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Prévia do material em texto

INTRODUÇÃO 
A relevância social das atividades esportivas assim como o seu 
crescente potencial econômico atraem vultosos recursos públicos e 
privados para o desenvolvimento de organizações e eventos nacionais e 
internacionais nesse setor, demandando cada vez mais a interação dos 
seus gestores, técnicos e atletas com instrumentos de natureza jurídica. 
Nesse contexto, o presente curso apresenta as estruturas de governança 
esportiva, as normas básicas de organização do esporte e as principais 
áreas de interseção entre o Direito e o mundo desportivo. 
Os objetivos deste curso são identificar as principais estruturas de 
governança desportiva nacionais e internacionais; discutir o alcance da 
autorregulação esportiva; e analisar as normas que regem as atividades 
econômicas relacionadas ao esporte, o regime disciplinar imposto às 
pessoas e organizações envolvidas com o esporte, assim como as formas 
de intervenção estatal nesse setor. 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
MÓDULO I – DIREITO E ESPORTE ......................................................................................................... 7 
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 7 
AUTONOMIA CIENTÍFICA ................................................................................................................... 8 
AUTORREGULAÇÃO E ESPECIFICIDADE DO ESPORTE ................................................................. 11 
TRANSNACIONALISMO ESPORTIVO ............................................................................................... 23 
MODELOS EUROPEU E NORTE-AMERICANO DE GOVERNANÇA ESPORTIVA ........................... 30 
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 35 
PROFESSOR-AUTOR ............................................................................................................................. 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentação 
O esporte é parte da vida social há milênios, identificando-se, em todas as civilizações antigas, 
exemplos de práticas atléticas destinadas à congregação comunitária e ao preparo físico dos homens 
para os desafios da atividade agrícola e especialmente para o seu empenho nos conflitos armados 
que pontuaram desde sempre a história humana. 
O ápice do esporte na Antiguidade certamente se deu na Grécia, civilização que nos legou os 
Jogos Olímpicos, originalmente travados em honra dos deuses cultuados pelo povo helênico e 
resgatados muitos séculos depois, para se tornarem, hoje, uma das maiores plataformas de 
entretenimento e congraçamento global. 
A dimensão alcançada pelas recentes edições dos Jogos Olímpicos, assim como o destaque 
planetário desfrutado pelo futebol – a modalidade esportiva mais popular em todo o mundo – são 
dois exemplos da importância socioeconômica do esporte e, nesse contexto, a incidência do Direito 
sobre as suas relações é incontornável e cada vez mais aguda. 
Este módulo buscará introduzir o leitor aos fundamentos do que pode ser caracterizado como 
Direito Desportivo, iniciando pela própria controvérsia existente na doutrina especializada a 
respeito da sua caracterização como disciplina jurídica autônoma. Feita essa breve digressão, será 
apresentado o que efetivamente torna as relações entre Direito e esporte verdadeiramente singulares: 
a possibilidade de autorregulação, as especificidades que delimitam certo regime jurídico específico 
e o seu caráter tendente ao transnacionalismo. 
DIREITO E ESPORTE 
 
8 
 
Autonomia científica 
Um ponto inicial do estudo do chamado Direito Desportivo é justamente a sua própria 
nomenclatura, ou seja, a cogitação a respeito da própria existência do Direito Desportivo como um 
ramo autônomo da ciência jurídica. 
Tal investigação deve iniciar-se na definição básica do que seria uma disciplina autônoma no 
meio jurídico. Marcos Juruena Villela Souto, fazendo referência a Celso Antônio Bandeira de 
Mello, afirma que “há uma disciplina autônoma quando ela corresponde a um conjunto 
sistematizado de princípios e normas que lhe dão identidade, diferenciando-a das demais 
ramificações do Direito”.1 
O saudoso professor fazia tal referência justamente para identificar, há mais de uma década, 
o equívoco incorrido em se tentar distinguir o então chamado Direito Regulatório como um ramo 
jurídico autônomo, distinto do Direito Administrativo que lhe dava – e ainda lhe dá – berço e 
fundamento. Nesse sentido, cabe citar passagem importante da referida obra: 
 
A necessidade de regular as atividades em que o setor privado substituiu 
ou ocupou espaços não atendidos pelo público, bem como aquelas de 
interesse econômico geral acarretou o surgimento de novas estruturas 
administrativas e de novas categorias de normas, respectivamente, as 
agências reguladoras e as normas regulatórias. 
 
