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gestão empresarial Desenvolvimento De negócios Negócios: coNtextos e coNceitos Desenvolvimento De negócios Negócios: coNtextos e coNceitos ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da Unidade o aluno deverá ser capaz de conceituar negócios, considerando sua heterogeneidade contextual. COmpetênCias Conhecer as evoluções do termo e conceito Negócio, favorecendo desenvolver opinião própria e atualizada acerca do assunto. Habilidades Associar informações de negócio e a seus elemen- tos estruturais. 1 ApresentAção Nesta primeira Unidade, você conhecerá as teorias bási- cas que fornecerão subsídios que facilitarão a sua com- preensão dos contextos e abordagens dessa disciplina. Esses elementos são fundamentais na construção do pro- cesso de conhecimento que se completará nas últimas Unidades com o desenvolvimento do plano de negócio. pArA ComeçAr Esta é a nossa primeira Unidade. Queremos te dar as boas-vindas a esta disciplina. Nós, professores autores preparamos um material com o qual você possa des- cobrir o mundo do desenvolvimento de negócios, uma área de estudo que difunde conhecimentos aos alunos e empresários, levando-os a aprenderem conceitos e téc- nicas para o desenvolvimento do seu negócio de forma empreendedora. Por isso perguntamos a você: 1. No seu ponto de vista, o que é um negócio? 2. Será que o dinamismo das mudanças do mundo tem levado os gestores a buscarem novas compe- tências que vão além da excelência administrativa nos seus negócios? Analisando estas perguntas... → Ainda não definiremos negócio, pois o intuito da primeira pergunta, neste momento, é fazer com que você perceba até o final das três primeiras Uni- dades, sua evolução conceitual, partindo do seu ponto de vista; → Mudanças sempre aconteceram, sobretudo, in- fluenciadas por grandes acontecimentos sociais, religiosos, econômicos, tecnológicos, políticos, en- tretanto, é evidente que há, cada vez mais, uma Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 4 maior velocidade nas transformações, sobretudo, aquelas tecno- lógicas, a qual exige dos gestores além de competência adminis- trativa, também uma capacidade empreendedora para criar e de- senvolver novos negócios e reconfigurar modelos de negócios já existentes, tantas vezes quanto forem necessários. Estudar o de- senvolvimento de negócio por esta perspectiva tem como objetivo criar competências e capacidades que vão além da elaboração de um bom plano de negócio, mas fazer com que você consiga desen- volver e administrar seu negócio com excelência por meio de ações empreendedoras. Nessa Unidade, você aprenderá conceitos e contextos acerca de negócios e seus elementos estruturais. Atenção O empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma oportunidade. (DRUCKER, 2008, p.36) Iniciaremos os estudos na disciplina Desenvolvimento de Negócios, por meio de conceitos de base que levem o futuro profissional a buscar ações centradas na essência da gestão de uma empresa e com as quais buscará a excelência administrativa. Quando se decide desenvolver e administrar o próprio empreendimen- to com excelência, certamente precisará formular estratégias para atingir tal objetivo. Fundamentalmente, isso implicará em conhecer e compreen- der os ambientes no qual está inserido, bem como utilizar os processos, recursos e capacidades empresariais para obter vantagem competitiva na sua área de atuação. Nesse contexto, os conhecimentos e habilidades exigidas dos gestores vão além do uso do potencial empreendedor para se criar algo novo, mas também a capacidade de analisar os ambientes de negócios, saber avaliar riscos e novas oportunidades e agir constante- mente de forma empreendedora. Podem-se perceber nos dois parágrafos anteriores descrições de pala- vras que serão imprescindíveis para a construção de conhecimento nesta disciplina de Desenvolvimento de Negócios. Entender e saber aplicar es- tes conceitos pode ser fundamental para os empreendedores. Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 5 Mas, afinal o que é empreendedorismo, negócio, estratégia, processo, recurso, capacidade, riscos e oportunidades, vantagem competitiva? Nestas primeiras Unidades, será discutido acerca destes conceitos básicos. DicA Busque a excelência nos negócios por meio de ações em- preendedoras. E então? Estão preparados para conhecermos os conceitos básicos e avan- çarmos na construção do conhecimento na disciplina Desenvolvimento de Negócios? Vamos lá! FundAmentos 1. intrOdUçãO Não é de hoje que se acredita que o empreendedor é o maior responsá- vel em mover a economia, pois, muitas literaturas tratam deste assun- to. Schumpeter (1934) afirmava que, o empreendedor era o principal responsável pelo desenvolvimento econômico quando criava o novo, a isto ele chamou de destruição criadora, pois ao criar o novo também surgia a oportunidade de desenvolvimento de novos negócios (apud DOLABELA, 2006). Ora, é este exatamente o tema de nossa disciplina Desenvolvimento de Negócios, negócios que podem ser desenvolvidos a partir de ideias que podem ser transformadas em oportunidades. Segundo Dolabela (2006), existe uma confusão entre ideia e oportunidade, agarrar uma oportunida- de é a grande diferença de um empreendedor de sucesso, mas é preciso que o empreendedor tenha habilidade para separar a ideia e a oportuni- dade praticando sempre, pois atrás de uma oportunidade sempre existe uma ideia, mas apenas com um bom estudo de viabilidade, que pode ser realizado por meio de um Plano de Negócios (PN) é que será demonstra- do se a ideia pode vir a ser um bom negócio. Dentro deste contexto que vamos desenvolver esta disciplina, identifi- cando os conceitos relacionados aos negócios e ao empreendedorismo. A tabela 1 nos mostra fontes de ideias. Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 6 foNtes de ideias oportuNidades negócios existentes Podem existir oportunidades em negócios falidos. É evidente que bons negócios são adquiridos por pessoas próximas: empregados, familiares, amigos e outros. franquias e patentes Estudos de viabilidades já desenvolvidos por região. licença de produtos Uma fonte de boas ideias é assinar revistas da área. Corporações, universidades e instituições de pesquisas não lucrativas podem ser fontes de ideias e oportunidades. feiras e exposições Bolsões do conhecimento. empregos anteriores Muitos negócios são criados por produtos ou serviços baseados em tecnologia e ideias desenvolvidas por empreendedores enquanto eles eram empregados de outros. contatos profissionais Advogados de patentes, contadores, bancos, associações de empreendedores. consultoria Dar consultoria pode ser uma fonte de ideias. pesquisa universitária Bolsões de conhecimento. observação Observar o que se passa em volta, nas ruas. ideias que já viraram oportunidade Ideias que deram certo em outros lugares. experiência Experiência adquirida enquanto consumidor. mudanças Mudanças demográficas e sociais, mudanças nas circunstâncias de mercado. caos Crises econômicas, atrasos. capacidades pessoais Capacidades e habilidades pessoais. agir Tomar atitude em relação a uma visão. solucionar problemas Abordar um problema de forma a transformá-lo em oportunidade. criatividade Descobrir o novo em algo que já existe, melhorar, acrescentar uma inovação a uma ideia que já existe. inovação Combinar de forma nova. Quando se trata de ideias e oportunidades, é preciso levar-se em conside- ração que nem todas as ideias são oportunidades para todos, pois tudo vai depender de fatores, como: capacidade, habilidade, conhecimento, perfil individual, motivação, relações. E isso muda de pessoa para pessoa(DOLABELA, 2006). Tabela 1. Fontes de ideia. Fonte: Adaptado de Dolabela (2006). Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 7 A seguir vamos aprofundar conceitos e elementos próprios dos negó- cios e à medida que formos avançando nas Unidades mais conhecimento vamos desenvolver. 