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Aula 7 26-09 - Criação de Peixes - Sidney NP2

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Aula 7 26/09 - Criação de Peixes - Sidney NP2
Aquicultura: cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático. Pode ser tanto continental (água doce) como marinha (água salgada), sendo esta última chamada de maricultura.
A atividade abrange as seguintes especialidades: 
Piscicultura: criação de peixes, em água doce e marinha. 
Malacocultura: produção de moluscos, como ostras (ostreicultura), mexilhões (mitilicultura), caramujos e vieiras.
Carcinicultura: criação de camarão em viveiros.
Algicultura: cultivo de macro ou microalgas.
Ranicultura: criação de rãs.
Criação de jacarés.
A produção brasileira de peixes em cativeiro se dá na sua maior parte no centro oeste, principalmente no Mato Grosso. 
O Brasil é um país que reúne excelentes condições para o desenvolvimento da piscicultura, por ter um clima favorável, grande abundância de recursos hídricos, espécies nativas com potencial e grande mercado consumidor de carne e peixes. 
Plano de negócio para Piscicultura: é imprescindível empregar essa ferramenta no meio rural, haja vista que um dos principais setores da economia brasileira é o agronegócio. 
Itens de avaliação do mercado:
Principais empresas e instituições
Compras governamentais (municipal, estadual e federal)
Espécie de peixe que compram
Tamanho médio do peixe
Quantidades que compram
Período do ano que mais compram
Valor de compra por quilo
Condições de pagamento
Identificar as vantagens do modelo de comercialização
Identificar as desvantagens do modelo de comercialização. 
Implantação de projetos em pisciculturas:
Requisitos: topografia, relevo, qualidade e disponibilidade de água, condições climáticas. 
Planejamento: mercado, restrições ambientais, infraestrutura básica, clima, topografia, tipo de solo, água, etc. 
Estudo preliminar na área: área isenta de restrições; reserva legal; APP; local limpo; declividade leve; sem afloramentos rochosos; próximo à sede da propriedade; compatibilidade do clima; infraestrutura básica; disponibilidade de mão de obra, insumos e serviços; acesso ao mercado consumidor. 
A escolha do sistema de cultivo (extensivo, semi-intensivo, intensivo ou superintensivo), vai depender de: área e água disponível, recursos disponíveis, retorno previsto do investimento. 
O dimensionamento das estruturas de cultivo vai depender de: recurso disponível, produção (Kg/ano), produtividade (Kg/há/ano), biomassa (capacidade do sistema), espécie de peixe, número de espécies, fases de cultivo. 
Tipo de solo: solos muito argilosos podem apresentar rachaduras quando expostos ao sol, causando vazamentos ou infiltrações. O ideal seria solo de textura média (em torno de 30 a 40% de argila). 
Teste de campo: modelagem da letra S com argila. A identificação a campo não exclui a necessidade de se fazer análise em laboratório para a exata identificação do tipo de solo. 
Solo arenoso – menos de 15% de argila
Solo de textura média – 15 a 35% de argila
Solo argiloso – mais de 35% de argila, permite a formação da letra S. 
Qualidade e disponibilidade de água: 
Fontes de água: rios, córregos, represas, açudes, minas, poços e das chuvas.
A qualidade e quantidade devem ser compatíveis com a exigência do projeto. 
Piscicultura no Brasil – Espécies Nativas
Grande número de espécies nativas, porém poucas são utilizadas na piscicultura. As espécies que se destacam são: Tambaqui, Pacu, Tambacu, Pintado, Matrinxã, Curimbatá, Lambari, Picarucu.
	Parâmetros de qualidade da água
	CLIMA
	CONFORTO
	OXIGÊNIO DISSOLVIDO
	pH
	NH3
	ALIMENTAÇÃO
	PACU
	Tropical: 15-32°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/L
	4,0 - 9,0 ideal: 7,4
	0,5 mg/L
	Onívoro/Frugívoro. Folhas, caules, flores, frutos, sementes, insetos, aracnídeos, moluscos e peixes
	TAMBAQUI
	Tropical: 15-32°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/L
	4,0 - 9,0 ideal: 7,4
	0,5 mg/L
	Onívoro/frugívoro/filtrador. Crustáceos (zooplâncton), frutos e sementes.
	PIRACURU
	Tropical: 15-32°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/L
	4,0 - 9,0 ideal: 7,4
	0,5 mg/L
	Carnívoro/filtrador. Insetos, vermes de água, peixes (corvina, tucunaré, cascudos), crustáceos.
	PINTADO
	Tropical: 15-32°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/L
	4,0 - 9,0 ideal: 7,4
	0,5 mg/L
	Carnívoro. Peixes, crustáceos, anelídeos, anfíbios.