Contudo, em que pese o critério especial de composição de tais entidades 
e do processo normativo, não surge daí um novo ramo do Direito, visto 
que não nasce um novo sistema, com princípios e regras próprios; trata-se, 
pois, de uma mera evolução do direito Administrativo, de modo a adequar-
se ao estudo do exercício da função pública destinada ao atendimento dos 
interesses dos administrados (enquanto indivíduos, sociedade ou 
integrantes de um grupamento social).2 
 
O paralelo feito com o ramo do Direito Público é útil para traduzir a perplexidade que ainda 
paira sobre a doutrina que se debruça sobre o estudo das relações entre o Direito e o esporte, 
havendo, entre o ainda restrito número de autores que se dedicam a esta área, quem defenda que o 
Direito Desportivo seria tão somente uma designação para um feixe de relações jurídicas geradas 
pelas atividades atléticas, sujeitando-se desportistas, dirigentes e entidades dedicadas à 
 
 
1 SOUTO, Marcos Juruena Villela. Direito administrativo regulador. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 6, 7. 
2 Idem. p. 21, 22. 
 
 9 
 
administração e promoção do esporte a normas de diversas naturezas, enquadrando-se cada situação 
a princípios e regras do Direito do Trabalho, Comercial, Administrativo ou Civil, conforme a ênfase 
que o caso concreto demandar. 
Neste sentido é a afirmação de importantes autores norte-americanos: 
 
Ainda assim, o termo “direito desportivo” é de alguma forma enganoso. Na 
realidade, direito desportivo não é nada mais ou menos do que o Direito 
aplicado à indústria desportiva. Um conhecimento básico de contratos, 
relações trabalhistas e defesa da concorrência é pré-requisito necessário para 
o desenvolvimento e qualquer experiência significativa nesta área. 
Adicionalmente, uma familiaridade elementar com responsabilidade civil, 
direito penal, processo civil, direito administrativo, direito constitucional, 
direito comercial, títulos mobiliários, tributos, salários, planejamento 
imobiliário, propriedade intelectual e outras subdisciplinas relacionadas 
aumentará a capacitação de qualquer um para representar atletas, ligas, 
clubes, proprietários de times, patrocinadores, companhias de televisão e 
outros clientes do esporte, assim como absorver algo dos assuntos mais 
esotéricos que surgem na arena do direito desportivo.3 
 
Como se vê, mesmo autores de uma obra denominada Sports Law (Direito Desportivo) 
questionam a autonomia do ramo objeto dos seus estudos, apontando a sujeição das relações 
socioeconômicas próprias das atividades esportivas a diferentes princípios, próprios de disciplinas 
específicas do Direito em geral. 
Essa perplexidade quanto à posição e à própria existência autônoma do Direito Desportivo se 
reflete na feliz expressão de Martinho Neves Miranda, quando identifica a disciplina como “um 
direito em verdadeira competição”.4 De fato, o autor carioca cria uma precisa síntese para demonstrar 
como a regulação propriamente desportiva, emanadadas entidades de administração do esporte, 
submete-se a diretrizes próprias do Direito Privado; enquanto a crescente relevância socioeconômica 
de tal atividade acaba atraindo a intervenção do Estado e, por conseguinte, o influxo de normas de 
Direito Público no conjunto normativo que rege o funcionamento de tal indústria.5 
Talvez seja essa singular duplicidade de regimes simultaneamente incidentes sobre a mesma 
atividade um primeiro sinal de que, se não é uma disciplina autônoma plenamente consolidada no 
quadro da ciência jurídica, o Direito Desportivo está desenvolvendo-se solidamente nesse sentido, 
como bem assinala Jack Anderson: 
 
3 COZZILLIO, Michael J. et al. Sports law: cases and materials. Durham: Carolina Academic Press, 2007, p. 5. Tradução livre. 
4 MIRANDA, Martinho Neves. O direito no desporto. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 129. 
5 Idem. p. 129-136. 
 
