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1 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA O objetivo deste curso é proporcionar ao aluno o conhecimento através de estudos e técnicas do design gráfico para desenvolver uma linguagem visual e criar artes gráficas digitais para divulgação de produtos e serviços nas redes sociais. Para tanto, será necessário conhecer estudos da cor, tipografia, percepção e forma para aprimorar o desenvolvimento da linguagem visual e obter conhecimentos básicos de ferramentas e linguagens do design gráfico como instrumento de reflexão, forma de expressão e comunicação voltado à criação de artes gráficas para redes sociais. A professora deste curso será a Juliana Colli. É Mestra em Teoria e História da Arte e graduada em Design pela Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência em design, inovação e economia criativa. É empreendedora dOPARQUE, uma plataforma de experiências criativas; e atua como professora de design no Centro Estadual de Educação Técnica Vasco Coutinho (CEET), na Escola de Serviço Público do Espírito Santo (ESESP) e no Centro Universitário FAESA. Contribui, também, com algumas organizações como InovaTe e o Distrito Criativo de Vitória. Eventualmente compartilha algumas histórias sobre criatividade nas redes sociais https://www.instagram.com/bolotas/ e https://www.linkedin.com/in/julianacolli/ 3 INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO VISUAL GRÁFICO A criação de artes e mais especificamente, artes para divulgação de produtos e serviços nas redes sociais é uma atividade mais complexa do que pode parecer. Para isso precisaremos entender o que está por trás dessa criação e como planejar o que queremos dizer e para quem. Atualmente, com o advento das novas tecnologias, como os smartphones, telas touch screen e uma infinidade de aplicativos tem ficado muito mais fácil conseguir criar e editar textos e imagens. No entanto é importante pensar que a criação de textos e imagens existe há muito tempo, bem antes da ascensão do digital. Para entender bem desse assunto teríamos que fazer uma viagem pela história da comunicação, conhecer os movimentos artísticos, a invenção da imprensa e o surgimento das tecnologias que proporcionaram a criação, edição e circulação das primeiras mídias, como os livros, jornais e revistas. Existem alguns cursos específicos e bem mais aprofundados como os cursos nas áreas de design e comunicação. No entanto para o nosso curso é importante saber que ter acesso aos softwares e/ou aplicativos de criação de textos e imagens é só o primeiro passo, mas não garante que você vá criar boas artes, nem fazer uma boa divulgação. Na criação de artes e mensagens, o significado não se encontra apenas nos efeitos da disposição dos elementos básicos, mas também no mecanismo perceptivo universalmente compartilhado pelo ser humano. Ou seja, é preciso entender um pouco sobre o funcionamento da percepção humana, como nós 4 vemos, ouvimos, lemos, entendemos e processamos as mensagens. Só a partir desse entendimento é que conseguiremos de fato fazer um planejamento bem assertivo para falar a coisa certa para o público certo. É importante saber que ao adentrar nesse universo da criação e das tecnologias, vai ser muito comum surgir muitas palavras novas e principalmente muitas palavras em inglês. Não se assuste! Será muito recorrente, mas não será limitante no seu processo de aprendizado, mesmo que você não tenha domínio da língua. O próprio título do nosso curso existe uma questão importante: Criação de artes para divulgação nas Redes Sociais. A palavra "arte” tem sido muito utilizada nesse universo para se referir a imagens usadas com algum objetivo bem prático, como por exemplo: arte do cartaz, arte do post da rede social e etc. Como essa apropriação tem sido muito usada, optamos por usá- la no título do curso. No entanto a palavra mais adequada nesse sentido é layout, justamente uma palavra em inglês. OS QUATRO PRINCÍPIOS BÁSICOS O planejamento visual é um processo de ordenamento dos elementos visuais num plano visual. E dividem-se basicamente em 4 princípios: 1. Proximidade; 2. Alinhamento; 3. Repetição; e 4. Contraste. 5 PROXIMIDADE O objetivo básico da proximidade é organizar. O simples agrupamento de elementos relacionados em proximidade cria uma organização. Informação organizada = leitura fácil e memorização. Dê uma olhada neste cartão de visitas. Quantos elementos individuais você pode ver neste pequeno espaço? Quantas vezes seu olho pára para visualizar algo? Imagem ilustrativa do livro Design para quem não é Designer página 16. Provavelmente você começou a ler esta imagem pela parte central, pois o nome está em negrito (ou em bold) e chama mais atenção. O que você leu a seguir não tem como ser previsto, pois não há uma hierarquia clara. Ou seja, não foi planejado e provavelmente o leitor fica confuso. Um dos problemas do cartão anterior é que nenhum dos 4 itens dos cantos parece estar relacionado