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CONTABILIDADE DE 
INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Paula Pontes de Campos Rasera 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O mercado de derivativos continua crescendo de forma intensa nas 
últimas décadas, em termos de volume e de instrumentos financeiros 
disponíveis. Apesar da ocorrência de grandes perdas em empresas conhecidas, 
ainda assim o mercado de derivativos é utilizado por um grande número de 
empresas, visto que tais instrumentos possibilitam a transferência de riscos de 
mercado e de créditos a um terceiro. 
O principal motivo observado para tais perdas refere-se à falta de 
conhecimento para a devida utilização desses instrumentos. Ademais, além da 
sua complexidade, sem a devida normatização atual, os contratos de derivativos 
não foram contabilizados e, dessa maneira, os riscos dos ativos foram mantidos 
no balanço das empresas, quando esse tipo de tratamento não era o adequado. 
Nesta aula, apresentaremos o papel dos instrumentos financeiros 
derivativos, identificando os tipos existentes no mercado e sua 
operacionalização. Analisaremos as operações qualificadas como hedge 
accounting, suas condições e critérios, bem como a metodologia para aplicação 
e verificação da sua efetividade. Em seguida, estudaremos a contabilização 
hedge accounting considerando modelos para sua exemplificação. Abordaremos 
o tema do controle gerencial de operações de instrumentos financeiros, 
discutindo questões como a velocidade, o grau de alavancagem e a 
complexidade das operações. 
Assim, o primeiro tema se refere ao conceito e finalidade do uso de 
derivativos e, no segundo, trataremos sobre os tipos e operacionalização dos 
derivativos. Sucessivamente, o terceiro e o quarto temas referem-se à 
contabilização de operações de hedge accounting. Por fim, finalizaremos esta 
aula com o tema sobre controle gerencial de operações de instrumentos 
financeiros. 
CONTEXTUALIZANDO 
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, ao emergir como nova potência 
econômica mundial, os Estados Unidos estabelecem o dólar americano como 
moeda internacional, bem como sua supremacia no campo monetário e na 
condução das finanças mundiais. Assim, em 1944, os termos do Acordo de 
Bretton Woods (1944) estabelecem o padrão dólar-ouro. Nesse sistema 
 
 
3 
padrão-ouro, denominado clássico, estabelecia-se que a quantidade de reservas 
de ouro do país determinava a sua oferta monetária. Esse sistema durou até 
1971, quando foi anulada pelos EUA a conversibilidade do dólar em ouro, 
estabelecendo o surgimento do sistema flutuante. 
Alguns países tentaram manter a paridade da moeda com o ouro; 
contudo, quando da crise do petróleo em 1973, as moedas passaram a ser 
cotadas em relação às demais pelo sistema flutuante, provocando maior 
instabilidade nos preços, em cada economia. A partir desse momento, a 
exposição dos agentes econômicos ao risco aumentou em suas atividades, 
surgindo a necessidade de proteção pela queda/alta das cotações dos produtos 
e insumos para produção. Do mesmo modo, o crescimento do comércio 
internacional vinculado ao desenvolvimento globalizado da economia resultou na 
elevação da necessidade de proteção (Almeida, 2001). 
Nesse cenário econômico, para atender a essa exigência de proteção 
contra flutuações adversas de preços, bolsas de valores, instituições financeiras 
e empresas, deu-se origem aos produtos derivativos, cuja principal função é 
possibilitar a redução do risco. 
TEMA 1 – CONCEITO E FINALIDADE DO USO DE DERIVATIVOS 
O mercado de derivativos surgiu em consequência da exigência de 
transações comerciais para entrega de mercadorias e pagamento no futuro. 
Nesse mercado, a finalidade primordial é garantir antecipadamente o 
fornecimento e o preço de produtos e serviços. Ao negociarmos um ativo por 
encomenda, características e preço são estabelecidos observando-se assim os 
mesmos atributos de um contrato de derivativo. Do mesmo modo, quando o 
produtor agrícola negocia o preço da saca de café no mercado, anteriormente à 
sua colheita, considera-se tal transação como um derivativo, dado que estão 
estabelecidos preço, quantidade e qualidade do café que será entregue no 
futuro. Igualmente, o ato de compra e venda de um imóvel possui características 
de um derivativo, pois nele estão incluídos preço, data futura para pagamento e 
condições para entrega do imóvel (Pereira; Mello, 2019). 
Os riscos financeiros a que os investidores e poupadores estão expostos 
referem-se à variação de preços de ativos, ativos esses que podem ser 
identificados nos bens imóveis, taxas de juros, câmbio, produtos agrícolas e 
pecuários ou até mesmo na energia elétrica. O derivativo possibilita eliminar 
 
 
4 
incertezas nas transações, em particular modo em relação aos preços. O 
comprador e o vendedor, por interesse mútuo em evitar oscilações de preço, 
assinam um contrato de compra ou venda de um determinado ativo – 
denominado como ativo-base ou ativo-objeto. Normalmente, o vendedor não 
exige um investimento inicial para entrar em um contrato de derivativo; todavia, 
se solicitado algum desembolso no início do contrato, esse valor é 
expressivamente menor do que o exigido para aquisição do ativo-objeto. O 
investimento ou desembolso inicial refere-se ao custo de entrada no contrato, 
pago pelo comprador ao vendedor. 
Para Lopes, Galdi e Lima (2011), derivativo se define como um 
instrumento financeiro ou outro contrato cujo valor depende (deriva) das 
alterações de outras variáveis subjacentes mais básicas: taxa de juros, preço de 
título ou valor mobiliário, preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de bolsa 
de valores, índice de preço, índice ou classificação de crédito ou qualquer outra 
variável similar específica cujo investimento inicial seja inexistente ou pequeno 
em relação ao valor do contrato, passíveis de liquidação em data futura. 
Hull (2016) define como o objeto de negociação em mercados derivativos 
os direitos/obrigações (definidos por contratos), cujos preços derivam (ou 
decorrem), principalmente, dos preços dos outros ativos mais básicos, 
conhecidos como ativos-objeto, ativos de referência ou ativos subjacentes. O 
ativo-objeto, no qual é referenciado o derivativo, pode ser desde suco de laranja, 
ouro, soja, milho, algodão e carne suína até ações, taxa de juros, de câmbio e 
títulos públicos. 
Ao investir recursos em uma atividade produtiva, além dos riscos 
inerentes ao negócio, incerteza na demanda pelo produto, na possibilidade de 
greves ou acidentes de trabalho, de fornecimento de insumos, o investidor 
enfrenta também outros riscos econômicos: incerteza no preço de mercado do 
seu produto, em política monetária, existência de riscos políticos e cambiais. 
Nesse contexto, os derivativos foram criados principalmente para 
transferir riscos, não inerentes à atividade econômica do produtor, para outra 
parte interessada em assumi-los, em câmbio de uma remuneração. Essa 
transferência de riscos atua como um seguro contra perdas imprevistas 
ocasionadas por variáveis que não estão ao alcance do controle do produtor, o 
qual já dispõe de consideráveis incertezas. Para exemplificar essas incertezas, 
podemos citar as greves, imprevistos causados pelo clima, no fornecimento de 
 
 
5 
insumos e até mesmo por mudanças políticas e econômicas. Uma vez que o 
valor do prêmio pago por esse seguro não seja tão elevado a tal ponto de 
impossibilitar economicamente a atividade, a transferência de riscos pode ser 
vantajosa ao produtor. Ao passo que a outra parte que assumiu esses riscos 
deverá diversificá-los, para atingir ganhos na média dos retornos dos contratos. 
Ou seja, ao diversificá-los, o investidor entrará em outros contratos de 
derivativos, para que seu investimento não fique concentrado somente em uma 
opção. Provavelmente, em algumas circunstâncias ocorrerão perdas, contudo o 
fundamental é alcançar ganhos no conjunto total das operaçõese não 
individualmente, em cada operação (Pereira; Mello, 2019). 
Logo, foi necessário elaborar um instrumento com o objetivo de 
transferência de riscos, entre tomadores (investidores, compradores) e doadores 
(fornecedores, vendedores), sob forma de taxas. Tal instrumento foi denominado 
como derivativo (do inglês derivative). 
Vamos exemplificar uma situação entre as partes interessadas 
(comprador e vendedor). Um produtor agrícola pode efetuar a venda do milho 
sob encomenda antes mesmo de semeá-lo, assegurando, dessa maneira, o 
preço de venda e a viabilidade econômica da sua atividade. Do outro lado, um 
investidor pode, previamente, negociar o milho com o produtor agrícola, dada 
sua previsão no comportamento dos preços, por meio da análise de informações 
sobre o milho. Em outras palavras, o investidor comprará o milho sob encomenda 
do produtor agrícola, com o propósito de obter ganhos com a alta dos preços. 
Assim que receber o milho, poderá efetuar a sua venda no mercado e obter seu 
ganho pela diferença dos preços. Nesse tipo de operação, o risco que o 
investidor assumiu são as mudanças em suas previsões. Caso o preço de 
mercado do milho sofra uma queda, consequentemente será registrada uma 
perda pela diferença de preços, no futuro. 
Há duas interpretações distintas, pela posição e finalidade assumida na 
operação de transferência de riscos e incertezas permitida pelos derivativos: 
1. de proteção contra riscos financeiros, denominada de hedge; 
2. de obtenção de lucro, denominada especulação. 
Em relação à finalidade de proteção, os produtores de mercadoria física 
podem utilizar esse mercado para se proteger contra oscilações do preço de 
venda, enquanto a indústria compradora pode utilizar o mercado para fixar o 
preço de seus insumos. Enquanto a especulação refere-se à obtenção de lucro 
 
