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PROF. HELOISA OSANAI 1 EMPREGO DE MEIOS DE CULTURA SELETIVO-INDICADORES Os meios seletivo-indicadores são utilizados para selecionar grupos bacterianos (através da utilização de substâncias inibidoras que impeçam o crescimento de bactérias indesejáveis) e indicar uma propriedade bioquímica destas bactérias, que contribuam para o processo de identificação. AGAR MAC-CONKEY: Finalidade: meio de cultura seletivo-indicador, utilizado para isolamento de enterobactérias (bacilos Gram negativos) a partir de fezes, urina, líquor, alimentos, água residual, etc. FÓRMULA: Peptona de caseína cristal violeta Peptona de carne agar-agar Lactose água destilada Mistura de sais biliares Cloreto de sódio Vermelho neutro pH: + ou - 7.1 FUNDAMENTOS: 1) Os sais biliares e o cristal violeta inibem o crescimento da microbiota Gram- positiva por ventura existente no material (seletividade para Gram-negativo). 2) A lactose junto com o indicador de pH (vermelho neutro) serve para comprovar a degradação (fermentação) deste carboidrato (o que é feito por apenas parte dos membros desta família). Quando ocorre a fermentação, a bactéria é classificada como Lac +. PROF. HELOISA OSANAI 2 LEITURA: Colônias lactose-positiva (Lac. +): degradação (fermentação) da lactose com acidificação do meio que produzirá colônias de cor rosa com halo central mais claro. Ex.: E. coli, Klebsiella, Enterobacter. Colônias lactose-negativa (Lac. -): não utilização da lactose, formação de colônias incolores e transparentes. As colônias assumem a coloração do meio, que se apresentará um pouco alterado, devido a utilização dos outros componentes (só não utilizará a lactose). Ex.: Proteus, Salmonella, Shigella. Família Enterobacteriaceae PROF. HELOISA OSANAI 3 Lactose + Degradação (fermentação) da lactose com acidificação do meio que produzirá colônias de cor rosa com halo central mais claro. Ex.: E. coli, Klebsiella, Enterobacter. São bactérias que podem infectar o trato urinário ou respiratório, por cateteres intravenosos usados para dispensar fármacos ou fluidos, queimaduras, feridas contraídas durante cirurgia ou pela corrente sanguínea. Klebsiella Reside no intestino de até um terço das pessoas saudáveis. A identificação em uma amostra obtida de tecido infectado confirma o diagnóstico. Se a infecção for adquirida na comunidade, os antibióticos podem curá-la, mas se for adquirida em um estabelecimento de saúde, é difícil tratar porque a bactéria tende a ser resistente. Raramente a bactéria Klebsiella causa pneumonia em pessoas que vivem fora de um estabelecimento de saúde (na comunidade), geralmente em pessoas alcoólicas, idosas, com diabetes ou com sistema imunológico enfraquecido. Tipicamente, essa infecção severa causa tosse, trazendo um escarro marrom ou vermelho escuro pegajoso, e acúmulo de pus (abscessos) nos pulmões ou na membrana entre os pulmões e parede do tórax (empiema). Uma espécie de Klebsiella pode causar inflamação do cólon (colite) após os antibióticos serem tomados. Este distúrbio é chamado de colite associada ao consumo de antibióticos. Os antibióticos podem destruir bactérias que normalmente residem no intestino. Em seguida, as bactérias Klebsiella são capazes de se multiplicar e causar infecções. Diagnóstico: Os médicos suspeitam de uma dessas infecções ocorrerem em pessoas de alto risco como aquelas que vivem em um estabelecimento de cuidados de longo prazo ou em um local onde houve um surto. Para confirmar o diagnóstico, os médicos podem obter amostras do escarro, das secreções do pulmão, do sangue, da urina ou do tecido infectado. A amostra é tingida com coloração Gram, desenvolvida em cultura e examinada ao microscópio. Essas bactérias podem ser prontamente identificadas. Outros testes dependem do tipo de infecção. Eles podem incluir exames de diagnóstico por imagem, como ultrassonografia, radiografias e tomografias computadorizadas (TC). As bactérias identificadas nas amostras são testadas para determinar que antibióticos são possivelmente