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MÓDULO
2
CURSO
E TRABALHO NO
PODER JUDICIÁRIO
SAÚDE
MENTAL
ADOECIMENTO E
SOFRIMENTO MENTAL
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
 Presidente: Ministro José Antonio Dias Toffoli
 Corregedor Nacional de Justiça: Ministro Humberto Eustáquio Soares Martins
 Conselheiros: Aloysio Corrêa da Veiga
 Maria Iracema Martins do Vale
 Márcio Schiefler Fontes
 Daldice Maria Santana de Almeida
 Fernando César Baptista de Mattos
 Valtércio Ronaldo de Oliveira
 Francisco Luciano de Azevedo Frota
 Maria Cristiana Simões Amorim Ziouva
 Arnaldo Hossepian Salles Lima Junior
 André Luis Guimarães Godinho
 Valdetário Andrade Monteiro
 Maria Tereza Uille Gomes
 Henrique de Almeida Ávila
 Secretário-Geral: Carlos Vieira von Adamek
 Diretor-Geral: Johaness Eck
 Secretário Especial de Programas,
 Pesquisas e Gestão Estratégica: Richard Pae Kim
 
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
 Secretário de Comunicação Social: Rodrigo Farhat
 Projeto gráfico: Eron Castro
 Revisão: Carmem Menezes
 
2019
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
SEPN Quadra 514 norte, lote 9, Bloco D, Brasília-DF
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
http://www.cnj.jus.br
http://www.cnj.jus.br
http://www.cnj.jus.br
Conteúdos deste módulo
 4 Objetivos de aprendizagem
 5 Apresentação
Unidade I
 6 O processo do adoecer
Unidade II
 9 Conceitos de normalidade e patologia na saúde 
mental
Unidade III
 12 Principais transtornos e reações emocionais 
frente aos processos de adoecimento
Unidade IV
 15 Adoecimento psíquico secundário à doença
 17 Referências bibliográficas
3
Objetivos de aprendizagem
 » Identificar quais os fatores envolvidos 
na normalidade e no adoecimento;
 » Entender os tipos de reações emocionais 
existentes em face do adoecimento;
 » Identificar processos de adoecimento mental como 
fatores de risco e de proteção nesse contexto;
 » Compreender os condicionantes 
relacionados ao sofrimento psíquico.
4
Apresentação
Bem-vindo ao módulo 2 do curso!
Neste módulo, trataremos dos processos de adoecimento e 
sofrimento psíquico, com ênfase no ambiente organizacional. 
Serão apresentados conceitos múltiplos do adoecimento, 
assim como o que é estabelecido pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS), abrangendo, ainda, questões relacionadas a 
fatores de risco e de proteção no contexto da Saúde Mental. 
Serão apresentados, a partir do histórico desse processo 
de adoecimento, algumas variáveis que explicam a pouca 
atenção dada a esse tipo de doença, e para tanto, o aumento 
considerável de doenças mentais em nossa sociedade.
Vamos trabalhar!
5
Unidade I
O processo do 
adoecer
“Em última análise, precisamos amar para não adoecer.”
(Sigmund Freud)
COMPREENSÃO DO ADOECER
Compreender o processo de adoecimento e sofri-
mento mental na atualidade é assumir uma 
proposta de ir contracultura. Quase diariamente 
somos bombardeados com estímulos que pre-
gam o produzir, o ter, o consumir como objetivos 
de vida e, por outro lado, na busca por esses 
processos, muitas vezes negligenciamos o ser 
humano por trás desses objetivos.
O conceito de Saúde, em sua trajetória sócio-his-
tórico-cultural, vem se ampliando em termos de 
considerar saudável campos da vida biológica, 
psíquica e social do sujeito. Quando pensamos 
em processos de adoecimento, esses campos 
também são relevantes. Desse modo, o cuidado 
de uma enfermidade física é tão importante 
quanto o cuidado de uma enfermidade psico-
lógica.
Para se ter uma ideia da relevância de vari-
áveis que dizem respeito a fatores psicológi-
cos e sociais, atualmente, o isolamento social 
atua como fator de risco na vida da população, 
podendo ser tão danoso quanto outros fato-
res de risco como o tabagismo (HOLT-LUNSTAD e 
SMITH, 2012), a obesidade (HOLT-LUNSTAD, SMITH 
e LAYTON, 2010) e o alcoolismo. Acredita-se que 
nutrir boas relações contribui para a saúde inte-
gral do ser humano. Esse dado assume maior 
peso no contexto organizacional, em que passa-
mos boa parte de nosso tempo de vida.
