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MECÂNICA DOS SOLOS I Investigação Geotécnica Eng Guilherme Campos Investigação do Subsolo - Introdução O ambiente físico, descrito a partir das condições do subsolo, constitui- se em pré-requisito para projetos geotécnicos seguros e econômicos. No Brasil, o custo envolvido na execução de sondagens de reconhecimento normalmente varia entre 0,2% e 0,5% do custo total de obras convencionais, podendo ser mais elevado em obras especiais ou em condições adversas de subsolo. Investigação do Subsolo – Programa Orientações apresentadas por Peck (1969), de categorizar os programas de investigação em três métodos, servem de orientação preliminar: a] Método I: executar uma investigação geotécnica limitada e adotar uma abordagem conservativa no projeto, com altos fatores de segurança. b] Método II: executar uma investigação geotécnica limitada e projetar com recomendações baseadas em prática regional. c] Método III: executar uma investigação geotécnica detalhada Investigação do Subsolo – Programa Independentemente da abordagem, projetos de geotécnicos de qualquer natureza são, em geral, executados com base em ensaios de campo, cujas medidas permitem uma definição satisfatória da estratigrafia do subsolo e uma estimativa realista das propriedades de comportamento dos materiais envolvidos. Novos e modernos equipamentos de investigação foram introduzidos nas últimas décadas, visando ampliar o uso de diferentes tecnologias a diferentes condições de subsolo. Investigação do Subsolo – Programa Investigação do Subsolo – Projeto Projeto conceitual : Informações preliminares baseadas em: • levantamento de escritório para reconhecimento hidrogeológico e geotécnico da área; • sondagens geotécnicas esparsas para a caracterização do subsolo. Projeto básico: Informações preliminares baseadas em: • O nível de abrangência do programa de investigação deve ser definido em função das características da superestrutura e das condições do subsolo. Em estruturas convencionais, quando da ocorrência de solos resistentes e estáveis, apenas das informações rotineiras de ensaios SPT ou CPT. • Na ocorrência de solos compressíveis, de baixa resistência, a solução deve ser produzida com base em informações de diferentes técnicas de ensaio, visando caracterizar de forma adequada e representativa as características do solo. . Projeto executivo : Informações preliminares baseadas em: • satisfazer a exigências mínimas que garantam o reconhecimento detalhado das condições do subsolo. A Norma Brasileira NBR 8036/1983 regulamenta as recomendações quanto ao número, localização e profundidade de sondagens de simples reconhecimento. • As sondagens devem ser, no mínimo, uma para cada 200 m2 de área da projeção do edifício em planta, até 1.200 m2 de área. Entre 1.200 m2 e 2.400 m2 , deve-se fazer uma sondagem para cada 400 m2 satisfazendo assim aos números mínimos conforme NBR 8036. Investigação do Subsolo – Fatores Seg. Investigação do Subsolo – Projeto Investigação do Meio físico – Mapa geológico Investigação do Meio físico – Difratometria de Raios X Difratômetro Shimadzu XRD-6000, com anodo de cobre, equipado com um goniômetro vertical, para a identificação de materiais cristalinos através do método do pó por difratometria de raios X (UFRR – Física) Investigação do Meio físico – SÍSMICA DE REFRAÇÃO E REFLEXÃO Investigação do Meio físico – SÍSMICA DE REFRAÇÃO E REFLEXÃO A técnica da sísmica de refração objetiva detectar, em superfície, as ondas sísmicas refratadas em profundidade no solo. Através da aplicação de ondas elásticas/mecânicas, geradas artificialmente na superfície por impactos determinados ou explosões, há liberação de energia conforme a aplicação. A propagação das ondas elásticas no meio investigado se deve ao fato de que a velocidade de propagação destas ondas variam em função das propriedades elásticas de solos e rochas. As ondas são captadas por geofones, sendo medido o tempo de resposta das ondas refletidas e refratadas (velocidade de propagação das ondas) e, por conseqüência, as espessuras/profundidade dos extratos na subsuperfície. A velocidade de onda é conseqüência do tempo de percurso das ondas entre o momento da sua geração (tiro sísmico) e o registro do sinal sísmico. Investigação do Subsolo Investigação do Subsolo