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Teorias Direito Penal

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Teorias da conduta
Teoria causal-naturalista (Von Liszt e Beling) – concepção clássica: a ação humana é tida como movimento corporal voluntário que produz modificação no mundo exterior. A vontade é despida de conteúdo, de finalidade. O conteúdo dessa conduta (finalidade) era analisada lá na culpabilidade. (e não no elemento conduta). Para essa teoria o dolo está na culpabilidade.
Teoria causal-valorativa ou neokantista – concepção neoclássica (normativista): ao contrário da teoria anterior, a tipicidade não constitui elemento autônomo em relação à antijuridicidade na estrutura do delito, pois toda ação é tipicamente antijurídica. 
Teoria finalista (Welzel) – concepção finalista: toda consciência é intencional e não há consciência separada do mundo. Toda ação voluntária é finalista, traz consigo um querer interno. O dolo e a culpa são retirados da culpabilidade e passam a integrar o fato típico.
Teoria do dolo 
Teoria da vontade – existe dolo quando o agente fizer a representação mental do resultado, quiser o resultado diretamente e quando ele obtiver o resultado. DOLO DIRETO DE 1º GRAU 
Teoria do consentimento ou assentimento – existe dolo quando o agente fizer a representação mental do resultado, não o quiser diretamente, mas o assumir o risco de produzi-lo. DOLO INDIRETO EVENTUAL 
Teoria da representação – existe dolo quando o agente fizer a representação mental do resultado. NENHUMA ESPÉCIE DE DOLO FOI ADOTADA. (não foi adotada pelo CP, teoria pobre de conteúdo)
Teorias do Crime Tentado
Teoria objetiva ou realista: fundamenta a punição da tentativa no risco de lesão ao bem jurídico.
Teoria subjetiva ou voluntarista, de origem finalista: fundamenta a tentativa na finalidade do agente de produção de determinado crime, na finalidade relativa a violação também de um bem jurídico nela.
Teoria sintomática: fundamenta a punição da tentativa na periculosidade demonstrada pelo agente. Tem berço positivista (lombroso)
Teorias da tipicidade
Teoria do tipo avalorado (teoria do tipo acromático): não há relação entre tipicidade e antijuridicidade.
Teoria da ratio cognoscendi (TEORIA ADOTADA) – teoria da indiciariedade. Toda vez que houver um tipo penal, haverá indícios que tem ilicitude.
Teoria da ratio essendi: Fez confusão entre o tipo penal e ilicitude. Surge então a teoria dos elementos negativos do tipo: se eu excluir a ilicitude, estou negando o próprio tipo, porque são a mesma coisa, o que não acontece com a ratio cognoscendi.
Teorias sobre o nexo de causalidade 
Teoria da Causalidade Adequada ou Teoria da Condição Qualificada ou Teoria Individualizadora: Para ela causa é a condição necessária e adequada para determinar a produção do resultado. (uma causa só)
Teoria da Relevância Jurídica: Causa é a condição relevante para o resultado. Relevante é tudo que for previsível para o homem, ser humano, no momento da conduta. A relevância está ligada ao juízo de previsibilidade.
Teoria da qualidade do efeito da causa eficiente: Causa é a condição a qual depende a qualidade do resultado. 
Teoria da condição mais eficaz ou ativa: Assemelha-se muito à teoria da causalidade adequada. Para ambas eu pego os fatos praticados anteriormente ao resultado e seleciono a que for mais adequada. Mas aqui fala-se em mais eficaz.
Teoria do Equilíbrio ou da preponderância: A causa é o resultado de uma luta de uma força sobre a outra. Verifico qual foi o elemento preponderante que venceu essa “luta”.
Teoria da Causa Próxima ou penúltima: Causa é a última condição humana que aparece na cadeia causal. 
Teoria da Causalidade Jurídica: A causa será definida de acordo com o juízo do valor do intérprete – escolhe a causa responsável do resultado ilícito. 
Teoria da Causa Humana: Ser humano é provido de consciência para prever os efeitos de determinadas causas. 
Teoria da Equivalência dos antecedentes causais ou Teoria da conditio sine qua non ou Teoria da Equivalência dos Antecedentes ou Teoria Condição simples ou Teoria da Condição Generalizadora (ADOTADA PELO CP): ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, como ocorreu no caso concreto, ou seja, todos os fatos ocorridos antes do resultado se equivalem, desde que sejam indispensáveis a produção dos resultados.
Teorias do estado de necessidade
Teoria unitária (só tem uma consequência, exclui-se a ilicitude): se o bem sacrificado for de menor ou igual valor ao bem protegido, teremos estado de necessidade justificante. Exclui a ilicitude. Se o bem sacrificado for de maior valor, o crime subsiste, mas a pena deve ser reduzida de 1 a 2/3. (CP)
Teoria diferenciadora (posso excluir tanto a ilicitude quanto a culpabilidade): se o bem sacrificado for de menor ou igual valor, haverá estado de necessidade justificante (exclui-se a ilicitude). Entretanto, sendo o bem sacrificado de maior valor ao bem salvo, haverá estado de necessidade exculpante, excluindo a culpabilidade. Prevê duas consequências diversas. (CPM) Se o sacrifício for do bem de maior valor haverá o crime, não existindo estado de necessidade.
