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1 HOSPITAL GERAL ROBERTO SANTOS SERVIÇO DE PEDIATRIA DIARREIA CRÔNICA Thaís Mello Cibele Dantas _______________________________________________________________ INTRODUÇÃO A diarreia é uma patologia de elevada importância na pediatria, por representar uma queixa frequente nos ambulatórios e emergências. De acordo com sua duração, ela pode ser dividida em aguda e crônica, sendo a crônica aquela que perdura por mais de 14 dias. A diarréia crônica tem uma prevalência estimada de 3 a 20% crianças acometidas em todo o mundo, sendo menos frequente em países desenvolvidos. A definição de diarreia corresponde a perda de mais que 10mL/kg/dia de fezes em crianças menores ou mais que 200g/dia em crianças mais velhas. Devido a dificuldade de mensuração das fezes na prática diária, têm-se uma definição que valoriza a frequência das fezes, classificando como diarréia a presença de três ou mais dejeções amolecidas a liquidas por dia. Diante desta definição deve-se ter cautela ao classificar como diarréia a frequência aumentada de dejeções que é encontrada normalmente em crianças menores de 1 ano. A etiologia da diarreia crônica é múltipla e extensa. A sua prevalência obedece a padrões geográficos e ocorre de acordo com o nível sócio- econômico do paciente. Entre as causas mais comuns de diarréia crônica nos países em desenvolvimento encontram-se as infecções entéricas, desnutrição, deficiência de micronutrientes, imunodeficiências e a síndrome da diarreia persistente. Nos países desenvolvidos evidencia-se uma importante redução de etiologias infecciosas, sendo as diarréias crônicas causadas por doenças que levam a mal absorção, como intolerância a lactose, alergia à proteína heteróloga, fibrose cística, doença celíaca e doença inflamatória intestinal.Geralmente as diarréias infecciosas, nos países desenvolvidos, acometem indivíduos com algum grau de imunossupressão, como os portadores do vírus HIV. FISIOPATOLOGIA A diarreia crônica resulta de alterações do transporte hidroeletrolítico intestinal, e pode ser causada pelos seguintes mecanismos fisiopatológicos: - Osmóticos: a presença de soluto não absorvível na luz intestinal exerce uma força osmótica, carreando água para dentro das alças e proporcionando a diarréia. Exemplo: deficiência de lactase - Secretório: existe uma alteração no transporte de eletrólitos através da membrana luminal, com perda excessiva de água e nutrientes para a luz intestinal. Exemplos: infecções por E. coli, Shigella, Salmonella 2 - Redução da área de superfície absortiva, tornando o intestino inapto a absorver adequadamente a alimentação ingerida, bem como a água nela contida.É o que ocorre na síndrome do intestino curto, após grandes ressecções intestinais e na doença celíaca, por atrofia da mucosa intestinal e redução de tamanho e número de vilosidades. - Alteração da motilidade intestinal: como na desnutrição, esclerodermia, diabetes mellitus e síndrome do intestino irritável. - Inflamatória: doenças em que as citocinas e outros mediadores inflamatórios estimulam a secreção de eletrólitos e água através da mucosa. Exemplos: doença inflamatória intestinal, alergia a proteína do leite de vaca, enterite eosinofílica. CLASSIFICAÇÃO Existem várias possíveis classificações para diarreia crônica: 1) Podem ser divididas em doenças que cursam com perda de peso e alterações no crescimento e desenvolvimento e doenças que mantém o estado geral da criança inalterado. No quadro abaixo estão listadas as principais etiologias a serem pensadas em cada caso. As enterites infecciosas geralmente cursam sem alterações expressivas do crescimento e desenvolvimento, mas devido à formação da síndrome da diarreia persistente, podem alterar os padrões antropométricos. Diarreia crônica Peso/estatura normais normais Perda peso/estatura - Diarréia crônica inespecífica - Síndrome do intestino irritável Relacionada à má digestão de carboidratos - Enteropatias alérgicas - Diarréia intratável da infância - Doença celíaca - Doenças inflamatórias intestinais - Tumores neuroendócrinos - Fibrose cística - Imunodeficiências - Síndrome da diarreia persistente Alterações funcionais -Intolerância à lactose. 