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Recursos - aula 4 - 2019 2

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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – UniFMU 
Recursos civis – 2019.2 
 
Professor Gustavo Belucci 
1 
A D V E R T Ê N C I A 
Este roteiro é apenas um esboço para o acompanhamento das aulas. Não é 
material suficiente para fins de estudo completo, que DEVERÁ SEMPRE ser 
complementado com a bibliografia indicada e com a leitura dos dispositivos 
legais. O estudo feito aqui pode eventualmente incluir conceitos de outros 
professores consagrados, pois é elaborado com fins meramente de orientação 
dos alunos para acompanhamento das aulas, sem finalidade de divulgação ou 
cópia das respetivas obras. 
 
Aula 4 – Teoria geral dos recursos. Juízo de admissibilidade e juízo de mérito. 
Requisitos de admissibilidade. Efeitos dos recursos. 
EMENTA: 1. Aplicar da teoria geral dos recursos. 2. 
Analisar casos concretos com base na a diferença entre 
juízo de admissibilidade e de mérito. 3. Apresentar os 
efeitos dos recursos. 
1) Juízo de admissibilidade: os recursos, assim como a petição inicial, têm seus 
requisitos de admissibilidade. Antes da questão principal, há questões prévias a se 
verificar. A questão prévia é gênero, que comporta as espécies preliminares e 
prejudiciais – o que as diferencia é o grau de influência na questão principal. As 
preliminares não influenciam, mas impedem o julgamento do principal- ex: falta de 
preparo. As prejudiciais influenciam o julgamento da principal – ex: investigação de 
paternidade na ação de alimentos. O juízo de admissibilidade envolve questão 
preliminar e implica na admissão ou não do recurso. A terminologia no juízo de 
admissibilidade negativo é o NÃO CONHECIMENTO do recurso. Caso positivo o juízo 
de admissibilidade, o recurso é CONHECIDO. O juízo de admissibilidade é de 
competência do órgão responsável pelo julgamento do mérito do recurso. 
Vejamos estes requisitos de admissibilidade a seguir. 
2) Requisitos de admissibilidade dos recursos: para que os recursos sejam 
admitidos, necessário se faz que cumpram determinados requisitos de admissibilidade 
(especiais – para especial e extraordinário e genéricos – para os demais). Antes de 
analisar cada um destes requisitos, um quadro geral é necessário, para em seguida 
estudar cada um deles de forma individualizada: 
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Requisitos de admissibilidade dos recursos (genéricos1) 
Requisitos intrínsecos 
(também chamados de 
condições recursais) 
1) Cabimento ou recorribilidade 
2) Legitimidade para recorrer (partes, terceiros, Ministério 
Público etc.) 
3) Interesse em recorrer 
4) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de 
recorrer 
Requisitos extrínsecos 
(também chamados de 
pressupostos recursais) 
1) Preparo (valor $) 
2) Tempestividade (prazo) 
3) Regularidade formal 
2.1) Requisitos intrínsecos: concernem à própria existência do poder de recorrer. 
a) Cabimento (ou recorribilidade): para que se possa recorrer, a decisão deve ser 
recorrível. Significa indagar se a decisão que se pretende impugnar é recorrível, ou seja, 
se há previsão legal de recurso contra a decisão; bem como se o recurso escolhido é 
adequado contra a decisão judicial que se quer impugnar. Não basta que haja previsão 
legal para o recurso ser utilizado; há também necessidade de adequação entre o recurso 
escolhido e a natureza da decisão que se pretende impugnar e, ainda, em alguns casos, 
quando se tratar de recurso de fundamentação vinculada, também ao conteúdo da 
decisão. Para esta análise, deve-se debruçar sobre os pronunciamentos do juiz, 
previstos no artigo 203 e parágrafos do NCPC2: 
 Atos meramente ordinatórios (artigo 203, §4º, do NCPC): são atos praticados 
pelo serventuário, que podem ser revistos pelo juiz. Decorrem do automatismo 
judicial – atos de impulso, sem necessidade de atividade intelectiva, desprovido 
de poder de escolha – exemplo: vista dos autos, carimbo de juntada, certidões do 
serventuário. Não cabe recurso por um único motivo, somente se recorre de 
decisão do juiz. 
 Despachos (203, §3º, do NCPC): são atos praticados pelo próprio juiz, mas que 
não tem potencialidade a causas prejuízo – artigos 2º (“Art. 2º O processo começa 
 
