias ferramentas que possa contribuir com o processo de construção do conhecimento do aluno, pois o mais importante que decodificar símbolos é a compreensão da funcionalidade da língua escrita, pois é assim que o cidadão se torna mais atuante, participativo, reflexivo e autônomo na sociedade em que vive. 14 2 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: TECENDO CONCEITOS A aquisição da leitura e escrita como aborda diversos autores não se restringe ao aprendizado apenas das normas gramaticais e ortográficas, que não são suficientes para a formação do indivíduo enquanto ser histórico e protagonista de sua cultura. Atividades que envolvam o letramento, por exemplo, podem desenvolver no alunado conhecimentos que o torne mais atuante no meio social em que ele vive. O letramento irá possibilitar ao professor desenvolver uma linha de formação de indivíduo que sai do planejamento da instituição; respaldando o trabalho do professor, que erroneamente define o processo de alfabetização como uma técnica. Passando a compreender o letramento como um facilitador para o desenvolvimento da aprendizagem. Para Soares (1998, p.39), letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita; é também o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência se apropriado da escrita e de suas práticas sociais. O princípio funcional desenvolve-se à medida que a criança soluciona o problema de como escrever e para que se escreve. A significação que a escrita tem em seu dia a dia terá consequências no desenvolvimento desses princípios e as funções específicas dependerão da necessidade que a criança sentirá da linguagem escrita. Ferreiro (2000, p.31), afirma que: “nenhuma prática é neutra”. “Todas estão apoiadas em certo modo de conhecer o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem”. Sucintamente é descrito que não se pode trabalhar no processo da alfabetização dos alunos sem que o docente se apóie em um método que contribua de maneira eficaz para a compreensão dos alunos sobre o seu processo de aprendizagem, dando importância aos recursos utilizados no momento da aplicação do conteúdo em sala. Ressaltam que o educador necessita adequar a sua prática pedagógica às possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem dos educandos, as atividades a serem propostas precisam ter objetivos claros, intenções bem delineadas, não só para o professor como também para o aluno. 15 Segundo os PCNs (2001, p.55) a primeira e talvez a mais importante estratégia didática para a prática de leitura é o trabalho com a diversidade textual. Sem ela, pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores competentes. Os antigos métodos da alfabetização, elaborados na época em que não dispúnhamos dos conhecimentos que hoje a psicolinguística nos oferece, tinham uma visão equivocada de como um individuo aprende a escrita alfabética. No método silábico ou fônico a criança seria uma “tabula rasa”, que repetia informações prontas, transmitidas pela professora ou pelo autor da cartilha, se alfabetizaria sem ter que mudar suas ideias prévias sobre a escrita, sem compreender o funcionamento dos fonemas. As crianças aprendiam pela memorização dos traçados das letras e pela decoração dos sons que a letra representava, ficando privadas da oportunidade de avançar em seus conhecimentos sobre os textos escritos reais, de avançar em seu nível de letramento. Em função de tais evidencias é preciso recriar as metodologias de alfabetização, garantido um ensino sistemático que, através de atividades reflexivas, desafiem o aprendiz a compreender o funcionamento da escrita alfabética, para poder dominar suas convenções letra-som. Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita, por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócios- históricos da aquisição de uma sociedade (TFOUNI, 1995, p. 20). A proposta que se coloca para os primeiros anos da educação no ensino fundamental é exatamente o de conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético ortográfico, oferecendo-lhes condições que possibilite o uso da língua nas diversas práticas sociais de leitura e escrita. Analisando as diferentes concepções que se tem à cerca da aquisição da leitura e da escrita no processo de ensino-aprendizagem. Para De Lemos (1988, p.13), a pessoa já alfabetizada exerce um papel importante no desenvolvimento da criança, pois é ela “que atribui um significado e/ ou pede à criança que atribua um significado às marcas feitas no papel”. Desse modo, o professor é peça fundamental durante o processo de aprendizagem da leitura e escrita da criança, pois, ele deverá atuar como parceiro no desenvolvimento desse processo, facilitando o contato do aluno com o sistema de escrita, ajudando-o a construir os conhecimentos de modo gradativo. Auxiliando 16 também o aprendiz a viver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade, que irá se ampliar durante seu cotidiano por toda vida. 2.1 – Contextualização sócio histórica A partir dos anos 1980, o conceito de alfabetização foi ampliado com as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da aquisição da língua escrita, particularmente com os trabalhos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky. De acordo com esses estudos, o aprendizado do sistema de escrita não se reduziria ao domínio de correspondências entre grafemas e fonemas (a decodificação e a codificação), mas se caracterizaria como um processo ativo por meio do qual a criança, desde seus primeiros contatos com a escrita, construiria e reconstruiria hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da língua escrita, compreendida como um sistema de representação. É na segunda metade dos anos de 1980 que essa palavra surge no discurso de especialistas das Ciências Linguísticas e da Educação, como uma tradução da palavra da língua inglesa literacy. Sua tradução se faz na busca de ampliar o conceito de alfabetização, chamando a atenção não apenas para o domínio da tecnologia do ler e do escrever (codificar e decodificar), mas também para os usos dessas habilidades em práticas sociais em que escrever e ler faz-se necessário Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever, bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em práticas sociais, é o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da língua escrita e de ter-se inserido num mundo organizado diferente: a cultura escrita. Portanto, a palavra letramento teve fundamentos teóricos pela primeira vez no livro de Mari Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística de 1986. Passando a aparecer novamente a palavra, em livros de outros autores como o de Leda Verdiani Tfouni, o avesso do avesso em 1988, enfatizando o estudo sobre o modo de falar e de pensar de adultos analfabetos. Recentemente, a palavra tornou- se embasamento teórico para as práticas pedagógicas do professor exercidas em sala de aula. Muitas vezes distanciadas do termo letramento, que precisa ser compreendida e refletida dentro do contexto educacional atual. 17 Portanto, embora saibamos que, hoje, letramento é um conceito complexo e de muitas faces, ao pensarmos no processo de alfabetização e de ensino - aprendizagem da escrita na escola concebemos o letramento como o conjunto de práticas de leitura e produção de textos escritos que as pessoasrealizam em nossa sociedade, em diferentes situações do cotidiano formais e informais. Permitindo que os aprendizes vivam práticas de leitura e de produção textual, nas quais vão incorporando aqueles conhecimentos sobre a língua escrita. 