3 2) Podem ser classificadas quanto ao seu mecanismo fisiopatológico: ETIOLOGIA Diante de uma criança com diarreia crônica, algumas etiologias de maior prevalência devem ser inicialmente suspeitadas, e causas mais raras poderão ser diagnosticadas com o evoluir da investigação. Diarréia crônica inespecífica: Diarreia não dolorosa, com três ou mais dejeções ao dia de fezes mal formadas e volumosas no período de vigília, geralmente as dejeções do inicio do dia são mais formadas. Não é acompanhada por déficits de crescimento e é benigna. Em alguns casos é associado a ingestão excessiva de sucos e reduzida de gorduras. É comum de 1 a 3 anos de idade. Diarreia crônica Osmótica Secretora Má absorção de gorduras 1) Mal absorção de ácidos biliares. 2) Abetalipoprotei- nemia 3) Fibrose cistica. 4) Deficiencia de lipase. Perda de proteínas 1) Deficiência de protease pancreatica isolada 2) Linfagiectasia 3) Obstrução linfática secundária 4) Alterações inflamatórias de mucosa intestinal. Má absorção de carboidratos 1) Deficiência de lactase. 2) Deficiência de sucrase-isomaltase 3) Mal absorção de glicose galactose. Mistas 1) Intestino curto 2) Desnutrição 3) Desordens de motilidade 1) Diarréias congênitas secretora de sódio e cloro 2) Doença de inclusão de microvilos 3) Enteropatias auto- imunes 4) Secreções desreguladas de enterohormônios. 4 Síndrome do intestino irritável: Distúrbio funcional da motilidade intestinal, sem causa anatômica ou lesões. Pode cursar com cólicas intermitentes, gases, alternância entre constipação e diarreia. Alterações emocionais podem desencadear os sintomas, pelo fato da secreção de mediadores neurologicos poderem influenciar a motilidade intestinal através de receptores para os mesmos, presentes no sistema gastrointestinal. É um diagnostico de exclusão e geralmente acomete adolescentes. Síndrome do intestino curto: Causada pela ressecção de segmentos intestinais longos devido à patologias cirúrgicas, reduzindo a superfície absortiva intestinal. Diarreias infecciosas: As infecções gastrointestinais costumam cursar com diarreias auto- limitadas, que geralmente não perduram por mais de 14 dias. Algumas condições no entanto, podem desencadear diarréias crônicas. Síndrome pós-enterite: Ocorre devido à lesão da mucosa intestinal durante a infecção, ocasionando uma diarréia crônica por déficit de absorção. Infecções por algumas bactérias como Campylobacter ou Salmonella podem tornar-se crônicas, especialmente em indivíduos com comprometimento imune. Colite pseudomembranosa: Causada pelo Clostridium difficile após uso de antibióticos pelo paciente. Parasitoses, especialmente a giardíase. Doença de Whipple: Associada a artralgias e perda de peso, causada pelo Tropheryma whipplei. Rara em crianças. Síndrome da diarréia persistente: Patologia que é resultado de um ciclo vicioso de associação de infecções entéricas com desnutrição, redução da imunidade e reinfecção. Não é comum em países desenvolvidos. Imunodeficiências (HIV, Deficiência de imunoglobulinas): Diarréia provocada geralmente por germes oportunistas (Isospora,Cyclospora e Cryptosporidium). Patógenos comuns também podem gerar diarréias crônicas nestes pacientes. A associação de outras infecções de repetição pode ajudar na suspeição diagnóstica. Diarreias auto-imunes: Doença Celíaca: Ocorre devido a um processo inflamatório na mucosa intestinal desencadeada pela exposição aos alimentos que contem glúten. Pode provocar um espectro variado de sintomatologias. Doença inflamatória intestinal: Englobando a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn, que são doenças inflamatórias idiopáticas. Alergia à proteina do leite de vaca. Gastroenterite eosinofílica: Geralmente associada com outras doenças alérgicas como asma, eczemas, rinite alérgica. O alérgeno especifico pode não ser identificado. 