10 
 
Em resumo, embora este livro use o termo descritivo direito desportivo, 
isto não significa que o direito desportivo seja, ao menos ainda, digno de 
ser descrito como um distinto e autônomo ramo do Direito. Esta pode ser 
uma abordagem relativamente conservadora, mas pode se sustentar no 
argumento de que a afirmação de um direito desportivo puro não estará 
consolidada até o momento em que tribunais ou o legislativo ajustem 
princípios jurídicos à natureza esportiva do tema tratado. Todavia, as 
indicações são de que o direito desportivo está se movendo rapidamente 
em tal direção.6 
 
Talvez três dos aspectos tratados neste módulo possam ser os traços distintos desse novo ramo 
da ciência jurídica: a autorregulação jurídica do esporte; a especificidade das suas relações, 
demandando a modulação de regras gerais às singularidades das disputas esportivas e das relações 
estabelecidas entre atletas, entidades e público em geral; e, finalmente, a sua vocação transnacional, 
que faz o esporte ser sempre indicado como um dos teatros em que se constitui uma ordem jurídica 
além do Estado.7 
Seja à luz de uma abordagem mais conservadora, seja avançando na autoafirmação de uma 
nova disciplina jurídica, verifica-se que o Direito Desportivo se constitui em objeto cada vez mais 
relevante de estudo, como bem resume Mark James: 
 
“Esporte e Direito”,8 é mais propriamente a simples aplicação de direito 
nacional ou da União Europeia a um litígio esportivo. Tal expressão não 
leva especificamente em consideração qualquer detalhe da natureza 
especial do esporte, somente se o Direito é um foro apropriado para 
resolver aquele determinado litígio. 
 
“Direito Desportivo” tenta prover uma explicação distinta das razões pelas 
quais o Esporte, como um grupo de atividades relacionadas entre si, é, e 
deveria continuar a ser, tratado de forma diferente pelo Direito; é o 
desenvolvimento de uma teoria que junta precedentes baseados em 
distintos princípios jurídicos num objeto de estudo singular e coerente.9 
 
6 ANDERSON, Jack. Modern sports law. Oxford: Hart Publishing, 2010, p. 24. Tradução livre. 
7 Expressão emprestada da obra de referência no tema do chamado Transadministrativismo: CASSESE, Sabino. Oltre lo 
stato. Roma/Bari: Laterza, 2006. 
8 Ou Direito no Desporto, como sugerido pelo próprio título da obra de Martinho Neves Miranda, op. cit. 
9 JAMES, Mark. Sports law. Hampshire: Palgrave Macmillan, 2013, p. 21. Tradução livre. 
 
 11 
 
Autorregulação e especificidade do esporte 
A autorregulação esportiva é, como induz a própria expressão, a característica que o esporte tem 
de editar, de forma autônoma, as normas que regem o funcionamento das suas instituições e atividades. 
Tal capacidade tem relação direta com a própria natureza das atividades atléticas: as diversas 
modalidades esportivas surgem, normalmente, das interações sociais e das necessidades de 
desenvolvimento físico identificadas em determinada comunidade. Não à toa, são radicalmente 
distintas as formas pelas quais as disputas físicas ou demonstrações de habilidade individual, comuns 
a toda e qualquer sociedade, expressam-se de acordo com a localização geográfica. 
Da ritualística das artes marciais orientais, passando pelas demonstrações de força de 
tradicionais competições gaélicas e chegando à quase mística interação com o ambiente marinho 
percebida em tradicionais esportes polinésios, constata-se que o esporte tem, na sua origem, a 
consolidação de manifestações geradas no seio de cada comunidade e de tradições cultivadas, muitas 
vezes, ao longo de séculos. 
A noção de que o esporte é um bem comunitário, desenvolvido à margem da intervenção 
estatal e constituído como um meio de integração dos integrantes de determinado grupo social, cria 
um ambiente propício ao seu regramento autônomo, uma vez que, tratando-se de atividade gerada 
e desenvolvida em tais condições, cujos “guardiões” são os seus próprios praticantes, nada mais 
natural que a deferência do aparato estatal em relação à ascendência que os “mestres” daquela 
atividade exercem sobre os seus praticantes. 
A apreciação de tal fenômeno pode ser feita no esporte nacional, o futebol, assim analisado 
por Roberto da Matta: 
 