eficazes (um processo chamado testes de suscetibilidade). PROF. HELOISA OSANAI 4 O tratamento é geralmente realizado com antibióticos: cefalosporina (como ceftriaxona) ou fluoroquinolona (como levofloxacina). Enterobacter São bacilos Gram negativos, da família Enterobacteriaceae. Várias cepas dessas bactérias são patogênicas e podem causar infeções oportunistas em pacientes imunocomprometidos e em pacientes internados em hospitais. As vias respiratórias e as vias urinárias são os sítios mais comuns de infecção. O gênero Enterobacter faz parte do grupo de bactérias coliformes, não pertencendo aos coliformes fecais (ou coliformes termotolerantes), como a E. coli, visto que não cresce à temperatura de 44,5ºC na presença de sais biliares. As espécies mais comumente isoladas deste gênero são a E. aerogenes e a E. cloacae. Esses microrganismos têm sido identificados cada vez mais como a causa de infecções hospitalares e também estão associados ao consumo de fórmulas infantis. O gênero Enterobacter pode ser diferenciado do gênero Klebsiella pela sua motilidade, usualmente descarboxila a ornitina, e não produz urease, além disto a maioria das cepas de Enterobacter são resistentes à cefatina e cefoxitina, enquanto que as espécies de Klebsiella são sensíveis a esses antibióticos. As espécies de Enterobacter podem ser encontradas nas fezes de humanos e animais, na água, plantas, insetos e em produtos de laticínios, como leite, queijos manteiga etc. Casos de infecções hospitalares têm sido atribuídos à contaminação de soluções intravenosas, produtos de bancos de sangue, água destilada, estetoscópios, swabs de algodão, soluções lipídicas de nutrição parenteral etc. Enterobacter são oportunistas e raramente causam doença em indivíduos sadios. Como patógenos oportunistas somente há pouco tempo foram reconhecidos como causa importante de infecções hospitalares. Muito pouco se conhece a respeito da sua patogenicidade e virulência. Como patógenos Gram negativos eles possuem endotoxina e, assim, têm todas as características patogenéticas devido a este fator de virulência. Além da endotoxina, pouco se conhece do potencial patogênico das cepas de Enterobacter. Tendo em vista que as infecções causadas pelo Enterobacter estão frequentemente associadas ao emprego de cateteres, houve uma suspeita de que os Enterobacter spp. teriam uma afinidade maior com estes materiais do que outros microrganismos. Entretanto, outros estudos não comprovaram esta associação. PROF. HELOISA OSANAI 5 Lactose - Não utilização da lactose, formação de colônias incolores e transparentes. As colônias assumem a coloração do meio, que se apresentará um pouco alterado, devido a utilização dos outros componentes (só não utilizará a lactose). Ex.: Proteus, Salmonella, Shigella. Proteus mirabilis Bactéria oportunista, formadora de esporos, gram-negativa, anaeróbia facultativa, em forma de bastonete, com motilidade e capaz de produzir grandes quantidades de urease. Está associada a cálculos renais pelo fato de possuir uma potente urease, que transforma a ureia em amônia, tornando a urina alcalina. Doenças: ITU - Infecções do Trato Urinário Habitat principal de Proteus: Os intestinos, pois é parte da microflora (microbiota) normal. Mecanismo de infecção: Água, alimentos e hábitos de higiene. Tratamento: Antibiótico Shigella A shigelose, também conhecida como disenteria bacteriana, é uma forma de intoxicação alimentar com diarreia sanguinolenta, que tem como agente etiológico a bactéria do gênero Shigella. São bactérias gram-negativas, imóveis, anaeróbicasfacultativas, pertencentes à família Enterobacteriaceae. Ao contrário de outros patógenos que habitam o intestino, as Shigella são altamente invasivas. Estas bactérias produzem a Exotoxina ShT1 (no caso da S. dysenteriae, esta produz a Exotoxina Shiga) responsável por destruir ribossomos das células nas quais se hospedam, bloqueando a síntese protéica e matando, assim, a célula. São fagocitadas pelas células M presentes na mucosa intestinal, invadindo a submucosa, sendo