1 Diz-se genéricos, pois os recursos especial e extraordinário apresentam requisitos específicos. 
2 Art. 203. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 
1o Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento 
por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do 
procedimento comum, bem como extingue a execução. § 2o Decisão interlocutória é todo 
pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1o. § 3o São despachos todos os 
demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. § 4o Os atos 
meramente ordinatórios, como a juntada e a vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser 
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz quando necessário. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art487
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por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções 
previstas em lei”). e 1.001 do NCPC (“Art. 1.001. Dos despachos não cabe 
recurso”). Há certa divergência na doutrina acerca da possibilidade de recorrer ou 
não do despacho que determina a citação do réu – o “Cite-se”. Segundo a posição 
consolidada no STJ, NÃO é possível recorrer do cite-se, pois: a) o réu ainda 
poderá se defender (em eventual contestação); b) o juízo de admissibilidade é 
norma cogente e não preclui com a citação, podendo ser apreciada em qualquer 
momento do processo e c) o Brasil não admite decisões implícitas, assim, o mero 
despacho de citação não pode induzir o intérprete a pensar que a petição inicial 
seja apta. 
 Decisões interlocutórias (artigo 203, §2º, do NCPC): é o ato pelo qual o juiz 
decide questão incidental com o processo ainda em curso. Note-se que a decisão 
interlocutória não põe fim ao processo, diferente da sentença. Contra tal decisão 
do juiz cabe agravo de instrumento, nos casos arrolados no artigo 1.015, do 
NCPC3; 
 Sentença: (artigo 203, §1º, do NCPC): é o ato do juiz que extingue o processo 
com ou sem resolução de mérito4, ou que rejeita ou acolhe os pedidos do autor. 
Sentença é a decisão do juiz sobre os pedidos formulados na petição inicial, ainda 
que o processo prossiga. Caberá recurso de apelação, na forma do artigo 1.009, 
do NCPC (“Art. 1.009. Da sentença cabe apelação”); 
 Acórdãos (artigo 204, do NCPC5): é a decisão judicial colegiada proferida pelos 
tribunais. Os julgados recebem este nome por serem proferidos de forma 
 
