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PLURALISMO JURÍDICO

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PLURALISMO JURÍDICO: Principais ideias e desafios
O texto em apreciação deste fichamento é o nono capítulo do livro Manual de Sociologia Jurídica do autor Marcus Faro de Castro, publicado em 2013. O autor é graduado em direito pela PUC-RJ (1983). Obteve os graus de mestre e doutor em direito pela Harvard University (1986 e 1990). Foi professor de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) entre 1993 e 2003. Foi diretor da Faculdade de Direito da mesma universidade entre 2004 e 2009, onde hoje é professor titular. Seus interesses de pesquisa concentram-se no estudo interdisciplinar das relações entre direito, democracia e política econômica e também na evolução das ideias e instituições jurídicas e políticas.
O citado capitulo, intitulado de pluralismo jurídico, começa introduzindo o tema tratando do significado da palavra liberdade apresentada por Montesquiel, dizendo que algumas pessoas a vinculavam ao regime republicano, e outros, uma consequência da monarquia, pois cada um tende a chamar liberdade aquilo que é conforme seus costumes e inclinações (p. 157). Dessa forma, o autor busca explicar que o que é considerado bom e justo depende do momento histórico da sociedade, bem como da visão e experiencias individuais de cada pessoa. 
“[...] não parece fazer muito sentido que o ensino jurídico e seu objeto [...] espelhem um conjunto único e muito restrito de formas intelectualmente elaboradas por alguns juristas, quase todas convergentes no sentido de consagrar determinadas práticas sociais e um tipo de ordem compatível com elas” (p. 158). Com isso, pode-se perceber que o autor busca discutir no capitulo as diferentes visões do direito e seus desdobramentos no pluralismo jurídico. 
O significado definido para o pluralismo é “a existência simultânea em um mesmo ambiente de mais de um conjunto articulado de regras, princípios e instituições com base nos quais a ordem jurídica é construída e transformada.” (p. 158). Todas as sociedades, com suas diferentes culturas, criam suas próprias leis, contudo com a migração de pessoas e conquista de territórios, entre outros fatores, indivíduos que possuem diferentes pontos de vista, bem como os Estados territoriais e a Igreja buscavam afirmar sua hegemonia política. 
No decorrer do capítulo, Castro mostra a evolução do pensamento pluralista nos diferentes momentos históricos e também mostra que a diversidade cultural do uso e sentido do Direito nas sociedades humanas fortaleceu o discurso crítico contra as concepções jurídicas da tradição monista do direito.
A partir disso, muitos autores reconheceram a Teoria das Relações Internacionais, referindo-se “à imagem metafórica de uma tapeçaria de diversas relações” que mudaram a realidade (p. 172). Ou seja, reconhece-se a visão do pluralismo jurídico na construção de novas categorias jurídicas no contexto de interpenetração entre relações globais e locais.
Devido a estas transformações, muitos autores passaram a discutir a “fragmentação”, outros tentavam “constitucionalizar” o direito internacional e ainda alguns consideraram o “pluralismo jurídico” como inovação que oferece um conjunto de debates uteis para a construção de novas categorias jurídicas (p. 174). Pode-se entender que o pluralismo se vale da pluralidade dos grupos sociais, logo, seguem relações de colaboração e coexistência, bastante criticada pelos autores que defendem a soberania do Estado, mas aceita por aqueles que acham importante a inclusão de todos para um melhor governo. 
O autor também apresenta a visão de outros juristas como Koskenniemi, que não concorda com a unificação pluralista do direito internacional por achar que o mesmo vai acabar substituindo o Estado. Já Berman, defende a ideia com base na “teoria das normas sociais”, que segundo o citado autor “tem o benefício de teorizar comunidades transnacionais mais amplas baseadas na persuasão retorica de longo prazo, no lugar das interações face a face” (p. 174). 
Castro evidencia que é “impossível saber se alguma das três principais reformas do direito internacional (fragmentação, constitucionalismo, pluralismo) prevalecerá, ou se surgirão ainda outras propostas” (p.174). O autor cita que outros estudos realizados por juristas e cientistas sociais indicam que não se pode ignorar o pluralismo jurídico, principalmente pelas ideias de aprimoramento do direito e das instituições jurídicas (p. 175). Pode-se dizer então que o pluralismo é um fenômeno de universalidade, ou seja, toda sociedade é estruturalmente plural, e pratica vários tipos de sistema de direito e dessa forma, não se pode excluir as diferentes visões apenas por não concordar com as mesmas. 
É apresentado também que a noção de pluralismo cobre um amplo espaço temporal e que “uma investigação filosófica sobre a diversidade no direito e nas instituições poderia ainda encontrar em Aristóteles certamente o primeiro pensador a defender uma visão pluralista da política.” (p. 175). Portanto, um sistema plural é aquele que aceita, reconhece e tolera a existência de diferentes posições, opiniões ou pensamentos, ou seja, aceita a existência da diversidade. 
Por fim, o autor apresenta que as discussões sobre pluralismo jurídico continuarão no futuro, servindo como “fonte de inspiração para quem busca inovar sem destruir diferenças nos modos de ser perceber o mundo e interagir com ele, preservando ao mesmo tempo, a pluralidade de maneiras de se organizar e dar significado à vida em sociedade.” (p. 176). Dessa maneira, o conceito é utilizado principalmente na retórica de justificações de relações tradicionais de poder e da forma de como a evolução da sociedade em si influenciou na necessidade de abranger diferentes visões do direito, além do monismo jurídico.
Com isso, é importante frisar que o Castro neste capítulo mostrou o debate e a evolução do pluralismo através da antropologia e nos diferentes momentos históricos, contudo concluiu que mesmo com toda a transformação ocorrida durante o século para os presentes anos, a área do pluralismo político ainda pode ter mutações e avanços.
REFERENCIAS 
CASTRO, Marcus Faro de. Pluralismo jurídico: principais ideias e desafios. Manual de Sociologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, p. 157-177, 2013.

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