Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Aterosclerose e Doenças Cardiovasculares Epidemiologia das DCV no Brasil e no Mundo DCVs são responsáveis por mais de 17 milhões de mortes no mundo (30% de todas as mortes), sendo que 80% ocorrem nos países em desenvolvimento. 67% dos brasileiros desconhecem as próprias taxas de colesterol. Pesquisa “o que o Brasileiro sabe sobre colesterol” da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostrou que: - 300 mil pessoas morrem anualmente no Brasil em decorrência de DCV ; - a população desconhece que o LDL-c é um dos principais fatores de risco para DCV; - 65% das pessoas só realizam exames após os 45 anos, sendo que 11% dos entrevistados NUNCA mediram os níveis de colesterol, - 49% desconhecem que o tratamento para controlar índices de colesterol deve ser contínuo. Os fatores de risco envolvidos da fisiopatia da aterosclerose podem ser classificados da seguinte forma: Fatores de risco modificáveis: (principais fatores de risco relacionados à etiologia da aterosclerose) Tabagismo; Sedentarismo; Dieta inadequada; Consumo excessivo de bebida alcoólica. Fatores de risco metabólicos: Hipertensão; Diabetes; Hipercolesterolemia (aumento do LDL-c – principal fator de risco modificável e meta terapêutica) Sobrepeso e obesidade. Outros fatores de risco: Condições socioeconômicas desfavoráveis; Idade avançada; Sexo; Predisposição genética; Fatores psicológicos (estresse e depressão). As anormalidades das lipoproteínas são comuns na população em geral e as principais são o aumento dos níveis de colesterol LDL e diminuição dos níveis de colesterol HDL; Tais alterações, particularmente os níveis aumentados elevados de LDL, são importantes na patogênese da aterosclerose; A redução do colesterol sérico pela dieta ou medicamentos retarda a taxa de progressão da aterosclerose, provoca regressão de algumas placas ateromastosas e reduz o risco de ocorrência de eventos cardiovasculares. DCVs causadas pela aterosclerose: - doença isquêmica cardíaca ou doença arterial coronariana (angina e infarto agudo do miocárdio como manifestações clínicas). - doença cerebrovascular (acidente vascular encefálico – AVE). - doença vascular periférica. Outras DCVs: - doença cardíaca congênita (má formação de estruturas cardíacas). - doença cardíaca reumática (dano ao músculo cardíaco e válvulas cardíacas decorrente da febre reumática). - cardiomiopatias (desordens relacionadas ao músculo cardíaco). - arritmias cardíacas (desordens no sistema de condução elétrica cardíaco). Estrutura/função Normais do Coração e Fisiopatologia das DCVs Aterosclerose A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de grande (aorta, carótida e artérias ilíacas) e as de médio calibres (coronárias, artérias renais e poplíteas); A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devido a diversos fatores de risco como dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes ou tabagismo; Como consequência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima arterial às lipoproteínas plasmáticas (LDL-colesterol), favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, tornando-as imunogênicas; O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma; Além do aumento da permeabilidade às lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o surgimento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial, processo estimulado pela presença de LDL oxidada (LDL-ox). As moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a íntima da parede arterial. Induzidos por quimiotaxia, os monócitos migram para o espaço subendotelial, onde se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL-ox; Os macrófagos repletos de lipídeos oxidados são chamados de células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose; Uma vez ativados, os macrófagos são, em grande parte, responsáveis pela progressão da placa aterosclerótica mediante a secreção de espécies reativas de oxigênio que oxidam a LDL, de citocinas que amplificam a inflamação, e de enzimas proteolíticas capazes de degradar colágeno e outros componentes teciduais locais. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial; Estas células, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, mas também matriz extracelular (colágeno, principalmente) que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica; Esse processo contribui para a formação das estrias gordurosas, em ateroma maduro, contribuindo para o crescimento progressivo das lesões ateroscleróticas. A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentes da matriz extracelular e núcleo lipídico e necrótico, formado principalmente por debris de células mortas. Aterosclerose – papel das células inflamatórias A inflamação crônica tem um papel chave na patogênese da aterosclerose. O evento inicial da aterosclerose é a infiltração da LDL na região subendotelial. LDL oxidada é captada pelos macrófagos formando células espumosas. Macrófagos no Desenvolvimento da Placa Os macrófagos atraem mais monócitos para o local da inflamação; Reconhecem as LDL oxidadas como patógenos e as fagocitam, formando as células