3 Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - 
tutelas provisórias; II - mérito do processo; III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem; IV - 
incidente de desconsideração da personalidade jurídica; V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou 
acolhimento do pedido de sua revogação; VI - exibição ou posse de documento ou coisa; VII - exclusão de 
litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; IX - admissão ou inadmissão de 
intervenção de terceiros; X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à 
execução; XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1o; XII - (VETADO); XIII - outros 
casos expressamente referidos em lei. Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento
contra 
decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no 
processo de execução e no processo de inventário. 
4 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado 
durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que 
lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de 
pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a 
existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou 
de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o 
juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte 
da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos 
neste Código. (...) Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: I - acolher ou rejeitar o pedido 
formulado na ação ou na reconvenção; II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de 
decadência ou prescrição; III - homologar: a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na 
ação ou na reconvenção; b) a transação; c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção. 
5 Art. 204. Acórdão é o julgamento colegiado proferido pelos tribunais. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art373§1
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colegiada e refletirem o acordo de mais de um julgador. Este acórdão pode ser 
unânime ou não unânime. 
b) Legitimidade para recorrer (artigos 996 e 997, do NCPC6): estão legitimados para 
a interposição do recurso a parte vencida, o terceiro prejudicado e o Ministério Público, 
tanto como parte, como na qualidade de fiscal da ordem jurídica. Os terceiros 
intervenientes no processo se incluem no conceito de parte para fins recursais, uma vez 
que adquirem a qualidade de parte com a efetivação e uma das modalidades 
interventivas. O recurso de terceiro prejudicado é uma modalidade de intervenção de 
terceiros no processo uma vez que, com o recurso, o terceiro passa a fazer parte deste. 
Vejamos cada legitimado: 
 Partes (artigos 70 e seguintes do NCPC): segundo Chiovenda, “parte é quem 
está no processo pedindo algo; quem está de fora é terceiro”. Tem, portanto 
legitimidade para recorrer: autor e réu, terceiro prejudicado, o revel, e até mesmo 
a parte ilegítima. 
 Ministério Público (artigos 176 e seguintes do NCPC): atua no processo 
como parte (interesses individuais indisponíveis, interesses sociais, ação civil 
pública etc. – artigo 127, da CF7) ou como fiscal da ordem jurídica (o NCPC 
superou a antiga expressão “fiscal da lei”). Como fiscal da ordem jurídica, a 
legitimidade do MP no processo é concorrente e disjuntiva (concorrente, pois 
sempre haverá outro legitimado com o MP – ex: a parte propriamente - e é 
disjuntiva, pois em regra não é necessário que a parte recorra para que o MP 
também recorra). Como fiscal da ordem jurídica, o MP tem interesse presumido e 
não sucumbe no processo. Para que o MP recorra, não há necessidade que 
participe na fase instrutória do processo. Não é a falta de participação do MP no 
processo que gera nulidade, mas sua falta de intimação (artigo 276, do NCPC). O 
MP por conveniência e oportunidade pode decidir não participar do feito. Os 
 
6 Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério 
Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a 
possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se 
afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Art. 997. Cada parte interporá o 
recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1o Sendo vencidos autor 
e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2o O recurso adesivo fica 
subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos 
de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ainda, o seguinte: I 
- será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte 
dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III 
- não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. 
7 Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais 
indisponíveis. 
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requisitos para que o MP recorra são os mesmos das partes (com exceção do 
preparo). Pode até mesmo propor recurso adesivo. 
 Terceiro prejudicado: plenamente possível a intervenção de terceiros na fase 
recursal. São quatro requisitos para sua atuação: 1) preenchimento dos 
pressupostos de admissibilidade; 2) condição de terceiro; 3) voluntariedade e 4) 
grau de interdependência: relação jurídica deve conter liame com a situação de 
terceiro – ex: fiador. 
 Advogado (de forma autônoma): embora não previsto na lei processual, o 
advogado pode recorrer de forma autônoma no processo. Tecnicamente, se a 
parte não quiser recorrer, não poderá o advogado fazê-lo em nome dela, nem em 
nome próprio. Contudo, há duas hipóteses em que o advogado pode recorrer no 
processo, independentemente de autorização da parte (ainda que a parte não 
queira): 1) quando a questão envolver honorários – sua majoração ou fixação. 
Os honorários são verba autônoma do advogado, logo, sua legitimidade aqui 
também será autônoma – artigo 23, da Lei nº 8.906/94 8– Estatuto da OAB; 2) 
quando envolver ato de conduta própria do advogado – ex: multa por litigância de 
má-fé ou quando o advogado reter os autos indevidamente, além do prazo 
permitido (artigo 234, do NCPC9). Caso aplicada a multa pela não devolução dos 
autos, o advogado poderá dela recorrer de forma autônoma. 
 União: embora não previsto na lei processual, há uma hipótese de intervenção 
anômala da União no processo. É prevista no artigo 5º, parágrafo único, da Lei 
nº 9.469/97 – quando na causa houver reflexos econômicos para a União: “Art. 5º 
A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, 
autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas 
públicas federais. Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público 
poderão, nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de 
natureza econômica, intervir, independentemente da demonstração de interesse 
jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos 
e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, 
 