2.2 – Espaço escola e os aspectos legais A escola é obrigatória a todas as crianças e tem papel relevante em sua formação para agir na sociedade e para participar ativamente das diferentes esferas sociais. Dentre outros direitos, é prioritário o ensino da leitura e escrita, tal como previsto no artigo 32 da LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, que estabelece que a educação básica “tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (LDB 9394/96, art.22), assim, não se trata de escolher entre alfabetizar e letrar, trata-se de alfabetizar letrando, em que não se podem pensar os dois processos como sequências; vindo um depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para alfabetização, ou então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. A partir da promulgação da lei nº 9394. De 20 de dezembro de 1996, a educação nacional ordenou-se sobre um novo paradigma. A mudança de lei produziu reflexos sobre todos os sistemas educacionais do Brasil, que no instante passava por um processo de adequação do seu aspecto atual. Essa lei tem seu alicerce nos princípios da flexibilidade, autonomia e descentralização que delega à escola a possibilidade e responsabilidade de agir como protagonista da educação no país além de “elaborar e executar sua proposta pedagógica”, colocando a sua disposição uma série de mecanismo inovadores que possibilita maior adequação às novas exigências dos tempos. A proposta pedagógica é sem dúvida neste cenário educacional vigente o principal instrumento de autonomia da escola e deve estar pautado pelo regimento 18 escolar o que lhe dará embasamento legal correspondendo a uma vinculação legal entre autonomia escolar e projeto político pedagógico, sendo a escola o lócus privilegiado de organização do processo aprendizagem. Se antes a escola tinha pouca autonomia e necessitava se organizar no sentido de elaborar propostas que contemplasse as especificidades da escola. Hoje isso não se faz necessário, em razão dos muitos dispositivos legais que amparam a escola. Essa nova realidade das escolas exige dos profissionais das esferas educacionais, uma nova postura e preparo não somente para analisar esses aspectos como a orientação, a elaboração e aplicação da estratégia metodológica da escola que não se define por uma só. Pois cada unidade de ensino está inserida num contexto próprio fazendo necessário desenvolver um modelo que expresse sua identidade e seu compromisso com o educando. A proposta que se coloca nos primeiros anos do ensino fundamental é exatamente o de trabalhar conciliando esses dois processos. Em cumprimento ao art. 210 da Constituição Federal de 1988, o Ministério da Educação passou a dar maior atenção aos conteúdos mínimos para o ensino fundamental, visando assegurar a formação básica comum e o respeito aos valores culturais e artísticos nacionais e regionais. Os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCN (1997-8) Passaram a subsidiar as reflexões e tentativas de reformulações nesse sentido, tais discussões se reacenderam acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais e assumiu relevância e prioridade fazendo com que surgisse um novo olhar sobre a escola e sobre os sujeitos do conhecimento, tornando o Currículo, um instrumento de formação humana. Considerando-se que os alfabetizando vivem numa sociedade letrada, em que a língua escrita está presente visualmente nas atividades cotidianas, inevitavelmente eles terão contato com textos escritos e formulará hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento. Excluir essa vivência da sala de aula pode possibilitar que os alunos desenvolvam concepções erradas, por outro lado, deixar de explorar a relação extra- escolar dos alunos com a escrita. Significa perder oportunidades de conhecer e desenvolver experiências culturais ricas e importantes para sua integração social e o exercício pleno da cidadania. 19 2.3 – O letramento como facilitador da leitura e escrita Alfabetizar letrando é, portanto desenvolver ações significativas de aprendizagem sobre a língua, de modo a proporcionar situações onde a criança possa interagir com a escrita a partir de usos reais expressos nas diferentes situações comunicativas, sendo este possível desde a educação Infantil. Isto implica levar para a sala de aula uma diversidade textual que possibilite às crianças refletirem sobre a língua que se escreve a norma culta ou padrão. Assumir tal responsabilidade significa ensinar de fato a língua escrita, e para isto é necessário que os educadores alfabetizem letrando desde a base, começando o ensino da língua escrita em diferentes contextos de letramento. O processo de alfabetização deve acontecer na perspectiva do letramento, sendo este usado para atender as demandas sociais em que não basta somente que se aprenda a ler ou escrever, mas faz-se necessário que se saiba utilizar a leitura e escrita, de maneira eficaz e competente, compreendendo a função de ambas em contextos sociais. Neste sentido, Soares (2004) realça as especificidades inerentes aos processos educativos de alfabetizar e letrar, evidenciando que ambos são processos distintos, porém inseparáveis, considerando que o acesso ao mundo da escrita ocorre de maneira simultânea pelos caminhos da alfabetização e do letramento. É importante que as crianças interajam com os adultos alfabetizados, com a leitura e a produção textual, mesmo antes de estarem alfabetizadas convencionalmente crianças cujos pais lêem regularmente e exploram com elas os textos narrativos, não só aprendem a ler com mais facilidade como se revelaram bons escritores no término de sua trajetória escolar, ler e escrever textos significativos, onde o educador possa criar um ambiente letrado, considerando o conhecimento prévio, embora pequenas, as crianças levam para a escola o conhecimento que advém das suas experiências da vida. [...] essa introdução ao mundo da escrita não se caracteriza como um momento inaugural de entrada em um mundo desconhecido: embora ainda “analfabeta”, a criança já tem representações sobre o que é ler e escrever, já interage com textos escritos de diferentes gêneros e em diferentes portadores, convive com pessoas que lêem e escrevem, participa de situações sociais de leitura e de escrita [...] (Soares, 1998, p. 69). 20 O trabalho com diferentes gêneros textuais na alfabetização é necessário para enfocar os dois aspectos da aprendizagem da língua escrita, assim o aluno alfabetizado e letrado tem possibilidade de utilizar a escrita nas diferentes situações do cotidiano. Participar de práticas sociais de leitura e escrita é importante não só para o processo de alfabetização, mas também para a apropriação da língua escrita em situações reais de uso. Desse modo a alfabetização na perspectiva do letramento deve evidenciar a importância do trabalho com os diversos textos, com base nos diferentes suportes de leitura. É necessária uma proposta pedagógica que dê suporte ao pleno desenvolvimento desses aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o início da escolaridade, tendo em vista proporcionar ao aluno as formas de utilização da escrita para diferentes finalidades. A partir das situações de letramento presentes em seu cotidiano, uma vez que os textos apresentam situações comunicativas diferenciadas, é possível o aluno compreender que a estrutura e a organização dos textos estãorelacionadas a diferentes funções que exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal, um bilhete, um folheto informativo, dentre outros suportes textuais. [...] além de aperfeiçoar as habilidades já adquiridas de produção de diferentes gêneros de textos orais leva à aquisição e ao desenvolvimento das habilidades de produção de textos escritos, de diferentes gêneros e veículos por meio de diferentes portadores [...] (SOARES, 1998, p.69). Dessa forma, aprender a ler e escrever envolve a apropriação do sistema alfabético e ortográfico e o desenvolvimento das habilidades textuais, ou seja, a produção de textos observando os elementos discursivos, conforme a tipologia textual, de modo a perceber que cada gênero tem uma forma diferente quanto à estrutura e organização. Objetivando atender finalidades de um trabalho pedagógico organizado a partir da reflexão em torno desses termos, enquanto processos distintos, específicos, porém indissociáveis, que envolvem procedimentos diferenciados de ensino, considerando a necessidade e a importância de desenvolver a alfabetização num contexto de letramento. 