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Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Obstetrícia Síndromes Hemorrágicas da 1ª metade da gestação 1.0 ABORTO Término gestação antes 20a (22a) semana ou com Feto com até 500 gramas. INCIDÊNCIA 15 a 20% das gestações clínicas. Mas estima-se que a prevalência é maior pois muitas gravidezes não são diagnosticadas. ETIOLOGIA • Espontâneos: 80% antes da 12a semana; • Provocados: misoprostol. Abortamentos Espontâneos a) Causa fetal Alterações genéticas ou cromossômicas com elevada incidência gestações anembrionadas. Além disso, anomalias morfológicas como cardiopatias também podem levar ao abortamento. b) Causa materna Doenças sistêmicas como: DM, tireoidopatias, trombofilias, SOP. Infecções como: virais (rubéola, hepatites, CMV), bacterianas (pneumonia, ITU, clamídia), protozoários (toxoplasmose etc.). Fatores imunológicos: incompatibilidade HLA, geralmente com abortamentos de repetição. ABORTAMENTOS DE REPETIÇÃO (3 OU MAIS EVENTOS CONSECUTIVOS) ੦ Insuficiência de corpo lúteo, com progesterona insuficiente (precoce); ੦ Alterações morfológicas trato genital como malformações uterinas e incompetência cervical. Incompetência Cervical - Principal Causa Aborto Habitual Tardio • Diagnóstico: história clínica • Exames subsidiários o histerossalpingografia o ultrassonografia pélvica • Tratamento: circlagem cervical o eletiva (fim do 1o trimestre) o urgência (até 22-24 semanas) Cerclagem Mcdonald dupla Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Ameaça de abortamento Trata-se de descolamento decidual (parte do saco gestacional se descolou da descidoa) com evolução incerta. A altura uterina é compatível atraso menstrual. E o colo encontra-se IMPÉRVIO. Abortamento em curso, iminente ou inevitável Transformações cervicais. Colo é PERMEÁVEL ao toque e o material será eliminado. Abortamento completo Eliminação de todo conteúdo intrauterino. A altura uterina é menor que esperado. O colo encontra-se IMPÉRVIO. QUADRO CLÍNICO Sangramento genital, Dor abdominal e atraso menstrual (idade reprodutiva). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Causas obstétricas: • Abortamento • Gestação ectópica • Doença trofoblástica gestacional Causas ginecológicas • Moléstia Inflamatória Pelvica Aguda • Mioma em parturição • Trauma colo/vagina • Tumorações de colo uterino DIAGNÓSTICO • Exame físico geral e ginecológico o Colo impérvio o Ameaça aborto Aborto completo o Colo permeável o Aborto em curso, inevitável • Exames subsidiários • β-hCG • Ultrassonografia pélvica, por via transvaginal frequentemente: § Saco gestacional → vesícula vitelínica → embrião → BCF • Saco gestacional é visto quando β-hCG > 2000 • Vesícula vitelínica: SG > 8mm • Embrião: SG > 25mm (antigo 18mm) • BCF: embrião > 7mm (antigo 5mm) • Hemograma • tipagem sanguínea (Rh negativo) TRATAMENTO 1) Ameaça de abortamento Repouso e sedativos. Não há indicação de progesterona de acordo com MS. 2) Aborto inevitável/iminente/em curso Esvaziamento uterino (D&C, AMIU). • AMIU até 12 semanas de gestação • Enviar material para AP 3) Aborto retido Misoprostol e esvaziamento uterino. Enviar material para AP. ੦ Menos de 12 semanas • Misoprostol 200μg VV. Após 4 horas, AMIU ou curetagem. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA • Tratamento clínico: misoprostol 800μg 12/12h (3 doses). Se não houver evolução, faz curetragem ou AMIU. ੦ Entre 13 e 17 semanas • 200μg de misoprostol VV 6/6 – 4 doses. ੦ Entre 18 e 22 semanas. • 100μg de misoprostol VV 6/6 horas, 4 doses se necessário, repetir após 24 horas da última dose. Complicações • Hemorragia: atonia uterina, laceração cervical, perfuração uterina, restos ovulares, coagulopatias; • Perfuração uterina; • Sinéquias uterinas; • Lesão de órgão adjacente. Abortamento infectado - principal complicação!! Manipulação uterina (aborto provocado) CLÍNICA • Febre • Alterações frequência cardíaca • Queda estado geral • Fluxo vaginal purulento TIPO I Quadro mais leve. Infecção limitada ao interior da cavidade uterina. Bom estado geral, hipertermia (38°C), dor no baixo- ventre, colo uterino e útero dolorosos à mobilização. TIPO II Temperaturas mais elevadas (39ºC). Taquicardia, algum grau de desidratação, pele e mucosas descoradas. Difícil palpação uterina devido à contratura dos retos abdominais em consequência da dor e/ou reação peritoneal. O toque vaginal combinado revela colo uterino pérvio e útero bastante doloroso à mobilização. TIPO III Forma gravíssima devido à infecção generalizada. Presença de altas temperaturas refratárias à medicação, taquicardia, pulso filiforme, hipotensão, distensão