8 Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao 
advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o 
precatório, quando necessário, seja expedido em seu favor. 
9 Art. 234. Os advogados públicos ou privados, o defensor público e o membro do Ministério Público devem 
restituir os autos no prazo do ato a ser praticado. § 1o É lícito a qualquer interessado exigir os autos do 
advogado que exceder prazo legal. § 2o Se, intimado, o advogado não devolver os autos no
prazo de 3 
(três) dias, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em multa correspondente à metade do 
salário-mínimo. § 3o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato à seção local da Ordem dos Advogados do 
Brasil para procedimento disciplinar e imposição de multa. § 4o Se a situação envolver membro do Ministério 
Público, da Defensoria Pública ou da Advocacia Pública, a multa, se for o caso, será aplicada ao agente 
público responsável pelo ato. § 5o Verificada a falta, o juiz comunicará o fato ao órgão competente 
responsável pela instauração de procedimento disciplinar contra o membro que atuou no feito. 
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hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas 
partes”. Parte da doutrina entende que esta intervenção é inconstitucional, pois 1) 
viola a competência material, por ofensa ao artigo 109, inciso I, da CF; 2) ofende 
a isonomia, pois o particular não tem a mesma prerrogativa, nem qualquer outra 
parte no processo, que não a União e; 3) ofende a competência funcional vertical 
– ex: após a sentença da justiça estadual, a União intervém e o recurso será 
remetido e julgado pelo Tribunal Regional Federal, que não tem ascendência 
sobre o juiz estadual. 
 Outras questões: De acordo com a posição do STJ, ou auxiliares do Juízo – 
perito, intérprete, leiloeira, entre outros NÃO possuem legitimidade recursal, 
podendo discutir eventuais direitos por meio de petição ou ação própria, mas não 
recorrendo – ex: perito insatisfeito com os honorários fixados pelo juiz peticiona 
ao juízo para majoração – caso o juiz indefira, ele não poderá recorrer, mas propor 
uma ação autônoma. 
c) Interesse em recorrer: está ligado ao prejuízo. O interesse em recorrer é correlato 
ao interesse de agir como condição da ação. Assim, para que o recurso seja admissível, 
é necessário que haja utilidade, ou seja, do julgamento do recurso o recorrente deve 
esperar situação mais vantajosa da que obtinha com a decisão recorrida, e necessidade 
na sua interposição, afigurando-se necessária a via recursal para o atingimento do seu 
objetivo. 
d) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer: tratam-se de 
requisitos negativos de admissibilidade, verificados dentro do processo e logicamente 
contrários ao direito de recorrer (venire contra factum proprium). Geram preclusão 
lógica. São eles: a) extintivos: renúncia e aquiescência e; b) impeditivos: desistência 
do recurso, desistência da ação, reconhecimento jurídico e renúncia da demanda. 
 Renúncia (artigo 999, do NCPC10): a renúncia se dá antes da interposição do 
recurso. Pode ser expressa ou tácita. A expressa é rara e ocorre por petição em 
que se requer a renúncia – é fato extintivo. O recurso não será aceito, caso feito 
após a renúncia. A tácita se dá quando se deixa transcorrer o prazo recursal. A 
renúncia NÃO SE PRESUME. É um negócio jurídico unilateral não receptício: 
é ato de autonomia privada que se aperfeiçoa pela mera declaração de seu agente 
e produz efeitos independentemente de terceiros – homologação judicial ou 
concordância da parte contrária. 
 