q qualquer outro. Não está claro por onde a leitura deve começar ou terminar. Agrupando os elementos por semelhança, veja o que acontece: 6 Imagem ilustrativa do livro Design para quem não é Designer página 17. Será que ainda existe alguma dúvida sobre onde começar a ler o cartão? Se os itens estiverem relacionados entre si, agrupe-os em proximidade. Separe-os se eles não estiverem diretamente ligados. Será que isso realmente funciona? Veja outro exemplo, mais prático e mais simples: Cores: Vermelho Azul Verde Amarelo Fontes: Arial Calibri Cambria Courier 7 Mídias: Feed Instagram Storie Instagram Capa Facebook Post Facebook O maior problema dessa lista é que tudo está próximo de tudo, dificultando uma relação ou organização. Não há uma hierarquia clara da informação apresentada. Cores: Vermelho Azul Verde Amarelo Fontes: Arial Calibri Cambria Courier Mídias: Feed Instagram Storie Instagram Capa Facebook Post Facebook 8 A partir da mesma lista fizemos alguns ajustes criando grupos visuais. Acrescentamos um contraste nos títulos e a linha divisória dá-se mais legibilidade, o que torna mais fácil uma relação entre título e seus tópicos. Também diminuímos o tamanho da letra e o espaçamento dos tópicos para ficar mais claro o que é título e o que é tópico. Para lembrar: ● Os itens relacionados entre si devem ser agrupados. ● Quando vários itens estão próximos tornam-se uma unidade visual e não várias unidades individualizadas. ● Ajuda a organizar as informações e acaba com a desordem. Dicas Proximidade: ● Analise quantos e quais são os elementos visuais da sua arte. ● Veja quais podem ser agrupados num mesmo elemento, para que se tornem uma unidade visual. ● Evite muitos elementos separados em uma arte. ● Não coloque os itens somente nos cantos ou no meio da arte. ● Não relacione elementos que não devem ser agrupados. ALINHAMENTO É comum para os iniciantes, colocarem texto e/ou imagem em qualquer lugar de um layout. No entanto cada elemento deve ter uma ligação visual com outro elemento do layout, criando organizações visuais. Layout alinhado = sensação de organização. 9 Fique atento a cada emento que você colocar no layout. Busque alinhar cada objetivo junto com outros objetos que formem um grupo. Pense que o princípio da Proximidadetambém se aplica junto ao princípio do Alinhamento. Abaixo temos dois layouts para uma mesma capa de relatório. Na imagem do lado esquerdo podemos observar um formato padrão bastante conhecido, com uma aparência quase amadora de alinhamento centralizado. No layout da direita temos um alinhamento diferenciado que confere à capa do relatório uma aparência mais sofisticada. A diferença entre ambas é bastante sutil mas mostra que houve um pensamento para a criação da imagem da direita enquanto na imagem da direita parece que não houve um planejamento visual, apenas colocou a informação no modo automático. Imagens ilustrativas do livro Design para quem não é Designer página 30. 10 Os alinhamentos mais comuns são: Alinhamento à esquerda; Alinhamento à direita; e Centralizado; Também temos o texto justificado. Algumas pessoas o classificam como alinhado à direita e à esquerda e algumas como blocado. As linhas de texto ficam alinhadas dos dois lados. Só utilize este alinhamento se as suas linhas puderem ter uma largura tal que evite a formação de “vazios" horríveis entre as palavras. Às vezes é possível utilizar alinhamentos diferentes num mesmo layout, mas é importante que você se certifique se alinhar os elementos de alguma maneira. Imagem ilustrativa do livro Design para quem não é Designer página 30. 11 Dicas de Alinhamento: ● Esteja consciente do posicionamento dos elementos no layout. ● Encontre sempre algo a mais no layout para fazer o alinhamento, mesmo que os objetos estejam fisicamente distantes. ● Evite usar muitos alinhamentos diferentes em um mesmo layout. REPETIÇÃO O princípio da repetição afirma que algum aspecto do layout deve repetir-se no material inteiro. O elemento repetitivo pode ser um título em negrito ou um elemento gráfico. Você já utiliza a repetição no seu trabalho quando cria títulos com o mesmo tamanho ou estilo. São exemplos de repetição. Seguindo essa mesma lógica é possível ir mais além criando "consistência" já que a repetição dos elementos visuais unifica e fortalece o layout. Nas imagens abaixo repare como a repetição de alguns elementos gráficos ajudam a reforçar a identidade da marca. Imagens do feed do Instagram disponível em www.instagram.com/amadoriabh/ 12 Dicas de Repetição: ● O elemento repetitivo pode ser um título, uma cor ou algum elemento gráfico ou qualquer outro item que seja reconhecido visualmente. ● Adapte os elementos a serem repetidos para dos diferentes formatos. ● Evite repetir elemento em demasia para que o layout não se torne cansativo. CONTRASTE É uma das maneiras mais eficazes de acrescentar algum atrativo visual a um layout, ou seja, algo que realmente faça com que uma pessoa queira olhar para ele, que chame atenção. O objetivo do contraste é evitar elementos meramente similares em um layout. Se os elementos (letra, cor, tamanho, espessura da linha, forma, etc) não forem os mesmos, diferencie-os completamente para evitar a ambiguidade ou ficar parecendo um erro. O contraste é um ponto muito importante na organização das informações. Trabalhando bem os quatro princípios é possível que o leitor seja capaz de, à primeira passada de olhos sobre um layout, compreender imediatamente o que ele representa. Nas imagens abaixo é possível observar como o uso do contraste nos títulos da imagem (b) melhora a organização do currículo, deixando as informações mais claras e dando destaque às partes mais importantes. 