21 Cabe ao docente desenvolver neste conceito práticas significativas de desenvolvimento para o aluno acerca do funcionamento e utilização desse ensino, seu papel é intervir de forma a tornar mais efetiva esta reflexão, através de uma profunda imersão dos discentes nas práticas sociais de leitura e escrita, só a partir da descoberta do princípio alfabético e das convenções ortográficas formamos um leitor e escritor autônomo. Com o advento da sociedade do conhecimento, as constantes mudanças no campo educacional exigem dos educadores a busca contínua de inovações, visando à melhoria e a qualidade de suas práticas pedagógicas, este processo implica a reelaborações de conhecimentos, concebendo o professor como um ser que interage com o saber, sendo a escola um espaço permanente de produção do conhecimento. É preciso, portanto, desenvolver práticas sociais de leitura e escrita, a partir de seus diferentes usos e funções requeridos pela sociedade, de modo a compreender o letramento enquanto um novo conceito de compreensão acerca da função social da escrita. Assume desenvolver no processo de apropriação da escrita pela criança, de maneira competente situações significativas de aprendizagem, proporcionando a possibilidade de transformação da realidade, sobre tudo considerando o direito de todos à apropriação da escrita enquanto bem cultural. Desse modo é necessária a reflexão em torno das práticas de letramento desenvolvidas no processo de alfabetização, pois encontramos a escrita em diferentes ambientes sociais, essa que faz parte do nosso dia-a-dia, sobretudo com a chegada da sociedade do conhecimento. Segundo Weisz, (2000, p.62) “o ensinar a língua escrita em contextos letrados, a função do professor é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervindo sempre que achar que pode fazer a reflexão dos alunos sobre a escrita avançar”. As práticas de letramento devem ocorrer de forma reflexiva a partir da apresentação de situações problemas, em que, as crianças revelem espontaneamente as suas hipóteses e sejam levados a pensar sobre a escrita, participar, ler e escrever com função social, utilizar textos significativos, interagir com a escrita, utilizar textos reais, que circulam na sociedade, utilizar a leitura e a escrita como forma de interação. Em atividades de produção coletiva de textos, o educador 22 deve atuar como escriba, propor a reescrita da história pelas crianças, assim é possível refletir sobre o que as crianças escrevem e como se escreve. Ao ouvir e produzir histórias, como diz Brito (2007, p.36). “à criança vai construindo o seu conhecimento da linguagem escrita, que não se limita ao conhecimento das marcas gráficas a produzir ou a interpretar, mas envolve gênero, estrutura textual, funções, formas e recursos linguísticos. O fazer diferenciado da alfabetização na perspectiva do letramento exige do professor alfabetizador conhecimentos específicos acerca da natureza da aquisição da leitura e da escrita, a fim de que possa compreender a dinâmica do processo de aprender pelo aluno com vistas à sistematização do código escrito. As reflexões acerca da alfabetização e do letramento nos revelam a necessidade da vinculação dos dois termos na prática pedagógica alfabetizadora de modo que o trabalho pedagógico desenvolvido na escola contemple uma proposta de “alfabetizar letrando”, onde o ensino e a aprendizagem do código estejam associados pelas práticas sociais de utilização da escrita. Contudo, em uma sociedade letrada, não basta apenas aprender ler e escrever, é preciso praticar socialmente a leitura e a escrita, compreendendo as finalidades entre os diversos contextos de letramento. Alfabetizar letrando não constitui um novo método de alfabetização, consiste na utilização de textos variados no ambiente escolar, melhorando assim a prática que antes se resumia unicamente a alfabetizar, sendo essa uma perspectiva pedagógica com metodologias relacionadas à aquisição da leitura e da escrita. 2.4 – As diferentes concepções acerca da leitura e escrita No Brasil, durante décadas predominou a discussão acerca da eficácia dos métodos de alfabetização, gerando-se confrontos entre os chamados métodos sintéticos e analíticos chegando-se uma combinação de ambos nos chamados métodos analíticos sintéticos como o caso da palavração. Para prevenir as inevitáveis diferenças individuais na aprendizagem inicial da leitura e escrita e evitar os eventuais fracassos que os métodos em si não eram capazes de contornar elegeram-se um conjunto de pré-requisitos para uma alfabetização bem sucedida, privilegiando-se principalmente uma maturidade dos aspectos perceptuais e motores aliada a um domínio da linguagem oral. 23 Toda esta tradição está vinculada a uma concepção de alfabetização segundo a qual, a aprendizagem inicial da leitura e escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao reconhecimento das palavras garantindo-lhe o domínio das correspondências fonográficas. No máximo, buscou-se assegurar, de acordo com algumas abordagens, que este saber desenvolvesse no universo de palavras que fossem significativos para o aluno no seu meio cultural, como nas famosas cartilhas regionais. Mais de uma maneira geral, tratava-se de uma visão comportamental da aprendizagem que era considerada de natureza cumulativa, baseada na cópia, na repetição e no reforço, a grande ênfase era nas associações e na memorização das correspondências fonográficas, pois se desconhecia a importância de a criança desenvolver a sua compreensão do funcionamento do sistema de escrita alfabética e de saber usá-la desde o início em situações reais de comunicações. A partir de 1980 a alfabetização escolar no Brasil começou a passar por novos questionamentos, porem desta feita o foco das discussões era emergências de novas concepções de alfabetização, baseadas em resultados de pesquisa na área da psicologia cognitiva e da psicolinguística que apontavam para necessidade de se compreender o funcionamento dos sistemas alfabéticos de escrita e de se saber utiliza-las em situações reais de comunicações escrita; prevenindo-se desde o início da alfabetização o chamado analfabetismo funcional. Com a divulgação das pesquisas sobre a psicogêneses da língua e escrita ( Ferreiro e Teberosck 1986) o enfoque construtiva tornou-se, sem dúvida um dos mais influentes na elaboração de novas proposta de alfabetização, pois além de revelar a evolução conceitual porque passam as crianças até compreenderem como funciona o nosso sistema de escrita, incorporou a ideia defendida por Goodmann (1967) e Smith (1971) de que ler e escrever sãoatividades comunicativas e que devem, portanto, ocorrer através de textos reais onde o leitor ou escritor lança mão de seus conhecimentos da língua