6
Sobre a importância de bons relacionamentos na 
prevenção do adoecimento psíquico veja: https://
www.ted.com/talks/robert_waldinger_what_
makes_a_good_life_lessons_from_the_longest_
study_on_happiness?language=pt-BR#t-688.
Um aspecto a ser considerado no campo do 
sofrimento psíquico, que muitas vezes contri-
bui de forma negativa no que diz respeito ao 
seu enfrentamento, é o fato de negligenciarmos 
o adoecimento emocional em relação ao físico. 
Em termos culturais, brincamos com transtornos 
psíquicos e naturalizamos terminologias utili-
zadas na área. Como exemplo, em uma busca 
rápida nas mídias virtuais, encontramos vários 
grupos que fazem trocadilhos com a palavra 
depressão. Sinalizando o quanto observamos 
e lidamos de modo diverso com cada tipo de 
adoecimento.
Nesse sentido, o fato de não levarmos esse tipo 
de prejuízo a sério, de alguma forma contribui 
para sua propagação. Segundo a OMS, 1 em cada 
4 pessoas sofrerá com algum transtorno men-
tal em algum período da vida. Sobre o quanto 
Saúde Mental ainda é um tabu na atualidade, 
veja: https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_
XIQ7DA.
ADOECIMENTO NO AMBIENTE 
ORGANIZACIONAL
No contexto organizacional, ou seja, no ambiente 
formal de trabalho, a saúde mental versus o 
sofrimento psíquico são preocupações que estão 
diretamente relacionadas à vida do principal 
agente desse ambiente: o sujeito trabalhador.
Dejours (2004) ressalta que trabalhar não é só 
produzir, mas trabalhar é viver junto. Nesse sen-
tido, mais do que as atividades fins desenvolvi-
das por esse sujeito em seu ambiente de traba-
lho, associadas a tais demandas, ele vive nesse 
ambiente cerca de 20% do seu tempo total de 
vida, sem contabilizar seu deslocamento entre 
a casa e o local de trabalho (IBGE, 2005). Daí a 
importância de não só trabalhar, mas viver de 
forma saudável o tempo dentro do ambiente 
de trabalho.
Por si só, a atividade laboral pode trazer sentido 
à vida do ser humano trabalhador, principal-
mente quando se acredita, em termos de valo-
res, naquilo que se produz. Contudo, um tempo 
de qualidade que é capaz de produzir saúde não 
se contabiliza só por qual atividade é realizada, 
mas sim de como ela está sendo realizada. Por 
exemplo, não basta trabalhar com produtos sus-
tentáveis que fazem sentido aos valores de vida 
do trabalhador, mas, se este mesmo trabalhador, 
tem de lidar com metas irreais e insustentáveis, 
ele poderá adoecer da mesma forma.
Desta feita, ao ressaltar o viver junto, Dejours 
(2004) nos chama atenção a como está ocor-
rendo toda essa vida no ambiente de trabalho, 
ou seja, como gastamos nossas horas, como nos 
relacionamos, quais os momentos de lazer e de 
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
7
https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_XIQ7DA
https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_XIQ7DA
confraternização vivenciamos ali. Resumindo, se 
a vida vivida dentro das organizações é ou não 
é (e tudo bem se a resposta nesse momento for 
negativa) uma vida que vale a pena ser vivida.
Para saber mais sobre saúde mental e sofri-
mento psíquico no trabalho, veja: https://www.
youtube.com/watch?v=DW8zUM3M8z0.
Alguns fatores podem contribuir para o sofri-
mento mental no trabalho. Entre eles, estão as 
cobranças excessivas, demissões inesperadas 
em períodos de crise, carga horária exagerada, 
baixos salários com remunerações incoeren-
tes com o mínimo necessário para sobreviver, 
ambientes insalubres que podem abrir mar-
gem para a ocorrência de acidentes, pressões 
constantes por metas e produtividade. Todos 
esses fatores podem afetar as representações 
do sujeito sobre si mesmo, e, com isso, gerar 
repercussão em sua vida pessoal provocando 
mudanças de comportamento e mudanças de 
humor.
Processos como os descritos acima se iniciam 
gradativamente e podem, até mesmo, em um 
grau maior de intensidade, desencadear um 
transtorno ou uma síndrome. Como exemplo, 
cita-se a Síndrome de Burnout. Em contrapartida, 
repertórios como promover uma comunicaçãoaberta entre os diversos funcionários da insti-
tuição, demonstrar apreço e reconhecimento em 
cada trabalho realizado, investir em relações de 
imparcialidade, confiança e respeito mútuo nas 
organizações, podem ser contextos que priorizam 
a saúde em detrimento do sofrimento mental. 