10 Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. 
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 Aquiescência: é a prática de ato capaz de demonstrar a conformação com a 
decisão. Diferencia-se da renúncia, pois a renúncia é ato de vontade e a 
aquiescência é ato de conformismo – ex: proferida a sentença, o réu paga a 
indenização no valor em que foi condenado. Segue as mesmas regras da 
renúncia: é unilateral e não precisa de homologação judicial ou concordância da 
outra parte. 
 Desistência do recurso: a desistência é ato que se dá após protocolizado o 
recurso. Poderá, a teor do artigo 998, do NCPC11, se operar a qualquer tempo, até 
antes da leitura do voto, durante o julgamento do recurso. A renúncia também é 
negócio jurídico unilateral não receptício, ou seja, independentemente de terceiros 
– homologação judicial ou concordância da parte contrária. Também poderá ser 
expressa ou tácita e NÃO SE PRESUME. Poderá ainda ser parcial ou total – artigo 
1.002, do NCPC12. 
 Desistência da ação: a parte abre mão do processo e não do direito. Observado 
o prazo prescricional, posso propor a ação novamente – não gera coisa julgada 
material, mas formal. Condições: homologação judicial (artigo 200, parágrafo 
único, do NCPC13) e anuência do réu após o decurso do prazo para resposta. 
Antes desse prazo de resposta não é necessário, mesmo se já foi citado (artigo 
485, §4º, do NCPC14). 
 Reconhecimento jurídico: ato de disposição do réu. Não é confissão. Na 
confissão reconhecem-se fatos, somente. No reconhecimento jurídico 
reconhecem-se fatos e consequências. 
 Renúncia ao direito: ato de disposição do autor. Em ambas as hipóteses 
(reconhecimento jurídico e renúncia ao direito) gera-se uma sentença de mérito 
para a parte contrária. Ambas geram efeitos impeditivos do direito de recorrer – 
pela preclusão lógica. 
2.2) Requisitos extrínsecos: os requisitos extrínsecos dizem respeito ao modo de se 
exercer o recurso. 
 
11 Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, 
desistir do recurso. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja 
repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou 
especiais repetitivos. 
12 Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. 
13 Art. 200. Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem 
imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A 
desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial. 
14 Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: (...) § 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, 
sem o consentimento do réu, desistir da ação. 
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a) Tempestividade: diz-se tempestivo o recurso quando interposto dentro do prazo 
estabelecido pela lei, ou seja, quando respeitado foi o termo final para sua interposição 
e intempestivo, aquele que não respeita o prazo. Os artigos 218 e seguintes do NCPC 
regulamentam os prazos. O recurso intempestivo não será conhecido. 
 Exemplo de julgado15: “AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE 
DECLARAÇÃO INTEMPESTIVOS. NÃO SUSPENSÃO DO PRAZO PARA 
INTERPOSIÇÃO DO AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO INTEMPESTIVO. 1. A 
oposição de embargos de declaração, quando intempestiva, não interrompe, nem 
suspende o prazo para a interposição de outros recursos. 2. Agravo regimental 
não conhecido”. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg nos EDcl no AREsp 453477 RJ 
2013/0415116-0 (STJ). 
b) Preparo: o recorrente, ao interpor seu recurso, deverá comprovar o pagamento das 
custas processuais respectivas, que são fixadas no âmbito da Justiça Federal por lei 
federal, e no âmbito das Justiças estaduais por leis dos respectivos Estados (o preparo 
compreende as custas processuais e o porte de remessa e retorno – dispensado 
em processos eletrônicos – artigo 1.007, §3º, do NCPC16). Salvo nos casos 
expressamente previstos em lei, o preparo é obrigatório, excetuando-se os beneficiários 
da justiça gratuita, a União, Estados, Municípios e suas autarquias, Ministério Público e 
os casos de embargos de declaração e de agravo retido. O recorrente deverá comprovar 
o preparo
no ato da interposição do recurso – artigo 1.007, do NCPC17. No caso de 
insuficiência do preparo, será o recorrente intimado para complementação do preparo 
 