 
6 
por meio da diferença entre o preço de mercado e o preço fixado em contrato. O 
especulador é um especialista na formação de preços e atua no mercado com o 
objetivo de fazer lucro com as oscilações de preços. Seu papel é importante 
porque proporciona liquidez ao mercado de derivativos, permitindo que outros 
participantes possam assumir posições inversas em relação às suas. 
TEMA 2 – TIPOS E OPERACIONALIZAÇÃO DE DERIVATIVOS 
Os instrumentos financeiros são essenciais na economia de mercado de 
capitais, pois estimulam o fluxo de recursos, ou seja, são mecanismos 
operacionais que auxiliam a transferência de recursos entre poupadores e 
investidores. Distinguem-se em dois tipos: não derivativos e derivativos. 
Define-se instrumento financeiro como um contrato que impõe uma 
obrigação contratual a uma entidade (passivo financeiro ou título patrimonial) e 
que transmite um direito contratual a outra entidade (ativo financeiro). 
Os principais contratos de derivativos são estruturados em quatro grupos: 
contrato a termo, contrato futuro, swaps e opções. O contrato a termo ou 
forward é o formato de instrumento financeiro mais simples de derivativo, que 
pode incluir ou não a entrega física do produto. No exemplo demonstrado a 
seguir, podemos notar que a variável determinante no contrato a termo é o preço 
do ativo no mercado e seu objeto, a movimentação do preço que torna o contrato 
positivo ou negativo. São instrumentos de proteção contra oscilação de preços 
e não de oferta do ativo. A relevância desse instrumento é o resultado financeiro 
obtido com a compra/venda do contrato e não o recebimento/entrega física do 
ativo. Esse contrato possibilita que o prazo, o preço, as características e a 
quantidade do ativo-objeto negociado sejam determinadas entre as partes, 
comprador e vendedor, no momento futuro estabelecido (Lima; Lima; Pimentel, 
2017). 
Vamos analisar um exemplo elaborado por Pereira e Mello (2019) para 
esse tipo de contrato. Considerando que um investidor necessite adquirir 350 mil 
dólares americanos daqui a três meses, para cumprir uma obrigação de 
pagamento referente a uma importação já realizada, ele pode efetuar um 
investimento em dólares hoje na cotação de R$ 3,80 cada U$ 1,00; ou negociar 
um contrato derivativo em um termo de dólar na mesma cotação. Uma das 
vantagens para o importador (investidor), no contrato a termo, é que não há 
necessidade de desembolso no momento do fechamento do contrato, pois a 
 
 
7 
liquidação ocorre no vencimento do contrato. Por outro lado, caso queira efetuar 
hedge no mercado à vista, ou seja, efetuar uma proteção contra as oscilações 
das taxas cambiais, seria necessário desembolsar, no ato da contratação do 
hedge (proteção), o valor em reais correspondente à compra dos US$ 350 mil. 
Na hipótese de contratação dessa operação a termo com uma instituição 
financeira, pelo prazo de três meses desde a data da contratação, a uma taxa 
de R$ 3,80, na obrigação do importador, em sua conta de passivo, ficará 
determinada a taxa cambial de R$ 3,80 por dólar. Sabemos que, no mercado a 
termo, se realizam acordos entre duas partes para comprar ou vender um ativo, 
em uma data futura, por um preço estabelecido previamente. Assim, nesse 
exemplo, nota-se a presença das duas partes: o comprador a termo, que seria o 
importador, ao comprar os dólares garantindo a negociação da cotação do dólar; 
e o vendedor de termo, nesse caso a instituição financeira responsável pela 
venda dos dólares. 
Após contratação da operação a termo, considerando-se que o dólar, ao 
final de seis meses, aumentou para R$ 3,90, a liquidação no vencimento do 
contrato será efetuada conforme valores preestabelecidos no contrato. Se o 
valor da taxa cambial acordada é de R$ 3,80 por dólar, esse é o valor garantido, 
no contrato, pelo vendedor de termo (instituição financeira) ao comprador a 
termo (importador). Dessa maneira, dado o valor cambial de R$ 3,90 por dólar 
no vencimento do contrato, procede-se com os ajustes da seguinte forma: 
𝐴𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 = 3,90 (𝑑ó𝑙𝑎𝑟 𝑃𝑇𝐴𝑋 𝑛𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) − 3,80 (𝑑ó𝑙𝑎𝑟 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜). 
Nesse caso, isso significa que o comprador a termo (importador) receberá 
do vendedor de termo (instituição financeira) a quantia de R$ 35 mil (R$ 0,10 x 
R$ 350 mil), no vencimento da operação, referente à diferença entre o valor 
corrente da taxa cambial e o valor da taxa cambial estabelecido previamente no 
contrato a termo. E se a taxa cambial fosse diferente? Vamos considerar que o 
dólar Ptax resulta, no vencimento, em um valor inferior ao preço contratado no 
termo, a R$ 3,75; a operação para o comprador a termo, nesse caso o 
importador, seria da seguinte maneira: 
𝐴𝑗𝑢𝑠𝑡𝑒 = [3,75 (𝑑ó𝑙𝑎𝑟 𝑃𝑇𝐴𝑋 𝑛𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) − 3,80 (𝑑ó𝑙𝑎𝑟 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜 𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜)]
× 350.000 = −0,05 × 350.000 = −𝑅$17.500. 
Nessa circunstância, como o valor preestabelecido no contrato a termo é 
maior que a taxa cambial no vencimento do contrato, o comprador a termo (no 
 
 
8 
caso, o importador) deverá pagar a diferença de R$ 17.500, conforme 
demonstrado no ajuste anterior, feito para o vendedor de termo, a instituição 
financeira, no vencimento da operação. Embora possa parecer que o comprador 
a termo, nessa situação, não obteve vantagem no contrato a termo, pelo 
pagamento devido ao vendedor de termo, é preciso considerar que o valor da 
obrigação do Contas a Pagar do importador, na importação realizada, foi 
reduzido devido à taxa cambial do dólar, que também diminui, de R$ 3,80 para 
R$ 3,75. Desse modo, percebemos que o pagamento efetuado pelo importador 
(comprador a termo) à instituição financeira (vendedor de termo) pela diferença 
da taxa cambial estabelecida no contrato a termo foi compensado pela 
diminuição do valor a pagar na importação negociada pelo importador 
(comprador a termo). 
Em relação ao segundo tipo de instrumento financeiro derivativo, o 
contrato futuro define-se como o acordo de compra e venda de um ativo em 
determinada data futura, por um preçopreviamente estabelecido. E essa não 
seria a mesma definição para o contrato a termo? Sim, porém iremos demonstrar 
a diferença essencial entre o contrato futuro e o contrato a termo. 
Diferentemente do contrato a termo, o contrato futuro possui parâmetros 
padronizados, ou seja, condições preestabelecidas como quantidade, qualidade, 
vencimento e local de entrega. Desse modo, os ativos indicados nos contratos 
futuros tornam-se mais negociáveis em bolsa, dado que apenas um item deverá 
ser negociado, o preço. 
De acordo com Pereira e Mello (2019), o contrato futuro se distingue em 
dois pontos do contrato a termo: liquidez e risco de crédito. A liquidez no contrato 
futuro é maior, pois, conforme explicado, esses contratos são mais negociáveis 
devido à padronização dos parâmetros do ativo-objeto preestabelecidos em 
contrato, como quantidade, qualidade, vencimento e local de entrega. Assim, a 
padronização do contrato futuro aborda as seguintes 
características: especificações (qualidade) do ativo-objeto, sua quantidade 
negociada por contrato e formas de liquidação, se entrega física ou financeira do 
ativo-objeto. 
Igualmente, o vencimento do contrato é padronizado. Como exemplo, 
pode-se citar o contrato futuro de dólar, que tem vencimento sempre no primeiro 
dia útil de cada mês. A data de vencimento preestabelecida facilita a negociação, 
porque os investidores irão negociar o mesmo vencimento. O vencimento 
 