1.1. Negócio: coNceitos e coNtextos Mesmo que em proporções diferentes, os negócios interferem diretamen- te na vida de todas as pessoas, assim como as pessoas afetam o mundo dos negócios. As disciplinas que compreendem o estudo dos negócios tratam de um conjunto de técnicas, tecnologias, assuntos mercadológicos, financeiros, contábeis, entre outros. Podemos definir negócio como as atividades que direcionam o fluxo de produtos e/ou serviços ao mercado consumidor e que definem e im- plantam decisões estratégicas para assegurar a continuidade da empresa. Nesse contexto, a gestão de negócio tem o papel fundamental de definir qual é o nível ótimo de interação entre os recursos, capacidades e com- petências da empresa, de modo a atender às necessidades de mercados específicos (SILVA; OLIVEIRA; PRADO, 2005). Embora muitos autores definam negócios, detalhando-os por meio de elementos, especificações, hipóteses para se atingir uma teoria clara, con- sistente e válida no negócio são necessárias habilidades e competências que serão adquiridas com trabalho, reflexão e experimentação, assim, cada empresa deve desenvolver a sua própria teoria de negócio desejado para atingir o sucesso desejado. 1.1.1. Negócio desejado Negócio desejado antecede todas as atividades do planejamento. Se o empreendedor tem de planejar, tem de saber para quê está planejando – para chegar ao negócio idealizado em sua visão, ao qual estão asso- ciados os objetivos organizacionais, a missão, a visão, as estratégias cor- rentes e os fatores-chave de sucesso. O negócio desejado, na verdade, é formulado com base nos objetivos organizacionais, que determinam as prioridades da empresa. Em outras palavras, ele expressa aonde o empre- endedor quer chegar, como ele visualiza o seu negócio no futuro. A visão do negócio do empreendedor é definida considerando-se, com clareza, qual é o negócio da empresa. Ao definir em que negócio a empresa está, o empreendedor define sua missão. Para executar de forma eficiente os objetivos organizacionais (e, as- sim, cumprir sua visão), porém o empreendedor precisa levar em conta os fatores-chave de sucesso, isto é, os pontos fortes mais relevantes de sua empresa. É por isso tudo que não se pode definir negócio desejado separadamente da missão, visão e dos outros fatores citados. Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 8 Observe a Figura 1, a relação entre eles. Visão Fatores-chave Missão Estratégias vigentes objetivos organizacionais Negócio desejado Na prática, como isso acontece? Como o empreendedor faz o planeja- mento de seu negócio? Como já apontamos, o empreendedor inicia seu planejamento pela definição do negócio desejado. Segundo Buchsbaum e Buchsbaum (2012), os negócios surgem por meio dos empreendedores, que podem nascer de um mercado de traba- lho que não absorve toda a mão de obra disponível, de funcionário insa- tisfeito com seu cargo atual, ou de pessoa que deseja realizar pela cons- trução de novos empreendimentos. Assim, uma empresa nasce quando há uma chama inicial, que surge de uma pessoa ou um grupo, que de- sejam suprir o mercado de algum produto ou serviço que tenha um di- ferencial competitivo. Desta forma, as empresas organizam os recursos necessários para estruturar o negócio correndo riscos ou recompensas que podem ser: lucros ou prejuízos. Para melhor compreender o negócio, a seguir apresentamos alguns elementos importantes para a criação do negócio desejado pelo empre- endedor. O primeiro passo é encontrar a oportunidade no mercado e na sequência definir a missão! 1.2. elemeNtos do Negócio desejado Como já vimos em outras disciplinas deste curso, a missão da empresa é determinada pela resposta a uma pergunta essencial: em qual negócio estamos envolvidos? Para quê a empresa foi estabelecida, isto é, foi cria- da para fazer o quê? Por exemplo, se uma empresa foi criada para fazer biscoitos e bolachas, então ela não foi criada para fazer pão, apesar de pertencer ao ramo alimentício; o que não significa que não possa fazer pão, mas que sua especialidade é biscoitos e bolachas. Isso dá uma defi- nição muito clara do negócio em que está inserida e das implicações para seus objetivos de mercado e comercialização (RODRIGUES; RISCAROLLI; FONTÃO, 2010). Figura 1. Definição do negócio desejado. Fonte: Rodrigues, Riscarolli, Fontão (2010). Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 9 A visão de negócio deixa claro aonde o empreendedor quer chegar, ou seja, como enxerga seu negócio no prazo de um, três ou cinco anos. Isoladamente, ela é o elemento mais importante para determinação dos objetivos organizacionais, porque, para ser cumprida, requer o estabele- cimento dos objetivos para ser alcançada. Assim, para determinar o negó- cio desejado, o empreendedor precisa antes definir a visão de seu negócio (RODRIGUES; RISCAROLLI; FONTÃO, 2010). Em empresas que estão começando e o planejamento é feito pela pri- meira vez, não há como avaliar se as estratégias correntes estão funcio- nando ou devem ser trocadas, mas para negócios em andamento essa tarefa é importante. Então, ao determinar o perfil de negócio desejado, o empreendedor deve avaliar se as estratégias correntes, organizacionais, corporativas e competitivas estão funcionando, ou o que está funcionan- do nelas ou não. Atenção A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitó- ria. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota. (SUN TZU, 2009) Na década de 1980, Michael Porter publica o livro Competitive Strategy, o qual descreve a estratégia de negócios como aquela baseada na estru- tura de mercado no qual elas operam. Mais tarde estes conceitos são contundentemente contestados por Jay Barney, o qual defende a estra- tégia como algo inerente às situações internas, numa visão baseada nos recursos das empresas. Ainda entre os anos 1980 e 1990, Wright define estratégia como sendo planos da alta administração para atingir resulta- dos consistentes com as missões e objetivos da organização, enquanto que, Mintzberg discute acerca dos paradoxos entre a interpretação desses conceitos e da sua aplicabilidade e, detalha a estratégia, por meio de dez escolas evolutivas. Antes de entrarmos nos conceitos de estratégias, faz-se necessário, en- tender os estágios de crescimento da empresa, apesar de que nem todas as empresas passam por todas as etapas aqui descritas, pois algumas pu- lam alguns estágios, mas no geral estes são os estágios, conforme mostra a tabela 2 — Estágios de crescimento da empresa. Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 10 estágios descrição acumulando recursos A maioria das empresas é iniciada por um ou mais empreendedores que acumulam recursos financeiros e técnicos para iniciar um empreendimento e vencer as barreiras à entrada no negócio escolhido. explorando oportunidades Todo negócio é iniciado explorando-se uma oportunidade identificada pelo empreendedor no mercado. A habilidade em evitar o rápido esgotamento da oportunidade, promovendo sua ampliação até se obter um negócio estabilizado, representa o sucesso neste estágio. explorando nicho de mercado A maioria dos negócios começa explorando um nicho de mercado. Assim, para crescer, devem vencer as barreiras do esgotamento do nicho. Isto é, expandir- se para além dos limites dessas barreiras. explorando mercado Conforme o empreendimento se desenvolve, explorando todo o mercado, encontraa barreira imposta pelo esgotamento do mercado. A empresa, então, para continuar a crescer, precisa diversificar. explorando negócios com sinergia A maioria das empresas procura iniciar a diversificação explorando negócios com sinergia, podendo continuar a crescer até o esgotamento dos negócios com sinergia. explorando negócios sem sinergia A empresa que quiser crescer, depois do esgotamento dos negócios com sinergia, deve orientar sua diversificação explorando negócios sem sinergia. A barreira a este tipo de crescimento é o esgotamento da capacidade gerencial da empresa, assim como a perda de criatividade para identificar novas oportunidades. Segundo Degen (1989), cada estágio de crescimento tem duas fases con- secutivas: a primeira é a fase administrativa e a segunda, a fase empre- endedora. A fase empreendedora você irá estudar nas próximas Unida- des. Quanto à fase administrativa o autor nos revela que são duas a de baixo risco e a de alto risco, conforme nos mostra o tabela 3 — Fases administrativas. fases admiNistrativas descrição baixo risco O foco desta fase é otimizar a orientação estratégia básica, procurando aumentar a eficiência da empresa. Esta fase é considerada de baixo risco, porque nela são feitos somente ajustes internos na organização e nas operações da empresa, à procura da maior eficiência possível. Neste caso depende somente da organização. alto risco Esta fase é considerada de alto risco, porque esta é a fase empreendedora, para a empresa continuar a crescer ela terá que fazer ajustes fundamentais na relação da empresa com o seu ambiente, à procura de maior eficácia. Aqui ocorre que os ajustes são externos e por isto não dependem somente da organização. Tabela 2. Estágios de crescimento da empresa. Fonte: Adaptado de Degen (1989). Tabela 3. Fases administrativas. Fonte: Adaptada de Degen (1989). Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 11 Agora que já foram apresentados os estágios de crescimento e as fases de risco dos negócios, vamos avançar nos conceitos básicos de estratégia de negócios. Para que ao final dessa disciplina, possamos desenvolver um plano de negócio atualizado e de forma empreendedora, iremos consi- derar para a definição de negócio desejado, três tipos básicos de estraté- gias que compreendem características descritas por diversos autores, tais como os citados anteriormente: → Estratégias organizacionais, o empreendedor precisa verificar se o desenho da sua empresa está funcionando, quer dizer, se a estrutura divisional (quantas divisões e de que tipo), os níveis hierárquicos (quan- tos níveis existem, se são suficientes ou demasiados), a distribuição do poder e as linhas de comunicação formais existentes são eficientes. Se não o forem, as mudanças necessárias constituir-se-ão objetivos organizacionais que devem contribuir para alcançar, à frente, o perfil de negócio desejado (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000); → Estratégias corporativas, o empreendedor avalia os processos, os recursos e as capacidades instaladas ou disponíveis para fazer a empresa funcionar de determinada forma. Os processos são es- truturais, que fazem parte da estrutura ou a fazem funcionar; admi- nistrativos, que envolvem principalmente a tomada de decisões e as comunicações; e produtivos, que fazem que a empresa trabalhe dentro do nível corrente de produtividade e qualidade. Com relação aos recursos, o empreendedor deve ver qual tipo e volume de recur- sos estão disponíveis para execução das ações e metas do plano. Os recursos materiais (insumo e materiais de consumo) são suficientes? Os recursos de equipamento são atualizados e suficientes? E, princi- palmente, os recursos financeiros existem e são suficientes? Quanto dinheiro a empresa possui para investir na execução das atividades que cumprem as metas? Obviamente, se há poucos recursos, o perfil do negócio desejado estará condicionado ao que for possível fazer com eles (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000); → Estratégias competitivas, o empreendedor examina como sua em- presa opera no mercado. Deve-se verificar, em especial, as políticas de preço, o segmento de mercado servido pela empresa (há outros que se possam servir? Esse é o melhor segmento, o mais lucrati- vo? Está crescendo a participação de sua empresa no mercado?) e o que ela está fazendo para se contrapor às estratégias dos princi- pais concorrentes (quem são esses concorrentes? Qual estratégia deles mais incomoda sua empresa?). Essa rápida análise vai permitir ao empreendedor selecionar o que interessa dentre as estratégias Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 12 examinadas ou não, por ser ineficiente ou inapropriado. Vai permitir também que ele enxergue as estruturas internas que não estão aju- dando a executar metas críticas aos interesses da empresa. Tal aná- lise vai servir, então, para ajudar e estabelecer os grandes objetivos organizacionais (MINTZBERG, AHLSTRAND, LAMPEL, 2000). Entre outras estratégias, segundo Degen (1989), uma empresa necessita entender às estratégias de crescimento que podem ser dominantes, como por exemplo: identificar oportunidades, atender a uma necessidade e de- senvolver negócio dominante, conforme mostra a tabela 4 – Entendimen- to das estratégias de crescimento. estratégias de crescimeNto domiNaNtes Necessidade identificar oportunidades Os empreendedores num primeiro estágio de crescimento acumulam recursos e procuram identificar oportunidades de negócios. atender a uma necessidade Após identificar uma oportunidade e vencer as barreiras à entrada no negócio, a empresa se desenvolve, realizando e atendendo a uma necessidade do mercado. desenvolver negócios dominantes Nesta fase a empresa enfoca todo o potencial do negócio desde sua consolidação num nicho de mercado, no terceiro estágio de crescimento, sua expansão para todo o mercado, no quarto estágio, até a diversificação para negócios com