então fagocitadas por macrófagos. Como são resistentes à fagocitose, induzem a apoptose do macrófago. Por conseguinte, produzem proteínas extracelulares específicas, denominadas invasinas, que lhes possibilitam acoplar e invadir os enterócitos, multiplicando-se neles até destruí-los. PROF. HELOISA OSANAI 6 Adquire-se a infecção por meio da ingestão de água contaminada ou alimentos contaminados. Também foi demonstrado que essa bactéria pode ser transmitida por contato pessoal. Sua ocorrência se dá mais comumente em países em desenvolvimento, pois sua transmissão é eficazmente combatida pelas medidas básicas de higiene. Nos países desenvolvidos, é responsável por aproximadamente 7% dos casos de intoxicação alimentares. Infectam apenas os seres humanos, sendo necessárias serem ingeridas apenas algumas centenas para provocarem a doença. O período de incubação dessa bactéria varia de 12 a 48 horas. Depois de ingerida, a bactéria irá invadir as células intestinais, destruindo-as e, consequentemente, levará à perda de capacidade de absorção de água por parte delas, e à hemorragia dos vasos locais, com perda adicional de muco acentuada após a destruição das células caliciformes. O resultado dessa destruição é a diarreia sanguinolenta e mucoide, denominada disenteria. Essa diarreia vem acompanhada de febre, dores intestinais e dor ao evacuar as fezes (tenesmo). Os principais riscos são a extensão da hemorragia e a peritonite, bem como a excessiva desidratação. Outras manifestações clínicas também podem acompanhar o quadro, como náuseas, vômitos, cefaleia, convulsões nas crianças e mialgia. O diagnóstico é feito com base no quadro clínico e nos achados laboratoriais. Esse último é feito por meio da semeadura das fezes do paciente em meio de cultura, com posterior identificação das colônias, utilizando-se provas bioquímicas e sorológicas. O tratamento é semelhante para todos os tipos de diarreias, por meio de da administração de líquidos eletrolíticos (ou água com sal e açúcar) para evitar a desidratação. Pode também ser indicado o uso de antibióticos, como penicilina, quinolonas e cefalosporinas. PROF. HELOISA OSANAI 7 COCOS PATOGÊNICOS GRAM NEGATIVOS DE INTERESSE CLÍNICO Neisseria meningitidis Bactéria em forma de diplococos Gram negativos. Apresenta 13 sorogrupos, sendo 8 responsáveis, com maior frequência, pela doença meningocócica (A, B, C1+, C1-, X, Y, W-135,L). Estes podem ainda ser classificados em sorotipos e subtipos. RESERVATÓRIO O homem doente ou portador assintomático. MODO DE TRANSMISSÃO Contato íntimo de pessoa a pessoa, através de gotículas das secreções da nasofaringe. O principal transmissor é o portador assintomático. PERÍODO DE INCUBAÇÃO De 2 a 10 dias, em média de 3 a 4 dias. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE Dura enquanto houver o agente na nasofaringe. Em geral, após 24 horas de antibioticoterapia, o meningococo já desapareceu da orofaringe. COMPLICAÇÕES Necroses profundas com perda de tecido nas áreas externas, onde se iniciam as equimoses; surdez, artrite, miocardite, pericardite, paralisias, paresias (perda parcial da motricidade), abcesso cerebral, hidrocefalia, dentre outras. DIAGNÓSTICO Através do isolamento da Neisseria meningitidis do sangue, líquor, líquido sinovial ou de derrame pericárdico ou pleural. O LCR pode se apresentar turvo, com cor leitosa ou xantocrômica (indica a presença de bilirrubina ou hemólise). A bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos (concentração de glicose inferior a 50% da glicemia, coletada simultaneamente ao líquor) proteínas elevadas (acima de 100mg/dl) e pleiocitose (aumento do número de leucócitos, predominado polimorfonucleares neutrófilos). A contraimuno-eletroforese (CIE) é positiva, o Gram evidencia a presença de diplococos gram negativos, e a cultura isola. Nas meningococcemias, o leucograma apresenta-se com milhares de leucócitos, havendo predominância de neutrófilos, e desvio para a esquerda, a hemocultura e a CIE no soro são positivas. O raspado das lesões de pele