Vale também observe que, dentre essas instituições, o futebol é decididamente 
a mais moderna e a que chegou ao Brasil por meio de um bem documentado 
processo de difusão cultural. Tanto que não seria exagero dizer que o futebol 
ajudou a consolidar a vida esportiva nacional, que por meio dele popularizou-
se, abrindo as portas da sociedade a uma série de atividades autorreferidas, 
marcadas por disputas igualitárias apaixonantes […].10 
 
Sob o ponto de vista jurídico, o fenômeno da autonomia desportiva pode mais uma vez ser 
objeto de referência à doutrina da Martinho Neves Miranda: 
 
Essa liberdade de prática do desporto pode se dar de forma individual ou 
coletiva. A primeira ocorre quando cada indivíduo, per se, busca o desporto 
como instrumento de satisfação pessoal, sem criar vínculo jurídico com 
outras pessoas para o desempenho dessa atividade. 
 
10 MATTA, Roberto da. A bola corre mais que os homens. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p. 136. 
 
12 
 
A liberdade de prática coletiva do desporto opera-se quando os indivíduos 
se agrupam para exercerem a atividade de acordo com os critérios 
estabelecidos pelos componentes do grupo. 
 
A composição desses interesses ocorre naturalmente pela criação das 
associações desportivas, as quais, a exemplo das demais espécies de 
associação, exigem do Estado uma postura que permita que as pessoas se 
unam de forma a atingirem esse objetivo comum.11 
 
Nesse sentido, a liberdade em tese desfrutada por tais entidades, associada à enorme 
capacidade de adesão gerada pela prática do esporte, gerou um aparato institucional desenvolvido 
em paralelo aos organismos estatais, criando, desenvolvendo e protegendo regras que permitissem 
a disputa igualitária de que trata Roberto da Matta no excerto transcrito acima. 
Com efeito, muito da capacidade de autorregulação do esporte decorre, mais do que da 
necessidade, da vontade dos diversos grupos sociais de medir as suas capacidades em disputas com 
representantes de outras comunidades. Para tanto, as condições de tais embates deveriam ser 
uniformemente estabelecidas para todos os seus praticantes, independentemente da sua origem. 
A adesão voluntária a um conjunto uniforme de regras e a renúncia, igualmente voluntária, 
ao poder de alterar tais regras em favor de uma entidade comum, autônoma em relação aos 
parâmetros de institucionalização de determinado grupo social, consolidaram a autonomia 
desportiva consagrada internacionalmente. 
Não à toa, tal preceito é disposição fundamental, por exemplo, da Carta Olímpica, editada 
pelo Comitê Olímpico Internacional (COI): 
 
Princípios Fundamentais do Olimpismo [...] 5. Reconhecendo que o 
Esporte ocorre no âmbito da sociedade, organizações desportivasintegrantes do Movimento Olímpico terão os direitos e obrigações de 
autonomia, que incluem liberdade de estabelecimento e controle das regras 
do Esporte, determinando a estrutura e a governança de suas organizações, 
desfrutando do direito a eleições livres de qualquer influência externa e 
com responsabilidade por assegurar que os princípios de boa governança 
sejam aplicados.12 
 
 
11 Op. cit. p. 93. 
12 Disponível em: <https://stillmed.olympic.org/media/Document%20Library/OlympicOrg/General/EN-Olympic-
Charter.pdf#_ga=1.214614551.1205387379.1489327155>. Acesso em: 12 mar. 2017. 
 
 13 
 
A questão da autorregulação do esporte encontra especial ressonância na Europa, onde o contínuo 
debate entre autoridades da União Europeia e dirigentes esportivos – lembre-se de que grande parte das 
federações internacionais de diversas modalidades desportivas tem sede no Velho Continente – traduz 
perfeitamente as tensões derivadas, de um lado, da relevância do esporte para aquele bloco continental, 
e, de outro, da chamada “especificidade” do esporte invocada pelos cartolas.13 
A relevância do esporte foi oficialmente sublinhada pela Declaração de Amsterdã, em outubro 
de 1997, como citado por Brian Kennelly e Tom Richards: 
 