Teorias da Culpabilidade
Teoria psicológica: a culpabilidade é vínculo psicológico entre o agente e o crime. Este vínculo psicológico era o dolo ou a culpa, que não eram elementos da culpabilidade, eram a própria culpabilidade. Enquanto vigorava essa teoria na culpabilidade, na conduta vigorava a teoria causalista.
Teoria psicológico-normativa: além do dolo e da culpa, a culpabilidade passa a ter elementos: imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e a exigibilidade de conduta conforme o direito. Toda consciência do delito estava na culpabilidade: elemento do dolo (consciência e vontade) e o potencial consciência da ilicitude. Na culpabilidade vigorava a teoria psicológico-normativa, na teoria da conduta vigorava a teoria causalista. 
Teoria normativa-pura: dentro da culpabilidade ficaram apenas os elementos normativos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude, exigibilidade de conduta diversa. Dolo e culpa são deslocados para a conduta, com a elaboração da Teoria Finalista da conduta. Esta é a culpabilidade que conhecemos hoje. Neste caso, na conduta passa a vigorar a teoria finalista. 
Teorias das Descriminantes putativas
Teoria extremada da culpabilidade: será sempre caso de erro de proibição.
Teoria limitada da culpabilidade (CP): Será tratado como erro de proibição somente quando o erro recair sobre a existência ou limites de uma causa de justificação- erro de permissão (art. 21, do CP). Quando o erro recair sobre um pressuposto fático da excludente, erro sobre a agressão, por ex., deverá receber o tratamento dispensado ao erro de tipo (art. 20, § 1º, do CP), embora com este não se confunda erro de tipo permissivo.
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Teorias – atos preparatórios x atos executórios:
Teoria subjetiva ou teoria subjetiva limitada ou teoria objetiva individualizadora ou teoria do plano do autor: início da execução, quando o agente exterioriza de modo seguro e inequívoco a sua intenção de praticar a infração penal. 
Teoria objetivo-formal ou teoria da ação típica (Beling): quando o agente pratica conduta descrita no núcleo do tipo penal. É bastante adotada pelos Tribunais.
Teoria objetivo-material ou teoria da unicidade natural (Frank): são atos executórios os relacionados ao início da conduta típica que coloca o bem jurídico em uma situação de perigo. 
Teoria Objetivo-Individual – ADOTADA PELO STJ – a execução se inicia em momento imediatamente anterior ao verbo núcleo, conforme o plano individual do autor, além da realização da ação prevista no próprio verbo núcleo. Resolve o problema da teoria objetiva material
Teoria da univocidade (Carrara): os atos preparatórios são equívocos (gera dúvidas, pois podem ser dirigidos ao ato criminoso ou a um ato lícito), enquanto que os atos executórios são unívocos (porque ela somente se dirigem à prática de uma conduta criminosa).
Teoria da hostilidadeao bem jurídico ou teoria do começo do perigo concreto ao bem jurídico (Mayer e Vannini): o ato executório é aquele que coloca o bem jurídico em uma situação de perigo concreto que ataca o bem jurídico. O ato preparatório não coloca o bem em risco.
Teoria que versam sobre a punibilidade do crime impossível:
Subjetiva: basta a intenção do agente. Volta os seus olhos para a subjetividade do agente não leva em consideração o meio nem o objeto. O agente seria punido pela sua intenção.
Sintomática: leva em consideração a periculosidade do agente revelada na sua conduta, mesmo que seja hipótese de crime impossível, se de alguma forma o agente revelar em sua conduta certa periculosidade, já se pode falar em tentativa.
A primeira e a segunda teorias não foram adotadas.
Objetiva Pura: não haverá tentativa se o meio for ineficaz ou o objeto for impróprio; (não haverá tentativa, e sim crime impossível)
Objetiva temperada, moderada ou matizada: quando o meio ou objeto for relativamente inidôneo haverá tentativa. Mas se for absolutamente inidôneo, haverá o crime impossível. É a teoria adotada pelo Código Penal. (Também olha para o meio e para o objeto, mas para ela, quando o meio ou o objeto for relativamente inidôneo, eu tenho tentativa, em contrapartida se o meio ou objeto for absolutamente inidôneo, eu tenho crime impossível)
Teorias sobre autoria
Teoria objetivo-formal: autor é quem pratica a conduta típica, os demais são partícipes. Adotada no Brasil. 
Teoria objetivo-material: autor se diferencia de partícipe pela maior contribuição para o delito. Partícipe concorre de forma menos relevante.
Teoria extensiva: (todo aquele que concorrer para o crime será autor): não distingue autor de partícipe (baseado no conceito unitário de autor). Para estabelecer uma distinção, importante o critério subjetivo de autor: baseia-se na atitude interna do agente. O autor é quem age com vontade de autor, com animus auctoris. Partícipe é quem age com vontade de partícipe, só quer contribuir. Animus socci. 