Espécies Exóticas: menor número de espécies, porém são muito utilizadas na piscicultura. As que se destacam são: Tilápia, Carpas e Bagre. 
	TILÁPIA
	Tropical: 
15-32°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/dL
	4,0 – 9,0 ideal: 7,4
	0,5 mg/dL
	Onívoro/oportunista. Exigência 28-36% PB, 3350-4300 kcal/kg. Lipídeos 5-12%. Carboidratos 35%
	CARPA COMUM
	Tropical:
 0-40°C
	23-30°C
	Acima 3,5 mg/dL
	4,0 – 9,0 ideal 7,4
	0,5 mg/dL
	Onívoro. Animais bentônicos, restos de material orgânico.
Indicadores de desempenho para piscicultura
Ganho de peso individual – GDP (g/dia)
Sobrevivência – SV (%)
Peso médio dos peixes – Pm (g)
Biomassa estimada (kg)
Conversão alimentar – CA
Densidade de estocagem – DE (peixes/área)
Ciclo de produção – tempo para atingir o peso de venda. Em geral, expresso em meses ou dias. 
Produção total – PT (kg ou ton). Peso obtido nas despescas. 
Para se ter uma noção de tempo das práticas descritas até agora no cultivo de peixes, colocar-se-á um calendário do cultivo anual e do cultivo de dois anos. 
Cultivo anual: objetivo são animais de 1kg que terão seu período de crescimento em apenas um verão. 
Junho, julho, agosto: preparo do açude, adubação inicial, enchimento do açude. 
Setembro, outubro: alevinagem, cuidado predadores. 
Novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril: adubação manutenção
Maio: despesca (normalmente aproveitando a semana santa). 
Cultivo de dois anos: dois motivos. Ou o piscicultor adquiriu os alevinos no meio do verão (janeiro/fevereiro), impossibilitando a despesca em abril, optando por mais um ano de ciclo. Ou se fez esta técnica de propósito para ter animais com maior peso. 
Não faz a despesca no primeiro maio, continua adubação manutenção. 
Junho, julho, agosto: perigo na adubação devido ao frio. Acompanhamento diário. 
Setembro a fevereiro: adubação manutenção. 
Março, abril, maio: antecipação da despesca. Despesca peixes maiores. 
Flushing de Verão: técnica usada por piscicultores mais experientes. Separa-se, no mês de dezembro, em um açude pequeno, um lote de animais (principalmente carpa capim e húngara) com peso entre 500 e 700g. Realiza-se uma suplementação com ração durante 100 dias com base em uma conversão alimentar média de 2:1. Deste modo, cada kg de peixe vivo colocado neste açude receberá em 100 dias o equivalente a 2kg de ração objetivando a constituição de 1kg de carne.
Essa técnica tem grandes vantagens, pois facilita o manejo de ração (evita desperdício e maximiza conversão alimentar) e propicia a oferta de animais com peso de abate próximo a semana santa (retorno rápido do investimento com ração). 
Classificação quanto ao uso de água: sistemas de água parada ou estáticos; sistemas com renovação de água; sistemas de circulação de água. 
Sistemas de produção:
Sistema extensivo: açudes, barragens, represas; intervenção inexistente; alimentação; fertilização. 
Sistema semi-intensivo: mais utilizado no Brasil; viveiros e barragens; planejamento. 
Sistema intensivo: tecnologia moderada; uso de ração completa e balanceada; densidades altas; viveiros, tanques; alta produtividade (10 a 15 t/há/ano). A alimentação que determina a criação dos peixes. 
Sistema super intensivo: tecnologia de ponta; uso de ração completa e balanceada; densidades altas; Raceways ou tanques-rede; alta produtividade (>200 kg/m³/ano)
Raceway ou sistema de fluxo contínuo: baseia-se no abastecimento contínuo de água nos tanques de cultivo. São geralmente tanques retangulares ou circulares de concreto ou outro material que resista ao atrito constante da água em suas paredes, são rasos e permitem uma grande densidade de estocagem. 
Classificação quanto ao uso de espécies: 
Sistemas consorciados:
disponibilidade de sub-produto. Geralmente suíno e aves. As fezes obtidas na criação de suínos ou aves são transportadas para os viveiros de peixes e assim, a produção de suínos sustenta a produção de peixes, fornecendo alimento. 
Sistema semi-intensivo – extensivo – semi-intensivo
Sistemas em policultivo: cria várias espécies de peixes. Espécies: carpa capim, carpa cabeça grande, carpa prateada, carpa húngara, tilápia, jundiá. 
Sistemas em monocultivo: criada apenas uma espécie de peixe.
Principais pontos críticos na produção de peixes: manejo, alimentação, qualidade da água, densidade de lotação, transporte e abate. -> podem levar ao estresse. 