Importância das investigações geotécnicas para o estudo das fundações A prospecção do solo permite conhecer: - O tipo de terreno (rochoso, arenoso, argiloso, etc); - As camadas constituintes do solo; - A resistência destas camadas; - O nível do lençol freático. Ensaios de campo X Ensaios de laboratório: • LABORATÓRIO : poucas amostras, pouca representatividade do todo, mas são mais precisos; • CAMPO : são menos precisos, mas amostragem é quase integral, todas as camadas são reconhecidas. É o método mais utilizado e com maiores avanços Tecnologicos. • Constitui pré-requisito para projetos geotécnicos seguros e econômicos representando as características de tensão x deformação x resistência do solo. Métodos de investigação 1- Poços: • São escavações manuais • Objetiva o conhecimento do perfil do terreno, grau de compactação das camadas e coletas de amostras para caracterização e ensaios. • A Norma ABNT NBR 9604 regulamenta e traça diretrizes de sua execução. Métodos de investigação 2 - Sondagens a Trado; • Efetuadas com uma ferramenta chamada trado concha ou helicoidal, com diâmetro variável. • Estas sondagens são executadas em solos argilosos ou arenosos até atingir uma profundidade que é limitada pelo nível d’água. • São utilizadas para coletas de amostras , identificação do perfil do terreno, determinação do N.A . • A Norma ABNT NBR 9603 (Sondagem a trado - Procedimento) de 1986 regulamenta e traça diretrizes de sua execução. Métodos de investigação Esta sondagem é mais frequente na engenharia e usualmente executadas para: • Divulgado em 1950 • Perfil geológico das camadas do subsolo; • Determinação da capacidade de carga das diferentes camadas do subsolo; • Coleta de amostras das diversas camadas; • Determinação do nível do lençol freático; • Determinação da compacidade ou consistência das camadas do subsolo em solos arenosos ou argilosos, respectivamente, e também para a determinação de eventuais linhas de ruptura que possam ocorrer em superfície. 3 - Sondagens à percussão com SPT; Métodos de investigação Abaixo, resumidamente, principais características executivas: • Atravessa solos relativamente compactos ou duros ; Não ultrapassa blocos de rocha e muitas vezes, pedregulho; • Perfuração com Trépano e remoção por circulação de água (lavagem) ; • O ensaio (SPT) é realizado a cada metro de sondagem; • Consiste na cravação de um amostrador normalizado (Raymond - Terzaghi), por meio de golpes de um peso de 65 kgf caindo de 75cm de altura; • Anota-se o nº de golpes para cravar os 45cm do amostrador; • O resultado do ensaio SPT é o nº de golpes necessários para cravar os 30cm finais ( 15 + 15); • A Norma ABNT NBR 6484 (Solo - Sondagens de simples reconhecimentos com SPT - Método de ensaio) de 2001 regulamenta e traça diretrizes de sua execução. 3 - Sondagens à percussão com SPT; Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; 3 - Sondagens à percussão com SPT –Energia de cravação Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; . Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; . Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT;. Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; A partir dos resultados obtidos neste ensaio, formulas semi-empíricas foram desenvolvidas por estudiosos da área. São exemplos as fórmulas Aoki & Velloso e Décourt & Quaresma utilizados para dimensionamento de estacas escavadas. Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT; Formulações Empíricas (algumas): Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT-T; A associação do torque com a sondagem de simples reconhecimento é denominada SPT-T (Ranzini, 1988). O torque é aplicado na parte superior da composição da haste, de modo a rotacionar o amostrador previamente cravado no terreno. Essa medida, obtida com o auxílio de um torquímetro, tem como objetivo principal fornecer um dado adicional à resistência à penetração. Atualização de Décourt (98) para areia com baixa resistência, pois o SPT tradicional não é válido para esta situação) Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT – Exercícios: Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT – Exercícios: Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT – Exercícios: Métodos de investigação 3 - Sondagens à percussão com SPT – Exercícios: Métodos de investigação 4 - Sondagens