por se tratar de uma estrutura entregada, na qual os aspectos sintáticos, semânticos e fonológicos interage para que se possa atribuir significados ao que está graficamente representado nos textos escritos. A importância das práticas sociais de leitura e escrita também tiveram um suporte dos estudos no âmbito da linguística, da sociolinguística e psicolinguística enfatizaram as diferenças entre as modalidades língua oral e língua escrita e demonstraram como muitas crianças se apropriavam da linguagem escrita através dos contatos com diferentes gêneros textuais, explorando através de suas 24 interações com adultos alfabetizados a leitura e a produção de textos, mesmo antes de estarem alfabetizados de forma convencional em quanto que outras, apesar de alfabetizadas apresentavam uma ausência de domínio da linguagem utilizada nas formas escritas de comunicação (Kato 1987). Quanto à produção de textos, dizem os parâmetros curriculares de língua portuguesa: O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes [...] um escritor competente é alguém que ao produzir um discurso, conhecendo possibilidades que estão postas culturalmente, sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado aos seus objetivos e a circunstância enunciativa em questão (PCN, 1997, p.65) Esta foi à proposta que se incorporou aos Parâmetros Curriculares nacionais para o ensino fundamental e aos referenciais curriculares para educação infantil, que defendo uma alfabetização contextualizada e significativa através da transposição didática das práticas sociais de leitura e da escrita para a sala de aula e considera a descoberta do princípio alfabético como uma consequência da exposição aos usos da leitura e da escrita que deve ocorrer de uma forma reflexível a partir da apresentação de situações problema nas quais os alunos revelem espontaneamente as suas hipóteses que sejam levados a pensar sobre a escrita, cabendo ao professor o papel de intervir de forma a tornar mais efetiva esta reflexão. 2.5 – Algumas considerações sobre as dificuldades na aquisição da leitura e da escrita nos anos iniciais do ensino fundamental Na atualidade é comum nos depararmos com antigos problemas educacionais no Brasil referente à leitura. Um dos mais acentuados é a dificuldade do processo da leitura nas séries iniciais do ensino fundamental. É também um tema que aguça a curiosidade dos profissionais dessa área. Seja como for, na perspectiva de conhecer e compreender, quais as reais dificuldades dos alunos. Os educadores buscam o melhor para que eles construam a sua escrita e a sua leitura sem perder seus valores. Assim também durante o processo da escolarização da criança devem estar presentes tanto atividades de introdução da criança ao sistema alfabético e suas 25 convenções na alfabetização quanto às práticas de uso social da leitura, escrita e letramento. Muitas crianças aprendem a ler e escrever e não encontrarão nenhuma dificuldade, e outras necessitarão de alguma ajuda especial para conseguir sucesso na mesma atividade. O fracasso escolar nas primeiras séries do ensino fundamental tem sido estudado pelos mais diversos profissionais preocupados com a escola, na busca de se explicitar os fatores que interferem no sucesso escolar e melhorar o ensino público no Brasil. As pesquisas se apoiaram em fatores sociais, culturais, econômicos, cognitivos emocionais, institucionais ou orgânicas para explicar o fracasso escolar. A concepção de educação com que trabalhamos se refere não apenas ao ato de ensinar, mas a uma ação que visa à formação do homem, na sua totalidade, ou ainda, como Gramsci propõe, formação unitária (GRAMSCI, 2006). Por meio da educação, esperamos que o indivíduo possa ser plenamente livre, no sentido de ser capaz de fazer suas próprias escolhas conscientemente; que seja sujeito, exercendo a condição de autor, acenando para a possibilidade de ter condições de lutar por uma sociedade diferente daquela atrelada ao modo de produção capitalista que, ao contrário, aliena o homem, tirando-lhe a possibilidade de ser sujeito. Não existe uma definição comum sobre o que vem a ser uma dificuldade, como e porque ela se manifesta. As dificuldades de aprendizagem formam um grupo heterogêneo e é difícil defini-las, mas uma das manifestações mais evidentes de dificuldade de aprendizagem é o baixo rendimento, o que não necessariamente indica que a criança tenha dificuldade de linguagem, raciocínio lógico percepção, atenção e afetividade. Perrenoud (2000, p.18), nos alerta sobre a generalização do fracasso escolar que, geralmente o descreve como simples consequência de dificuldades de aprendizagem com expressão de conhecimentos e de competências. O fracasso escolar vai além desta visão simplista, o autor chama a atenção para as arbitrariedades da escolar, dentre as quais que rotulam os alunos como aqueles que têm êxito daqueles que não o têm, ou seja, a escola tem uma parcela de responsabilidade sobre o fracasso, uma vez que, exige dos seus alunos que aprendam ao mesmo tempo os mesmos conteúdos, sem levar em consideração as peculiaridades e ritmo de cada um. 26 Segundo Correia (2005), a paciência, o apoio e o encorajamento prestado pelo professor serão com certeza os impulsionadores do sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspectivas para o futuro. E comungando neste objetivo, sem dúvida o letramento se encontra como fator imprescindível, ajudando o professor, logo, a escola a mediar o saber da escola com o saber voltado para a sociedade. Desta forma, o espaço escolar deveria levar em conta as dificuldades de aprendizagem, não como pontos negativos, mas como desafios a serem enfrentados, e ao se trabalhar essas dificuldades, trabalhar-se-ia respectivamente as dificuldades existentes no cotidiano do aluno, dando oportunidade do mesmo de ser independente, agir e interagir com o mundo ao seu redor. Outro fator, fazendo referência as dificuldades linguísticas, que não se pode esquecer é a importância do papel do professor e da família no processo de aprendizagem da criança. Como uma boa base educacional e familiar até as crianças com problemas mais sérios, como as disléxicas, que apresentam dificuldade de leitura e escrita podendo afetar também a percepção dos sons da fala e se manifesta inicialmente durante a fase de alfabetização podem superar suas dificuldades e terem grandes avanços no meio escolar. Outro motivo pelo qual uma criança pode apresentar dificuldades na aprendizagem da escrita e o fato de que as letras são bastante semelhantes. Outro motivo bem forte é o som que as letras produzem, pois o educando supõe que uma letra sempre terá o mesmo som. Os graus de dificuldades de complexidade na constituição da silaba, é outra dificuldade que deve ser considerada na seleção das palavras – chave. Utilizar uma palavra com letra e silaba que permitem formar o maior número de palavras diferentes, proporcionará uma maior produtividade na aprendizagem do indivíduo. Segundo essa prática Kleiman (2000, p. 24) afirma que: A prática de sala de aula, não apenas da aula de leitura, não propicia a interação entre professor e aluno. Em vez de um discurso que é construído conjuntamente por professores e alunos, temos primeiro uma leitura silenciosa ou em voz alta do texto, e depois, uma série de pontos a serem discutidos, por meio de perguntas sobre o texto, que não leva em conta se o aluno de fato o compreendeu. Trata-se, na maioria dos casos, de um monólogo do professor para os alunos escutarem. Nesse monólogo o professor tipicamentetransmite para os alunos uma versão, que passa ser a versão autorizada do texto. 