Características gerais dos peixes
São vertebrados de respiração branquial e incapazes de regular sua temperatura corporal > pecilotérmicos. 
Realizam todo o seu ciclo de vida na água. Reprodução e alimentação. 
Em geral, possuem corpo afilado ou fusiforme (hidrodinâmico), simétrico bilateralmente, coberto por escamas, nadadeiras e uma camada de muco recobrindo todo o corpo. 
As nadadeiras dos peixes são responsáveis pela locomoção e equilíbrio dos animais. Dividem-se em nadadeiras pares (ventrais e peitorais), e ímpares (anal, caudal, dorsal e adiposa). 
Peixes carnívoros: truta, traíra, blackbass, tambica, dourado. 
Peixes herbívoros: carpa-capim
Peixes plantófagos: carpas, tilápias.
Peixes iliófagos: curimbatá. – se alimentam do material orgânico no fundo do lago. 
Peixes onívoros: carpa comum
Sistema respiratório
Brânquias ou guelras: auxilia na troca gasosa entre as brânquias e a água. Difusão através do epitélio diferenciado das brânquias entre sangue e água.
Troca gasosa: ocorre nas lamelas à medida que a água flui entre elas numa direção e o sangue na direção oposta. 
Abre boca > fecha opérculo > pressão negativa de entrada de água.
Fecha boca > abre opérculo > pressão positiva de saída de água
Força a passagem da água com alta pressão e com velocidade sobre as brânquias. 
Quanto maior a concentração de oxigênio e menor a de gás carbônico na água, mais facilmente se processa a respiração dos peixes. 
O gás carbônico interfere com a absorção de oxigênio pelos peixes. 
Quanto mais alta a temperatura da água, maior o consumo de oxigênio pelos peixes.
 
Ao se estabelecer uma criação de peixes, cria-se um ecossistema aquacultural. Cientificamente um ecossistema constitui-se de um biótopo e de uma biocenose, ou um conjunto das populações do meio. 
Qualidade da água – principais parâmetros:
Temperatura: 25 – 28°C
Transparência: 20 – 50 CM
Oxigênio dissolvido: > 3,0 mg/L
pH: 7,0 - 8,0
Compostos nitrogenados (amônia, nitrito e nitrato)
Amônia total: 2 a 3 mg/L (, 0,20 mg/L)
Nitrito: < 0,5 mg/L
Nitrato: < 1000 mg/L
Dureza: 20 – 120 mg/L 
Alcalinidade: > 30 mg CACO3/L
As trutas e os salmões, espécies originárias de regiões de clima temperado, são os exemplos clássicos de espécies de águas frias. 
Peixes oriundos de regiões tropicais, como o pacu e as tilápias, são chamados de peixes de água quente. 
Temperatura abaixo do ideal: animais em estresse. Não se alimentam adequadamente. 
Temperatura acima do ideal: desarranjo metabólico, mal funcionamento das enzimas. Morte do animal. 
Eutroficação: ou eutroficação. Fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fósforo ou nitrogênio) numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas. Estas, por sua vez, fomentam o desenvolvimento dos consumidores primários e eventualmente de outros elementos da teia alimentar nesse ecossistema. Este aumento da biomassa pode levar a uma diminuição do oxigênio dissolvido, provocando a morte e consequente decomposição de muitos organismos, diminuindo a qualidade da água e eventualmente a alteração profunda do ecossistema. 
A estratificação térmica de um corpo d’água geralmente dá origem a três camadas ou zonas térmicas: 
Epilímnion: camada superficial mais aquecida.
Termoclina ou metalímnion: camada intermediária, onde a temperatura cai bruscamente. 
Hipolímnion: camada mais profunda e mais fria. 
Em tanques rasos a estratificação térmica dá-se em apenas duas camadas e tem um caráter diário. Durante o dia a camada superficial pode se separar da camada profunda por gradiente de temperatura/densidade. Porém, no período noturno o perfil térmico tende a se homogeneizar, misturando as camadas bruscamente. 
Os peixes em geral não resistem a mudanças bruscas da temperatura da água, e tendem a buscar sua zona de conforto térmico dentro destas camadas. Deste modo, mudanças na temperatura da água podem induzir o desequilíbrio fisiológico (estresse) e mesmo matar os peixes em um tanque. 
Cor da água: a capacidade de penetração de luz na água é definida como a transparência da água. Material orgânico particulado, como o plâncton, confere turbidez de caráter desejável na água. Já a turbidez causada por partículas de argila em suspensão é indesejável. 
A quantidade excessiva de substâncias húmicas (extrato de matéria orgânica vegetal em decomposição) na água confere a esta uma cor escura, que reduz a capacidade biogênica da água, pois limita a penetração de luz. 
A transparência é determinada pela ação da turbidez e da cor aparente da água, e é medida através da visibilidade do disco de secchi.

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