5 Síndrome IPEX: Associação de diarréia crônica com desregulação imune, poliendocrinopatia (diabetes e hipotireoidismo) e herança ligada ao X. Diarreias disabsortivas: Fibrose cística: Causada devido à insuficiência do pâncreas de secretar enzimas digestivas. Pode se apresentar desde o nascimento com ileo meconial e ser associada à prolapso retal e doença pulmonar. Síndrome de Shwachman-Diamond, Síndrome de Pearson e Síndrome de Johanson-Blizzard: Causas mais raras de insuficiências pancreáticas. Intolerância a lactose e outras dissacaridases. Abetalipoproteinemia: Reduz a capacidade de digestão de gorduras. Enteropatias perdedoras de proteína: Podem causar edema e estar associadas a redução da concentração de imunoglobulinas. Secundária a alterações da mucosa intestinal, devido à inflamações ou erosões da mucosas como na doença celíaca. Obstrução linfática, podendo ser primária ou secundária a outros processos patológicos. Diarreias secretórias congênitas: Diarréia secretora de cloro: Apresenta-se no período neonatal com hiponatremia, hipocloremia e alcalose metabólica. Diarréia secretora de sódio: Geralmente associada a atresia de coanas e ânus. As fezes são alcalinas, com alta concentração de sódio, geralmente associada a acidose metabólica. Doença da inclusão de microvilos: Apresenta-se no periodo neonatal como uma diarreia intratável, levando a desidratação hipotônica e acidose metabólica. O transplante de intestino muitas vezes é o único tratamento. Enteropatia com tufos: Grave, de inicio no periodo neonatal. Geralmente os pacientes não toleram dieta enteral. Pde estar associada a alterações oftalmológicas. Tumores Neuroendócrinos: Gastrinoma: Faz parte da síndrome de Zollinger Ellison, que acompanha diarréia crônica e úlceras pepticas. VIPoma: São raros em crianças. Mastocitose: Alguns casos de mastocistose podem acometer a secreção gástrica de histamina e levar a diarreia crônica. Diarreia facticia:Provocada pela ingestão de laxantes, com a intenção de induzir a diarréia. Na pediatria pode compor a sindrome de Murchausen por procuração. 6 INVESTIGAÇÃO: No atendimento à uma criança com diarreia crônica, é importante realizar a caracterização detalhada na anamnese e um exame físico minucioso. São dados que devem estar presentes na anamnese: 1. O tempo de duração da diarréia, bem como as características detalhadas do primeiro episódio (as circunstâncias no qual se estabeleceu a diarréia). – Diarréias iniciadas no período neonatal sugerem causas congênitas. 2. O número de dejeções por dia. 3. O aspecto das fezes: cor, volume, consistência, presença de muco, pus, sangue, gordura ou parasitas, bem como sua consistência, atentar para alterações na consistência ao longo do dia. Perguntar: As fezes bóiam no vaso? Há alimentos mal digeridos? Se houver sangue, perguntar: O sangue vem misturado nas fezes, antes das dejeções ou após? É sangue vivo ou sangue escuro? Diarreias crônicas que apresentam sangue nas fezes podem ser ocasionadas por enteropatias alérgicas, doenças inflamatórias intestinais ou enteropatias inflamatórias. 4. As circunstâncias das dejeções amolecidas. Atentar para a relação com algum alimento especifico. 5. Existência de sintomas associados: dor abdominal, flatulência, febre, vômitos, manifestações respiratórias (infecções de repetição), convulsões, tenesmo. 6. Inquérito alimentar. Atentar para mudanças recentes no padrão da alimentação, diarréias iniciadas após introdução de glúten na dieta sugerem doença celíaca. 7. Procurar sobre a presença da diarreia durante o sono. A diarreia crônica inespecífica mostra-se presente apenas no período de vigília. 8. Coletar dados sobre os antecedentes patológicos, realização de cirurgias prévias no sistema gastrointestinal. 9. Investigar a história familiar, presença de doenças alérgicas ou auto-imunes na família. No exame físico deve-se estar atento a alguns sinais relevantes: 1. Dados antropométricos: Avaliar o comprometimento nutricional (medir peso e altura). 2. Mucosas: Avaliar presença de hipocromia, indicativo de anemia e grau de hidratação. 3. Segmento Cefálico: Avaliar presença de polipose nasal (fibrose cística). Presença de halitose e estomatite. 