 
9 
padronizado faz com que os contratantes tenham de passar a posição para 
próximos vencimentos se quiserem carregar posições por tempo posterior ao do 
vencimento do contrato. 
Utiliza-se também a cotação padronizada para cada tipo de ativo-objeto. 
Exemplos: o dólar é negociado no contrato futuro, em reais, no valor equivalente 
a U$ 1 mil; a cotação do boi gordo é pelo preço de uma arroba, ao passo que o 
contrato futuro é negociado pela quantidade de 330 arrobas; o café é cotado por 
saca de 60 quilos, enquanto o contrato do mercado futuro se refere a 100 sacas; 
o preço do petróleo é cotado em dólares por barril e o contrato futuro é composto 
de 100 barris. 
Outro ponto que contribui para a liquidez é que as partes do contrato futuro 
(comprador e vendedor) podem vender suas posições de comprador ou 
vendedor no contrato antes do seu prazo de vencimento, enquanto no contrato 
a termo deve-se aguardar o vencimento do contrato. 
Em relação ao risco de crédito, Pereira e Mello (2019) explicam que, no 
contrato futuro, esse risco é menor que no contrato a termo, pois a bolsa de 
valores coloca-se como contraparte central das operações para eliminar risco de 
crédito entre os comitentes, nas operações com futuros. Nesse caso, o risco de 
contraparte que se assume é o risco da bolsa, que possui risco de crédito quase 
nulo, devido aos mecanismos de segurança que utiliza para proteger as partes 
contra eventual inadimplência. 
Em vista dessa garantia, a bolsa adota três procedimentos de segurança 
para permitir a negociação dos contratos futuros na bolsa de valores, exigindo 
dos contratantes futuros as seguintes condições: 
1. Depósito de garantia: antes do comprador e do vendedor iniciarem a 
operação no contrato futuro, a bolsa requere a ambos os contratantes 
(comprador e vendedor) os depósitos de garantias. Os ativos permitidos 
pela bolsa a serem utilizados como depósito de garantia são os títulos 
públicos, títulos privados, ações e certificados de depósito bancário 
(CDBs). Dado que são executados ajustes diários nos valores de cada 
contrato, ao final de cada dia a bolsa pode pedir um reforço das garantias 
para equilíbrio dos ajustes, denominado de margem. Essa margem que 
cada contrato exige nada mais é que uma quantia de depósito para 
sustentar a posição de vendedor e/ou comprador. 
 
 
10 
2. Ajustes diários: o sistema de liquidações financeiras1 utilizado pela bolsa 
é realizado diariamente para as operações efetuadas durante o pregão2 
(nome dado ao dia de trabalho na bolsa) ou carregadas em aberto de um 
dia para o outro3. As liquidações financeiras diárias das posições de 
compra e venda de contratos futuros possibilitam a redução do risco da 
operação com oscilação de um dia nos valores do ativo-objeto de cada 
contrato e, consequentemente, diminuem o volume necessário de 
depósitos garantias. As margens de garantia necessárias à bolsa referem-
se para cobrir apenas a oscilação dos valores de um dia do ativo-objeto 
negociado nos contratos futuros. 
3. Limites de oscilação: esse mecanismo de segurança foi adotado pela 
bolsa devido a um evento ocorrido no mercado na década de 1990: uma 
crise cambial, no Brasil, em janeiro de 1999, quando o regime cambial 
alterou para regime flutuante. Pela alta desvalorização cambial, alguns 
contratantes na posição de vendedores em contrato futuro de dólar 
ficaram inadimplentes, de tal forma que as garantias depositadas foram 
insuficientes para honrar toda posição de inadimplência de ajustes das 
operações com contratos futuros. Assim, desde 1999, a bolsa adotou os 
limites de oscilação para as cotações dos contratos futuros. No início de 
cada pregão, a bolsa determina o preço máximo e o preço mínimo de 
negociação para cada contrato futuro. Caso haja vendedores cotando 
acima do limite ou compradores cotando abaixo, o registro de tais 
comercializações não ocorrerá. Dessa maneira, limitou-se o efeito de 
grandes oscilações e o risco sistêmico4. 
O terceiro tipo de instrumento financeiro derivativo, denominado swap, 
refere-se a contratos para troca futura de fluxo de caixa ou rentabilidades, nos 
 
1 O sistema de liquidação financeira (SSS, de securities settlement system) permite que a 
transferência de títulos e ativos seja livre de pagamento ou contrapagamento (entrega versus 
pagamento). 
2 Pregão eletrônico é o sistema pelo qual as ordens das mesas de operações das corretoras ou 
por meio do home broker são disponibilizadas eletronicamente, por meio de terminais 
conectados a um servidor central que se encarrega de fechar os negócios e informá-los às 
corretoras. Home broker é o sistema oferecido por diversas companhias para conectar seus 
usuários ao pregão eletrônico no mercado de capitais e no mercado de private equity. 
3 Operações carregadas em aberto de um dia para outro são chamadas overnight e 
correspondem às aplicações financeiras feitas no open-market (mercado aberto), em um dia, 
para serem resgatadas no dia útil seguinte. 
4 Risco sistêmico refere-se ao risco de colapso de todo um sistema financeiro ou mercado, com 
forte impacto sobre as taxas de juros, câmbio e os preços dos ativos em geral e afetando 
amplamente a economia – em contraste com o risco associado a uma entidade individual, um 
grupo ou componente de um sistema. 
 
 
11 
quais as partes se comprometem a trocar, em data futura, os resultados dos 
fluxos concordados. No Brasil, a regulação para swaps é recente. O primeiro 
marco legal, a Resolução do Banco Central do Brasil (BCB) n. 2.138/1994, 
autoriza a realização, no mercado de balcão, de operações de swap e opções 
sobre swap referenciadas em ouro, taxas de câmbio, taxas de juros e índices de 
preços. São operações de balcão efetuadas geralmente em operações de hedge 
e realizadas entre empresas e bancos (Galdi; Lopes, 2017; Lopes; Galdi; Lima, 
2011). 
Swap é um derivativo que pode ser empregado tanto em operação hedge 
(proteção) como em especulação. A análise de swaps é uma prolongação natural 
do conhecimento sobre contratos futuros e a termo (Hull, 2016). O swap permite 
a troca de posições entre agentes, segundo certos índices. Representa um 
acordo privado de intercâmbio futuro de fluxos de caixa baseado em métodos 
preestabelecidos e possibilita a proteção, aos investidores, por meio de ativos e 
passivos reais, no mercado. De acordo com Galdi e Lopes (2017) e Lopes; Galdi; 
Lima (2011), no mercado existem osseguintes contratos swaps: 
a. Swap de taxas de juros: contrato em que a parte Y concorda em pagar à 
parte X fluxos de caixa indexados a juros prefixados sobre um valor 
principal por determinado período; e X concorda em pagar Y a taxa 
flutuante sobre o mesmo valor e período. O uso do swap tem efeito de 
transformar um empréstimo em taxa fixa ou flutuante em um empréstimo 
em taxa flutuante ou fixa. 
b. Swap de moedas: envolve a troca do principal e pagamentos a uma taxa 
prefixada, em uma moeda, por outro contrato de características 
semelhantes, em outra moeda. Ou seja, uma das funções desse swap é 
alterar o empréstimo feito em certa moeda por um empréstimo em outra. 
Na marcação a mercado de pontas do swap, como regra geral, a 
operação é reprecificada, substituindo-se a taxa contratada originalmente 
pela taxa atual de mercado, considerando o prazo restante a partir da data 
de apuração do valor a mercado (data-base). 
c. Swap cambial com ajuste periódico em operações compromissadas de 
um dia (SCS): instrumento que possibilita a redução da volatilidade da 
taxa de câmbio ao BCB. Também atende às demandas do mercado local 
por produtos referenciados à taxa do Sistema Especial de Liquidação e 
Custódia (taxa Selic), ao mesmo tempo que permite a proteção contra a 
 
