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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História - EAD UNIRIO/CEDERJ GABARITO SEGUNDA AVALIAÇÃO PRESENCIAL 2019-2 DISCIPLINA: PATRIMÔNIO CULTURAL COORDENAÇÃO: MÁRCIA CHUVA QUESTÃO 1 (4,0) Considerando a Convenção para Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, de 1972, e a Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, de 2003, ambas da UNESCO: a) Indique 2 pontos em comum e 2 aspectos distintos entre as duas Convenções e analise-os; Resposta: Como pontos em comum podemos dizer que as duas convenções trabalham com a noção de “valor excepcional universal” e mantém o Estado signatário como responsável pela identificação e proteção do bem. Como aspectos distintos podemos citar o reconhecimento do patrimônio imaterial na Convenção de 2003, conceito ausente na de 1972, e um protagonismo dos agentes envolvidos com o bem cultural, bem como de países que, até mais recentemente, pouco ocupavam as listas do patrimônio mundial. b) Comente o conceito chave de “valor excepcional universal”, que consta na Convenção de 1972 e apresente a crítica colocada a seu respeito. Resposta: A partir da segunda metade do século XX, novas leituras passaram a ser observadas no campo do patrimônio. A Carta de Veneza (1964) já destacava a preocupação com a definição de responsabilidades de proteção, de obras consideradas monumentais que fossem “testemunho vivo das tradições seculares” ou “portadoras de mensagem espiritual do passado”. No entanto é a Convenção de 1972 que apresenta disposições de um sistema que se entende eficaz na proteção do “patrimônio cultural e natural de valor universal excepcional”. Diferentemente das convenções e cartas anteriores, esta apontava para critérios que buscavam definir os bens como representantes únicos de tempos pretéritos, de diferentes momentos da história da humanidade, reforçando o caráter único, excepcional e insubstituível. A crítica que se fez ao texto de 1972 atentou para a falta de objetividades nos critérios a serem utilizados na definição dos bens, ou seja, ausência de diretrizes que só vieram a ser definidas em 1977 que trouxeram critérios divididos entre culturais e naturais. Estes critérios buscavam definir os bens como representantes únicos de tempos pretéritos, de diferentes momentos da história da humanidade, reforçando o caráter único, excepcional e insubstituível. Vale destacar que entre 1972 e 2008, a noção de excepcional variou de um bem que seja “altamente representativo da cultura do qual ele faz parte” (Operational Guidelines for the World Heritage Comittee, 1977) para “excepcional o bastante para transcender limites nacionais e possuir uma importância compartilhada para as gerações presente e futura de toda a humanidade” (Operational Guidelines for the Implementation of the World Heritage Convention, 2008). QUESTÃO 2: (3,0) Com base o material didático, apresente o conceito de Museu Integral tal como foi construído na Mesa Redonda de Santiago do Chile, ocorrida em 1972, e contextualize o evento, apontando sua importância para a virada social do campo da Museologia. Resposta: A concepção de museu variou ao longo tempo. A palavra museu vem do termo grego mouseion, templo da musas, local onde se cultivavam as artes e as ciências, derivando para o termo latino museum. Já em sua forma moderna, e sob influência direta dos acontecimentos da Revolução Francesa, os museus relacionam-se às ações para o fortalecimento dos Estados Nacionais, no sentido de narrar histórias que servissem à legitimação das elites nacionais. Outra característica dos museus vincula-o à tradição de guarda de objeto, relacionada a concepções iluministas de conhecimento. Seria somente no século XX, a partir da década de 1970 (inclusive sob a forte influência do movimento de maio de 1968), quando crescem as críticas ao caráter elitista e eurocêntrico dos museus, que vão surgir novas perspectivas. Esse processo terminou por resultar em uma reavaliação global do papel dos museus na sociedade. Neste contexto, são propostas novas narrativas que aproximem os museus do público. E houve mesmo uma verdadeira revisão do papel dos museus na sociedade. Hoje ele é entendido de uma forma muito mais ampliada e a serviço da valorização de múltiplas identidades, configurando a ideia de Museu Integral. A concepção de Museu Integral está explicitada, dentre outros, no texto produzido na Mesa Redonda de Santiago do Chile, em 1972. Neste, uma nova relação entre museus e sociedade é defendida. Esta proposta está diretamente relacionada às críticas que os movimentos sociais faziam e intensificaram a partir do maio de 68. Os museus tradicionais representavam, para esses grupos contestadores, toda uma visão da sociedade e do passado marcados por uma caduca ideologia do progresso, por uma visão eurocêntrica do mundo e cega à diversidade social e cultural da humanidade. O momento de produção do documento – a década de 1970 - foi justamente o da tentativa dos museus de reagir a essas críticas, buscando superar as limitações e o ranço que ainda persistia na maior parte das instituições museológicas. Embora defendam a permanência da instituição Museu, há neste momento a defesa de uma revisão ampla do papel dos museus na sociedade. QUESTÃO 3 (3,0) Analise a relação entre a categoria “patrimônio mundial” e a expansão do turismo, apoiando-se no material didático e no artigo de Leila Bianchi Aguiar O IPHAN e o desenvolvimento turístico nos conjunto urbanos preservados.1 Resposta: Leila Aguiar demonstra em seu artigo como o turismo esteve associado aos discursos de defesa do patrimônio cultural no Brasil. O 1 AGUIAR, Leila Bianchi. O IPHAN e o desenvolvimento turístico nos conjuntos urbanos preservados. In turismo foi entendido como um aliado no pensar as ações de preservação, sem perder de vista o desenvolvimento e a capacidade de gerar recursos às comunidades envolvidas. O documento que ficou conhecido como Normas de Quito chama a atenção, especialmente no que toca os países em desenvolvimento, para a necessidade de assistência por parte da UNESCO, por meio do envio de técnicos que ajudassem os governos na elaboração de programas que vinculassem a proteção dos patrimônios com o turismo, percebidos como essenciais para a promoção do desenvolvimento econômico associado à cultura. O fortalecimento do diálogo da UNESCO com o Brasil, no tocante ao patrimônio cultural e turismo, se faz a partir dos anos 60 do século XX. Nesta aproximação o turismo é articulado aos bens culturais e suas relações com o desenvolvimento econômico da nação e não apenas ao patrimônio edificado ou natural, mas também às tradições e manifestações culturais. Leila Aguiar destaca que a avaliação do sucesso desta relação entre o turismo e a preservação esbarra nos limites do interesse do lucro dos envolvidos. Uma vez que não há mais a perspectiva de lucro, os empreendimentos e investimentos para a região se dissipam também. Anais da Primeira Oficina de pesquisa do IPHAN. Rio de janeiro: IPHAN, 2008.
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