27 É importante não deixar todas as dificuldades se acumularem no final de um processo, e sim graduar as dificuldades de forma a facilitar a fase do processo. Assim como se refere Oliveira (1992, p.37), o “individuo humano interage simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas e organização desse real dados pela cultura”. Essas formas culturalmente dadas serão ao longo do processo de desenvolvimento internalizadas pelo indivíduo e se constituirão no material simbólico que fará a mediação entre sujeito e o objeto do conhecimento. É importante proporcionar atividades que envolvam, simultaneamente, aprendizagens na direção da alfabetização e do letramento, porque requerem habilidade motora, perspectiva e cognitiva no traçado das letras e na disposição do escrito no papel, convidam à reflexão sobre o sistema de escrita e suscitam questões sobre a grafia das palavras, ao mesmo tempo em que dão oportunidade às crianças de vivenciarem importantes funções da escrita de lerem fluentemente e acima de tudo compreenderem o que lêem e fazerem uso dessa leitura, nas suas experiências cotidianas dentro e fora do espaço escolar. 2.6 – O letramento como facilitador no processo ensino aprendizagem Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais/ PCN (1997-8) Letramento é entendido enquanto produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas, ainda que às vezes não evolvam as atividades especificas de ler ou escrever dessa concepção decorre o entendimento de que, nas sociedades urbanas modernas, não existe grau zero de letramento, pois nelas é impossível não participar, de alguma forma, de algumas dessas práticas. Para ensinar os usos e as formas da língua é necessário, sempre que possível, fazê-lo em situações comunicativas, isso significa ter como unidade de ensino, a unidade funcional da língua: O texto significa também trazer para dentro da escola a diversidade textual que existe fora do contexto escolar, abrindo assim, para nossos alunos, as portas do mundo letrado. A linguagem é assim chamada devida os desdobramentos que os indivíduos estabeleceram com ela e com seu meio social. É através do letramento que é possível diminuir as possibilidades de isolamento social e dominação que todos estamos sujeitos afirmando que, é impossível se educar apenas com as metodologias que são utilizadas na 28 alfabetização sem o letramento as instituições escolares formarão indivíduos menos críticos para com a realidade, a sociedade e as condições de vida de seu contexto. Segundo Freitas (2004), várias pesquisas comprovam a correlação entre consciência fonológica e processo na aprendizagem da leitura e escrita. Para o autor a “consciência fonológica é um vasto conjunto de habilidades que nos permitem refletir sobre as partes sonoras das palavras” (FREITAS, 2005). Portanto, jogos voltados para o desenvolvimento dessa consciência, se realizados sistematicamente na alfabetização dos alunos criam condições necessárias para apropriação do sistema alfabético. A leitura frequente de histórias para crianças é sem dúvida a principal atividade de letramento nas series iniciais conduzindo a criança desde a infância a conhecimentos e habilidades fundamentais para sua plena inserção no mundo da escrita. Entende-se que a alfabetização e letramento sejam em qualquer área da educação são processos que devem caminhar juntos. Porém, é necessário distinguir os termos alfabetizado e letrado. Alfabetizado é aquele aluno que conhece o código escrito, sabe lê e escrever e letramento é o que se designa a ação educativa de desenvolver o uso de suas práticas sociais em contextos reais do cotidiano, é um processo amplo que torna o indivíduo capaz de utilizar a escrita em diversas situações. Alfabetizar na proposta de letramento ou letrar alfabetizando pela integração e pela articulação das várias fases do processo de aprendizagem inicial da língua é sem dúvida o caminho para superação dos problemas que estamos enfrentando nesta etapa da escolarização; novos caminhos poderão ser feitos, na tentativa de voltar a privilegiar esta ou aquela faceta como se fez no passado, como se faz hoje, sempre resultando no reiterado esforço coletivo em superar o fracasso da escola brasileira em dar às crianças acesso efetivo ao mundo da escrita” 2.7 – Reflexões do ensino sobre a prática pedagógica O grande desafio do educador na atualidade nas diferentes áreas do ensino e a reflexão continua e dialógica das suas práticas pedagógicas, e a disposição ao enfrentamento dos conflitos ideológicos internos e externos presentes nas práticas 29 dos processos educativos. A ação critica reflexiva concebe ao profissional educacional colocar-se como agente de todo o processo de construção humana. Perrenoud (2002), como afirma que a reflexão que permeia a concepção do professor reflexivo, é uma reflexão permanente e continua que permite ao professor por ele envolvido, compreender as ações por ele desenvolvidas, analisá-las e caso seja necessário, reconstruí-las. A prática pedagógica reflexiva tem sido evidenciada como de extrema importância na constituição do ser professor advinda de todo processo formativo onde o saber é necessário e indispensável frente aos novos desafios sócios educativos que se apresenta no contexto social, bem como o de se consolidar como profissional reflexivo frente às dificuldades e aos obstáculos do cotidiano escolar, em que a base de sua prática é a sala de aula. De acordo com a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, nos termos do inciso II, artigo 67). Cita o direito do aperfeiçoamento continuado. Esta lei garante e assegura ao profissional da área de ensino o direito a formação continuada e a sua qualificação, favorecendo uma reflexão e um fazer conjuntos dos atores, sobre as realidades diversas das escolas brasileiras, que atendam às diversidades. A terminologia “desafio” dentro do contexto de ensino remete-nos a busca e a superação de limites previamente impostos e que precisam ser superados, exigindo um grande esforço e ações educativas que atendam às exigências de um mundo contemporâneo, objetivando potencializar os saberes docentes e discentes, assumindo que nos primeiros anos do ensino fundamental a tarefa básica é ampliar. Segundo o dicionário Aurélio, desafio vem do verbo desafiar, e significa: 1- Ação ou efeito de desafiar; convocação para todo tipo de jogo, competição, disputas etc. 2- Ato de instigar alguém para que realize alguma coisa, normalmente, além de suas competências ou habilidades. 3- ocasião ou grande obstáculo que deve ser ultrapassado. Literatura. Disputa ou modalidade poética em que o cantador ou poeta propõe uma competição entre ele mesmo e um oponente, ou entre outros indivíduos. Música. Disputa poética travada entre dois cantadores, sob forma de um diálogo cantado. 