 
12 
variação do dólar. Nesse instrumento, uma das pontas do swap é 
remunerada pela taxa Selic, ao passo que a outra é atrelada à variação 
cambial, mais o cupom, que passa a ser denominada de swap cambial 
tradicional na compra, pelo BCB, de contratos de SCS do mercado. A 
posição comprada em contratos SCS será ativa na taxa Selic e passiva 
em variação cambial mais cupom cambial. Ao se vender contratos de SCS 
ao mercado, a operação é denominada swap cambial reverso. 
Em relação ao quarto tipo de instrumento financeiro, as opções são 
contratos com estrutura operacional similar à operação a termo. O que distingue 
a opção do contrato a termo é o fato de que uma das partes tem o direito de 
cancelar a operação de opção caso o resultado desta lhe seja desfavorável – 
para isso, deverá pagar um prêmio para a outra parte, para ter esse direito 
(Zanin, 2018). Exemplo: Maria Clara gostaria de adquirir um imóvel, o qual possui 
o valor de R$ 200 mil, num dado momento. Ciente da possível valorização do 
imóvel a até R$ 300 mil, Maria Clara decide entrar no contrato de opção de 
compra daquele imóvel para exercer o direito de compra no prazo de 12 meses 
pelo valor de R$ 230 mil. Ela deverá pagar o prêmio no valor de R$ 20 mil ao 
lançador (vendedor) do imóvel para exercer o direito de compra conforme 
estabelecido no contrato de opção. Supondo que a previsão da Maria Clara se 
concretiza em um ano, ela irá exercer a opção de compra adquirindo o imóvel 
pelo valor de R$ 230 mil. Ao passo que, caso o valor do imóvel no prazo de um 
ano seja superior a R$ 230 mil, Maria Clara não precisará exercer seu direito de 
opção de compra, arcando somente com o custo do prêmio, no valor de R$ 20 
mil. 
Retomando o exemplo de Pereira e Mello (2019), referente à operação 
com termo de dólar, no qual o investidor queria comprar US$ 350 mil dólares 
com vencimento para daqui a seis meses: caso o dólar Ptax resultasse acima do 
preço a termo, o investidor receberia um valor correspondente à diferença entre 
o preço do dólar no vencimento e o preço a termo. No exemplo, o Ptax no 
vencimento estava R$ 3,90 e o preço a termo era R$ 3,80, resultando em ganho, 
para o investidor, de R$ 0,10 por dólar. No momento seguinte discutimos o caso 
de o dólar baixar para R$ 3,75. Nesse caso, o resultado seria desfavorável para 
o investidor “comprado” no termo de dólar. 
 
 
13 
Se a operação fosse com opção, o investidor “comprado”5 poderia solicitar 
o cancelamento da operação, caso o dólar ficasse abaixo do preço 
preestabelecido – nesse caso a opção “viraria pó”. Para dispor desse benefício, 
o comprador da opção deve pagar um valor ao vendedor, no início da operação, 
chamado prêmio da opção. O preço preestabelecido do ativo-objeto é 
denominado como preço de exercício, comumente conhecido também como 
strike. O titular da opção paga o prêmio e o lançador da opção é aquele que 
recebe o prêmio. 
Colocando o exemplo anterior em prática, isso significa que o importador 
(titular da opção de compra) entra no contrato de opção com o vendedor, nesse 
caso a instituição financeira. Para entrar no contrato de opção, o importador 
deverá reconhecer o valor do prêmio requerido pelo vendedor a título do uso de 
direito da opção de compra, conforme preestabelecido no contrato, de R$ 3,80 
por U$ 1. Em vista desse direito da opção de compra, o importador arcará com 
o custo do prêmio no valor de R$ 5 mil, como solicitado pelo vendedor. Assim, 
no vencimento do contrato, se o preço do dólar for inferior àquele estabelecido, 
o importador poderá solicitar o cancelamento da operação, isto é, não há a 
obrigatoriedade dele de exercer a opção de compra. Isso significa que o custo 
do prêmio de R$ 5 mil corresponde ao direito do exercício ou não da opção de 
compra. 
TEMA 3 – CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE HEDGE ACCOUNTING 
(PARTE I) 
Primeiro, vamos entender o que é hedge. Sabemos que hedge significa 
proteção; mas, como podemos aplicar essa proteção nas atividades financeiras? 
Hedge é uma operação, realizada com derivativos, que tem por objetivo 
proteger carteiras de investimentos ou aplicações existentes contra risco de 
perdas de valor causadas por variações nos preços, nas taxas de juros, nas 
taxas cambiais etc. Geralmente, o hedge é estruturado, no mercado de 
derivativos, assumindo uma posição inversa àquela assumida no mercado à 
vista. Os agentes econômicos que procuram esse tipo de proteção são 
chamados de hedgers (Assaf Neto, 2018). 
 
5 Operar “comprado” consiste essencialmente em ter uma posição em que se possa ganhar com 
a alta das ações, opções, mercado futuro etc. 
 
 
14 
Nesse cenário, um modo bem conhecido de se proteger contra a 
desvalorização da moeda nacional é agir de forma inversa. Isso significa comprar 
títulos indexados à variação cambial. Por exemplo, se um agente econômico 
possui uma dívida em dólar, ao efetuar uma aplicação em um título indexado à 
mesma moeda (nesse caso, o dólar), ele realiza uma proteção contra uma 
possível alta dessa moeda. 
Do mesmo modo, um contrato futuro de índice Ibovespa pode igualmente 
ser usado para hedge. Vejamos, para se proteger do risco de uma queda das 
ações na bolsa, o comprador de ações pode entrar em contratos futuros 
estabelecendo vendas futuras (abrindo posições) de índice de ações. 
Consequentemente, por meio dessa posição inversa, o agente econômico busca 
compensar uma eventual perda provocada pela desvalorização das ações com 
o ganho obtido na operação de hedge. 
De modo igual, também é possível se proteger das variações nas taxas 
de juros efetuando operações inversas, no mercado futuro, com depósitos 
interfinanceiros (DI). Analisemos este exemplo: empresas com dívidas 
vinculadas ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), pós-fixado, e 
investidores com ativos prefixados podem sofrer perdas na elevação das taxas 
de juros, dado que esses aumentos nos juros geram encargos maiores aos 
devedores e rendimentos menores aos investidores. Por conseguinte, para se 
protegerem contra possíveis perdas, os agentes podem vender, no mercado, 
contratos com DI futuros. 
Em relação à contabilização de operações de hedge, adota-se uma 
metodologia especial, para que as demonstrações financeiras representem 
apropriadamente o regime de competência quando realizadas tais operações de 
proteção. A partir do momento que a aplicação desse método altera a base de 
mensuração e a contabilização dos itens protegidos (objetos de hedge) ou dos 
instrumentos de hedge (de fluxo de caixa e de investimento no exterior, em 
questão),exige-se a comprovação, por parte da entidade, de que a operação é 
designada para hedge (Lopes; Galdi; Lima, 2011). 
De acordo com o Manual de contabilidade societária, a contabilidade de 
hedge é uma metodologia especial para que as demonstrações financeiras 
reflitam o efeito das atividades de gerenciamento de riscos inerentes à atividade 
empresarial, por meio de instrumentos financeiros, sendo seu principal objetivo 
 
 
15 
refletir a operação segundo sua essência econômica, de maneira a resolver o 
problema de confrontação de receitas/ganhos e despesas/perdas. 
Na contabilidade de hedge, as variações de valor justo do instrumento 
financeiro contratado para fins de proteção, bem como as oscilações do item 
protegido, passam a ser reconhecidas no resultado do exercício 
simultaneamente (mesma competência), ainda que juridicamente permaneçam 
sendo negócios distintos e independentes. 
A norma contábil prevê condições específicas, na relação de proteção, 
para que as operações se qualifiquem para a contabilidade de hedge (item 6.4 
do Pronunciamento Técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 
48) (CPC, 2016). Entre elas, constam a designação, no início da relação de 
proteção, e a manutenção de documentação formal da relação de proteção, com 
objetivo e estratégia de gerenciamento de risco, além de atendimento de 
requisitos de efetividade. 
Deve-se ressaltar que a adoção da contabilidade de hedge é uma 
faculdade da empresa, o que se faz visando tornar as demonstrações contábeis 
mais fidedignas e proporcionar maior qualidade à informação contábil produzida 
e divulgada. Assim que as operações de hedge forem qualificadas e igualmente 
cumpridos os critérios antes descritos, elas devem ser classificadas em uma das 
três categorias a seguir: 
1. Hedge de valor justo: tem como finalidade a proteção de um ativo ou 
passivo reconhecido ou mesmo de um fundamentado acordo ainda não 
reconhecido. As variações do valor justo devem ser contabilizadas, no 
resultado, junto às variações do item objeto de hedge. 
2. Hedge de fluxo de caixa: tem como finalidade a proteção à exposição às 
variações no fluxo de caixa, concedido a determinado risco relacionado 
com um ativo ou passivo reconhecido ou mesmo a uma operação 
fortemente provável, que possa impactar o resultado da empresa. Se o 
hedge de fluxo de caixa não for totalmente efetivo, a parcela ineficaz deve 
ser reconhecida no resultado somente no momento da realização 
contábil6 e a parte efetiva das variações do valor justo contabilizada em 
conta de patrimônio. Observa-se que, nesse tipo de hedge, o resultado 
 