15 Mais julgados em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=tempestividade 
16 (...) § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos 
eletrônicos. 
17 Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação 
pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1o São 
dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério 
Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos 
que gozam de isenção legal. § 2o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de 
retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no 
prazo de 5 (cinco) dias. § 3o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo 
em autos eletrônicos. § 4o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o 
recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu 
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5o É vedada a complementação 
se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento 
realizado na forma do § 4o. § 6o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de 
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7o O 
equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao 
relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 
5 (cinco) dias. 
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=tempestividade
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no prazo de cinco dias, sob pena de deserção (que é a sanção aplicada à parte por 
falta de preparo ante o não recolhimento das custas devidas no prazo legal). 
 Porte de remessa e retorno (apenas para processos físicos – artigo 1.007, §3º, 
do NCPC): é a quantia devida para custear o deslocamento do processo até o 
Tribunal (remessa) e o retorno deles ao Juízo de origem (retorno). O valor é 
definido de acordo com o número de folhas no processo e peso em tabelas fixadas 
nos sites dos Tribunais (TJ´s, TRF´s, STJ e STF). Em São Paulo, o valor para 
2017 é de R$ 32,70 por volume de autos18. 
 Valor do preparo – taxa judiciária (para São Paulo): em geral 4% (quatro por 
cento) sobre o valor da causa. Nas hipóteses de pedido condenatório, o valor do 
preparo será calculado sobre o valor fixado na sentença se for líquido, ou, se 
ilíquido, sobre o valor fixado pelo Juiz para esse fim19. 
OBS – regras relativas ao preparo (parágrafos do artigo 1.007, do NCPC): 1) 
dispensados do recolhimento de preparo: são dispensados do recolhimento do 
preparo e do porte de remessa e retorno: “os recursos interpostos pelo Ministério 
Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas 
autarquias, e pelos que gozam de isenção legal” – artigo 1.007, §1º; 2) preparo 
insuficiente: acarreta a intimação do recorrente na pessoa do seu advogado, para 
efetuar o recolhimento suplementar/complementar, no prazo de 5 dias (um dos reflexos 
do princípio da primazia do julgamento do mérito e uma das novidades do CPC/2015) – 
artigo 1.007, §2º; 3) ausência de comprovação de preparo (situação diferente da 
insuficiência do preparo): se o recorrente não comprovar, no ato de interposição do 
recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será 
intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em DOBRO, sob 
pena de deserção – artigo 1.007, §4º. O prazo aqui também é de 5 dias, por regra 
análoga ao prazo para recolhimento do preparo insuficiente (artigo 1.007, §2º e também 
pela redação do enunciado nº 97, do Fórum Permanente de Processualistas Civis). 
Nesta hipótese, de não comprovar o preparo no ato da interposição, será vedada a 
complementação (artigo 1.007, §5º20); 4) justo impedimento do recolhimento: 
provando o recorrente justo impedimento (por exemplo, uma impossibilidade de 
 