30 O desafio é (...) formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de oralizar um texto selecionado por (...). O desafio é conseguir que os alunos cheguem a ser produtores de língua escrita, conscientes de pertinência e da importância de emitir certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social, em vez de se treinar unicamente como copista que reproduzem-se um propósito próprio- escrito por outros, como receptores de ditados cuja finalidade- também estranha- se reduz à avaliação por parte do professor. (...) O desafio é conseguir que a escrita deixe de ser na escola somente um objeto de avaliação, para se constituir realmente num objeto de ensino (...) chegara leitores e produtores de textos competentes e autônomos (LERNER, 2002, P.27.29). O universo de referenciais culturais das crianças deverá contribuir para ampliar e aprofundar suas práticas de letramento, com base nas definições registradas na proposta curricular, no processo político - pedagógico e no planejamento didático da escola. No contexto educacional apalavra desafio ganha outras conotações, sobretudo ao falarmos do processo de alfabetização, que é o período mais importante da formação escolar de uma pessoa, tendo insucesso o aluno desiste, deixando-se vencer, engrossando as estatísticas que mostram o péssimo resultado das escolas públicas brasileiras. Porém a escola, muitas vezes, não atribui o valor que ela merece, ensinando mecanicamente a decodificação do código linguístico, sem desenvolver nos alunos, as estruturas cognitivas indispensáveis para a leitura e a escrita. Lerner (2006) as capacidades que o aluno precisa ter para se alfabetizar, vencer os desafios instigados pela escola, sendo eles: compreender a ideia de símbolo; discriminar as formas das letras; discriminar os sons da fala; ter a consciência da unidade palavra e a organização da página escrita. Dentro dessa visão, a alfabetização é, sem dúvida, um das prioridades no contexto educacional atual, pois o professor neste processo tem a função de auxiliar na formação para o bom exercício da cidadania. Para exercer sua função de forma plena e superando desafios, é preciso ter clareza do que ensina e como ensinar. Para isso, não basta produzir métodos que objetivem apenas o domínio de um código linguístico. É preciso ter clareza sobre qual concepção de alfabetização este subjacente à sua prática. Refletir, estruturar e melhora a ação docente é, portanto, o principal objetivo em sua construção enquanto mediador do conhecimento. 31 Nesse sentido, na tentativa de resgatar as especificidades de cada conceito e acreditando ser um encontro possível e necessário, fica expresso um desafio para todos os educadores; o de alfabetizar por meio do letramento. 32 3 – METODOLOGIA 3.1 – Tipo de pesquisa A investigação foi realizada na escola estadual “Antônio Alves Ramos” através de um estudo de campo de abordagem qualitativa exploratória. Segundo Teixeira (2008), a pesquisa qualitativa ou interpretativa busca diminuir a distância entre a teoria e os dados coletados, entre o contexto e a ação compreendendo os fenômenos feitos pela sua descrição e interpretação, faremos uso ainda de pesquisa experimental, bibliográfica e texto descritivo analítico Serão coletadas informações referentes às dificuldades para a compreensão da leitura e escrita que os alunos encontram no 3º ano do ensino fundamental, que poderão ajudar teoricamente os educadores a subsidiar sua prática pedagógica, compreendendo o letramento como facilitador para leitura com conhecimento contextualizado no processo de aprendizagem dos alunos, do ensino e das práticas educativas desenvolvidas no contexto escolar. Para obtenção dos resultados foram aplicados questionários com perguntas abertas e fechadas direcionadas a 02 técnicos pedagógicos e 10 professores, em reunião no interior da escola. Pois, compreendemos que o ato de educar não se restringe somente a sala de aula. Entendemos por metodologia as formas e etapas de condução de uma pesquisa assim: A metodologia engloba todos os passos realizados para a construção do trabalho científico, que vai desde a escolha do procedimento para obtenção de dados, perpassa a identificação do(s), matérias, instrumentos de pesquisa e definição de amostra/universo, até a categorização e análise dos dados coletados (OLIVEIRA, 2000, p.51) Será, portanto abordado as obras de metodologia científica dos autores, (1995) Lakatos (2001), Severino (2002), Fonseca (2002), Santos (2005) e Teixeira (2008). Para dar conta dos objetivos propostos, no que consiste na discussão sobre letramento, foram consideradas as posições e discussões de alguns autores como Emília Ferreiro, Ana Teberosky (1986), Angela Kleiman (2000), Cagliari (1989), Leda V.Tfouni (1995), Paulo Freire (1998), Magda Soares (1998), De Lemos (1988), além de artigos da LDB onde se obteve embasamento teórico sobre o tema estudado. 33 Tendo como fonte também a pesquisa em livros, revista, artigos científicos e documentos eletrônicos que fornecerão bases teóricas para fundamentação do trabalho. A pesquisa foi constituída de duas etapas com pesquisa bibliográfica que servirá para se saber em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões pertinentes sobre o assunto, permitindo que se estabeleça o modelo teórico e inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na elaboração do plano geral da pesquisa e de campo utilizada com objetivo de conseguir informações ou conhecimentos acerca de que dificuldades para a compreensão da leitura os alunos encontram no 3° ano fundamental, para o qual se procura uma resposta, ou uma hipótese, que se queira comprovar, além de descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. 3.2 – Instrumentos de pesquisa A pesquisa sobre alfabetização e letramento teve os seguintes procedimentos adotados, sendo eles: Primeiro: contato e observação da escola, contato com os professores e técnicos Pedagógicos das turmas de 3º ano do ensino fundamental e uma conversa com os mesmos sobre o objetivo da pesquisa, levantando a hipótese dos mesmos participar da pesquisa. Segundo: entrega dos questionários 1, 2 e 3; o primeiro contendo nove perguntas e é comum aos sujeitos da pesquisa (professores e técnico pedagógico) e se limita aos aspectos de caráter socioeconômico. Já o segundo questionário, que possui 12 perguntas, contém indagações destinadas aos técnicos pedagógicos. O terceiro questionário, com 10 questões, foi dirigido aos docentes e, tanto o questionários 2 e 3 mesmo sobre ângulos de vista diferenciados, procuram elucidar questões relacionadas ao letramento, leitura e escrita no âmbito escolar. Terceiro: coleta dos questionários individuais. Quarto: análise dos dados. 3.2.1 – Questionários individuais A constituição deste instrumento segundo Gil (1999) consiste basicamente em traduzir os objetivos da pesquisa em questões específicas. As respostas a essas 34 questões irão proporcionar dados para testar hipóteses ou esclarecer o problema da pesquisa. O questionário segundo autor supracitado (1999, p.128), pode ser definido: Como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. Assim, o questionário é uma técnica que servirá para coletar as informações do espaço escolar, que serão basilares na construção desta pesquisa acerca do letramento enquanto facilitador da leitura e escrita. Quanto à disposição, os questionários são classificados de acordo com tipo de pergunta, podendo ser de perguntas abertas e perguntas fechadas, que corresponde respectivamente aos questionários abertos e fechados. As perguntas abertas são aquelas que permitem liberdade ilimitada de respostas ao informante. Nelas poderão ser utilizadas linguagem própria do respondente. Já as perguntas fechadas trarão alternativas específicas para que o informante escolha uma delas. Elas poderão ser de múltipla escolha ou apenas dicotômicas (trazendo apenas duas opções, a exemplo de: sim ou não; favorável ou contrário). Para este estudo optou-se pela utilização dois tipos de questionário – aberto e fechado – para obter vários ângulos do objeto pesquisado. A entrega dos questionários ocorreuapós a observação prévia dos espaços da escola de ensino fundamental. As perguntas da pesquisa tiveram o intuito de traçar um perfil dos participantes e ao mesmo tempo verificar os conhecimentos dos colaboradores sobre o objeto deste estudo, o letramento. Os