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DA LESÃO CORPORAL

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LESÃO CORPORAL
ARTIGO 129, CÓDIGO PENAL.
DA LESÃO CORPORAL – Art. 129, CP
Conceito: é a ofensa humana direcionada à integridade física ou à saúde de outrem, dependendo da produção de algum tipo de dano no corpo da vítima, sendo interno ou externo, que englobe qualquer tipo de alteração prejudicial à saúde, incluindo problemas psíquicos. Pode ser cometido mediante grave ameaça ou durante ato sexual consentido, devendo caracterizar, hematomas, fraturas, fissuras, escoriações e luxações.
OBS: o corte de cabelo ou de barba sem autorização da vítima, pode caracterizar como lesão corporal, dependendo da motivação do agente, se esta, for a de humilhar a vítima.
Objeto Jurídico: Incolumidade física em sentido amplo, pois se trata de ofensa física e também a saúde da vítima.
Objeto Material: a pessoa humana que suporta a conduta criminosa.
Núcleo de Tipo: prejudicar alguém, no que diz respeito a integridade corporal e saúde, pode ser praticado por ação e também por omissão, admite qualquer meio de execução.
Elemento Subjetivo: dolo direto e eventual – caput e §§ 1°, 2° e 9° (animus laedendi e animus nocendi), podendo também a culpa §6° e o preterdolo §3°.
É possível tentativa, quando se tratar da modalidade dolosa, não podendo ser confundida com a contravenção penal de vias de fato prevista no art. 21, decreto-lei 3.688/41.
Ação Penal: quando se trata de lesões corporais de natureza leve e culposa, a ação penal é pública condicionada à representação do ofendido, art. 88. Lei 9.099/95, enquanto as demais lesões são de ação pública incondicionada.
OBS: VER SÚMULA 542 DO STJ
Lei 9.099/95- as lesões de natureza leve e culposa, são crimes de menor potencial ofensivo, o seu processamento se dá por meio do rito sumaríssimo, e de acordo com o disposto nos arts. 77 e seguintes, admitem a transação penal. Ainda no que concerne sobre as hipóteses do §1° do 129, admitem a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 do juizado especial, as demais modalidades de lesão corporal são incompatíveis com os juizados especiais, seguindo o rito comum.
OBS: VER SÚMULA 536 DO STJ.
Nas lesões corporais dolosas de natureza leve, o consentimento do ofendido importa como causa supralegal de exclusão de ilicitude, seguindo os requisitos:
a) expresso;
b) livre de coação, grave ameaça ou mediante violência;
c) respeitando a moral e os bons costumes;
d) anterior à consumação da infração penal;
e) manifestado por pessoa capaz.
OBS: O consentimento do ofendido será irrelevante nos casos de lesões de natureza grave, gravíssima e seguida de morte.
Torna-se fato atípico, quando as lesões de natureza leve e culposa, for ínfima à integridade física ou à saúde da vítima, incidindo os princípios da insignificância ou da bagatela.
Ainda em falando de princípios, ao olharmos para o princípio da alteridade, não será punida a autolesão, salvo se essa se caracterizar fraude para recebimento de valor de seguro – art. 17, §2°, CP, ou para a criação ou simulação de incapacidade física – art. 184, CPM.
De acordo com a lei 9. 434/97, autoriza a disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano de pessoa viva, para fins de transplantes, sendo o doador capaz, anuindo com o ato, dessa forma não se tem o crime de lesão corporal. Assim como nos casos de cirurgias emergenciais.
LESÃO CORPORAL LEVE OU SIMPLES – ART. 129, CAPUT
É toda e qualquer lesão que se caracterize como grave ou gravíssima, e que não seja praticada no âmbito de violência doméstica e familiar contra mulher. A prova de materialidade se através de exame de corpo de delito, necessitando dessa forma, de perícia para que haja uma condenação, sob pena de nulidade, nos termos do art. 564, III, b, CPC.
Para oferecimento de denúncia é suficiente um boletim médico ou prova equivalente, sempre condicionada à representação do ofendido, conforme art. 77, § 1°, Lei 9.099/95.
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE – ART. 129. § 1°.
É a figura qualificada da lesão corporal, considerada grave, se tem como resultado o disposto nos incisos do parágrafo do artigo supra:
I) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de trinta dias; qualquer atividade ocupacional de caráter físico ou mental da vítima, não tento a necessidade de ser uma atividade lucrativa, nem tendo relevância a idade da vítima. Essa atividade deve ser lícita, indiferentemente se seja considerada moral ou não, não incidindo como qualificadora, quando a vítima deixar de realizar suas atividades por vergonha. Essa incapacitação deve ser objetiva, não se admitindo a incapacidade subjetiva, a ocorrência da qualificado, se dará após decurso do prazo estabelecido em lei (crime a prazo). A lei exige dois exames periciais, sendo um realizado logo após ao crime, e outro complementar para comprovar a duração da incapacidade, em razão dos ferimentos, esse exame complementar pode ser substituído por prova testemunhal – art. 168, §3°, CPP.
II) PERIGO DE VIDA; possibilidade concreta e imediata de a vítima vir a óbito em decorrência das lesões sofridas, com comprovação por perícia médica, podendo ser substituída por prova testemunhal, com depoimentos embasados por especialistas.
III) DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO; diminuição ou enfraquecimento de habilidade funcional, sendo está permanente, duradoura e de recuperação incerta.
IV) ACELERAÇÃO DE PARTO; é a antecipação do parto, acarretando o parto prematuro, onde a criança nasce e continua a viver, sendo necessário que o agente, na época em que comete o crime, tenha conhecimento da gestação, se assim não o for, desconhecendo a gestação, responderá por lesão corporal leve. Se o feto for expulso do ventre morto, ou, se vier a ser expulso com vida, mas vier a falecer logo em seguida, responderá o agente por lesão corporal gravíssima, em decorrência do aborto.
LESÃO CORPORAL GRAVISSIMA – ART. 129, §2°.
É a segunda forma qualificadora prevista no artigo, sendo caracterizada se resultar:
I) INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO; tem relação com a atividade remunerada da vítima, que resta prejudicada no aspecto financeiro, sendo que das lesões, resultou em incapacidade longa e duradoura, não sendo possível fixar limite de tempo, bastando que essa incapacidade laborativa seja parcial ou relativa.
II) ENFERMIDADE INCURAVEL; alteração prejudicial da saúde por processo patológico, físico ou mental, que não pode ser eficazmente combatida pela medicina na época do crime, devendo ser provada por meio de perícia. 
III) PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO, SENTIDO OU FUNÇÃO; perda, é caracterizada pela mutilação, que pode se dar pela eliminação direta por meio da conduta criminosa, ou pela amputação em decorrência das lesões sofridas; já a inutilização, é a falta de aptidão do órgão para o desempenho de atividades a ele inerentes. 
IV) DEFORMIDADE PERMANENTE; dano duradouro no corpo da vítima, que não pode ser corrigido por si próprio ao longo do tempo. Prevalece o entendimento que esta qualificadora está ligada aos danos estéticos, sendo totalmente visíveis os danos causando imagem vexatória.
V) ABORTO; interrupção da gravidez tendo como consequência a morte do feto, devendo ser praticado culposamente (crime preterdoloso), quando o agente tinha a intenção de lesionar a gestante, se o aborto for proposital, responderá o agente em concurso formal impróprio ou imperfeito, nos termos do art. 125, CP.

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