Para que isso ocorra, é necessário que toda a 
comunidade inserida no ambiente do trabalho 
defenda e se comporte de modo coerente com 
esses valores. Lembrando que cada funcionário 
e seu fazer são importantes nesses processos 
como um todo.
Para saber mais sobre a fatores de estresse no 
ambiente de trabalho, veja: https://www.you-
tube.com/watch?v=LfmbOiPS_vc.
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
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https://www.youtube.com/watch?v=DW8zUM3M8z0
https://www.youtube.com/watch?v=DW8zUM3M8z0
https://www.youtube.com/watch?v=LfmbOiPS_vc
https://www.youtube.com/watch?v=LfmbOiPS_vc
Unidade II
Conceitos de 
normalidade 
e patologia na 
saúde mental
“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura.”
(Aristóteles)
O conceito de normalidade e patologia no campo 
da saúde mental é palco de grandes discus-
sões. Sobre esta temática, Dalgalarrondo (2008) 
afirma que, em casos mais extremos, em que é 
mais fácil delimitar essa diferenciação entre o 
normal e o patológico, isso não seria grande pre-
ocupação.
Um exemplo seria um caso de um paciente com 
transtorno mental mais grave em que ocorre a 
tentativa de autoextermínio e este passa a se 
comportar com o objetivo de cometer suicídio. É 
fácil observar, em quadro clínico como esse, que 
estamos lidando com sintomas de um quadro 
psicopatológico, que este paciente precisa de 
ajuda e que provavelmente será necessário 
acompanhamento mais próximo por parte de 
familiares e diversos profissionais da área da 
saúde (psiquiatra, psicólogo).
Contudo, em casos limítrofes, em que as diferen-
ças não são tão acentuadas, é possível encon-
9
trar dificuldades em se diagnosticar o que foge 
daquilo que é considerado aceitável para a vida 
em sociedade. Muitas vezes, situações de sofri-
mento psíquico podem se agravar em função da 
não identificação e consequente intervenção/
tratamento.
Um exemplo seria um estado de tristeza contínuo 
por parte de um funcionário mais reservado de 
determinada empresa. Os colegas de trabalho 
começam a diagnosticá-lo como depressivo, 
contudo, em um contato mais próximo, ficam 
sabendo que houve a perda recente de um ente 
querido, e que estar triste por alguns dias, para 
aquela condição, é extremamente coerente com 
a experiência atual do colaborador.
No entanto, no campo da saúde mental, nem 
sempre a situação é tão simples de ser compreen-
dida e avaliada. Para falarmos de sofrimento psí-
quico, precisamos inicialmente pensar em saúde 
mental e as diversas formas de se defini-la.
Para saber mais sobre os conceitos de normali-
dade versus psicopatológico, veja: https://www.
youtube.com/watch?v=PQgaIu16010.
Ao abordarmos os conceitos de normal versus 
patológico em psicopatologia, estamos também 
falando sobre as diversas definições em relação 
à saúde e doença mental, consideradas em cada 
área específica (DALGALARRONDO, 2008).
Segundo o autor, alguns critérios de normali-
dade em psicopatologia são: normalidade como 
ausência de doença (critério bastante confuso 
e negativo, pois considera o normal a partir do 
que ele não é), normalidade ideal (estabelece 
utopicamente uma forma ideal do sadio e evolu-
ído), normalidade estatística (o normal é aquilo 
que ocorre com mais frequência), normalidade 
como bem-estar (normalidade como completo 
bem-estar físico, mental e social), normalidade 
funcional (se é patológico e produz sofrimento 
para o indivíduo, se trata de disfuncional), nor-
malidade operacional (critério abstrato com fina-
lidades pragmáticas explícitas).
Sobre A loucura de ser normal, assista o vídeo do 
psiquiatra Marcelo Veras: https://www.youtube.
com/watch?v=ruqr8TjUC8g.
A partir dos critérios delimitados previamente 
a uma análise, é possível observar que existe 
variação em relação a quais fenômenos espe-
cíficos podem contribuir para determinado 
diagnóstico. Nesse sentido, em alguns casos, é 
possível fazer uso de mais de um critério para 
avaliar determinado aspecto. Sendo assim, fre-
quentemente, a ciência da Psicopatologia exige 
dos profissionais que lidam com a Saúde Mental 
uma postura menos rígida, mais crítica e refle-
xiva, que demande um olhar para singularidade 
de cada sujeito.