13 Imagem (a) ilustrativa do livro Design para quem não é Designer página 56. 14 Imagem (b) ilustrativa do livro Design para quem não é Designer página 57. 15 Os objetivos básicos do contraste são: criar interesse no layout, pois se ele tiver uma aparência interessante atrairá mais o leitor. O outro é auxiliar na organização das informações de modo que o leitor seja capaz de compreender rapidamente como as informações estão estruturadas e o fluxo lógico da leitura. Dicas de Contraste: ● Aplique contraste em suas opções de letras, nas espessuras das linhas, nos tons das cores, nas formas, nos tamanhos, nos espaços e etc. ● Descubra maneiras de contrastar os itens para tornar o layout mais interessante. ● O importante sempre é criar elementos marcantes. ● Os espaços vazios são elementos importantes para o layout. Ele funciona para equilibrar espaços, reforçar a unidade de grupos, harmonizar áreas e aumentar o contraste. ● Se você quer criar contraste, faça-os de maneira forte. O QUE FAZER PARA AMPLIAR O REPERTÓRIO VISUAL Para criar bons layouts é imprescindível conhecer e aplicar os fundamentos teóricos básicos de um bom planejamento visual. No entanto além dessa parte mais técnica é importante construirmos um repertório visual. Como o próprio nome já sinalizada, repertório é um conjunto de assuntos acumulados e que, nesse, caso nos auxiliar a tomar decisões e criar layouts mais criativos. Quanto maior for o nosso repertório melhor serão as 16 escolhas gráficas e provavelmente, mais criativo será o layout. Não se constrói um repertório de um dia para o outro. Repertório visual se constrói ao longo da vida desde o momento que começamos a prestar atenção no planejamento visual das coisas do mundo ao nosso redor, os outdoors nas ruas, os muros grafitados, as imagens na internet, os panfletos na rua, os layouts das lojas, o trânsito e muito mais. Se pararmos para prestar atenção na dinâmica do nosso dia-a-dia, há muita inspiração para nos auxiliar a sermos mais criativos. Abaixo seguem algumas dicas para aumentar ainda mais a sensibilidades visual e ampliar o repertório visual: Veja: crie um arquivo de ideias. Uma pasta digital ou até mesmo uma caixa física onde você possa guardar materiais gráficos que te chamaram atenção, como: anúncios, folhetos, imagens, letras, fotografias, embalagens, propagandas, ou seja, qualquer coisa que te chame atenção. Use as redes sociais a seu favor, siga perfis inspiradores no Instagram para que todo dia pareça na sua timeline algo interessante visualmente. Procure por perfis de designers, artistas, profissionais da fotografia e outras pessoas que façam postagens que tenham um conteúdo realmente inspirador visualmente. Procure todos os dias ler alguma notícia ou postagem de algum blog sobre arte, design ou criatividade. Tem muita coisa interessante na internet!! Sugestões de blogs de entretenimento criativo: https://followthecolours.com.br https://www.draw.art.br http://www.ideafixa.com 17 https://revistak7.com.br Sugestões de blogs de design: https://www.des1gnon.com https://www.designculture.com.br http://sala7design.com.br https://chocoladesign.com Sugestões de perfil inspiradores no Instagram: @julianamoore.lettering @ mikeperrystudio @ marykatemcdevitt @ letrasderua Diga: Ao observar um layout do qual você goste, passe alguns minutos descrevendo mentalmente os motivos de sua aprovação. Conscientemente, indique os pontos nos quais foram aplicados os princípios da proximidade, alinhamento, repetição e contraste. Faça esboços: Quando você se deparar com um material gráfico feito de maneira bem amadora ou graficamente ruim, faça um esboço de como esse layout poderia ter sido feito. Procure reorganizar os elementos, aplicar os princípios e tente fazer um novo planejamento visual.Quando você realmente coloca o lápis sobre o papel, mais ideias surgem, o que não acontece com tanta 18 ênfase se você simplesmente não pensar a respeito. É importante que sejamos críticos em relação aos layouts que vimos durante o dia, para que possamos cada vez ser mais assertivos e mais criativos. REFERÊNCIAS WILLIAMS, Robin. Design gráfico para quem não é designer: noções básicas de planejamento visual. São Paulo: Callis, 1995. FRASER, Tom. O essencial da cor no design. São Paulo: Senac. 2011. 19