Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Obstetrícia Infecção Urinária e Bacteriúria Assintomática 1.0 INTRODUÇÃO Modificações próprias da gravidez que proporcionam ITU: • Estase urinária pela redução do peristaltismo ureteral • Aumento da produção de urina • Glicosúria • Aminoacidúria Desta forma, toda gestante deve ser rastreada durante o pré-natal. A bacteriúria assintomática aumenta o risco de trabalho de parto prematuro, abortamento e restrição de crescimento. Fatores de risco para pielonefrite na gravidez: • Bacteriúria assintomática • História de episódio prévio • Doenças neurológicas que afetam o sistema urinário • Cálculos renais. 2.0 RASTREAMENTO E SEGUIMENTO O MS (2012), recomenda a realização de urinocultura e EAS (urina tipo I) para todas as gestantes na primeira consulta. Estes exames deverão ser repetidos no 3º trimestre. 1. A suspeita de infecção urinária no EAS, no entanto, deve ser confirmada com a urinocultura e não justifica o tratamento em paciente assintomática. 2. Deve-se realizar cultura de urina para controle de cura sete dias após o final do tratamento, e esta deve ser repetida mensalmente até o parto. 3. Se o tratamento falhar ou a infecção recorrer, tratar com antibiótico apropriado para o microorganismo de acordo com a cultura e testes de sensibilidade. 3.0 BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Crescimento na cultura de urina de uma contagem de colônias de pelo menos 105 UFC/ ml, em amostra de jato médio de urina de pacientes assintomáticas. Pode acometer entre 2 a 10% das gestantes. Em grávidas, deve ser pesquisada e tratada, pois aproximadamente 25% dos casos evoluem para infecção aguda sintomática e com complicações. • Escherichia coli em até 80% dos casos. • Outros: Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter e outros. O tratamento da bacteriúria assintomática deve ser dirigido pelo antibiograma e não requer confirmação com outra urinocultura. Em caso de falha, está indicado novo ATB por 7-10d seguido de profilaxia antibiótica até o final da gravidez. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Caso a falha persista, um 3º tratamento de 7-10d deverá ser realizado, usando-se outro ATB ao qual o microorganismo seja sensível. Caso a urinocultura de controle seja negativa, deve- se repetir o controle mensalmente até o termo. 4.0 INFECÇÃO URINÁRIA SINTOMÁTICA Em pacientes sintomáticas o tratamento não deve ser postergado à espera da urinocultura. • Escherichia coli em até 80% dos casos. • Outros: Proteus mirabilis, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter e outros. Ocorre em 1 a 2% das gestantes. CLÍNICA • Estrangúria • Disúria • Polaciúria • Dor em hipogástrio • Mas não há febre. TRATAMENTO • Nitrofurantoína – 100 mg 6/6h horas por 3 a 7 dias • Ampicilina 500 mg VO de 6/6h por 3 a 7 dias; • Amoxicilina 500 mg VO de 8/8h por 3 a 7 dias; • Cefalexina 500 mg 6/6 horas por 3 a 7 dias; • Fosfomicina 3 g dose única. • Nas gestantes com cistite aguda, a urina deve ser reexaminada uma a duas semanas (em torno de dez dias) após o tratamento. Curta duração: 3 a 5 dias Longa duração: 7 a 10 dias Nitrofurantoína 100 mg VO de 6/6 horas. Ampicilina 500 mg VO de 6/6 horas. Amoxacilina 500 mg VO de 8/8 horas. Cefalexina 500 mg VO de 6/6 horas. Nitrofurantoína 100 mg VO de 6/6 horas. Ampicilina 500 mg VO de 6/6 horas. Amoxacilina 500 mg VO de 8/8 horas. Cefalexina 500 mg VO de 6/6 horas. Profilaxia: • 1ª opção: nitrofurantoína 100 mg/ dia • Amoxacilina 250 mg/dia ou cefalexina 250 mg/dia. Importante O Sulfametoxazol-Trimetoprim (SMX-TMP) pode ser usado no 2º trimestre, mas está proibido no 1º e no 3º trimestres. O trimetoprim é antagonista do ácido fólico, fato que impede que ele seja usado no primeiro trimestre. A sulfa passa ativamente pela placenta e altera a ligação da bilirrubina causando kernicterus e, por esta razão, não deve ser empregada no terceiro trimestre. 5.0 PIELONEFRITE • E. coli (70%) • Klebsiella pneumoniae e Enterobacter (3%), • Proteus mirabilis (2%) • Bactérias Gram-positivas, incluindo o GBS (10%). Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Na gravidez, costuma ser unilateral e à direita em 50% dos casos, unilateral à esquerda em 25% e bilateral em 25%. A dextrorrotação uterina determinando obstrução ureteral à direita explica essa preferência. Clínica: • Queda do estado geral • Febre • Calafrios • Cefaleia • Náuseas • Vômitos • Hipersensibilidade do ângulo costovertebral (sinal de Giordano positivo) • Pode acontecer ainda a desidratação, comprometimento da função renal, hemólise, anemia, choque séptico, prematuridade e infecção fetoanexial e puerperal. Tratamento: Internação hospitalar e antibioticoterapia venosa, até que a mulher fique afebril por 24-48 horas. A hidratação venosa tem o objetivo de manter um alto volume urinário. O tratamento empírico deve ser iniciado prontamente mas pode ser alterado de com urinocultura/antibiograma. • Ceftriaxone 1-2 g IV a cada 24 horas; • Cefazolina ou cefalotina 1 g IV 6/6h; • Gentamicina 5-7 mg/kg/dia + Ampicilina 1-2 g de 6/6h. A paciente que responde ao tratamento inicial pode receber alta após 24 a 48 horas afebril, completando o tratamento com antibioticoterapia oral por 10 a 14 dias. Após o término do tratamento para pielonefrite, muitos autores recomendam a antibioticoterapia supressiva com nitrofurantoína 100 mg/ dia ao deitar, durante toda a gravidez e até duas semanas de pós-parto, em virtude das altas taxas de recorrência da pielonefrite (30 a 40%). O Manual de Gestação de Alto Risco do Ministério da Saúde (2012) e o livro Rezende Obstetrícia (2013) recomendam esta profilaxia apenas nos casos de infecção recorrente.
Compartilhar