No ambiente de trabalho, no entanto, ainda é 
mais complicado de possibilitar auxílio para cola-
boradores em sofrimento psíquico. Isso ocorre 
principalmente por dois motivos: o ambiente em 
si pode ser um fator de aquisição e de manu-
tenção dos processos de adoecimento ou as 
demandas em termos de atividades para os 
colaboradores de cada área da empresa podem 
mascarar sintomas e dificultar um diagnóstico. 
Muitas vezes, colaboradores recorrem a superio-
res ou serviços médicos das empresas quando 
já estão bastante afetados pelas dificuldades 
vivenciadas que contribuíram para produção do 
sofrimento mental.
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
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https://www.youtube.com/watch?v=PQgaIu16010
https://www.youtube.com/watch?v=PQgaIu16010
https://www.youtube.com/watch?v=ruqr8TjUC8g
https://www.youtube.com/watch?v=ruqr8TjUC8g
Sobre a história do contexto organizacional e suas 
funções, assista o vídeo de Roger Koeppl, “O tra-
balho não precisa ser uma tortura”: https://www.
youtube.com/watch?v=ooP7-INanVA.
Fonte: https://vivasaude.digisa.com.br/bem-estar/doencas-ocu-
pacionais-saiba-quando-o-trabalho-faz-adoecer/5753/
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
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https://www.youtube.com/watch?v=ooP7-INanVA
https://www.youtube.com/watch?v=ooP7-INanVA
https://vivasaude.digisa.com.br/bem-estar/doencas-ocupacionais-saiba-quando-o-trabalho-faz-adoecer/5753/
https://vivasaude.digisa.com.br/bem-estar/doencas-ocupacionais-saiba-quando-o-trabalho-faz-adoecer/5753/
Unidade III
Principais 
transtornos e 
reações emocionais 
frente aos processos 
de adoecimento
1 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa 3.ed. totalmente revista e ampliada. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
Adoecer, segundo o dicionário Aurélio, significa 
“1. Ficar doente; 2. Tornar-se doentio”.1 Isto é, pas-
sar de uma condição de não doente (saudável) 
para a condição de doente. Onde queremos 
chegar com estas quase obviedades? Simples: 
ao adoecer (processo de adoecimento), ocorre 
uma ruptura, uma quebra, uma mudança que 
vai muito além da mudança de status (saudável 
x doente).
Normalmente não nos damos conta disto. 
Quanto menor a gravidade da doença, menos 
nos damos conta. Mas, vejamos: pensemos em 
numa gripe, processo tão comum – não estamos 
falando do resfriado, que é um quadro bem mais 
leve. A gripe vem acompanhada de febre, queda 
do estado geral, dores no corpo etc. Dificilmente 
não nos afastará das nossas atividades habitu-
ais, sejam elas acadêmicas, laborais ou outras. 
12
Mas, e se você tiver prova da faculdade nestes 
dias? E se for a prova de um concurso? Se você 
estiver escalado para uma reunião importante, 
uma viagem, uma palestra? Veja como uma 
“simples” gripe afeta nossa vida.
Mas, e quando é algo mais? Uma febre prolon-
gada de origem desconhecida? Sintomas persis-
tentes para os quais não se encontra a causa? 
Um diagnóstico de tuberculose? Um nódulo a 
esclarecer (tumor benigno? maligno?).
Podemos colocar aqui virtualmente qualquer 
doença conhecida pela Medicina, inclusive as 
raras, e até alguma ainda não descrita.
Mas o objetivo deste texto não é apavorar nin-
guém com a perspectiva de adoecer e, sim, cons-
cientizar para os modos de cada um para lidar 
com o processo de adoecimento.
Adoecer é, portanto, uma quebra na nossa 
rotina. Podemos falar mesmo em crise. E, even-tualmente, até uma mudança na curva de vida, 
à qual podemos nos adaptar, claro.
Como reagimos ao adoecimento?
Isto, naturalmente, tem a ver com uma série de 
fatores: e, provavelmente, o primeiro deles não é 
a gravidade real da doença. Há pessoas que se 
apavoram ao primeiro sinal de febre. Então, quais 
fatores importam? Além da gravidade e inten-
sidade da doença, importa a nossa cultura, a 
nossa criação, a nossa estrutura psicológica etc.
Assim, algumas culturas valorizam mais a 
doença que outras.