6 Realização contábil é quando ocorre a operação em questão. Exemplo: a venda de um objeto 
contratado. 
 
 
16 
permanece inalterado até a realização do fluxo de caixa, em decorrência 
do objeto protegido, enquanto o patrimônio é impactado. 
3. Hedge de investimento no exterior: tem como finalidade a proteção de 
ganhos e perdas com a participação da empresa em uma subsidiária no 
exterior, contabilizando-os em conta de patrimônio para equilibrar ganhos 
e perdas no investimento, enquanto a parte ineficaz do hedge, aquela 
parte em que não houve efetividade do hedge, é contabilizada no 
resultado. Permanecem em conta de patrimônio líquido os ganhos e 
perdas e poderão ser baixados somente no ato de venda, 
descontinuidade ou perda de valor recuperável no investimento do 
exterior. 
No Quadro 1 a seguir estão elencados os tipos de riscos a serem 
protegidos, que a entidade deve identificar no item objeto de hedge. 
Tabela 1 – Riscos passíveis de hedge 
ATIVOS e PASSIVOS 
FINANCEIROS 
ATIVOS e PASSIVOS 
NÃO FINANCEIROS 
Risco de taxa de juros Risco total 
Risco de variação cambial 
Componente do risco de variação 
cambial 
Risco de crédito 
Risco de mercado (preços) 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
 Risco de taxa de juros: variação da taxa de juros na economia. Exemplo: 
no caso de financiamento de veículos, um banco de montadora pode 
sofrer uma perda em sua carteira de recebíveis, dado que possui prazos 
relativamente longos e taxas prefixadas. Se a taxa de juros de longo prazo 
subir, consequentemente o banco perderá dinheiro no valor presente 
dessa carteira de recebíveis prefixados. Para se proteger, poderá entrar 
no contrato futuro de DI, de maneira que, ao comprar taxa de juros, a 
perda derivada da carteira de recebíveis será compensada pelo ganho no 
mesmo montante. 
 Risco de variação cambial: variação da taxa cambial. Exemplo: podemos 
considerar o mesmo exemplo do importador indicado no Tema 2, o qual 
possuía uma obrigação a pagar em dólares e, para fazer o hedge, pode 
utilizar contratos futuros de dólar negociados em bolsa. 
 
 
17 
 Risco de crédito: inadimplência de crédito. Exemplo: vamos supor que 
uma entidade deseja se proteger do risco de inadimplência referente à 
liquidação de títulos de outra empresa. Nesse caso, ela pode efetuar um 
credit default swap (CDS – swap de inadimplência de crédito) sobre o 
principal nocional (valor do ativo-objeto). O CDS funciona como um 
contrato de seguro em que o comprador dessa proteção efetuará 
pagamentos (trimestrais, semestrais ou anuais) ao vendedor da proteção, 
como prêmio de seguro, e normalmente com prazos de cinco a dez anos. 
Na ocorrência do evento crítico, isto é, da inadimplência do crédito, o 
comprador receberá o principal nocional contratado e interromperá o 
pagamento do prêmio. Caso não ocorra o evento crítico, o comprador 
continuará efetuando o pagamento do prêmio até o final do prazo 
contratado. 
 Risco de mercado: variação de preços do ativo negociado. Exemplo: 
vamos supor que um fazendeiro deseja fazer uma proteção para venda 
de boi gordo. Ele pode fazer um hedge de venda que envolve uma posição 
vendida no contrato futuro, ou seja, para garantir o preço da arroba do seu 
boi gordo quando a venda for efetuada no futuro. O fazendeiro estabelece 
o preço de venda no futuro, R$ 230/arroba e, caso o preço aumente ou 
diminua no momento da venda, o produtor receberá o preço estabelecido 
(R$ 230/arroba). 
Para qualificar o item objeto de hedge para designação da proteção, é 
necessário elaborar a exposição pela qual o resultado será afetado. No Quadro 
2 estão indicados os itens passiveis de proteção. 
Quadro 2 – Itens passíveis de hedge 
ITENS PARA PROTEÇÃO (HEDGE) 
(i) Ativo/passivo individual ou grupo (com qualidades semelhantes) 
 a. contas a receber, recebíveis, contas a pagar ou empréstimos lastreados em 
moeda estrangeira para a cobertura do risco cambial; 
b. empréstimos em moeda local, com taxa de juro variável ou fixa, para cobertura 
do risco de variação das taxas de juros; 
c. carteira de instrumentos patrimoniais (ações) para a cobertura do risco de 
variação dos preços das ações; 
d. estoque de matérias-primas para a cobertura do risco de variação do valor dos 
estoques. 
 
 
18 
(ii) Acordos sólidos ou transações projetadas fortemente prováveis 
 a. compras previstas, altamente prováveis, de matérias-primas para a cobertura 
do risco de variação dos preços; 
b. receitas futuras de exportação, altamente prováveis, em moeda estrangeira, 
para a cobertura do risco cambial. 
(iii) Risco de variação cambial ou risco total de ativos/passivos não financeiros 
 a. um contrato de exportação de ativos ou um contrato de construção, em moeda 
estrangeira, para a cobertura do risco cambial; 
b. um contrato de importação de equipamentos ou um pedido de compra em 
moeda estrangeira, para a cobertura do risco cambial. 
(iv) Uma fração do fluxo de caixa de qualquer ativo/passivo financeiro 
 a. variação no fluxo de caixa futuro estimado da instituição, proveniente de 
qualquer ativo ou passivo financeiro. 
(v) Investimentos líquidos em subsidiárias no exterior 
 a. participação em subsidiárias no exterior. 
Fonte: Adaptado de Lopes;Galdi; Lima, 2011. 
A Tabela 1 apresenta as relações de hedge accounting, a seleção de itens 
instrumento e objeto de hedge permitidos. 
Tão logo o item objeto de hedge é qualificado para designação da 
proteção, os derivativos devem ser contabilizados, em conformidade com as 
regras opcionais de contabilidade de hedge. Para que as regras de contabilidade 
de hedge possam ser aplicadas, a entidade deve seguir condições estritas para 
tal qualificação, isto é, apresentar documentação necessária, efetuar contínuo 
monitoramento das relações de hedge, demonstrar, a qualquer momento, a 
eficácia prospectiva (esperada) e retrospectiva (real) do hedge. 
Os principais requerimentos das normas contábeis para qualificar uma 
relação de hedge estão descritos a seguir no Quadro 3. 
Tabela 3 – Condições para qualificação em hedge accounting 
Condições Descrição 
i) Documentação 
Na data de início da relação de hedge, a natureza da 
relação de hedge deve ser designada e elaborada 
formalmente por meio de documentação, apresentando 
objetivo e estratégia da gestão de risco relacionado ao 
efeito hedge. 
A documentação deve incluir a identificação do 
instrumento, a transação protegida, a natureza do risco e 
a forma para avaliar a efetividade do instrumento de 
proteção na compensação das alterações do valor justo 
 
 
19 
Condições Descrição 
do item objeto ou dos fluxos de caixa atribuíveis ao risco 
protegido. 
ii) Efetivo e consistente 
Espera-se que o hedge seja fortemente efetivo nas 
operações de compensação ao risco coberto e 
consistente com a estratégia de risco documentada. 
iii) Probabilidade 
Para hedge de fluxos de caixa, a probabilidade da 
transação prevista deve ser alta, demonstrando, dessa 
maneira, as evidências nas variações de fluxos de caixa 
que possam afetar o resultado. 
iv) Efetividade 
Confiabilidade na mensuração da efetividade do hedge, 
ou seja, as variações do valor justo do item objeto de 
hedge (atribuíveis ao risco coberto) e do instrumento de 
hedge devem poder ser medidas com confiabilidade. 
v) Designação 
O hedge é avaliado em base contínua e foi de fato 
altamente eficaz durante todo o período de designação. 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
Na documentação, a entidade deve comprovar o teste de efetividade 
prospectivo, cujo objetivo é validar a estratégia de hedge e confirmar que o 
instrumento derivativo escolhido será eficaz durante todo o período da relação 
de hedge. Esse teste é crítico. Ele consiste na validação do instrumento 
derivativo como instrumento de hedge. O teste pode ser realizado com vários 
métodos, entre os quais podemos citar: comparação dos termos críticos do item 
objeto de hedge e do instrumento de hedge; comparação das variações 
históricas dos preços do item objeto de hedge e do instrumento de hedge; 
análises de regressão; ou simulações. Na prática, o teste deve demonstrar, por 
algum método quantitativo ou qualitativo, na data da designação da relação de 
cobertura, que o instrumento de hedge escolhido pela entidade produz uma 
compensação efetiva do risco a ser coberto. O teste de efetividade prospectivo 
deverá ser documentado a cada relação de hedge. É importante enfatizar que 
uma adequada designação do risco coberto e exclusão dos demais riscos pode 
melhorar de forma relevante a eficácia prospectiva do hedge (Ramos, 2019). 
TEMA 4 – CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES DE HEDGE ACCOUNTING 
(PARTE II) 
Agora que entendemos todos os critérios para a efetividade do hedge 
accounting, podemos analisar a contabilização de cada designação de hedge. 
Começaremos pelo hedge de valor justo, que tem como finalidade a proteção 
 