pode ser cultivado para identificação do agente. Outros exames que PROF. HELOISA OSANAI 8 podem ser utilizados para identificação do meningococo é a pesquisa de antígenos no líquor, através da CIE, fixação do látex, ELISA ou radioimunoensaio. A reação de polimerase em cadeia (PCR) para o diagnóstico tem sido utilizada, apresentando elevada sensibilidade e especificidade. Diagnóstico diferencial - Meningites e meningoencefalites em geral, principalmente as purulentas; encefalites, febre purpúrica brasileira, septicemias. TRATAMENTO Penicilina G cristalina, 300.000 a 500.000UI/kg/dia, com dose máxima de 24.000.000 UI/dia, IV, fracionadas em 3/3 ou 4/4 horas, durante 7 a 10 dias; ampicilina, 200 a 400mg/Kg/dia, até no máximo de 15g/dia, IV, fracionadas em 4/4 ou 6/6 horas, durante 7 a 10 dias. Em casos de alergia, usar cloranfenicol, na dose de 50 a 100 mg/kg/dia, IV, fracionadas em 6/6 horas. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS É a meningite de maior importância para a saúde pública, por se apresentar sob a forma de ondas epidêmicas que podem durar de 2 a 5 anos. Tem distribuição universal e casos ocorrem durante todo o ano (forma endêmica). O Brasil viveu uma grande epidemia de doença meningocócica na primeira metade da década de 70. Nos anos 80 e 90, elevação da incidência tem sido localizada, atingindo várias cidades brasileiras. Os principais sorogrupos, no Brasil, são o A, B e C. A letalidade depende do diagnóstico precoce da doença e da qualidade da assistência (± de 20%). VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA Objetivos - Diagnóstico e tratamento precoce dos casos, visando à redução da letalidade. Acompanhamento da tendência para a adoção das medidas de controle. NOTIFICAÇÃO É de notificação compulsória e investigação obrigatória. DEFINIÇÃO DE CASO a) Caso Suspeito: Todo paciente com sinais e sintomas de meningite (febre, cefaleia, vômitos, rigidez de nuca, sonolência, convulsões). Menores de um ano, em geral, não apresentam rigidez de nuca, mas sim abaulamento de fontanela; b) Caso Confirmado: A confirmação é feita através de exame laboratorial (fundamental para se saber a etiologia das meningites visando subsidiar a vigilância epidemiológica), seja do LCR ou das hemoculturas ou através critério clínico-epidemiológico. PROF. HELOISA OSANAI 9 MEDIDAS DE CONTROLE Quimioprofilaxia: é feita em contatos íntimos do doente (pessoas que residem no mesmo domicílio, ou que compartilham o mesmo dormitório em internatos, quartéis, creches). A droga de escolha é a rifampicina, na dose 600 mg, VO, de 12/12 horas, durante 2 dias (dose máxima total de 2.400mg), para adultos. Crianças de 1 mês até 10 anos, administrar 10mg/kg/dose em 4 tomadas, com intervalos de 12/12 horas, sendo a dose máxima de 600mg. Recém-nascidos, 5mg/kg/dose de 12/12 horas, em 4 tomadas (dose máxima de 600g). A quimioprofilaxia não garante proteção absoluta. Na prática, não se faz pesquisa de portador assintomático, mas a quimioprofilaxia dos contatos elimina parte deles, pois a maioria dos casos se contamina com portadores de convívio íntimo.As vacinas contra meningites conferem proteção durante um tempo limitado e são sorogrupo específicas, não induzindo a imunidade cruzada. Sua indicação está na dependência da análise da situação epidemiológica de cada área e do sorogrupo responsável pela elevação dos casos. Não está disponível na rotina dos serviços de saúde, ficando seu uso condicionado a partir da decisão de três instâncias: municipal, estadual e federal, após a identificação do (s) sorogrupo (s) predominante (s) em cada área. O isolamento do paciente só se faz durante as primeiras 24 horas de tratamento, com o antibiótico indicado. Desinfeção concorrente e terminal - deverá ser feita em relação às secreções nasofaríngeas e aos objetos contaminados por elas. O paciente deve receber quimioprofilaxia antes da alta, pois a antibioticoterapia venosa nem sempre elimina as N. meningitidis da orofaringe. Neisseria gonorrhoeae Gonorreia, conjuntivite neonatal e a