Rotativas; Sondagem também frequente na Engenharia, usualmente executadas para: • Verificar profundidade em que se encontra o embasamento rochoso e/ou ultrapassar rocha (matacões ou blocos) em furos de sondagem. • O tipo ou os tipos de rocha e seu estado de sanidade e fraturas; • Para indicar a presença de matacões diferenciando-os do embasamento rochoso; • Para implantação de uma fundação ou de tirantes; • Para obtenção de poços para captação de águas; Métodos de investigação 5 - Sondagens Mistas; São aquelas executadas por sondagem à percussão, em todos os tipos de terreno, penetráveis por este processo e por meio de sondagem rotativa, onde for inoperante o sistema à percussão, face a impenetrabilidade no terreno prospectado. 6 – Ensaio de Cone (CPT); • Os ensaios CPT (cone penetration test) e CPTU (piezocone com ,medição da pressão intersticial) são considerados internacionalmente como uma das mais importantes ferramentas de prospecção geotécnica. • O princípio do ensaio consiste na cravação no terreno de uma ponteira cônica a uma velocidade constante de 20mm/s. A secção transversal do cone apresenta uma área de 10cm2. • No ensaio CPT medem-se as resistência de ponta e lateral: qc e fs. • No ensaio CPTU mede-se ainda a pressão intersticial da água. A Norma ABNT NBR 12069 de 1991 regulamenta e traça diretrizes de sua execução. 6 – Ensaio de Cone (CPT); 6 – Ensaio de Cone (CPT); 6 – Ensaio de Cone (CPT); 6 – Ensaio de Cone (CPT); 6 – Ensaio de Cone (CPT); 6 – Ensaio de Cone (CPT); 7– Ensaio Panda 2 O PANDA (Pénétromètre Autonome Numérique Dynamique Assisté par Ordinateur) , é um equipamento de sondagem a partir de penetração dinâmica do cone, desenvolvido pela empresa francesa Sol Solution, com a finalidade de ser um equipamento leve e portátil, para investigações geotécnicas de menores proporções, evitando a grande mobilização gerada pelas demais investigações geotécnicas, além disso,pode ser usado no controle de compactação de solos (SOL SOLUTION, 2009). O PANDA 2, sua versão mais recente, está apresentada na Figura 1 e trata-se de um penetrômetro de coneque funciona com energia variável, que é calculada instantaneamente no momento do golpe por uma célula de carga no capacete. 7– Ensaio Panda 2 Os deslocamentos de cravação são precisamente registrados e utilizados para o cálculo do seu parâmetro de resistência dinâmica à penetraçãodo cone (qd), minimizando assim a interferência do operador e do próprio equipamento nos resultados do ensaio. O mecanismo de medição da resistência de ponta “qd” consiste em usar um martelo de massa conhecida para golpear um capacete de metalque fica sobrehastes de metalcom uma pontade cone no solo, que ao receber o impacto, penetra no solo. A velocidade de queda do martelo é medida logo em seguida ao impacto deste com o capacete. Este capacete possui um sistema de controle dealtura, que faz com que seja feito o controle da profundidade de penetraçãodas hastes. Os dados de energia e de profundidade de cravação são armazenados em um pequeno sistema de aquisição de dados, que calcula o valor de resistência dinâmica. O cálculo éfunção da área de ponta (2, 4 ou 10 cm²) e do número de hastes, de massas conhecidas, utilizadas. 7– Ensaio Panda 2 • VIDEO Métodos de investigação 8 – Ensaio de Palheta ou Vane-test; • Verifica a resistência ao cisalhamento do solo pela verificação da resistência do solo ao corte de uma palheta em movimento giratório. • Determina a resistência não- drenada do solo in-situ. Uma palheta de seção cruciforme é cravada em argilas saturadas, de consistência mole, e é submetida ao torque necessário para cisalhar o solo por rotação. • Vantagens: exigências precisas na execução, pois equipamentos manuais dão margem a muitos tipos de falhas. • Desvantagem: Alto custo Métodos de investigação 8 – Ensaio de Palheta ou Vane-test; Métodos de investigação 8 – Ensaio de Palheta ou Vane-test; Métodos de investigação 9 – Ensaio Pressiométrico (PMT); • Consistem na inserção em um pré- furo de sonda pressiométrica e deformação radial de membrana por meio de inserção de gás nitrogênio. • As medidas de deformação são realizadas por meio de equipamento computadorizado (Geospad) e software específico (Geovision) , projetado para ler automaticamente os dados leituras do ensaio. • É obtida curva de tensão x deformação