 
20 
de um ativo ou passivo reconhecido ou mesmo de um fundamentado acordo 
ainda não reconhecido. 
O Quadro 4 apresenta a lógica da contabilização do hedge a valor justo. 
Quadro 4 – Contabilização do hedge a valor justo 
Instrumento de hedge Classificar como valor justo por meio do 
resultado (VJPR7) 
Mensuração Em caso de mensuração do objeto de hedge 
pelo custo ou custo amortizado8, isso deverá 
ser ajustado com a finalidade de retratar as 
mudanças no valor justo do item objeto de 
hedge, originadas das variações do risco 
protegido. Tais alterações são refletidas no 
resultado. 
Disponível para venda (DPV) Em caso de hedge classificado como DPV, as 
mudanças no valor justo são consideradas no 
resultado. 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
Vamos exemplificar a contabilização do hedge a valor justo9. Considere 
que a empresa BVF AS possui 1 mil ações da empresa Lux, com o valor de R$ 
80 cada. Para a empresa BVF, é importante se proteger do risco de perda do 
valor das ações e, para tanto, ela efetua uma operação de hedge. O hedge é 
efetuado em 1º de agosto de 2018 e equivale à aquisição de opções de venda10, 
em dinheiro, sobre 1 mil ações da Lux com vencimento de seis meses. O preço 
do exercício da opção11 é de R$ 80. O prêmio pago pelas opções12 é de R$ 10 
mil. A BVF AS apresentou documentação de que a efetividade do hedge será 
 
7 Para aplicar o método da VJPR, utiliza-se a técnica de valor presente esperado, ou seja, 
descontam-se dos fluxos de caixa esperados as taxas livres de risco (TJLP), utilizando-se a curva 
de títulos de dívida do governo mais o spread corrente de mercado de títulos de dívida 
corporativos AA observáveis para títulos de dívida do governo. Se o instrumento financeiro for 
designado para mensuração a VJPR, a diferença no momento da designação entre o valor 
contábil, se houver, e o valor justo deve ser imediatamente reconhecida no resultado. 
8 O valor pelo qual o ativo ou o passivo financeiros é mensurado no reconhecimento inicial, 
menos a amortização do principal, mais ou menos a amortização acumulada, utilizando-se o 
método de juros efetivos, de qualquer diferença entre esse valor inicial e o valor no vencimento 
e para ativos financeiros ajustados por qualquer provisão para perdas. 
9 Valor justo define-se como o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria 
pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada, entre participantes do 
mercado, na data de mensuração. 
10 Contratos que dão o direito de venda de um determinado ativo. 
11 Exercício da opção é a faculdade do titular da opção de exercer ou não o direito de compra ou 
venda de título negociado. 
12 Opções são instrumentos financeiros de derivativo que concedem o direito de comprar ou 
vender um ativo, em uma determinada data, a um determinado preço. 
 
 
21 
mensurada pela comparação da diminuição do valor justo13 do investimento com 
o valor intrínseco14 da opção (possível no caso das opções). 
Vejamos na Tabela 1 a evolução do valor real das ações, das opções e a 
decomposição do valor intrínseco e do valor no tempo em 1º de agosto de 2018 
e em 30 de setembro de 2018. 
Tabela 1 – Evolução das ações e dos valores intrínseco, do tempo e da put 
 Valor em 1/8/2018 Valor em 30/9/2018 Ganho (ou perda) 
Ações da Lux R$ 80.000 R$ 78.000 (R$ 2.000) 
 R$ 80 X 1.000 Valor das ações após 
60 dias 
R$ 78.000 (-) R$ 
80.000 
Opção de venda (put): 
Valor intrínseco R$ 0 R$ 2.000 R$ 2.000 
 Valor imediato da 
opção 
R$ 2.000 (-) R$ 0 
Valor do tempo R$ 10.000 R$ 5.000 (R$ 5.000) 
 Valor do prêmio Valor do prêmio após 
60 dias 
R$ 5.000 (-) R$ 
10.000 
Valor total da put R$ 10.000 R$ 7.000 (R$ 3.000) 
 Valor do prêmio Valor da opção R$ 7.000 (-) R$ 
10,000 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
Pode-se notar que há eficácia do hedge somente se ele for mensurado 
com fundamento nas alterações do valor intrínseco, pois uma vez que se tem 
conhecimento do valor intrínseco, é possível calcular a efetiva perda ou ganho 
das ações. Vamos para as contabilizações deste exemplo: 
 Em 1° de agosto de 2018 
Registro da compra das ações (Ativo Circulante) 
D – Investimento em ações....................................80.000 
C – Caixa ............................................................... 80.000 
 
13 Valor justo é a diferença entre o valor justo do ativo financeiro maior e a contraprestação 
recebida do cessionário pela parte que não é reconhecida. 
14 Valor imediato de uma opção em relação ao preço do ativo objeto, independentemente de 
fatores como juros e tempo restante de vencimento do contrato. 
 
 
22 
Registro pagamento prêmio (Ativo Circulante) 
Para obter o direito do exercício da opção, é necessário efetuar o pagamento 
do prêmio 
D – Contrato de opções ....................................... 10.000 
C – Caixa ............................................................. 10.000 
Não há registros para o item objeto de hedge 
 Em 30 de setembro de 2018 
D – Perdas com ações (na Demonstração do Resultado do Exercício – 
DRE).................................................................... 2.000 
C – Investimento em ações (no Ativo).................... 2.000 
Registro da perda com ações DPV 
D – Perdas com opções (valor no tempo) (na DRE)......................... 5.000 
C – Contrato de opções (no Ativo).................................................... 3.000 
C – Ganho (valor intrínseco) (na DRE).............................................. 2.000 
Na sequência, analisaremos a contabilização do hedge de fluxo de 
caixa, isto é, a proteção à exposição das variações nos fluxos de caixa 
atribuíveis a risco específico associado ao ativo ou passivo totais. Aqui também, 
conforme o hedge de valor justo, o risco protegido deve exercer influência no 
resultado. 
O Quadro 5 apresenta a lógica da contabilização do hedge de fluxo de 
caixa. 
Quadro 5 – Contabilização do hedge de fluxo de caixa 
Instrumento de hedge 
Mudanças do valor justo são registradas 
no Patrimônio Líquido (PL) – conta de 
Ajuste de Avaliação Patrimonial (AAP) 
Item objeto de hedge Não tem contabilização ajustada 
Efetividade Em caso de efetividade do hedge 
accounting de uma transação projetada 
do item objeto, a entidade pode escolher 
manter ganhos/perdas com o instrumento 
de hedge no PL ou transferi-los para o 
valor contábil inicial do ativo/passivo 
Ativo/passivo financeiros Se o hedge de uma operação projetada 
resultar em ativo/passivo financeiros 
(empréstimos, ações, contas a receber, 
estoques etc.), ganhos/perdas diferidos 
 
 
23 
(aplicações de recursos em despesas 
que contribuirão para a formação do 
resultado de mais de um exercício social) 
continuam no PL 
Impacto no PL Caso o item objeto de hedge influencie o 
resultado, o valor correspondente no PL é 
transferido para o Resultado 
Sem efetividade Se o hedge de fluxo de caixa não 
demonstrar efetividade, a parcela ineficaz 
será registrada no Resultado 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
Vamos exemplificar com um hedge de fluxo de caixa de uma venda 
projetada de estoques (estimativa do volume de estoque). A empresa Anex está 
interessada em proteger potenciais alterações nos recebíveis do seu fluxo de 
caixa oriundos de vendas futuras de 50 mil barris de etanol, a se realizarem em 
30 dias. O valor contábil dos estoques corresponde a R$ 800 mil e seu valor de 
mercado, a R$ 850 mil (R$ 17/barril). A empresa negocia hoje um contrato de 
derivativo Y de venda de 50 mil barris de etanol por R$ 850 mil, em 30 dias. Na 
data da operação realizada, o valor justo do derivativo é zero, pois os termos dos 
contratos de derivativos e etanol são iguais, na data da operação. Ao final de 30 
dias, o valor de mercado do etanol é de R$ 16,50/unidade. A empresa ganha R$ 
12,5 mil com o derivativo. 
Seguem contabilizações da empresa Anex – no final do período de 30 
dias, efetua-se o registro do ganho com o derivativo: 
D – Derivativo Y (Ativo Circulante) ..................... 12.500 
C – Ajustes de Avaliação Patrimonial (PL) ......... 12.500 
Registro do derivativo Y pelo valor justo 
D – Caixa (Ativo Circulante)................................. 12.500 
C – Derivativo Y (Ativo Circulante)....................... 12.500 
Registro da venda e do recebimento do ajuste referente ao derivativo Y 
(exemplo: contrato futuro) – no momento da venda do etanol: 
D – Caixa ............................................................ 837.500 
D – Custo do Produto Vendido (CPV) ................ 800.000 
C – Receita de vendas ....................................... 837.500 
C – Estoques ...................................................... 800.000 
D – Ajustes de Avaliação Patrimonial (PL) ......... 12.500 
C – Custo do Produto Vendido (CPV) ................ 12.500 
 