questionários foram entregues na escola pesquisada aos participantes e recolhidos após uma semana, tanto a entrega quanto à coleta dos questionários acontecem de maneira distinta, pois a agenda de trabalho dos colaboradores era diferenciada e em respeito ao tempo de cada um, só nos deslocávamos para o encontro deles depois de um contato combinado antecipadamente. É relevante informar que no ano de 2015, a organização da escola foi peculiar. Pois cada professor que assumiu uma turma no turno da manhã, ficou encarregado de assumir a mesma turma no turno da tarde, desta forma o total de professores se 35 restringiu para 05, ficando a pesquisa com um universo de pesquisa menor. É importante ressaltar que a técnica pedagógica do turno da tarde e na pesquisa informada como T2, se recusou a fornecer as informações necessárias para os dados da pesquisa, sendo coletadas informações somente da técnica do turno da manhã T1. Sendo considerado também, importante entrevistar todos os docentes, haja, vista que todos fazem alternância com a série em que trabalham tendo experiência com turmas de 3° ano. A elaboração das perguntas fechadas envolve questões relacionadas à escolaridade, idade, sexo, situação funcional, tempo de serviço, etc. No que dizem respeito à elaboração das perguntas abertas feitas aos técnicos pedagógicos e professores, as mesmas contemplavam com olhares diferentes (o olhar técnico e o olhar docente) quatro eixos norteadores: 1) concepções de aquisição da leitura e escrita no 3° ano do ensino fundamental; 2) dificuldades de compreensão da leitura que os alunos do3º ano do ensino fundamental apresentam; 3) Medidas tomadas pelo professor/técnico pedagógico para amenizar as dificuldades dos alunos na aquisição da leitura e 4) o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo da aprendizagem. Para tanto, utilizamos também como procedimento de análise a leitura flutuante, que consiste estabelecer contato direto com os documentos a serem analisados e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e orientações (BARDIN, 2012, p. 96-101). Deste modo, fez-se a leitura flutuante dos questionários respondidos com o objetivo de conhecer o discurso de cada indivíduo e permitir o surgimento de impressões e orientações sobre a temática aqui levantada. 3.3 Lócus da pesquisa Os habitantes do município de Igarapé- Açu atendem pelo gentílico de igarapé açuense, devido à palavra de origem tupi guarani que significa “igarapé- grande” ou “caminhos das canoas”. Na história lendária da Amazônia existe outra definição para o nome que é “caminho do senhor” ou “senhora das águas” que quer dizer: açú: grande. O nome de Igarapé-Açu é derivado do subafluente do Rio Marapanim, o que lhe deu o nome. O mesmo fica localizado as margens da extinta estrada de ferro de 36 Bragança, pertence à mesorregião do Nordeste paraense, onde se localiza a 110 km da capital do estado. Possui uma área de 800, 3 km e limita-se com os seguintes municípios: Ao Norte, Maracanã e Marapanim; ao Leste, Nova Timboteua; ao Sul, Santa Maria do Pará e ao Oeste, Castanhal. Imagem 1 - localização de Igarapé-Açu Fonte:google Segundo Freitas (2005), a cidade de Igarapé-Açu/ PA, foi criada pelo decreto- lei de n° 985 de 26 de outubro de 1906, em 5 de novembro de 1903, com a criação do povoado, formado pelas terras da antiga colônia do Jambu-Açu. Sendo assim em 26 de outubro de 1906 o Excelentíssimo senhor governador do estado do Pará, Dr. Augusto Monte Negro assina a referida lei extinguindo o município de Santarém Novo e ao mesmo tempo cria-se o município de Igarapé-Açu. De acordo com o senso de 2010, a população do município é de 35.887 habitantes, sendo 18.115 do sexo masculino e 17.770 do sexo feminino distribuído na zona urbana e rural. Junto com sua criação originou-se as vilas de Porto Seguro, São Luiz, São Jorge e Colônia de Santo Antônio do Prata. 37 Imagem 2 – Vila São Jorge do Jabuti Fonte: arquivo pessoal, 2015. Dentre as cinco (5) maiores vilas do município, a nossa pesquisa de campo se realizou na vila São Jorge do Jabuti, localizada a 18 km da sede do município. A vila São Jorge recebeu esse nome devido uma imagem de São Jorge encontrada no casco de um jabuti queimado na época do desmatamento encontrado pelos colonizadores. Não existe registro oficial que comprovem o ano da fundação da vila. Os registros existentes são as fontes orais, obtidas através de relatos de antigos moradores. A escola encontra-se localizada em uma pequena comunidade rural, com aproximadamente 2.500 habitantes, onde a maioria dos empregos formais são públicos (Estado e Prefeitura), as demais pessoas trabalham com agricultura ou algum tipo de comércio, tendo assim, uma economia basicamente centrada na agricultura familiar, tendo a mandioca como a principal cultura agrícola cultivada. Na cultura local um dos principais atrativos é a praça e a igreja que são símbolos culturais da vila. Além dos igarapés bastantes frequentado durante os finais de semanas, tem as festividades religiosas e as tradicionais festas realizadas anualmente como a “festa dos coroas” que já acontece a mais de 20 anos atraindo pessoas das comunidades locais, vizinhas e de várias partes dos estados. 3.4 – Caracterização da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Antônio Alves Ramos” 38 Imagem 3 – Escola Est. de Ens. Fund. e Médio “Antônio Alves Ramos” Fonte: arquivo pessoal, 2015. A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Antônio Alves Ramos”, está localizada na vila São Jorge km 18, rua sete de setembro s/n zona rural, cep: 68.725000. A mesma foi fundada em 1968 pelo atual prefeito da época lmº Sr Lauro Ramos com o intuito de atender as necessidades dos alunos da pequena comunidade. A escola começou a funcionar desde a primeira escolinha com apenas duas (02) salas de aula até os dias atuais, muitas coisas mudaram. A escola conheceu inúmeras dificuldades durante seu processo de organização, mas graças à obstinação da comunidade, o espírito dinâmico e a capacidade de enfrentar as adversidades construíram a escola de hoje. No dia, 11 de novembro de 1988, a escola foi transferida para o atual prédio que foi construído na gestão de Gidalte Alves de Almeida pela Prefeitura Municipal de Igarapé-Açu, onde hoje conta com uma estrutura em alvenaria, com sete (07) salas de aulas, uma (01) sala de professores, uma (01) secretaria, uma (01) copa, uma (01) área coberta, três (03) banheiros masculino e três (03) femininos, um (01) banheiro para funcionários, um (01) banheiro acessível, um (01) deposito e um (01) arquivo. A escola atualmente tem a missão dentro do projeto político pedagógico de “Servir com excelência e responsabilidade, por meio da educação, formando 39 cidadãos éticos, incluídos, solidários e competentes”. Observando os padrões éticos, dando exemplo de solidez, moral honestidade e integridade, exercendo assim a cidadania e contribuindo por meio da educação, para o desenvolvimento da sociedade e respeito ao meio ambiente, valorizando o trabalho em equipe estimulando a aprendizagem com respeito e democracia. Neste ano de 2015, apesar das dificuldades a escola encontra-se em funcionamento em três (03) turnos. Com 317 alunos no ensino fundamental e 50 no ensino médio (SOME). O quadro funcional possui vinte (20) funcionários, distribuídos da seguinte forma (01) diretor, (01) secretário, (01) auxiliar de secretaria, (17) professores, (02) vigias, (03) serventes, (03) merendeiras etécnicas em educação. A escola envolve em suas atividades pedagógicas todas as categorias que compõem a comunidade escolar: direção, técnicos em educação, professores, pessoal de apoio, alunos, pais, responsáveis e demais membros da comunidade local. A mesma é mantida pelo governo estadual, através da secretária estadual de educação (SEDUC), pela prefeitura municipal através da secretária municipal de educação (SEMEC) que fornece alguns recursos como a merenda escolar, destinada aos alunos. A escola conta ainda, com a ajuda do governo federal (MEC), que fornece recursos por meio do programa PDDE, (Programa Dinheiro Direto na Escola) Mais educação e Acessibilidade, que são aplicados diretamente na escola visando a melhoria na adequação do espaço físico e a qualidade do ensino. Para concretização da pesquisa de campo foram aplicados aos docentes no interior da escola, questionários com perguntas abertas e fechadas direcionadas a 05 professores. Sendo dois do turno da manhã e dois tarde, e serão identificados da seguinte forma: professores do PA, P B, P C, P D e P E. Os técnicos pedagógicos serão T. 1 e T. 2. As perguntas serão claras e pertinentes onde serão consideradas de forma ética as informações de cada entrevistado para obtenção dos dados. 