Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito trabalhista (pós-reforma) BANCO DE HORAS 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivo......................................................................................................................................... 2 1. Banco de horas .................................................................................................................... 2 1.1. Aplicabilidade ............................................................................................................... 3 1.2. Casos especiais ............................................................................................................. 5 Exercícios ...................................................................................................................................... 5 Gabarito ........................................................................................................................................ 7 Resumo ......................................................................................................................................... 7 2 Introdução O banco de horas não é propriamente um sistema de compensação de horários nem de prorrogação de jornadas. Você verá que na verdade, o banco de horas é um instituto que cumula características de ambos esses sistemas. Antes da reforma trabalhista o banco de horas já era previsto, e funcionava da seguinte maneira, o excesso de horas trabalhadas em um determinado dia poderia ser compensados em outro dia, desde que respeitasse duas condições, que, era o limite de um ano para essa compensação ocorrer, além de a soma dessas horas não ultrapassasse a soma das jornadas semanais de trabalho previstas. Porém, você sabia que o banco de horas pode ser firmado por acordo individual de trabalho? Nesta apostila, você perceberá que essa modalidade autoriza o empregador a exigir do empregado a prestação de jornada extraordinária até o limite máximo de dez horas diárias, sem gerar retribuição de qualquer natureza, para tanto é necessário cumprir alguns requisitos legais. Objetivo • Analisar aplicabilidade do banco de horas e casos especiais. 1. Banco de horas Você sabia que o banco de horas é um mecanismo destinado a promover a flexibilização da jornada de trabalho diária de trabalho? Esse sistema permite a compensação dos excessos de variados modos, considerando a jornada inicial contratada. Não se trata nem de compensação nem prorrogação, mas o pior dos dois sistemas, em uma prática altamente prejudicial a todos os trabalhadores, inclusive aos contratados a tempo parcial. É um sistema mais flexível que possibilitando à empresa a possibilidade de adequar a jornada de trabalho dos empregados às suas necessidades de produção e demanda de serviços. Prossiga a leitura para entender melhor a aplicabilidade desse método. O banco de horas foi criado inicialmente pela MP 1.709/98 para compensações de até 120 dias e, mais tarde, com nova redação dada pela MP 2.164- 41/2001, para compensações de até um ano. O nome “banco de horas” foi escolhido 3 por refletir semelhança a um banco que há crédito e débito na conta, logo, o empregado que fizer horas extras, ao invés de receber em dinheiro (pecúnia), acumula-as sucessivamente, para, dentro de um ano, no máximo, compensá-las. 1.1. Aplicabilidade O procedimento de banco de horas está previsto no art. 59 da CLT. Do texto legal, extraímos que o banco pode ser criado por negociação ou acordo coletivo ou ainda por acordo individual, isto é, por ato de vontade escrito entre empregador e empregado. Quanto as horas suplementares poderão ser, no máximo, de duas horas por dia. No banco de horas não há pagamento das horas suplementares realizadas, apenas há uma expectativa de compensação futura que deverá ocorrer no período de um ano, se fruto de negociação coletiva, ou em seis meses, se resultado de acordo individual. As horas superiores a décima hora não podem ser depositadas para compensação futura (o limite são dez horas por dia), devendo ser remunerados de pronto. O banco de horas pode ser fixo ou variável, no caso de banco de horas fixo, o ajuste deve apontar previamente os horários de trabalho (fixo) e os períodos de sobre jornada (excesso) e de compensação (diminuição). Já o banco de horas variável, o trabalho extra varia de acordo com a demanda e a folga compensatória. EXEMPLO Já o banco de horas variável pode ser ajustado da seguinte forma: o trabalhador permanece após o horário se tiver movimento na empresa, devido a Uma empresa de sorvetes que tem grande movimento durante o verão, porém menos movimento durante o inverno, pode, por exemplo, ajustas com seus empregados que durante seis meses eles trabalharão 10 horas/dia, para, nos seis meses posteriores, trabalharem apenas seis horas e, durante aquele período, receberão o mesmo salário, sem acréscimo ou redução (banco de horas fixo). 