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PRATICA SIMULADA III, PEÇA 4, AV1, 2019 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA/PR.
PROCESSO Nº:
	JORGE, já qualificado nos autos do processo em epigrafe, vem a Vossa Excelência, através de seu advogado abaixo assinado, na forma do artigo 403, parágrafo 3º, do Código de Processo Penal, oferecer os presentes:
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
Com base nos fatos e fundamentos ora expostos:
I – DOS FATOS
	JORGE, com 21 anos de idade, em um bar com outros amigos, conheceu ANALISA, linda jovem, por quem se encantou. Após um bate papo informal e trocaram beijos, decidiram ir para um lugar mais reservado. Nesse local trocaram caricias, e Analisa, de forma voluntária, praticou sexo oral e vaginal com Jorge.
	Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefones e contatos nas redes sociais.
	No dia seguinte, Jorge, ao acessar a página de Analisa na rede social, descobre que, apesar de aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Jorge ficado em choque com essa constatação.
	O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao descobrir o ocorrido, procurou a autoridade policial, narrando o fato.
O réu foi denunciado pela suposta pratica previsto no artigo 217 A, do Código Penal, c/c com a circunstância agravante do artigo61, II, alínea E, CP, pois o réu teria de forma dolosa praticado sexo oral e vaginal com a jovem Analisa que possui 13 anos de idade.
II – DO MÉRITO
II. a – DA ABSOLVIÇÃO POR ERRO DE TIPO
	
	 No entanto, a tipicidade consiste no nome que se dar ao enquadramento da conduta concretizada pelo agente na norma penal descrita em abstrato. Para que haja crime é necessário que o sujeito realize, no caso concreto, todos os elementos componentes da descrição típica (definição legal do delito). Ainda que não haja expressa menção no caput do artigo 20, do CP, tem-se que a absoluta imprevisibilidade do erro é apta para exclui tanto o dolo como a culpa. Nesta hipótese, contudo, o erro deve ser reconhecido como inevitável.
Se não há dolo, não há crime. As relações foram voluntárias e espontâneas, conforme artigo 386, III, CPP, não há comprovação que houve violência e não constitui o fato infração penal. Considerando um caso atípico, pois o Réu conheceu a suposta vítima em um bar, onde se pressupõe que apenas adulto poderia frequentar, de qualquer forma a aparência de Analisa, segundo as testemunhas de defesa, em nada se compara com uma menor, com roupas e maquiagem que não condiz com pessoas de sua idade, e também do horário a que se deu o fato, tendo Jorge ficado no dia seguinte em choque com essa constatação. 
II. b – DA EXISTENCIA DE CRIME ÚNICO
Subsidiariamente, não sendo aceito, a tese de atipicidade da conduta do réu, deve-se considerar a existência de crime único e não concurso de crimes, posto que o art. 217-A do CP em como tipo ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. Para o STJ, prevalece a tese de crime único, por ser um tipo penal misto alternativo (e não cumulativo), assim sendo, deverá ser afastado o concurso material de crimes para o caso em tela. Neste caso em questão não se aplica (no crime único) o artigo 69, CP.
II. c – DA INEXISTENCIA DA CIRCUNSTANCIA AGRAVANTE
	Não há que se falar em embriagues pré-ordenada, posto que Jorge não estava embriagado ao conhecer Analisa, segundo as testemunhas de defesa. Quanto as testemunhas de acusação não viram os fatos e não houve prova pericial para comprovar embriagues, sendo assim, justa a medida de afastamento da agravante, caso não seja reconhecida a atipicidade da conduta.
II. d – DA CIRCUNSTANCIA ATENUANTE – Artigo 65, I, CP.
	Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi sua primeira noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de adultos.
	A vulnerabilidade do menor de 14 anos é a que mais desperta discussões. Duas posições se estabelecem: A primeira, considera que a presunção de violência, agora transformada em vulnerabilidade, não é absoluta, podendo ser relativizada em casos excepcionais. Pugna essa vulnerabilidade, não é absoluta, pode não ser relativizada, quando as circunstancias de o caso concreto indicar em que não houve violação (ou ameaça de lesão) ao bem jurídico tutelado, ou seja, a dignidade sexual da vítima, aplicando-se, portanto, o princípio da ofensividade e da lesividade.
	Para essa doutrina circunstanciais como a maturidade da vítima, seu consentimento, sua experiência sexual anterior ou mesmo sua promiscuidade ou prostituição poderiam relativizar a 
vulnerabilidade. Como também poderia relativizar a vulnerabilidade a prática de relações sexuais ou atos libidinosos decorrentes de relacionamentos amorosos entre o agente e a vítima, aqui se valendo do princípio da adequação social, pois no mundo atual os jovens iniciaram seus relacionamentos de forma cada vez mais precoce.
	Defensor da possibilidade de relativização: BITTENCOURT, Cezar Roberto, Tratado de Direito Penal, 4: parte especial, edição 7, São Paulo, Saraiva, 2013, página 100.
II. e – DOS ANTECEDENTES DO RÉU – Artigo 59, CP.
	Numa remota ação de condenação:
	O Réu é primário, possuidor de bons antecedentes, bom comportamento, vida pregressa, com residência fixa, com boa conduta social, e no caso em tela não teve o Animus necandi ou Animus occidendi (vontade = consciência), pode ser direto ou indireto, eventual ou alternativo, do tipo penal, em que é acusado, posto não agir com má intenção ou de se aproveitar da suposta ingenuidade de Analisa, fará jus a pena base no mínimo legal como medida necessária de reprovabilidade do ato.
II. f – DO REGIME, SEMI ABERTO
	Ainda que o crime de estupro de vulnerável, artigo 217 A do CP, estar elencado como infração hediondo na lei 8.072/90, conforme o artigo 1º, IV, do STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei *.8072/90 (Crimes Hediondos), sendo certo, que o juiz ao fixar o regime em abstrato, conforme o princípio da individualização da Pena. 
Sendo assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena no mínimo legal deverá ser fixada em 08 (oito) anos de reclusão, levando em consideração que o Réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução para o Réu.
III – DOS PEDIDOS
A – Requer a absolvição do Réu na forma do artigo 386, III, CPP;
	B - Caso V. Exa. Indefira o pedido anterior deverá afastar o concurso material de crime com base no artigo 69, CP;
	C – Que seja negada a circunstância ao agravante, conforme artigo 61, II, alínea, CP;
	D – Que seja conseguida a circunstância atenuante do artigo 65, I, CP (doutrina/jurisprudência);
	E – Numa remota hipótese condenatória deverá fixar a pena no mínimo legal com base no artigo 59, do CP; 
	F – Por fim, a pena deverá ser fixada no regime semiaberto, afastando o artigo 2º, § 1º da Lei 8.072/90.
Neste termo,
Pede Deferimento,
Curitiba, 29/04/2014
Advogado
OAB
Pratica Simulada III, Caso concreto 4, 2019.2

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