doença inflamatória pélvica (DIP) AGENTE ETIOLÓGICO A Neisseria gonorrhoeae é um diplococo Gram-negativo, não flagelado, não formador de esporos, encapsulado, anaeróbio facultativo, com diâmetro entre 0,6 a 1,06µ. Na bacterioscopia corada pelo método de Gram, apresenta-se como duas estruturas reniformes justapostas, espelhadas pela concavidade e aproximadas pela extremidade, quase sempre agrupadas em massa no espaço extracelular e/ou no citoplasma dos polimorfonucleares abundantes. A gonorreia é uma infecção bacteriana frequente, causada pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo Gram-negativo de transmissão quase que exclusiva através de contato sexual ou perinatal. Primariamente afeta membranas mucosas do trato genital inferior, e mais raramente, as mucosas do reto, orofaringe e conjuntiva. A infecção genital ascendente na mulher leva a uma complicação séria, a salpingite aguda, uma das principais causas de infertilidade feminina. A partir dos anos 90, deu-se início a um novo tempo no que se refere a descobertas sobre a patogenia da gonorreia e seu agente PROF. HELOISA OSANAI 10 etiológico. O controle da gonorreia tem sido difícil na maioria das populações, e essa permanece um exemplo da influência que os fatores sociais, comportamentais e demográficos exercem na epidemiologia de uma doença infecciosa. O manejo da gonorreia e de outras doenças sexualmente transmissíveis requer tanto o tratamento do paciente e de seu parceiro sexual como medidas de saúde pública para interromper a transmissão da infecção e evitar complicações a longo prazo. EPIDEMIOLOGIA Poucos países possuem sistemas de notificação que permitem estimativas confiáveis da incidência da gonorreia. No Brasil, os estudos revelam-se escassos, tanto no que se refere a dados epidemiológicos quanto a dados de eficácia terapêutica e de resistência. O número de casos relatados nos Estados Unidos cresceu de 250.000 na década de 60 para 1 milhão de casos em 1978. Nesse período, a gonorreia transformou-se na doença infecciosa mais prevalente após o resfriado comum. A incidência estabilizou ou lentamente declinou na década de 80 e, a partir de 1992, rapidamente decresceu. As maiores taxas de incidência de gonorreia e de suas complicações ocorrem nos países em desenvolvimento. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Após contato sexual do parceiro fonte com o novo hospedeiro e vencidas as barreiras naturais da mucosa, e em período de incubação relativamente curto (2 a 5 dias), a infecção evoluirá para doença. Dar-se-á um processo localizado autolimitado em alguns casos sem maiores repercussões, enquanto em outros ocorrerão complicações no próprio aparelho urogenital ou a distância, provocando alterações sistêmicas. Gonorreia no homem: A uretrite aguda representa a manifestação predominante no homem. O período de incubação é de 2 a 5 dias, podendo variar de 1 a 10 dias. Os principais sintomas incluem o corrimento uretral e a disúria, geralmente sem aumento da frequência ou urgência urinária. O corrimento pode ser inicialmente mucoide, mas em 1 a 2 dias, torna-se purulento. Gonorreia na mulher: A evolução natural na mulher continua menos compreendida que no homem, parcialmente pela frequência de co-infecção com outros patógenos, como Chlamydia trachomatis e Trichomonas vaginalis. A maior parte das pacientes infectadas provavelmente desenvolve sintomas, mas muitas permanecem assintomáticas ou desenvolvem sintomatologia leve que não incita preocupação e busca de assistência médica. Então, mulheres com infecção subclínica acumulam-se na população, e em grupos nos quais identifica-se a maioria das infecções por triagem ou por busca ativa, mais de 90% das mulheres permanecem assintomáticas. Há, ao que parece, cepas de gonococo capazes de determinar infecções assintomáticas. O período de incubação da gonorreia é mais variável e menos definido nas mulheres que nos homens, mas a maioria das que se tornam sintomáticas fazem-no em 10 dias. Os sintomas predominantes incluem a cervicite (inflamação