18 Disponível em: 
http://www.tjsp.jus.br/IndicesTaxasJudiciarias/DespesasProcessuais/DespesasPorteRemessaRetornoAuto
s 
19 Disponível em: http://www.tjsp.jus.br/IndicesTaxasJudiciarias/DespesasProcessuais/TaxaJudiciaria - 
tabela com a relação das taxas para os recursos no Estado de São Paulo – INCLUSIVE OS VALORES 
MÍNIMO E MÁXIMO DO PREPARO – 5 a 3000 UFESP´s (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), 
sendo que 1 UFESP equivale a R$ 25,07. 
20 (...) § 5o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de 
remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4o. 
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recolhimento devido ao sistema do banco fora do ar), o relator relevará a pena de 
deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 dias para efetuar o preparo – 
artigo 1.007, §6º; 5) preenchimento equívoco das guias do preparo: o equívoco no 
preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, 
cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente 
para sanar o vício no prazo de 5 dias – artigo 1.007, §6º. 
 Exemplos de julgado21: 1) aplicação da deserção: “RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO. DESERÇÃO. Constando do processo certidão na qual 
registrado o fato de a recorrente haver sido intimada para regularizar o preparo, 
tendo quedado silente, impõe-se a conclusão sobre a deserção do recurso”. STF 
- AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO ARE 796464 RJ 
(STF) e; 2) Guia ilegível do preparo também acarreta deserção: “RECURSO 
DE REVISTA. DESERÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO. Estando ilegível a 
autenticação bancária lançada na guia de recolhimento do depósito recursal 
e das custas, não permitindo, assim, a verificação da regularidade do prazo 
e valor do pagamento, correto o entendimento do Regional de declarar a 
deserção do Recurso Ordinário. Recurso de Revista não conhecido”. TST - 
RECURSO DE REVISTA RR 642009320095040121 (TST) 
c) Regularidade formal: deve o recurso obedecer às regras formais de interposição 
exigidas pela lei para seu tipo específico. Dependendo da espécie de recurso utilizada, 
poderá a lei estabelecer requisitos específicos de regularidade formal, como, por 
exemplo: o conteúdo da apelação, na forma do artigo 1.010, do NCPC22; a juntada de 
peças obrigatórias no caso de agravo de instrumento, na forma dos artigos 1.016 e 
1.017, do NCPC, a juntada do Acórdão paradigma em caso de dissídio jurisprudencial 
no recurso especial, na forma do artigo 1.029, §1º, do NCPC etc. 
OBS: os requisitos do recurso especial e extraordinário serão estudados com os 
próprios recursos. 
3) Efeitos dos recursos23: a interposição de um recurso é ato processual capaz de 
gerar inúmeros efeitos diferentes. Enquanto alguns efeitos, como o efeito obstativo e o 
devolutivo, são inerentes a todos os recursos, os efeitos suspensivo, substitutivo e
21 Mais julgados em: https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=deser%C3%A7%C3%A3o 
22 Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: I - os nomes e 
a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de 
decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão. 
23 Mais informações em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7366 e também: 
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6038/Entenda+mais+sobre+os+efeitos+devolutivo+e+suspensivo+do+re
curso+no+CPC+2015 
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=deser%C3%A7%C3%A3o
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7366
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7366
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6038/Entenda+mais+sobre+os+efeitos+devolutivo+e+suspensivo+do+recurso+no+CPC+2015
http://www.ibdfam.org.br/noticias/6038/Entenda+mais+sobre+os+efeitos+devolutivo+e+suspensivo+do+recurso+no+CPC+2015
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expansivo podem ou não ser configurados a depender do recurso e do caso concreto 
em questão. Por enquanto, serão estudados os efeitos genericamente, aprofundando-
se em cada efeito específico nos recursos em espécie. 
3.1) Devolutivo: devolvem para o mesmo órgão judicial prolator da decisão, ou para 
outro órgão jurisdicional de instância superior, a matéria recursal a ser examinada. O 
recurso, quando recebido apenas nesse efeito, gera a parte vencedora a execução da 
decisão provisoriamente. 
 Efeito translativo (ou profundidade do efeito devolutivo): entende-se por 
efeito translativo a capacidade que tem o tribunal de avaliar matérias que não 
tenham sido objeto do conteúdo do recurso, por se tratar de assunto que se 
encontra superior à vontade das partes. Em outras palavras, o efeito translativo 
independe da manifestação da parte, eis que a matéria tratada vai além da 
vontade do particular, por ser de ordem pública. 
3.2) Suspensivo: são suspensivos aqueles recursos que impedem a imediata produção 
de efeitos da decisão recorrida, ficando o comando nela contido suspenso até seu 
julgamento (apelação, embargos infringentes, embargos de declaração e recurso 
ordinário). OBS: Não suspensivos são aqueles desprovidos, como regra geral, deste 
efeito e que, por isto, não obstam a que haja execução provisória da decisão impugnada. 
É a lei que determina se o recurso terá ou não efeito suspensivo. Exemplos: a apelação 
terá efeito suspensivo, por expressa determinação do artigo 1.012, NCPC: “Art. 1.012. 
A apelação terá efeito suspensivo”; o recurso especial e extraordinário não tem efeito 
suspensivo, salvo demonstração de hipóteses excepcionais que serão verificadas 
oportunamente, pelo mesmo motivo: artigo 1.029, §5º, do NCPC. 
3.3) Efeito obstativo: refere-se à manutenção do estado de litispendência, ou seja, os 
recursos têm o poder de manter viva a relação processual. De maneira mais detalhada, 
este efeito dos recursos tem o condão de impedir que seja formada a preclusão máxima, 
ou seja, a formação da coisa julgada formal, requisito essencial para a formação da 
coisa julgada material. 
3.4) Efeito substitutivo: havendo julgamento pelo tribunal do mérito do recurso, haverá 
a substituição da decisão anterior. Sendo assim, por referir-se apenas a decisão do 
mérito do recurso, este efeito só poderá ser observado se o recurso for conhecido pelo 
tribunal. Vem previsto no artigo 1.008, do NCPC: “Art. 1.008. O julgamento proferido 
pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso”. 
4) Juízo de mérito do recurso: superado o juízo de admissibilidade e sendo ele 
positivo, o órgão competente para o seu julgamento passa ao juízo do mérito recursal. 
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O mérito do recurso é a pretensão recursal, que pode ser a de invalidação, 
integração, reforma ou esclarecimento da decisão impugnada. Importante observar que 
o mérito do recurso não necessariamente será idêntico ao mérito da causa. Uma 
questão processual, relativa à admissibilidade da causa, por exemplo, pode ser o mérito 
recursal. A causa de pedir do recurso pode se fundar tanto em um error in 
procedendo, o qual consiste em um erro na decisão judicial apto à sua 
invalidação; como em um error in judicando, o qual se refere a uma interpretação 
equivocada dos fatos ou do direito aplicável à questão, o que poderá ensejar a 
reforma da decisão. Está ligado ao PROVIMENTO do recurso. 
 Logo, tem-se, que os pressupostos recursais formam o JUÍZO DE 
ADMISSIBILIDADE, enquanto o mérito recursal forma o JUÍZO DE MÉRITO. 
 