4. Pele: Avaliar anormalidades cutâneas como exantema ou dermatites (dermatite herpertiforme, associada com doença celíaca), mancha pelagroide (desnutrição). 5. Aparelho Respiratório: Observar presença de alterações respiratórias, sibilos, esforço respiratório (fibrose cística). 6. Aparelho Gastrointestinal: Avaliar dor e distensão abdominal, presença de massa abdominal ou visceromegalias. Avaliar cicatrizes cirúrgicas. Realizar toque retal e verificar presença de fissura anal (doença de Crohn) e eritema perianal (intolerância a lactose), 7 7. Sistema Osteomioarticular: Afastar presença de artrites e artralgias (doenças inflamatórias), hipotonia muscular (abetalipoproteinemia) 8. Extremidades: Avaliar presença de edema, que pode sugerir enteropatia perdedora de proteína. 9. Sistema Nervoso: Avaliar alterações neurológicas como ataxia (abetalipoproteinemia), autismo (doença celíaca). EXAMES COMPLEMENTARES Muitos são os exames disponíveis a serem solicitados para o paciente com diarréia crônica, desde os mais simples como o parasitológico de fezes até os mais invasivos como a retossigmoidoscopia com biópsia. Portanto, uma anamnese e exame físico detalhados são fundamentais no direcionamento da investigação diagnóstica. Deverá sempre se evitar o emprego de exames desnecessários. Devemos sempre partir dos exames mais simples para os mais complexos e invasivos. Exames iniciais: 1) Exame macroscópico das fezes: indica presença de sangue, muco, pus, alimentos mal digeridos, parasitas, além de caracterizar o aspecto, a consistência e sua composição. 2) Parasitológico de fezes e Coprocultura: demonstra a presença de parasitas, protozoários, helmintos e bactérias que podem determinar a diarréia. 3) Pesquisa de leucócitos, pH fecal, substâncias redutoras e sangue oculto: identificam leucócitos fecais (presente na inflamação colônica) e sangue vivo ou oculto, podendo traduzir a inflamação e a destruição da mucosa intestinal em casos de colites e de diarréias infecciosas invasivas. Nas doenças inflamatórias e alérgicas poderemos ainda encontrar neutrófilos, monócitos e eosinófilos. Se substâncias redutoras estiverem presentes e pH fecal for ácido indicam má absorção de carboidratos. 4) Pesquisa de vírus nas fezes: técnica ELISA para rotavírus e adenovírus. 5) Exames laboratoriais: hemograma, VHS, PCR, eletrólitos, uréia, creatinina, enzimas hepáticas, bilirrubinas, enzimas pancreáticas, colesterol total e frações, albumina. Elevação de VHS e PCR podem indicar doenças inflamatórias. A partir da avaliação inicial destes exames associadas a historia clinica e exame físico, a investigaçãoseguirá de acordo com as principais suspeitas diagnósticas. Exames específicos: Doença Celíaca: 1) Dosagem do anticorpo IgA anti-transglutaminase e anti-endomísio. 2) Biópsia de duodeno 3) Dosagem da concentração total de IgA – para evitar falsos negativos. Colite pseudomembranosa: 1) PCR para identificação da toxina do Clostridium difficile nas fezes. 8 Alergia a proteína do leite de vaca: 1) Teste terapêutico com retirada de alimentos lácteos da dieta. 2) Teste do desencadeamento com a reexposição aos alimentos retirados. 3) Dosagem de IgE total e IgE sérica especifica (RAST, Imunocap): Caseína, Lactoalbumina e Betalactoglobulina. 4) Prick test: Alto valor preditivo negativo. Enteropatia eosinofílica: 1) Colonoscopia e endoscopia com biópsia de segmentos. Imunodeficiências: 1) Sorologias anti-HIV 1 e 2. 2) Dosagem de imunoglobulinas. Máabsorção de carboidratos: 1) Teste de hidrogênio expirado: Irá identificar a intolerância aos carboidratos. Detecta o hidrogênio no ar expirado após fermentação de carboidratos na luz intestinal e sua absorção pela mucosa. Valores superiores a 20ppm do valor inicial traduzem má absorção de carboidratos ou supercrescimento bacteriano. 2) Teste de tolerância oral à lactose. Má absorção de gorduras: 1) Teor de gorduras nas fezes (Esteatócrito): identifica quantitativamente a perda de gordura pelas fezes ou a esteatorreia. Avalia a má-absorção. Necessita da coleta de todo volume fecal por 3 a 5 dias, com dieta apropriada. 