40 4 – ANÁLISE DOS DADOS A pesquisa em questão visa em avanços significativos no que se refere à alfabetização das crianças atendidas na Escola Estadual “Antônio Alves Ramos”. Ampliando a visão dos docentes de como ensinar através do letramento, buscando melhorar e garantir a qualidade do ensino nessa pequena comunidade escolar, analisando as diferentes concepções que se tem acerca da aquisição da leitura e escrita no 3º ano do ensino fundamental, investigando que dificuldades para compreensão da leitura os alunos encontram, compreendendo o letramento como um facilitador para a leitura com conhecimento no processo da aprendizagem e refletindo sobre o ensino e as práticas educativas no contexto escolar. Deste modo, para que os alunos aperfeiçoem a leitura e escrita, é importante que o professor desenvolva um trabalho pautado em atividades que favoreçam o letramento, pois, através dele é possível trabalhar tanto a escrita quanto a leitura, bem como possibilitará aos educandos saber utilizar a leitura e escrita nas mais diversas situações comunicativas dentro e fora da escola. Para tanto, este estudo propõe-se a investigar tais fatos através de questionários que vislumbram desvelar um pouco do universo do cotidiano escolar, sobretudo a presença ou não do letramento nas aulas do 3º ano do ensino fundamental. 4.1 – Sobre o perfil socioeconômico dos professores e técnicos pedagógicos O principal aspecto observado foi o socioeconômico. Este aspecto contribuiu para surgimento vários fenômenos, mas para este estudo fizemos o recorte de três categorias, instrução, situação funcional e tempo de serviço dos professores pesquisados, buscando com essas variantes compreender o estudo do letramento em sala de aula. Deste modo, este questionário serviu de norte para observarmos aspectos relevantes do universo dos entrevistados, tais como: formação profissional, vínculo empregatício, idade e sexo. Antes de procedermos com esta descrição, em virtude da garantia do anonimato aos participantes desta pesquisa, reiteramos que atribuiremos aos 41 mesmos códigos, representando-os como: Participante A; Participante B; Participante C, Participante D e Participante E aos professores, e, T1 para a Técnica. QUADRO 1 – Socioeconômico dos Professores e Técnicos: Sujeito Sexo Tempo de atuação docente Nível Regime Procedência acadêmica PA Feminino 6 a 10 anos Ens. Fundamental - Estadual Privada PB Feminino 20 a30 anos Ens. Fund. e Médio - Estadual Privada PC Feminino 06 a 10 anos Ens. Fundamental - Estadual Privada PD Feminino 20 a30 anos Ens. Fundamental - Estadual Privada PE Masculino 01 a o5 anos Ens. Fund. e médio - Estadual Publica T1 Feminino 20 a 30 anos Ens. Fundamental - Estadual Publica Fonte: elaborado pelas autoras com base nos resultados da pesquisa de campo (2015). No quesito de instrução educacional, todos os participantes possuem Licenciatura Plena em Pedagogia, a única diferença é a procedência, a Participante A, Participante B, Participante C, e a participante D são oriundos de universidades privadas de ensino, apenas o Participante E, e a técnica pedagógica advém do sistema público de ensino. No que dizem respeito à situação funcional, todos os professores fazem parte da rede estadual de ensino, sendo que 3, encontram-se na condição de contrato 2, tem vínculo efetivo. E a Técnica Pedagógica é concursada. A média de idade dos colaboradores é de 30 a 50 anos. O tempo de serviço é satisfatória, cerca de 10 anos de exercício de docência, o que evidenciaria uma boa vivência em sala de aula, com o trato da alfabetização, o que se mostrou de suma importância para o desenrolar da pesquisa, do objeto deste estudo, uma vez que como veremos melhor posteriormente, a variante tempo de serviço, foi bastante relevante, pois desvelou-se que quanto mais tempo de serviço/tempo de graduado(a), menos foi a utilização do letramento em sala de aula, não pelo não se querer utilizá-lo, mas pelo muitas vezes o profissional não ter tido a oportunidade 42 teórica de conhecer e consequentemente ensinar, pois, não se pode ensinar o que não se sabe ou desconhece. 4.2 – O olhar dos professore sobre o letramento QUADRO 2 – Eixo 1: concepções de aquisição da leitura e escrita no 3° ano do ensino fundamental. Participante Resposta PA Se você não se adapta ao ambiente em que está desenvolvendo suas atividades. Todo o restante se torna sem sentido, vivenciar a realidade da classe é o início de tudo. PB Penso que não se pode pensar em alfabetizar sem uma boa base teórica. Por isso trabalho segundo o pensamento de Paulo Freire. PC Trabalho sempre a leitura e escrita aproveitando as produções espontâneas dos alunos. Faço observações na turma, e o que percebo e que os alunos só decoram e repetem sílabas. Por esse motivo desenvolvo meu trabalho pautado nas análises de Emilia Ferreiro. PD Não podemos trabalhar a leitura e escrita das crianças na escola, sem oferecer-lhes alternativas de aprendizagem, dessa forma trabalho segundo o letramento. PE O homem é um ser essencialmente social e histórico e se constitui pela relação com outros através da linguagem. Meu norte nos trabalhos são as idéias de Bakntin. Fonte: elaborado pelas autoras com base nos resultados da pesquisa de campo (2015). Pelas respostas dadas podemos observar os seguintes aspectos: PA tem uma concepção construtivista da alfabetização, sobretudo a de Soares (1998, p.110), a qual ressalta a importância de trabalhar o texto literário na escola, precisa se adequar ao tempo e a organização do espaço escolar para ser um objeto de ensino. Portanto, no papel constitutivo da aprendizagem, situado no tempo e no espaço, que sugere a responsabilidade como ação propiciadora do processo dialógico em 43 circunstâncias de uso da leitura A PD. Também enfatiza a funcionalidade do letramento, que a leitura deve ser adequar ao contexto de uso, essa visão aproxima- se dos que os teóricos apresentados nesse estudo defendem (Ferreiro e Teberosk). Ambas as autoras, imbuídas das ideias Freirianas, onde, “o conceito de alfabetização tem um significado mais abrangente, na medida em que vai além do domínio do código escrito, pois, enquanto prática discursiva, “possibilita uma leitura crítica da realidade” isto é, o processo de letramento, são correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem escrita” (Freire, 1991, p. 68), reconhecem, a partir daí, o caráter da linguagem numa proposição viva, dinâmica, dialógica
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