Por outro lado, existe a cultura da nossa casa, o 
meio no qual fomos criados. Entre pessoas posi-
tivas, otimistas, ou entre pessoas pessimistas?, 
que ao primeiro sintoma já pensam em algo 
grave, ou que tomam remédio por qualquer 
coisa. A maioria de nós tem alguém assim na 
família, não é mesmo?
Ademais, naturalmente, a nossa estrutura psí-
quica tem grande importância.
E aqui entramos propriamente nos tipos de rea-
ções emocionais ante o adoecimento.
Falamos em Reações Vivenciais Normais e Rea-
ções Vivenciais Anormais.
Segundo Schneider, “Uma reação vivencial é a 
resposta emocional, motivada por um sentido, a 
uma vivência. Tristeza com, arrependimento por, 
medo de...”
As reações vivenciais anormais distinguem-se 
das normais sobretudo devido à sua intensidade 
(bem maior), desproporção ou duração.
Assim, podemos imaginar uma escala entre as 
Reações normais e as anormais, com uma zona de 
transição entre umas e outras difícil de delimitar.
Ademais, esta avaliação também depende 
de quem observa: por exemplo, para algumas 
pessoas é difícil entender como outras vivem 
verdadeiro luto pela perda de seu bichinho de 
estimação. Para as que têm relações parecidas 
com os animais isso seria muito natural.
Assim, por exemplo, podemos reagir de maneira 
ansiosa, de maneira depressiva, reagir com 
medo, com raiva, etc.
Podemos ainda reagir com negação – meca-
nismo muito comum entre alcoolistas, por exem-
plo, que passam a vida dizendo que, quando 
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
13
quiserem, param, mas isso nunca vem, a des-
peito dos inúmeros prejuízos: físicos, financeiros 
sociofamiliares etc.
Podemos reagir de maneira explosiva etc.
Quanto aos modos de reagir a uma doença 
grave, são clássicos, por exemplo, os estudos de 
dra. Elizabeth Kluber Ross, sobre as reações dos 
pacientes ao diagnóstico. Assim, ela descreveu 
cinco tipos (na verdade, fases) após receberem o 
diagnóstico: em um primeiro momento, a nega-
ção (a pessoa continua agindo como se não 
estivesse doente); passado um tempo, em que 
já não é mais possível negar, a raiva (“Por que 
comigo?”, às vezes mesclado com sentimentos de 
inveja – de quem está saudável), em seguida, a 
barganha (tentativa de ganhar tempo), seguida 
pela depressão, e, finalmente, a aceitação.
Seja qual for o tipo e a gravidade da doença, 
importante é, sempre, estarmos atentos ao 
nosso modo de reagir, percebendo este funciona-
mento e procurando entendê-lo, particularmente 
nas reações vivenciais anormais, por exemplo, 
quando de nossas respostas desproporcionais.
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
14
Unidade IV
Adoecimento 
psíquico secundário 
à doença
2 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) (Coord.). Classificação de transtorno mentais e de comportamento da CID 10: descrições clínicas 
e diretrizes diagnósticas. trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
A OMS dedica quase um capítulo inteiro, na 
Classificação de Transtornos Mentais e de Com-
portamento (a CID 10),2 aos chamados “Transtor-
nos relacionados ao estresse e somatoformes”. 
E assim se refere a eles: “Associação de uma 
substancial (embora incerta) proporção desses 
transtornos à causação psicológica”.
A isso chamamos de Transtorno Psicogênico ou 
Doença Psicogênica, isto é, cuja gênese (origem) 
está aliada a um fator psicológico.
Na unidade anterior, falamos das Reações Viven-
ciais Normais e das Anormais e dos diferentes 
modos de reagir frente aos processos de adoe-
cimento. Muitas vezes, este modo de reagir pode 
atingir intensidade e/ou duração tal que, para 
além de uma reação vivencial anormal, isto pode 
se transformar num Transtorno.
Assim, temos, por exemplo, a Depressão Reativa: 
um quadro de Depressão, que se instalou após 
evento importante – no nosso caso aqui, uma 
doença – por isto, Reativa, isto é, como reação 
ao evento estressor, ao adoecimento (seja seu, 
seja de um ente querido).
É fácil entender a reação a algum tipo de perda 
que, de modo amplo, implica uma reação de 
luto. Entretanto, se este quadro tiver duração 
ou intensidade maior, pode estar presente não 
mais um luto e, sim, uma depressão. Todo qua-
15
dro reativo depende muito de fatores individuais, 
como já vimos, e, por isso, falamos que o estres-
sor deve ser importante o suficiente para aquela 
pessoa, naquele momento de sua vida.