 QUADRO SINÓTICO: em suma, didaticamente, tem-se o seguinte caminho 
do recurso (de forma genérica, pois a partir do estudo dos recursos em 
espécie, o passo a passo a seguir será atualizado e pormenorizado): 
1º passo: interposição do recurso (após a publicação da sentença): feito no prazo 
peremptório (tempestividade), determinado pela lei, após a publicação da sentença ou 
decisão interlocutória (endereçamento do recurso, petição de interposição + razões 
recursais), devidamente preparado (recolhidas custas judiciais e porte de remessa e 
retorno); 
2º passo: Contrarrazões: intimação da parte contrária para o oferecimento de 
contrarrazões (resposta ao recurso) – aqui a parte contrária poderá exercer o 
contraditório, respondendo o recurso e até mesmo oferecendo recurso adesivo – ocorre 
ainda em 1º grau. Após as contrarrazões o juiz remete o processo ao Tribunal; 
3º passo: No Tribunal - Juízo de admissibilidade: análise dos requisitos de 
admissibilidade pelo órgão de 2º grau – intrínsecos e extrínsecos (o juiz apenas oficia 
como órgão de passagem, não analisa os requisitos de admissibilidade). Aqui há 
a determinação dos efeitos em que o recurso será recebido. Em caso de positivos os 
requisitos de admissibilidade, o recurso é CONHECIDO (ou ADMITIDO, ou 
RECEBIDO); 
4º passo: Juízo de mérito: análise das razões postas em recurso. Ao recurso será 
dado PROVIMENTO ou NEGADO PROVIMENTO (embora muito utilizado no cotidiano 
forense também os vocábulos IMPROVIDO OU DESPROVIDO). 
 
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 Complemento da aula: 
1) Verificar tabela de correspondência do CPC/73 com o CPC/2015 em caso de dúvidas 
acerca dos dispositivos que foram alterados: http://portalprocessual.com/wp-
content/uploads/2015/06/quadro-1973-2015-horizontal.pdf; 
2) Verificar os artigos indicados em notas de rodapé. 
 
http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2015/06/quadro-1973-2015-horizontal.pdf
http://portalprocessual.com/wp-content/uploads/2015/06/quadro-1973-2015-horizontal.pdf

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