Teoria do domínio do fato: ➔ Para Welzel o autor é quem tem o domínio do fato, tem as rédeas da situação, faz o crime acontecer de acordo com a sua vontade. Não precisa praticar o crime pessoalmente, podendo estar distante fisicamente. ➔ Para Roxin a teoria também tem a função de distinguir autor e partícipe, sendo autor aquele que age com domínio sobre o fato, sendo a figura central do delito. A participação aparece como extensão da punibilidade, figura secundária. A teoria só se aplica so crimes doloso e comissivos.
Teorias sobre a punibilidade da participação
Acessoriedade mínima: a participação é punida quando o autor realiza uma conduta típica.
Acessoriedade limitada: a participação é punida quando o autor realiza uma conduta típica e ilícita.
Acessoriedade máxima: a participação é punida quando o autor realiza uma conduta típica, ilícita e culpável.
Hiperacessoriedade: a participação é punida quando o autor realiza uma conduta típica, ilícita, culpável e punível.
Teorias da finalidade da pena
Teoria absoluta ou retribucionista: castigar/ retribuir com a pena o mal praticado.
Teoria relativa ou preventiva: ideia de prevenção.
Teoria mistas/ ecléticas/ unificadoras: unifica as duas anteriores – retribuição e prevenção. (ADOTADA)
Teoria da prevenção geral positiva fundamentadora: função da pena – ético-social e protetora de bens jurídicos.
Teoria da prevenção geral positiva limitadora: pena funciona como instrumento de intimidação geral.
Teorias sobre o concurso de pessoas
Teoria Monista, Unitária, Monística: todos que concorreram para o delito respondem pelo mesmo crime. (CP)
Teoria Dualista: dois crimes – um crime para os autores e outro para os partícipes. 
Teoria Pluralista: um crime para cada concorrente. 
O CP adotou a Teoria Monista. Em alguns casos, será aplicada a teoria pluralista. Ex. Grávida responde pelo artigo 124 do CP, enquanto o médico responde pelo artigo 126 do CP. Por este motivo, diz-se que o CP adotou a teoria monista temperada, mitigada ou matizada
Teorias acerca da diferença entre dolo eventual e culpa consciente:
Teorias Cognitivas (elemento consciência)
Teoria da Possibilidade: existe dolo eventual quando o agente contempla a possibilidade concreta de realização do resultado e mesmo assim decide agir. Crítica: torna a diferenciação subjetiva e dificulta nos casos práticos. 
Teoria da Probabilidade (autor: Kindhauser): o dolo eventual não deve estar precisamente na contemplação da possibilidade, mas sim quando houver grande probabilidade, de acordo com estatísticas. O agente deve ter consciência dessa probabilidade. Críticas: probabilidade e possibilidade têm sentidos muito semelhantes. Na prática, dificilmente o agente tem todas as informações sobre o que é mais provável ou não. 
Teoria do Risco (autores: Frisch/Puppe): existe dolo eventual quando o agente faz uma escolha consciente de colocar o bem jurídico em risco, e isso acontece quando ele pratica conduta idônea para gerar o resultado segundo as normas gerais de experiência. Basta que ele saiba que aquela conduta é idônea para gerar o resultado pretendido. “Dolo sem vontade”. Ex.: o agente dá facadas na barriga da vítima e acredita que ela não irá morrer, e diz que somente queria lesionar. Segundo as regras gerais de experiencia, facadas na barriga são aptas a causar o resultado morte, logo, há “perigo de dolo” (põe em risco o bem jurídico!). Crítica: anula a vontade e concentra-se apenas no conhecimento, o que, em tese, é incompatível com nosso Código Penal. 
Teoria do Perigo Desprotegido: existe dolo quando o indivíduo atua praticando conduta que causa perigo desprotegido ao bem jurídico, e a culpa consciente seria “perigo protegido” (o resultado depende basicamente da conduta do agente, da vítima, ou de terceiros). ** Perigo desprotegido é aquele em que a produção do resultado depende de uma aleatoriedade (sorte/azar). Ex.: roleta russa – perigo desprotegido = dolo eventual. Crítica: existe dose múltipla de perigos em dado contexto que podem ser reputados a sorte e azar e outros são reputáveis ao agente.
Teorias Volitivas 
Teoria do Consentimento (autor: Mezger): existe dolo eventual quando o agente incorpora o dolo eventual em sua vontade. Anuência com a realização do resultado. Crítica: consentir com a prática torna difícil a diferença entre dolo eventual e dolo direto. Ademais, depende do conhecimento do que se passa na cabeça do agente. 
Teoria da Indiferença (autor: Engish): existe dolo eventual quando o resultado for indiferente. O agente demonstra desprezo ao bem jurídico. 
Teoria da Evitabilidade / não comprovada a vontade de evitar o resultado (autor: Kaufmann): a existência da culpa consciente está condicionada a realização de contrafatores para evitar o resultado. Se não existem contrafatores, haverá dolo eventual.

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