sinergia, no quinto estágio. Todo o crescimento da empresa nestes estágios se desenvolve com um único negócio. Por isso, chamamos essas estratégias de crescimento de desenvolver negócio dominante. Mesmo a diversificação para as atividades com sinergia é uma complementação do negócio dominante. Segundo Degen (1989), a última estratégia de crescimento é a diversifica- ção, e para o autor, é a mais complicada, pois pode ocorrer que a empresa perca sua orientação estratégica básica, ou seja, a cultura que a orienta informalmente. Por esta razão, só é recomendável diversificação quando a empresa não tiver mais como crescer, aí sim ela vai adotar a estratégia de diversificação. E mesmo assim, recomenda-se que a empresa cresça de forma mais voltada para suas capacidades especificas e sua competência essencial, evitando que acesse negócios que ela não tenha conhecimento, ou seja, sem sinergia, pelo menos até que desenvolva capacidade para isto, ou melhor, sinergia. Tabela 4. Entendimento das estratégias de crescimento. Fonte: Adaptado de Degen (1989). Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 13 É importante saber que competência essencial é a combinação de ca- pacidades específicas desenvolvidas nos indivíduos, grupos e equipes (RODRIGUES, RICCARDI, 2007). A organização é composta de recursos e capacidades, estes precisam estar alinhados aos objetivos organizacionais, após o empreendedor ob- servar uma oportunidade no mercado ele precisa definir os objetivos e levantar os recursos. Segundo Marcondes e Bernardes (2004), para observar uma oportuni- dade é preciso levar em consideração alguns aspectos importantes, pois os negócios existem para satisfazer necessidades humanas. Por exem- plo, uma empresa de transportes urbanos é criada porqueos moradores da cidade necessitam deste tipo de empresas para se deslocarem nas suas obrigações. Porém, é importante verificar se a cidade tem pessoas suficientes para utilizarem uma nova empresa de transporte, então, além de atender as necessidades dos clientes é necessário fazer um estudo de viabilidade de negócio que é possível de ser realizado com o plano de negócio que ire- mos aprender nas próximas Unidades. Marcondes e Bernardes (2004) afirmam que uma nova empresa so- mente pode ser viável caso atenda à necessidade que ainda não esteja completamente satisfeita, mas uma necessidade pode já estar satisfeita, porém existe a possibilidade de ter seu atendimento melhorado. Entre outros fatores, a população do país como um todo está cada vez mais sofisticada e exigente, possibilitando assim novas ofertas de negócios. E também, um bem ou serviço pode ser utilizado de forma diferente o que pode representar uma oportunidade no mercado. Outra forma de oportu- nidades para novos negócios está relacionada com a descoberta de nova forma de satisfazer uma necessidade por meio da invenção de um produto, que poderá ser transformado em inovação e lançado no mercado. conceito Os elementos de um negócio desejado são: missão, visão, estratégias vigentes e fatores críticos de sucesso (RODRI- GUES, RISCAROLLI, FONTÃO, 2010). antena pArAbóliCA Mesmo no caso de fracasso, também podemos aprender com os erros! Leia e reflita acerca do caso apresentado a seguir. O comandante de uma loja de iogurtes1 Woody Harmon passou os vinte e dois anos de sua car- reira como piloto comercial de uma grande companhia aérea. Problemas trabalhistas e gerenciais ameaçavam fechar a companhia em 1989. Ele era velho demais para ser considerado um jovem promissor que poderia facil- mente conseguir colocação em outra empresa e jovem demais para pensar em aposentadoria. Woody sabia que precisava estar preparado para assumir uma nova car- reira caso a companhia fechasse. Não demorou muito, fez amizade com Bob Sinclair, dono de uma cadeia local de lojas de iogurte. “É um grande negócio, com grande potencial de lucros, Woody, desde que você trabalhe duro e fique sempre de olho”. Parecia perfeito para Woody. Ele passou um sábado aju- dando Bob em uma das lojas e contou, com entusias- mo, à sua esposa Ann, que havia encontrado aquilo que queria fazer. Ann ficou preocupada com a falta de expe- riência de Woody para os negócios, porém ele insistia que havia encontrado a atividade certa. Por