do colo do útero), às vezes uretrite, corrimento vaginal, disúria (dificuldade para urinar que pode ser acompanhada de dor) PROF. HELOISA OSANAI 11 e sangramento intermenstrual. Isso ocorre em qualquer combinação e varia em gravidade. Dor abominal ou pélvica geralmente se associa à salpingite (inflamação da tuba uterina), mas às vezes ocorrem em mulheres cuja laparoscopia mostra trompas normais. O exame físico pode ou não revelar exsudato cervical purulento ou mucopurulento e outros sinais de cervicite purulenta. Gonorreia na gravidez. A gonorreia nas gestantes associa-se com risco aumentado de aborto espontâneo, parto prematuro, ruptura prematura de membranas e mortalidade fetal perinatal, constituindo um marcador para alto risco devido a outros mecanismos patogênicos. Mães infectadas podem transmitir a N. gonorrhoeae para o concepto intraútero, durante o parto, ou no período pós-parto. A conjuntivite gonocócica do neonato (oftalmia neonatorum) representa a manifestação mais comumente reconhecida e já foi a principal causa de cegueira nos Estados Unidos, sendo ainda em alguns países pobres. DIAGNÓSTICO Uma simples cultura em meio seletivo mostra sensibilidade de 95% ou mais para amostras uretrais de homens com uretrite sintomática e 80-90% para infecção endocervical nas mulheres, dependendo da qualidade do meio e da adequação da amostra. TRATAMENTO Deve ser ressaltado que quando se comparam as taxas de resposta da N. gonnorhoeae à penicilina há algumas décadas às respostas hoje obtidas, observam-se crescentes níveis de resistência. A falência na cura de um caso de gonorreia tem implicações em nível de saúde pública, pelo potencial para transmissão continuada e pela rápida emergência de resistência. Recomenda-se como terapia inicial um dos quatro esquemas terapêuticos alinhados abaixo: ceftriaxona, cefixime, ciprofloxacina ou ofloxacina, sendo todos administrados em dose única. Ciprofloxacina e ofloxacina devem ser evitadas em gestantes e não apresentam atividades contra a sífilis, não abortando a sífilis em incubação. Esquemas em dose única com várias outras cefalosporinas, quinolonas ou outros antibióticos podem ser utilizados, mas não mostram vantagens sobre esses quatro regimes recomendados. MANEJO DO PARCEIRO SEXUAL: O manejo dos parceiros sexuais representa parte integral do tratamento de pacientes com gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis. Os parceiros devem ser examinados e tratados com uma das drogas recomendadas, independente da presença de sintomas. PROF. HELOISA OSANAI 12 Haemophilus influenzaeHaemophilus são cocobacilos gram negativos pleomórficos (têm formato variável), anaeróbios facultativos, oxidase positivos, fastidiosos (nutricionalmente exigentes, tendo bom crescimento em ágar sangue ou chocolate) e necessitam de helmina (fator X) e nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD ou fator V) para crescerem. Esses fatores podem ser adicionados em discos aos meios de cultivo, favorecendo o crescimento. São capnofílicas (têm afinidade pelo CO2), imóveis (não apresentam flagelo) e não esporulam. Podem apresentar cápsula. Colonizam o trato respiratório humano. SINTOMAS Haemophilus influenzae tipo b (Hib) é uma bactéria que atinge principalmente crianças até cinco anos, causando infecções que começam geralmente no nariz e na garganta, mas podem se espalhar para outras partes do corpo, incluindo pele, ouvidos, pulmões, articulações, membranas que revestem o coração, medula espinhal e cérebro. Essa bactéria pode causar diferentes doenças infecciosas com complicações graves, como pneumonia, inflamação na epiglote, dor de ouvido, infecção generalizada na corrente sanguínea, inflamação do pericárdio, inflamação das articulações e sinusite. Uma das PROF. HELOISA OSANAI 13 piores doenças causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b é a meningite, que geralmente tem um início súbito com febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca. Sequelas graves ocorrem de 3% a 5% dos sobreviventes de meningite por