do solo prospectado • Estes resultados permitem avaliar a capacidade de carga e recalques em fundações rasas e profundas. • O ensaio é normalizado pela ASTM D4719 -Standard Test Method for Prebored Pressuremeter Testing in Soils. Métodos de investigação 9 – Ensaio Pressiométrico (PMT); Funcionamento • Perfuração. • Volume inicial: Permitir a saída do tubo apenas com as mãos. • Colocação da Sonda na cota desejada. • Expansão com pressão controlada. • Leituras regulares. • Nova pressão e leituras. • Até atingir 650cm³. (Capacidade máxima da sonda) Métodos de investigação 9 – Ensaio Pressiométrico (PMT); Vantagens • Comportamento Tensão – Deformação “in situ” • Rapidez, simplicidade e economia. • Baixo grau de amolgamento. • Análise racional. • Determinação do módulo de cisalhamento (G), módulo pressiométrico (E) e pressão limite do terreno (pl). • Cálculo da capacidade de carga e recalque de fundações superficiais e profundas. • Cálculo de fricção negativa de estacas. • Desenho de estacas carregadas lateralmente. • Estimação de parâmetros clássicos de corte. Métodos de investigação 9– Ensaio Pressiométrico (PMT); Desvantagens 1. Oferece apenas medidas de propriedades Horizontais do solo. 2. Referente aos equipamento: - Pressiômetro com furo: perturbação do solo. - Pressiômetro auto-perfurante: Equipe altamente treinada, constantes para cada solo. - Dimensão de pressiômetros sem padronização. 3. Interpretação de resultados: - Intervalo de profundidade: acima de 1,5m, camadas compressíveis finais podem não ser identificadas. - Definição da pressão limite. - Resistência ao cisalhamento não drenada obtida pode ser maior que outros. Métodos de investigação 10 – Ensaio Dilatométrico (DMT); • O dilatômetro consiste de uma lâmina de aço inoxidável dotada de membrana circular de aço muito fina em uma de suas faces. • O ensaio consiste na cravação da lâmina dilatométrica no solo, medindo-se o esforço necessário à penetração,para em seguida usar a pressão de gás para expandir a membrana de aço ( diafragma) no interior da massa de solo. • O equipamento é portátil e de fácil manuseio, sendo a operação simples e relativamente com bom custo-benefício. Métodos de investigação 10 – Ensaio Dilatométrico (DMT); • Desenvolvido na Itália (Silvano Marchetti); • Composto de uma lâmina inoxidável; • Consiste em cravar a lâmina do aparelho no terreno; • Fácil/Portátil/Simples/Econômico; • No Brasil a técnica não tem muita aplicação. Métodos de investigação 10 – Ensaio Dilatométrico (DMT); Marchetti (1980) estabeleceu um conjunto de correlações semi-empíricas entre os índices dilatométricos e as principais propriedades de comportamento do solo: • Coeficiente de empuxo no repouso (K0 ), • Razão de pré-adensamento (OCR), • Módulo de deformabilidade (M ou E) • Resistência ao cisalhamento do solo. • Indicações quanto ao tipo de solo e densidade também são fornecidas. Métodos de investigação 10 – Ensaio Dilatométrico (DMT); Um resumo das correlações existentes entre os índices dilatométricos e os parâmetros geotécnicos é apresentado no Quadro a seguir: • Correlações aplicadas ao ensaio dilatométrico Métodos de investigação Amostragem Métodos de investigação Amostragem Métodos de investigação Amostragem Métodos de investigação Investigação – Número de furos Métodos de investigação Investigação – Número de furos Análise e interpretação dos dados Diante da execução dos ensaios conforme características do projeto, geologia e disponibilidade de recursos, faz-se necessário analise criteriosa para escolha do tipo de fundação a ser adotada. Deve-se avaliar, entre outros, as seguintes características: • Ocorrência de camadas muito moles, moles e/ou fofas a profundidades inferiores a 3,0 metros. • Presença de aterro não compactado com espessura superior a 1,00 metros. • Ocorrência de camadas de argila muito mole e/ou saturadas (abaixo no nível de água). • Ocorrência de camada(s) muito mole, permeável (eis) saturada (s) – areia e/ou pedregulho – acima da cota de apoio. • Ocorrência de camadas de pedregulho compacto abaixo no nível de água e acima da cota de apoio. • Ocorrência de matacões acima da cota de apoio. • Características particulares da obra (localização, acesso, interferência, vizinhança, recursos). • A Experiência do projetista é essencial nesta etapa. Exercícios (alguns... )