 
24 
Quanto ao hedge de investimento no exterior, Lopes, Galdi e Lima 
(2011) asseveram que a proteção é feita sobre o valor de participação (ações) 
da empresa em uma subsidiária (controlada) no exterior (hedge de participação 
no PL). A contabilização dessa proteção segue conforme o hedge de fluxo de 
caixa. Logo, as alterações no valor justo do instrumento de hedge são 
registradas no PL em item separado e somente baixadas na ocorrência da venda 
da participação da empresa. 
Vamos considerar o seguinte exemplo: a empresa AirVeg efetua um 
hedge de sua participação em uma subsidiária chilena e planeja se proteger da 
variação cambial sobre o PL da empresa chilena. Para tanto, a AirVeg toma um 
empréstimo no valor correspondente à sua participação na subsidiária, de 180 
milhões de pesos chilenos. Caso forem aceitas as condições de hedge 
accounting, os ganhos ou perdas serão contabilizados no PL. Dessa maneira, a 
volubilidade de mensuração pela oscilação cambial se reduz ao se registrar no 
PL a variação cambial do PL da empresa investida e do título de dívida. 
Conserva-se o valor no PL e ele somente será revertido quando da venda de tal 
participação. 
Até este momento, estudamos os critérios, qualificações e contabilização 
de hedge accounting de modo contínuo, mas pode ocorrer a descontinuidade da 
contabilidade de hedge, em algumas situações. Atualmente, conforme o 
Pronunciamento Técnico n. 48 (CPC, 2016), a revogação voluntária de uma 
relação de hedge não é mais possível, dado que a entidade é responsável por 
reequilibrar qualquer instabilidade ocorrida na relação de hedge conforme 
objetivos da política e estratégia de gestão de riscos. 
Nesse contexto, a descontinuidade da hedge accounting verifica-se 
nas seguintes condições: 
 o vencimento do instrumento de hedge (o término do contrato de hedge); 
 a proteção não se designa à hedge accounting (a proteção não se 
qualifica aos critérios de hedge accounting); 
 a entidade retira a designação (exemplo: a entidade pode retirar a 
designação ao efetuar a venda do item objeto protegido); 
 a operação projetada do objeto de hedge não terá continuidade (exemplo: 
a entidade decide não dar continuidade à venda daquele ativo objeto; 
assim, o estoque protegido daquele produto não terá continuidade). 
 
 
25 
No Quadro 6 estão indicados os tratamentos contábeis devidos em caso 
de descontinuidade de hedge accounting. 
Quadro 6 – Contabilização para descontinuidade de hedge accounting 
Condições Hedge de valor justo Hedge de fluxo de caixa 
Alterações futuras no valor 
justo do instrumento de 
hedge 
Permanecem registradas 
na DRE 
Imediatamente 
reconhecidas na DRE 
Alterações futuras no valor 
justo do item objeto de 
hedge 
Trata-se como se não 
houvesse proteção 
Para hedge de taxa de 
juros, os ajustes até a 
data são amortizados na 
DRE pelo prazo de 
vencimento 
 
 
________ 
Valores contabilizados no PL 
a) Existência do item 
protegido ou esperada 
ocorrência 
b) Sem expectativa de 
ocorrência do item ou 
transação protegida 
 
 
________ 
a) Transferido para DRE 
simultaneamente à 
alteração no fluxo de 
caixa protegido e 
reconhecido na DRE. 
b) Imediatamente 
transferido na DRE. 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi;Lima, 2011. 
Segundo o Pronunciamento Técnico n. 48 (CPC, 2016), o 
desreconhecimento de ativos financeiros (retirada do ativo financeiro do 
Balanço Patrimonial) deve ser efetuado pela entidade apenas quando os direitos 
contratuais aos fluxos de caixa do ativo financeiro expirarem ou se transferir o 
ativo financeiro e a transferência se qualificar para desreconhecimento. Nessas 
circunstâncias de desreconhecimento de ativos financeiros, a essência das 
regras consiste na avaliação da transferência ou não dos riscos e benefícios 
relacionados ao ativo financeiro transferido. 
Desse modo, observamos que o desreconhecimento ocorre por 
transferência ou baixa do ativo. Vejamos em quais condições: a transferência de 
ativos financeiros ocorre quando a entidade transfere direitos contratuais ao 
receber fluxos de caixa ou mesmo se a entidade mantém os direitos de 
recebimentos dos fluxos de caixa e reconhece a obrigação contratual que deve 
pagar a um ou mais destinatários os fluxos de caixa. Ao passo que as condições 
para a baixa do ativo ocorrem em três momentos, quando: não há obrigação 
para a entidade efetuar pagamentos pelo ativo; não há possibilidade de venda 
 
 
26 
ou depósito como garantia do ativo gerador dos fluxos de caixa; e há repasse 
dos fluxos de caixa do ativo pela entidade, em curto prazo (Lopes; Galdi; Lima, 
2011). 
E, assim, as entidades se classificam em três categorias na transferência 
do ativo financeiro: quando retêm riscos e benefícios do ativo financeiro; se 
transferem riscos e benefícios do ativo financeiro; e quando não houve 
transferência ou tampouco manutenção dos riscos e benefícios do ativo 
financeiro. O Quadro 7 apresenta o tratamento contábil a ser aplicado nas três 
categorias de enquadramento indicadas. 
Quadro 7 – Contabilização para desreconhecimento de ativos financeiros 
Situação Tratamento contábil 
i. Retenção dos riscos e benefícios do 
ativo financeiro pela entidade. 
O ativo transferido permanece 
registrado no Ativo Circulante. 
Qualquer montante recebido pelos 
direitos contratuais é tratado como 
empréstimo recebido, no Passivo 
Circulante. 
ii. Transferência dos riscos e benefícios 
do ativo financeiro pela entidade 
(exemplo: transferência de direitos 
contratuais ao receber fluxos de caixa) 
Ocorre a baixa do ativo transferido 
pela entidade devido à transferência 
dos direitos contratuais. 
Reconhecimento de ganhos/perdas 
dos resultados obtidos com a 
transferência. 
iii. Não houve transferência 
ou manutenção dos 
riscos e benefícios do 
ativo financeiro pela 
entidade. 
Manutenção 
do controle 
O ativo transferido permanece 
registrado na medida do envolvimento 
da entidade com o ativo. As partes 
qualificadas para desreconhecimento 
são contabilizadas como 
ganhos/perdas. 
Perda do 
controle 
Baixa do ativo transferido. 
Reconhecimento de ganhos/perdas 
dos resultados obtidos com a 
transferência. 
Fonte: Adaptado de Lopes; Galdi; Lima, 2011. 
Para o desreconhecimento de passivos financeiros (exemplos: 
obrigação especificada no contrato paga, obrigação cancelada quando ocorre o 
perdão da dívida etc.), a norma prescreve que a entidade poderá efetuar a baixa, 
 
 
27 
em seu balanço, somente quando a obrigação estiver extinta. As condições de 
extinção de passivos financeiros são: 
 término do prazo e cumprimento de todas as obrigações; 
 perdão de dívida (documentação legal); 
 cancelamento do contrato que deu origem ao passivo. 
TEMA 5 – CONTROLE GERENCIAL DE OPERAÇÕES COM INSTRUMENTOS 
FINANCEIROS 
Nas últimas décadas, pudemos perceber as grandes crises sofridas pelas 
instituições financeiras e que levaram a significativas perdas, pela utilização dos 
instrumentos financeiros. Nesse âmbito, torna-se essencial conhecermos os 
principais atributos de um sistema eficaz de controle de derivativos, para acolher 
as necessidades de informação de seus usuários. Por meio do controle gerencial 
de derivativos, é possível assegurar condições necessárias para a realização de 
um efetivo e coerente controle de risco. 
Assim, falaremos sobre ambiente de controle, riscos organizacionais, 
documentação das políticas, monitoração, controle gerencial de derivativos, 
nova estrutura para gestão de riscos, papel do capital corporativo e modelo de 
proteção agregado. 
O ambiente de controle de uma entidade manifesta o tratamento da 
organização ao controle de suas operações, incluindo o modo de identificação 
dos riscos, de comunicação dos padrões de controle e da execução do 
monitoramento de suas falhas em relação à previsão calculada. Percebe-se 
pelas características das transações com derivativos quão fundamental é para a 
organização possuir um eficiente sistema de controle, que possa distinguir as 
divergências em tempo hábil para aplicação de medidas corretivas. 
Nesse ambiente, o compromisso organizacional é essencial para o 
desenvolvimento do ambiente de controle. Sem o devido comprometimento da 
organização como um todo, os procedimentos de controle serão registrados 
somente no papel, não fruindo em algum resultado para a empresa. Esse 
compromisso organizacional se traduz na implementação de códigos de 
conduta, políticas e procedimentos para solução de conflitos de interesse tal 
como o modelo de planejamento, para atingimento de suas metas e 
remuneração dos gestores. 
 