2) Coloração do Sudam III: avaliação qualitativa da má absorção de gorduras, através do exame microscópico das fezes após adição do corante Sudam III. Este é um exame qualitativo e é solicitado apenas como triagem. 3) Dosagem de vitaminas lipossolúveis. 4) Lâmina de sangue periférico: Presença de acantócitos na abetalipoproteinemia. Enteropatia perdedora de proteínas 1) Dosagem da alfa-1-antitripsina fecal: proteína resistente à hidrólise no trato gastrointestinal. Realizado para detectar perda protéica nas fezes, comum de ocorrer na fibrose cística, doenças inflamatórias intestinais, doença celíaca, linfangiectasia e gastroenteropatia alérgica. 2) Dosagem de imunoglobulinas, albumina, fibrinogênio, transferrina e ceruloplasmina, geralmente reduzidos. 3) RNM, na tentativa de localizar a lesão. 4) Endoscopia digestiva alta e colonoscopia com biópsia de segmentos. Investigação da função pancreática exócrina: 1) Teste do suor: Diagnostica a fibrose cística, causa mais comum de insuficiência pancreática exócrina na infância, toda criança com 9 síndrome disabsortiva deve ser investigada para a doença. Valores de concentração de cloro no suor superiores a 60mEq/l sugerem a doença. 2) Pesquisa de elastase 1 e quimotripsina nas fezes: Concentrações reduzidas na insuficiência pancreática. Doenças inflamatórias intestinais: 1) Dosagem de calprotectina fecal: mostra-se elevada nas doenças inflamatórias. 2) Colonoscopia e endoscopia digestiva alta com biópsia de segmentos intestinais. 3) Dosagem de p-ANCA e ASCA. 4) Enteroressonância nuclear magnética. Diarreia factícia: 1) Pesquisa de fenoftaleína, sulfato de magnésio e fosfato nas fezes: para determinar se a diarréia é secundária à laxantes. Diarreias secretórias congênitas: 1) Dosagem de eletrólitos fecais e pH fecal. 2) Testes de mutações genéticas. 3) Hemogasometria. 4) Colonoscopia e endoscopia digestiva com biópsia de segmentos. Caso toda investigação tenha sido negativa, mesmo após realização dos exames de alta complexidade, exames hormonais, neurohormonais e de neurotransmissão, como o polipeptídeo intestinal vasoativo, deverão ser solicitados. TRATAMENTO As condutas terapêuticas dependerão da etiologia da diarréia crônica, não se esquecendo de oferecer o suporte nutricional adequado desde o início da investigação, incluindo reposição de micronutrientes e vitaminas em pacientes desnutridos. O uso de probióticos é controverso, porém é aceito na literatura na tentativa de reduzir a diarréia ocasionada pelo uso de antibióticos e alguns estudos mostram uma discreta melhora da diarréia nas enteropatias infecciosas. Drogas antidiarreicas não devem ser utilizadas na vigência de diarreia crônica em crianças pelos riscos de efeitos colaterais e de megacolon tóxico. Quadros benignos e transitórios como a síndrome do cólon irritável e a diarreia crônica inespecifica poderão melhorar apenas com aumento do teor de gordura e fibra na dieta além de restrição hídrica, especialmente com relação aos sucos. O encaminhamento para o especialista (gastropediatra), deve ser realizado caso as suspeitas diagnósticas apontem para etiologias crônicas que necessitarão de acompanhamento prolongado. 10 REFERÊNCIAS 1) Guarino A, Lo Vecchio A, Berni Canani R. Chronic diarrhea in children. Best Pract Res Clin Gastroenterol 2012; 26:649. 2) Lee Song K, Kang Soo D, Yu J, Chang Pyo Y, Park Sung W. How to do in persistent diarrhea of children?: Concepts and treatments of chronic diarrhea. Pediatric Gastroenterology, Hepatology & Nutrition, 2012, December 15(4): 229-236. 3) Zhao H, Zhang J, You J. Research progress in causes of persistent or chronic diarrhea in children. CJCP,2012, 14(08): 639-642. 4) Filho Rocha W, Scalco Faria M, Pinto Andrade J. Alergia à proteina do leite da vaca. Rev Med Minas Gerais 2014; 24(3): 364-380. 5) Kliegman, Behrman, Jenson, Stanton. Diarréia crônica. Nelson Tratado de Pediatria, 2013; 19ª edição; Seção 4: Estômago e Intestinos.
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