outro lado, ela cruzava os dedos, esperando que a companhia aérea continuasse operando. No entanto, não continuou, e Woody, duas semanas após a sua demissão, assinou um contrato de aluguel de três anos. Ele conseguiu um empréstimo de $ 75.000 com a hipoteca de sua casa e, com ajuda e os conselhos de Bob, encomendou todo o equipamento e iogurtes necessários para abrir uma loja. Sessenta dias depois, Woody estava infeliz como nunca havia estado; defini- tivamente odiava o negócio de iogurtes. Trabalhar sete dias por semana, confinado em uma loja de cem metros 1. Texto extraído da Apostila do curso Jovens Empreendedores, Sebrae, 2007. quadrados, supervisionando balconistas, estava muito longe daquilo a que era acostumado. Os negócios começaram lentamente e foram deixan- do-o deprimido. Ele tomava poucas decisões no traba- lho, em casa era irritadiço e, para completar, não conse- guia dormir, pensando em seu grande investimento que vinha afundando. Cada avião que passava fazia com que olhasse para o céu. Por que ele imaginou que chegaria a ser um varejista? Afinal, ele pertencia à aviação e não a um shopping center. Aceitando o conselho de amigos e esposa, Woody co- locou a loja à venda. Seu objetivo era sair daquilo. Sendo assim, pediu os mesmos $ 75.000 que havia investido, e logo encontrou um comprador em um mês. Contudo, os termos do contrato não eram lá essas coisas, $ 10.000 à vista e o restante em cinco anos. O comprador era uma mulher divorciada que precisava de uma carreira. Seis meses depois de assinado o contrato, ela voltou atrás. Os negócios andavam fracos, e ela estava se casando novamente e mudando para outro Estado. “É todo seu, Woody. Você vai ter de assumi-lo de novo. A propósito, estou com o aluguel três meses atrasado.” Agora, Woody estava em pior situação. O proprietário ia pedir o imóvel caso o aluguel não fosse pago. Desta forma, Woody teve de fazer um cheque de $ 4.500 e voltar ao negócio de iogurtes. O pior é que ele havia retornado à sua antiga atividade, como gerente de uma empresa de suprimentos para aviação no aeropor- to e estava gostando muito dessa nova experiência de assessorar pilotos particulares. Ele temia ter de abando- nar sua nova posição, a fim de proteger seu investimen- to e trabalhar em um negócio que odiava. Desesperado, ligou para Bob Sinclair e lhe ofereceu a empresa por aquilo que achasse um preço justo. Feliz- mente para Woody, Bob fez um acerto razoável. Embora tenha perdido grande parte do seu investimento, Woody finalmente saía do buraco e era capaz de trabalhar no ambiente que se adaptava a ele. e AgorA, José? Agora que você já conhece os conceitos de negócios, pode- mos avançar nos conhecimentos e estudar mais detalha- damente os fatores estruturais que envolvem os negócios e seus elementos. Iniciaremos pelo estudo dos cenários e entornos que formam os ambientes de negócios. Desenvolvimento de Negócios / UA 01 Negócios: Contextos e Conceitos 17 glossário Negócio: atividades que direcionam o fluxo de pro- dutos e/ou serviços ao mercado consumidor e que definem e implantam decisões estratégi- cas para assegurar a continuidade da empresa. reFerênCiAs BUCHSBAUM, P.; BUCHSBAUM, M. �Negócios S/A: administração na prática. São Paulo: Cen- gace, 2012. DEGEN, R.� O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw- -Hill, 1989. DRUCKER, PETER F.� Inovação e espírito empre- endedor. São Paulo: Cengage, 2008. LENZI, F. C.; KIEZEL, M. D.; ZUCCO, F. D.� (org.) Ação empreendedora: como desenvolver e administrar o seu negócio com excelência. São Paulo: Gente, 2010. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J.� Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do pla- nejamento estratégico. Porto Alegre: Book- man, 2000. RODRIGUES, L. C.; RISCAROLLI, V.; FONTÃO, H.� A ação de planejamento. In: LENZI, F. C.; KIEZEL, M. D.; ZUCCO, F. D. (org.) Ação empreendedora: como desenvolver e ad- ministrar o seu negócio com excelência. São Paulo: Gente, 2010, p. 23-45. SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EM- PRESAS. �Formação de jovens empreende- dores: apostila. São Paulo, 2007, 30 p. SILVA, E. A.; OLIVEIRA, J. F.; PRADO, J.� Gestão de negócios. São Paulo: Saraiva, 2005. TZU, S.� A arte da guerra. Rio de Janeiro: Ediou- ro, 2009.