 
28 
Outro ponto essencial é a posição organizacional dos comitês de 
auditoria e de controle de riscos. Recomenda-se a realização de reuniões 
periódicas, além de estabelecimento de funções internas que impactem tomadas 
de decisão quanto aos riscos. O controle de riscos deve estar à altura da 
complexidade das operações e seu volume, determinando reponsabilidades, 
qualificando profissionais, por meio de treinamentos adequados, exercendo 
intolerância com violações propositais, por intermédio de mecanismos de 
responsabilização. 
Ademais, o processo de identificação de riscos é considerado outro 
ponto relevante do ambiente de controle. A questão é saber quando reconhecer 
e analisar um novo tipo de risco ou efetuar um reenquadramento. O início desse 
processo de identificação acontece na determinação dos objetivos das 
atividades operacionais, que serão consistentes com a estratégia organizacional 
e a estrutura interna da organização. Ao estabelecer tais objetivos, todos os 
níveis administrativos da entidade precisam estar envolvidos. Uma vez esses 
objetivos estabelecidos, dá-se início à determinação dos mecanismos de 
identificação de riscos (Lopes; Galdi; Lima, 2011). 
Os riscos internos e externos são determinados e estruturados conforme 
sua repercussão e probabilidade de ocorrência na organização. O processo de 
identificação será executado de forma contínua à dinamicidade dos riscos, para 
que a organização possa estabelecer a periodicidade apropriada para 
identificação de tais riscos. Nesse processo, observa-se a importância e 
envolvimento dos sistemas de informação, tal como da comunicação da 
instituição. Os sistemas de informações devem gerar relatórios aos gestores 
para capacitá-los na avaliação de desempenho de suas atividades, em relação 
às metas estabelecidas. Quanto à comunicação da instituição, esta possui a 
exigência de ser mais eficiente o quanto possível, para que todos os envolvidos 
nas atividades tenham acesso às informações de forma tempestiva, de maneira 
que possam tomar decisões adequadas a cada situação em análise. 
Como componente final do ambiente de controle, inclui-se a monitoração 
e o controle das atividades. É nessa circunstância que podemos observar a 
gestão eficiente dos riscos, pois a monitoração possui uma posição ativa no 
reconhecimento dos riscos, executando de forma contínua a reavaliação e 
observação dos riscos inerentes. Sucessivo à monitoração, o controle dos riscos 
será efetivo quando da identificação de riscos consideráveis ou não 
 
 
29 
consideráveis,com suas características bem delineadas (Lopes; Galdi; Lima, 
2011). 
Os principais riscos organizacionais envolvidos são: riscos de crédito 
(inadimplência de clientes), riscos de liquidez (redução no giro de capital), riscos 
de mercado (oscilações de preços, taxas cambiais, juros), riscos operacionais 
(acidentes com equipamentos), riscos de informação (assimetria informacional, 
divergência de informações). Em seguida ao reconhecimento dos riscos, é 
fundamental estabelecer políticas e procedimentos, para tais riscos, que sejam 
claros e objetivos, possibilitando o seu entendimento completo por todos os 
profissionais envolvidos. Portanto, nas instituições financeiras, para gestão dos 
riscos de derivativos, deve-se adotar a segregação de carteiras15, estabelecer 
limite de exposição ao risco e, em caso de haver exceções, estas devem ser 
devidamente observadas. Reavaliar os riscos de derivativos é processo 
caracterizado pela análise em tempo real, verificação dos limites individuais, 
abordagem proativa e execução de simulações. 
Segundo Shimpi (2001), a essência de uma gestão de riscos eficaz é a 
integração entre a gestão de riscos tradicional (financeira) e a gestão de seguros. 
O modelo de proteção agregado tem essa finalidade. Inicialmente, é necessária 
a caracterização do papel do capital corporativo nas empresas e sua relação 
com o risco. Em seguida, os dois modelos de capital corporativo são 
apresentados: um, relacionado com a estrutura tradicional do capital próprio e 
de terceiros (estrutura de capital tradicional); e outro, relacionado com o mercado 
de seguros. Esses modelos são combinados para gerar o modelo de proteção 
agregado (Lopes; Carvalho; Teixeira, 2003). 
TROCANDO IDEIAS 
Durante a exposição dos temas sobre os instrumentos financeiros 
derivativos, citamos as grandes perdas que houve nas instituições financeiras 
conhecidas e como essas situações influenciaram mudanças nas normas 
contábeis internacionais e em nosso sistema financeiro nacional. Também 
verificamos relevantes mudanças que direcionaram novas premissas às normas 
contábeis de instituições financeiras. 
 
15 Segregação de carteiras: para efeito da gestão e do controle consolidado do risco de mercado 
das exposições, as operações são segregadas em dois tipos de carteiras, conforme a sua 
estratégia de negócio: carteira trading (negociação) ou carteira banking (não negociação). 
 
 
30 
Diante dessa exposição, quais são as duas interpretações, distintas pela 
posição e pela finalidade assumidas na operação de transferência de riscos e 
incertezas, permitidas pelos derivativos? 
NA PRÁTICA 
Com base nos instrumentos financeiros derivativos, assinale a 
alternativa correta (a resposta se encontra ao término da seção Finalizando): 
a. Os swaps têm características de contratos a termo. 
b. Os swaps possuem mais similaridades com o contrato futuro que com 
contrato a termo. 
c. Os swaps possuem mais similaridades com o contrato de opções que com 
contrato a termo. 
d. Os swaps possuem mais similaridades com o contrato de opções que com 
o mercado de renda fixa. 
e. Os swaps em nada se assemelham com o contrato a termo. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, abordamos o tema dos instrumentos financeiros derivativos e 
seus tipos, operacionalização, classificação, designação, contabilização e 
controle gerencial das transações com derivativos. Estudamos a exigência 
normativa para a qualificação de proteção (hedge) no ativo, tal como a 
mensuração pela efetividade. Assim, nos dois primeiros temas desta aula foram 
apresentados conceito, finalidade, tipos e operacionalização de derivativos; e, 
também, a contabilização de operação de hedge accounting no terceiro e no 
quarto temas, além da exposição e argumentação sobre a relevância do controle 
gerencial de operações com instrumentos financeiros como último tema. 
 
 
 
31 
REFERÊNCIAS 
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ALMEIDA, P. R. D. A economia internacional no século XX: um ensaio de 
síntese. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 44, n. 1, p. 112-136, 
2001. 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Banco Central do Brasil. Resolução n. 2.138, 
de 29 de dezembro de 1994. Brasília, 29 dez. 1994. Disponível em: 
<https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/busca/downloadNormativo.asp?arquivo
=/Lists/Normativos/Attachments/43131/Res_2138_v1_O.pdf>. Acesso em: 2 
dez. 2019. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento Técnico CPC 
48: instrumentos financeiros. Brasília, 22 dez. 2016. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/Arquivos/Documentos/530_CPC_48_Rev_13.pdf>. 
Acesso em 15 set. 2019. 
HULL, J. C. Opções, futuros e outros derivativos. 9. ed. Porto Alegre: 
Bookman, 2016. 
LIMA, I. S.; LIMA, G. A. S. F.; PIMENTEL, R. C. Curso de mercado financeiro: 
tópicos especiais. São Paulo: Atlas, 2017. 
LOPES, A. B.; CARVALHO, L. N.; TEIXEIRA, A. J. C. A abordagem de Shimpi 
para gestão de riscos. Revista Contabilidade & Finanças, v. 14, n. 33, p. 7-15, 
2003. 
LOPES, A. B.; GALDI, F. C.; LIMA, I. S. Manual de contabilidade e tributação 
de instrumentos financeiros e derivativos (CPC 38, CPC 39, CPC 40, OCPC 
3, IAS 39, IAS 32, IFRS 7, normas da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco 
Central do Brasil e da Receita Federal do Brasil). São Paulo: Atlas, 2011. 
PEREIRA, L. M.; MELLO, E. M. Derivativos: negociação e precificação. São 
Paulo: Saint Paul Editora, 2019. 
RAMOS, C. Derivativos, riscos e estratégias de hedge: implementação, 
contabilização e controle. São Paulo, 2019. 
SHIMPI, P. Integrating Corporate Risk Management. Nova York: Texere, 
2001. 
 
 
32 
ZANIN, H. B. Adoção do hedge accounting no Brasil: as divulgações são 
adequadas?. In: CONGRESSO ANPCONT, 12., 2018, João Pessoa. Anais... 
São Paulo: Anpcont, 2018. 
 
 
 
33 
RESPOSTA DO EXERCÍCIO PROPOSTO 
Os swaps têm características comuns com o contrato a termo, pois devem 
ser liquidados no vencimento, ao passo que as opções podem ser exercidas ou 
não e os contratos futuros podem ser liquidados antecipadamente. Resposta: 
letra a.

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