4 uma necessidade na demanda e compensa quando for conveniente para os negócios. Para fixarmos bem o exemplo, o banco de horas permite a utilização de máxima produção em períodos de alta temporada, isto é, alta demanda de trabalho com a concessão posterior de folgas em períodos mais amenos, em comum acordo com o trabalho, A soma da jornada prevista e acumulada ao final de um ano será de no máximo 44 horas. Caso exceda, as horas superiores a esse limite devem ser imediatamente usufruídas. (§2º do art. 59). Deve ser reiterado que os critérios que a jurisprudência consagrou na súmula n. 85 do TST, relativos à compensação de jornada não se aplicam ao banco de horas, conforme seu item V: Súmula n. 85 – V – As disposições contidas nesta súmula não se aplicam ao regime compensatório na modalidade “banco de horas”, que somente pode ser instituído por negociação coletiva. O banco de horas anual pode ser objeto de livre pactuação em sede de negociação coletiva, por qualquer dos dois instrumentos autônomos que dela resulte, na forma do disposto do art. 611-A, inciso II da CLT. Perceba-se que o “banco de horas” tem, à luz da reforma trabalhista, três características importantíssimas. Deve ser ajustado por acordo ou convenção coletiva de trabalho se disser respeito a compensação que ocorra em período superior a seis meses e inferior a um ano. O banco de horas de que trata o §2º do art. 59 poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. Acumulação de horas se sujeita ao limite máximo temporal que se estende de seis meses a um ano de permanência ou, observado o que ocorrer primeiro, ao limite consistente da soma das jornadas semanais de trabalho previstas. O conceito indicativo da soma das jornadas semanais de trabalho previstas é ininteligível, admitindo-se que o limite de quantidade de horas acumuladas coincide com a carga horária semanal máximo legal (geral ou especial) ou contratual, multiplicada pelo número de semanas existentes dentro de seis meses (§5º do art. 59 da CLT) ou dentro de um ano (§2º do art. 59 da CLT). Importante salientar que, não é permitido compensação de 12 horas de trabalho por 12 horas de descanso (12x12), nem no sistema de três dias de trabalho por dois de descanso(3x2), pois nesses regimes não há qualquer compensação, mas tão somente acréscimo de horas trabalhadas. 5 Por fim, não se pode considerar como hora suscetível de ingressar no “banco” qualquer um excedente do limite máximo de dez horas diárias. 1.2. Casos especiais Para a compensação da jornada do menor (art. 413, I, da CLT), a lei exige que a compensação de jornada seja efetuada por meio de norma coletiva e limitada a 44 horas semanais. A lei também exige formalidade de convenção coletiva ou acordo coletivo para a compensação de jornada dos comerciários, motorista profissional de passageiro e para os aeroviários, possibilitando neste último, o acordo individual desde que tenha assistência sindical. Para as atividades insalubres, a compensação depende da prévia licença das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, de acordo com o art. 60 da CLT, salvo nos regimes de 12x36. Ao doméstico não se aplica o limite de duas horas extras por dia, como também, não há necessidade de norma coletiva para a compensação de jornada por banco de horas, de acordo com a Lei Complementar 150/2015, uma vez que a lei do doméstico exige apenas o acordo escrito entre empregado e empregador e pagamento das primeiras 40 horas extras ou a compensação dessas primeiras 40 horas no mês. Para o bombeiro civil sua jornada é fixada em 12 horas de trabalho por trinta e seis horas de descanso (art. 5º da Lei n. 11.901/2009), limitada a trinta e seis horas semanais. Sua compensação, portanto, tem amparo legal, não havendo necessidade de ajuste individual ou coletivo. Exercícios 1. (AUTOR, 2019) Pedro, borracheiro, foi recentemente contratado pelo empresa Auto Giro, para exercer jornada de trabalho das 08h às 18h, com duas horas de intervalo, mediante a possibilidade de acréscimo de duas horas extras por dia, que poderão ser compensadas em até seis meses, na modalidade de banco de horas, ajustado individualmente com o empregado, em acordo escrito. Assinale a alternativa correta: a. O banco de horas ajustado é válido, pois a compensação ajustada limita-se ao período de seis meses. b. O banco de horas ajustado é inválido, pois somente é possível a extensão da jornada em 1 (uma) hora diária. 