abdominal, desidratação e vômitos. Evolução para insuficiência renal aguda e abscessos intraperitoneais. EXAMES • Hemograma com contagem de plaquetas • Urina tipo I • Coagulograma • hemocultura • cultura sec. vaginal e material endometrial • raios X do abdome • USG pélvica transvaginal • TC TRATAMENTO • Esvaziamento uterino • ATB amplo espectro • Histerectomia TOTAL se necessário Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA 2.0 GRAVIDEZ ECTÓPICA Denomina-se gestação ectópica a implantação e o desenvolvimento do ovo fora da cavidade corporal do útero. CLASSIFICAÇÃO Principal localização: região ampular da tuba uterina. INCIDÊNCIA 1970 – 17.800 casos de GE – 4,5/1.000 gestações 1992 – 108.800 casos de GE – 2% gestações DIAGNÓSTICO Fatores de Risco ੦ DIP ੦ Falha de DIU ੦ Falha de laqueadura tubária ੦ GE prévia ੦ Cirurgia tubária prévia ੦ Reprodução assistida ੦ Abortamento provocado/salpingite ੦ Tabagismo ੦ Falha contracepção de emergência Anamnese + Exame Físico Dor Abdominal 95-100% + Atraso menstrual 75-95% + Sangramento Vaginal 65-90% + Sintomas gravídicos 5- 15% + Síncope 5-15% + Tenesmo 5-15% • Sinal de Cullen • Sinal de Proust e Grito de Douglas Exames Subsidiários • Gonadotrofina coriônica humana Concentração sérica de beta-HCG: ੦ Tempo de duplicação de beta-HCG na gestação tópica: 1,4 a 3,5 dias ੦ Elevação de beta-HCG em ectopia é inferior a 54% em 48 horas ੦ Beta-HCG > 2.000mUI deve mostrar saco gestacional intrauterino!! • USG ੦ Identificação de gestação tópica inicial – Está localizado certo? Há batimentos? ੦ Auxilia no tratamento clínico de GE ੦ Sensibilidade no 1º exame (USTV): 69% a 97% Útero SC com anel tubário. Halo hiperecogênico localizado ao lado do útero Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA • CULDOCENTESE: punção do fundo do saco e procura por sangue incoagulável – Não se faz mais hoje!! • LAPAROSCOPIA (95%): serve de diagnóstico e tratamento TRATAMENTO – Principalmente da gravidez tubária • Radical ੦ Salpingectomia • Conservador ੦ salpingostomia ੦ medicamentoso (mtx) ੦ clínico expectante CIRÚRGICO por laparotomia ou laparoscopia (1ª opção) o Salpingectomia (retirada da tuba) § Sinais vitais instáveis/sinais de hemoperitônio § Diagnóstico inconclusivo § Gravidez ectópica avançada § Β-HCG 5.000mUI/mL § Massa anexial >4cm § Atividade cardíaca embrionária § Seguimento difícil§ Contraindicação ao tto clínico o Salpingostomia (aspiração do SG) o Vantagens da laparotomia: Menor incidência de GE persistente. Laparoscopia • Indicações o Estabilidade hemodinâmica o Massa anexial menor que 4-6cm o Ppequena quantidade de líquido livre • Contraindicações o Instabilidade hemodinâmica o Obesidade o Gestação ectópica intersticial o Tamanho da PE acima de 6cm Tratamento medicamentoso Formação anexial sólida ou complexa Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA • Metotrexato • Prostaglandinas • Glicose hipertônica • Cloreto de potássio Tratamento com Metotrexato: • Critérios de seleção das pacientes: o Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia o Ausência de contraindicação clínica § Enzimas hepáticas/função hepática normais § Hemograma e plaquetas normais § Função renal normal o Gravidez ectópica íntegra o Ausência de atividade cardíaca embrionária o Massa ectópica medindo 4cm ou menos o Niveis séricos de beta-HCG <5.000mUI/mL o Desejo reprodutivo o Pequena quantidade de líquido livre • Efeitos colaterais o Neutropenia febril o Alopecia reversível o Pneumonite intersticial ੦ o Fotossensibilidade o Reação anafilática • Mtx intramuscular - DOSE ÚNICA o MTX 50mg/m2 dia 1 o Queda de beta-HCG ³ 15% entre os dias 4 e 7 e acompanhamento semanal até negativação de beta-HCG o Elevação de beta-HCG ou queda <15% entre os dias 4 e 7: MTX 50mg/m2 • Seguimento após mtx Dosagem semanal de beta-HCG sérica até a negativação seguido por USG. HSG após desaparecimento da imagem a USG. E Gravidez deve ocorrer só após 3 meses do MTX • Recomendações após mtx o Abstinência sexual até negativação de beta-HCG o Dieta laxativa o Evitar ingestão de AINH, álcool e vitaminas com ácido fólico o Evitar exposição solar Tratamento – Expectante • CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DAS PACIENTES o Desejo reprodutivo o Pouca dor ou sangramento o Confiabilidade na gestante para seguimento o Nenhuma evidência de rotura tubária o Nível de beta-HCG <1.000mUI/mL e em queda o Massa ectópica <3cm ou não detectável o Ausência de BCF o Estabilidade hemodinâmica Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA 3.0 DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL • Mola hidatiforme Benigna • Mola invasora Coriocarcinoma • Tumor trofoblástico de sítio placentário • Tumor trofoblástico epitelioide Malignas (Neoplasia trofoblástica gestacional) São tumores funcionantes, produzem β-hCG, lactogênio placentário, estrogênios e progesterona. A mola hidatiforme e mola invasora preservam estrutura vilositária. β-hCG ੦ Marcador biológico com correlação quantidade células ativas MOLA HIDATIFORME Trata-se de uma forma não metastática com potencial malignização 5 a 20%. O risco é maior nos 4 primeiros meses após esvaziamento molar. MOLA COMPLETA • Apenas tecido anexial (não há tecido fetal) • Malignização 10 a 20% • Origem paternogenética exclusiva 46 XX (90%) MOLA INCOMPLETA (PARCIAL) • Presença tecido fetal (hemácias etc.) sendo raro feto nascer vivo. Há presença frequente malformações • Malignização 5 a 10% • Origem fecundação dispérmica 69 XXX (90%) APRESENTAÇÃO CLÍNICA • Sangramento genital • Útero aumentado além do esperado • Eliminação de vesículas • Dor abdominal • Intercorrências o hiperêmese o pré-eclâmpsia o Hipertireoidismo o Insuficiência respiratória o cistos tecaluteínicos ULTRASSONOGRAFIA • Tempestade de neve – áreas hiperecogênicas alternadas com imagens hipoecogenicas (vesículas) • Cistos tecaluteínicos Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Diagnóstico Mola hidatiforme precoce (<10 sem) • Assintomática ou apresenta sangramento genital • Não é incomum diagnósticos errôneos como: • Gestação incipiente • Gestação não evolutiva • Aborto retido • Gestação anembrionada • Massa intrauterina Mola hidatiforme tardia (>10 sem) Com a evolução da gravidez, torna-se mais comum identificar fatores clássico da mola hidatiforme: • útero aumentado • hemorragia genital • intercorrências clínicas • tempestade de neve • alteração placentária + feto malformado Tratamento Esvaziamento molar • Histerectomia profilática • Seguimento clínico e laboratorial: Importante não engravidar para não perturbar o seguimento. Todo produto de esvaziamento uterino deve ser enviado para exame histopatológico por risco de evolução para neoplasia trofoblástica gestacional. Esvaziamento uterino da mola hidatiforme: Em casos sem complicações clínicas, podemos fazê-lo na urgência (em 24h), mas quando há complicações clínicas, é necessário ser feito na emergência. • hemorragia genital • pré-eclâmpsia grave • hipertireoidismo clínico: compensar clinicamente • esvaziamento imediato • reserva de UTI Método de eleição: vacuoaspiração uterina elétrica. A curetragem tem risco de perfuração. Não utilizar ocitocina ou prostaglandinas para maturação cervical, pois há risco de haver disseminação de células molares na corrente sanguínea. Seguimento pós-molar • Avaliação clínica • Dosagens seriadas de hcg • Anticoncepção: detecção precoce da neoplasia trofoblástica gestacional • Elevação (variação >10%) em 3 medidas semanais • Plateau (variação <10%) em 4 medidas semanais • Doença metastática? • Descatar Coriocarcinoma • Pesquisa do sítio da neoplasia NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL Ocorre deportação vilosa, principalmente por via hematogênica. Os locais de implantação mais comuns são pulmão, órgãos pélvicos, cérebro e fígado. CORIOCARCINOMA Origem: 50% mola hidatiforme, 25% abortamento, 22,5% gestação termo e 2,5% gestação ectópica. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Possui um índice remissão com 95% quando ocorre diagnóstico menos 4 meses e 50% se metástase cerebral e ou hepática. Prognóstico ੦ Baixo risco: metástase pulmonar/pélvica, β-hCG <40.000, evolução inferior 4 meses. ੦ Médio risco: metástase pulmonar/pélvica, β-hCG >40.000, evolução superior 4 meses. ੦ Alto risco: metástase cerebral ou hepática ou resistência prévia quimioterapia. Exames subsidiários • β-hCG • USG pélvica – nódulos em vagina, ou implantação pélvica • Hemograma • Tipagem sanguínea • RX tórax – presença de nódulos em RX Tratamento Depende da idade + paridade. Além da classificação de risco. Em baixo risco fazemos monoquimioterapia e em alto risco é necessário poliquimioterapia. A cirurgia é feita somente em casos de exceção. Seguimento • Mola hidatiforme: 6 m após normalização hCG • NTG baixo risco: 12-24 m após normalização hCG • NTG alto risco: 18- 24 m após normalização hCG. • NTG ultra-alto risco: TTSP/ TTE: 5 anos após normalização hCG Gestação após NTG • Maior risco de nova MH • Gestação pós-MH: prognóstico semelhante a gestação de baixo risco • Gestação pós-NTG • maior risco de abortamento no 1o ano pós-NTG • maior risco de sofrimento fetal/óbito fetal e placenta previa • Fazer hCG 4-6 semanas após término da gestação
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