Hib como déficit auditivo grave e lesões cerebrais permanentes. TRANSMISSÃO A Haemophilus influenzae coloniza o aparelho respiratório. A transmissão da Hib se dá pelo contato com pessoas infectadas com a bactéria, mesmo que estes não apresentem manifestações clínicas. Os germes passam de pessoa a pessoa através das secreções da mucosa nasal. Se permanecerem no nariz e na garganta, provavelmente a pessoa não ficará doente. Algumas vezes, os germes localizam-se nos pulmões ou na corrente sanguínea e, então, a Hib pode causar problemas graves. PREVENÇÃO A vacinação é a única forma de se prevenir contra a doença e sua eficácia é de 95% a 100% após a aplicação do esquema completo de imunização. Depois de implementar programas de vacinação abrangentes, vários países praticamente eliminaram as doenças causadas pela Hib (meningite e pneumonia, por exemplo). A maioria das crianças deve tomar a vacina contra Hib de acordo com o calendário vacinal: aos dois, quatro e seis meses de vida. Se a criança deixar de tomar uma dose ou estiver atrasada em relação às datas previstas, deve tomar a próxima dose da vacina assim que for possível - não é preciso começar novamente. Crianças com mais de cinco anos geralmente não precisam ser vacinadas contra Hib. Crianças com idade entre 2 e 6 meses: 3 injeções com intervalo de 1 ou 2 meses, seguidos de um reforço 1 ano após a terceira dose. Pode ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses, juntamente com a vacina tríplice bacteriana (DTP). PROF. HELOISA OSANAI 14 Haemophilus ducreyi É uma bactéria altamente contagiosa capaz de penetrar a pele através de microscópicas feridas, como aquelas causadas pelo atrito do ato sexual. Não é preciso haver ejaculação para que ocorra a transmissão. A bactéria pode ser transmitida através do sexo pela via anal, vaginal ou oral. Também pode ser transmitido por vias não sexuais, pelo contato direto com as lesões, apesar desse modo ser bem menos comum. Tocar em uma ferida de cancroide pode contaminar as mãos, que por sua vez podem transportar a bactéria até outros pontos do corpo, como a cavidade oral. O cancro mole é cerca de 20 vezes mais comum em homens do que em mulheres. Entre os homens, a doença é mais comum naqueles não circuncidados. SINTOMAS DO CANCRO MOLE O período médio de incubação do cancro mole é de 4 a 10 dias, porém há casos em que a lesão surge já no dia seguinte e casos que demoram mais de 30 dias para aparecer. O quadro inicia-se com uma pequena lesão avermelhada, que rapidamente se transforma em uma pústula (ferida com pus) e posteriormente em uma úlcera, a lesão típica do cancroide. A úlcera do cancro mole costuma medir 1 a 2 cm de diâmetro e é muito dolorosa. A base da lesão costuma ser inflamada e purulenta, sangrando facilmente com atrito. O paciente contaminado normalmente apresenta mais de uma úlcera em sua região genital, tipicamente 1 a 4 lesões ao mesmo tempo. No homem, as úlceras do cancro mole acometem principalmente o prepúcio, o sulco balanoprepucial e a região perianal (em homossexuais passivos); nas mulheres, grandes e pequenos lábios, colo uterino e região perianal são os locais mais acometidos. As úlceras do cancroide podem ser confundidas com as da sífilis por leigos ou profissionais menos experientes. A lesão da sífilis, porém, costuma ser única, indolor e sem secreção purulenta. A presença do cancro mole aumenta o risco de contaminação pelo HIV e por outras DST. DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial do cancro mole pode ser feito através de coleta de material da úlcera para cultura ou pesquisa do H. ducreyi por PCR (Polymerase Chain Reaction). TRATAMENTO DO CANCRO MOLE O tratamento do cancroide é simples e apresenta taxas de cura acima de 90%. Atualmente as três opções mais usadas são: Azitromicina, Ceftriaxona, Ciprofloxacino. As úlceras começam a melhorar com 48 horas de tratamento. Se após 7 dias não houver sinais de melhora, é preciso voltar ao médico para reavaliar o tratamento.
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