6 c. O banco de horas ajustado é inválido, pois necessário o ajustamento via instrumento de negociação coletiva (convenção ou acordo coletivo). d. O banco de horas narrado seria válido, inclusive, se ajustado tacitamente, pela mera reiteração de compensação de jornada. e. O banco de horas narrado é inválido, pois somente é permitido a compensação no mesmo mês que ocorre as horas suplementares. 2. (MPT, 2015) Modificada - Sobre o banco de horas, analise as seguintes assertivas: 1) Admite-se a celebração de acordo individual com o trabalhador para a instituição do banco de horas. 2) Se o acordo coletivo de trabalho que instituiu o banco de horas tiver vigência de dois anos, o módulo de compensação da jornada respectivo poderá ser bienal. 3) No regime do banco de horas as jornadas totais laboradas pelos empregados em cada semana não podem ultrapassar as 44 horas. 4) Se o empregado for despedido antes do término do módulo anual de compensação e estiver com saldo negativo no banco de horas, a lei autoriza que o valor correspondente às horas não trabalhadas seja deduzido das verbas rescisórias. a. Apenas as assertivas 1 e 3 estão corretas. b. Apenas as assertivas 1 está correta. c. Apenas as assertivas 2 está correta d. Apenas as assertivas 4 está correta. e. Apenas as assertivas 2 e 4 estão corretas. 3. (FCC, 2016) Para trabalhadores que fazem a jornada legal prevista no artigo 7o, inciso XIII da Constituição Federal, a compensação de jornada denominada “banco de horas” sem a remuneração de horas suplementares e observada a soma das jornadas semanais de trabalho previstas, será legalmente possível, desde que mediante a. acordo individual, observado o período máximo de um mês e não seja ultrapassado o limite máximo de 12 horas diárias. b. acordo judicial, observado o período máximo de um ano e não seja ultrapassado o limite máximo de 12 horas diárias. c. acordo individual, observado o período máximo de seis meses e não seja ultrapassado o limite máximo de 8 horas diárias. 7 d. acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, observado o período máximo de dois anos e não seja ultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias. e. convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho, observado o período máximo de um ano e não ultrapasse o limite máximo de 10 horas diárias. Gabarito 1. Alternativa A. O acordo ajustado entre as partes é válido, porque o banco de horas pode ser pactuado por acordo escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. 2. Alternativa B. O banco de horas de que trata o §2º do artigo 59 da CLT poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. (Art. 59, §5º da CLT). 3. Alternativa E. No banco de horas a compensação futura deverá ocorrer no período de um ano, se fruto de negociação coletiva. O limite máximo é de horas por dia. Resumo O banco de horas pode ser criado por negociação ou acordo coletivo ou ainda por acordo individual. Quando criado por acordo individual escrito a compensação pelas horas suplementares deverão ser compensadas dentro de um período de seis meses, se verbal no período de um mês. Porém, se forem instituídas por negociação ou acordo coletivo a compensação poderá ser até no máximo um ano, nesses casos as decisões coletivas prevalecem sobre a lei quando dispuserem sobre banco de horas anual. As horas suplementares nunca poderão ultrapassar dez horas diárias, ultrapassados o limite, deverão ser remunerados de pronto. A prestação de horas extras habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada e o banco de horas. Nos contratos de aprendiz não é permitido fazer compensação de jornada. 8 Por fim, caso o contrato de trabalho seja rescindido sem que tenha havido a compensação integral da jornada o empregado terá direito ao pagamento das horas extras não compensadas calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. 9 Referências bibliográficas BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei nº 5.442, de 01.mai.1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 22 de março de 2019. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm Acesso em: 22 de março de 2019. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho: De acordo com a reforma trabalhista. 14ª edição. São Paulo: Método, 2017. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 12ª edição. São Paulo: LTr, 2013.FRANCO FILHO, Georgenor de Souza. Curso de Direito do Trabalho: de acordo com a Lei n. 13.467/17 e a MP n. 808/2017. 4ª edição. São Paulo: LTR, 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 11ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. MARTINEZ, Luciano. Reforma Trabalhista: entenda o que mudou. 2ª edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. SARAIVA, Renato; SOUTO, Rafael Tonassi. Direito do Trabalho. 20ª edição. Salvador: Editora Juspodivm, 2018. SILVA, Homero Batista Mateus da. CLT comentada. 1ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2019
Compartilhar