espumosas; Os macrófagos ativados produzem citocinas inflamatórias e espécies reativas de oxigênio. Linfócitos no Desenvolvimento da Placa Os linfócitos T, embora menos numerosos que os macrófagos no interior do ateroma, são de grande importância na aterogênese; As células T reagem a LDLox, se ativam, e produzem mais citocinas inflamatórias que podem estimular macrófagos, células endoteliais e musculares lisas. O infiltrado de células T vai estar sempre presente em lesões ateroscleróticas. Indicadores Sistêmicos da Inflamação Níveis de IL-6 e de PCR encontram-se aumentados em pacientes com DAC. Níveis mais altos destes marcadores inflamatórios estão associados a um pior prognóstico clínico. Placas Ateroscleróticas Estáveis e Instáveis As placas estáveis caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico e necrótico de proporções menores; As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico e necrótico proeminente e capa fibrótica tênue; A ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose. Placa Estável: - predomínio de colágeno em placa fibrosa espessa; - pouca atividade inflamatória; - núcleo lipídico e necrótico de menor tamanho. Placa Instável/rompida: - atividade inflamatória intensa; - núcleo lipídico e necrótico proeminente; - capa fibrótica tênue. > O equilíbrio entre as atividades inflamatória e anti-inflamatória controla a progressão da aterosclerose. Consequências Clínicas da Doença Aterosclerótica As grandes artérias elásticas (ex. aorta, carótida e artérias ilíacas) e as médias e grandes artérias musculares (ex. coronárias, artérias renais e poplíteas) são os vasos mais comumente afetados por aterosclerose; Os sinais e sintomas relacionados da aterosclerose estão à isquemia no coração, cérebro, rins e membros inferiores. Principais consequências da aterosclerose: infarto do miocárdio (ataque cardíaco), acidente vascular cerebral (AVC), aneurismas da aorta e doença vascular periférica (gangrena das extremidades). Essas consequências clínicas podem ser causadas por: - oclusão de vasos, o que pode comprometer a perfusão dos tecidos; - ruptura da placa aterosclerótica, que leva à liberação de restos celulares, que podem evoluir para um quadro de trombose vascular aguda ou de embolização distal (por destaque do trombo). Destruição da parede vascular subjacente, que pode levar à formação de aneurismas, com ruptura secundária e/ou trombose. Principais Eventos Patogênicos e Complicações Clínicas da Aterosclerose Doença Arterial Coronariana (DAC) – angina e infarto Principal causa: doença aterosclerótica nas coronárias que resulta em estenose parcial ou total do vaso. Nestes casos, a expansão do ateroma leva à consequências sobre o fluxo sanguíneo. Apresentação clínica: a dor torácica é o sintoma mais comum associado à DAC. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Decorrente da isquemia miocárdica causada pela aterosclerose – obstrução total do fluxo sanguíneo, resultando em morte do músculo cardíaco. Angina Pode ser classificada como estável ou instável de acordo com o fator precipitante e duração dos sintomas e é decorrente do estreitamento de uma ou várias artérias coronárias. Estável: em repouso, os pacientes afetados apresentam perfusão cardíaca adequada, mas, ao mínimo esforço, a demanda excede a oferta, e a dor no peito se desenvolve devido à isquemia cardíaca. Instável: dor ou desconforto costuma ser mais intensa e duradoura, é precipitada por menos esforço, ocorre espontaneamente em repouso. Derrame Síndrome que se caracteriza por um déficit neurológico focal, causado por anormalidades do fluxo cerebral. Ataque isquêmico transitório (AIT): diferencia-se do derrame por ser um bloqueio temporário e não há injúria permanente ao cérebro. Doença Arterial Periférica Consiste no estreitamento das artérias periféricas da pelve e pernas. Causa: aterosclerose. Circulação das pernas comprometida. Manifestação clínica mais comum é a claudicação intermitente (dores e fadiga aliviadas com o repouso). RESUMO Aterosclerose A aterosclerose é uma lesão na camada íntima composta por cápsula fibrosa e núcleo ateromatoso (literalmente, “semelhante a mingau”), sendo constituída por células musculares lisas, MECs, células inflamatórias, lipídios e debris celulares. A aterosclerose é estimulada por lesões nos vasos sanguíneos e inflamação. Entre os múltiplos fatores de risco para a aterosclerose, todos causam disjunção endotelial e influenciam no recrutamento e estimulação das células musculares lisas. As placas ateroscleróticas se desenvolvem e crescem lentamente durante décadas. As placas estáveis podem produzir sintomas relacionados com a isquemia crônica por estreitamento dos vasos, enquanto placas instáveis podem causar complicações isquêmicas drásticas e potencialmente fatais relacionadas com ruptura aguda da placa, trombose ou embolização. As placas estáveis tendem a apresentar cápsula fibrosa densa, acúmulo mínimo de lipídeos e pouca inflamação; por outro lado, as placas “vulneráveis” são instáveis e exibem cápsula fibrosa fina, centro rico em lipídeos e infiltrado inflamatório relativamente denso.
Compartilhar