Entre os quadros mais comuns, estão a Reação 
ao Estresse Grave e o Transtorno de Ajustamento. 
Em face da doença, algumas reações tomam 
conta do indivíduo.
Na Reação ao Estresse Grave, ante um fator 
estressor intenso – por exemplo, sentir que a 
doença lhe ameaça gravemente – o indivíduo 
reage de maneira mal adaptada. Assim, sinto-
mas como ansiedade, dificuldade de concentra-
ção e alteração do sono são comuns. Também 
sinais e sintomas físicos, como taquicardia, 
sudorese e rubor. Tal quadro costuma ser breve 
– poucos dias.
Já no Transtorno de Ajustamento, os sintomas 
podem demorar um pouco mais a surgir e, por 
outro lado, tendem a permanecer por mais 
tempo. Às vezes podem evoluir para um quadro 
de Depressão Reativa.
No Transtorno de Ajustamento, os sintomas são 
mais variados, atingindo mais esferas do psi-
quismo. Assim, podem estar presentes, além do 
citado na condição anterior, humor deprimido, 
incapacidade maior para as tarefas diárias, e 
outros.
Outra forma de adoecimento psíquico habitual 
em face de doenças é a chamada somatização 
– hoje já bem conhecida.
Em uma explicação bem sumária, seria a trans-
formação do sofrimento psíquico em um sintoma 
físico.
Processos de somatização típicos (não quer dizer 
que sempre são somatizados): epigastralgia (dor 
no estômago), alguns processos respiratórios, 
como bronquite, por exemplo, e muitas derma-
toses (doenças de pele).
Esses processos, em geral, são autolimitados e 
não costumam ser graves. Todo quadro reativo 
deve cessar uma vez cessada a causa. Eventual-
mente, quando o comprometimento é maior, seja 
pela ansiedade, seja pela redução da concentra-
ção, pode ensejar rápido afastamento do traba-
lho. Invariavelmente não requerem medicação. 
Muitas vezes, um aconselhamento psicológico 
ou uma psicoterapia bastam.
Como dito no texto anterior, o importante é se 
observar, estar atento a suas reações e senti-
mentos. O autoconhecimento é fundamental 
para uma boa saúde mental. E a psicoterapia é 
excelente caminho para se chegar lá.
PARA SABER MAIS:
Vídeos:
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_
what_makes_a_good_life_lessons_from_the_lon-
gest_study_on_happiness?language=pt-BR#t-688
https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_XIQ7DA
https://www.youtube.com/watch?v=DW8zUM3 
M8z0
https://www.youtube.com/watch?v=LfmbOiPS_vc.
CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
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https://www.youtube.com/watch?v=UwyE_XIQ7DA
https://www.youtube.com/watch?v=DW8zUM3M8z0
https://www.youtube.com/watch?v=DW8zUM3M8z0
https://www.youtube.com/watch?v=LfmbOiPS_vc
Referências bibliográficas
DEJOURS, Christophe. Subjetividade, trabalho e ação. Production, vol. 14, n. 3, p. 27-34, 2004. Disponível 
em: <https://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132004000300004>.
HOLT-LUNSTAD, J.; SMITH, T. B. Social Relationships and Mortality. Social and Personality Psychology 
Compass, vol. 6, n. 1, p. 41-53, 2012. doi: 10.1111/j.1751-9004.2011.00406.x
HOLT-LUNSTAD, J.; SMITH, T. B.; LAYTON, J. B. Social Relationshipsand Mortality Risk: A Meta-analytic 
Review. PLoS Medicine, vol. 7, n. 7, 2010. e1000316. doi:10.1371/journal.pmed.1000316
SOARES, C.; SABOIA, A. L. Tempo, trabalho e afazeres domésticos: um estudo com base nos dados da 
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 e 2005. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: 
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CURSO SAÚDE MENTAL E TRABALHO NO PODER JUDICIÁRIO
ADOECIMENTO E SOFRIMENTO MENTAL Módulo 2
17
https://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132004000300004
http://encurtador.com.br/ilpE3
	Objetivos de aprendizagem
	Apresentação
	Unidade I
	O processo do adoecer
	Unidade II
	Conceitos de normalidade e patologia na saúde mental
	Unidade III
	Principais transtornos e reações emocionais frente aos processos de adoecimento
	Unidade IV
	Adoecimento psíquico secundário à doença
	Referências bibliográficas

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