A Conferência enfatiza o significado social do esporte, em particular seu 
papel na formação da identidade na congregação dos povos. A 
Conferência, desta forma, convoca os órgãos da União Europeia a ouvir as 
associações esportivas quando importantes questões que afetem o esporte 
estejam em discussão. Neste contexto, especial consideração deverá ser 
dada às características particulares do esporte amador.14 
 
Naquela declaração, um órgão europeu reconhece a relevância social do esporte e, ao mesmo 
tempo, faz referência a uma “especificidade do esporte”, conceito que, a partir de então, passou a 
ser de uso corrente no debate europeu sobre os limites da autorregulação desportiva, sempre 
designando as especiais características e dinâmicas das atividades atléticas organizadas,15 as quais 
impediriam a plena incidência de normas gerais de Direito, sob pena de descaracterização do esporte 
ou inviabilização da sua prática. 
Entretanto, é impressionante constatar que entidades de administração do desporto alegam 
ser isentas de regulação estatal, mas buscam incessantemente a edição de normas específicas que 
protejam as suas propriedades intelectuais e os seus direitos como organizadores ou proprietários de 
direitos relativos aos eventos por elas promovidos ou chancelados. 
Ao mesmo tempo, e em igual contradição, autoridades europeias, por meio dos seus três 
poderes, declaram respeito à autonomia das organizações desportivas, mas tendem frequentemente 
a admitir discussões legais ou questionamentos judiciais sobre questões técnicas, científicas ou 
disciplinares derivadas do meio esportivo. 
 
13 Tratando-se de um curso de Direito Desportivo, deve-se atentar também para o jargão específico que nasce no público 
em geral. A expressão cartola é, no Brasil, uma designação quase sempre pejorativa dos dirigentes esportivos, muito 
provavelmente em um exercício de metonímia, em que a pessoa é substituída por peça do vestuário, designando a 
origem aristocrática habitualmente atribuída aos representantes das entidades de prática – clubes e associações – e de 
administração desportiva – federações e confederações. 
14 KENNELLY, Brian; RICHARDS, Tom. European union sports policy. LEWIS, Adam Q. C.; TAYLOR, Jonathan. Sport: law and 
practice. West Sussex: Bloosmbury, 2014, p. 1099. Tradução livre. 
15 GRAY, Andy. The sport regulatory regime and sports rights. Londres: Informa Professional Academy, 2014, p. 36. 
 
14 
 
Adicionalmente, é curioso perceber a proliferação de precedentes aplicando o Direito 
Concorrencial europeu a litígios relacionados ao esporte e, ao mesmo tempo, perceber que um 
documento oficial da União Europeia, o chamado White Paper on Sport, de 2007,16 reconhece 
expressamente um monopólio para cada entidade nacional de administração desportiva, na medida 
em que declara a existência de um “princípio de uma só federação por esporte”.17 
Essas contradições recorrentes, de ambos os lados, devem-se certamente ao aspecto dúplice 
apresentado pelo esporte, que é, ao mesmo tempo, uma atividade socialmente relevante e um 
conjunto expressivo de empreendimentos econômicos. Compreender os limites entre essas “duas 
faces” do esporte poderá permitir a discussão em termos mais objetivos, no que tange aos 
fundamentos da necessária intervenção estatal e ao espaço de autorregulação desportiva. 
Quando da edição do Tratado de Amsterdã, a “especificidade do esporte” já vinha sendo 
debatida por décadas. Com efeito, o supramencionado conceito foi pela primeira vez objeto de 
deliberação do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) em meados da década de 1970, em 
dois casos paradigmáticos. 
Um deles declarou expressamente que o esporte não era uma preocupação dos signatários do 
Tratado de Roma, como se lê no parecer do Advogado-Geral Trabucchi no Caso C-13/76, Donà 
vs. Mantero:18 
 
Suponha-se que um indivíduo qualquer, ao tempo da assinatura do 
Tratado da Comunidade Econômica Europeia (CEE), ou, para estes fins, 
quando da assinatura do Tratado de Acessão, perguntasse àqueles 
sentados à mesa se eles pretendiam que os artigos 48 e 59 deveriam 
estabelecer uma exigência que, em determinado esporte, uma seleção 
nacional deveria consistir somente de nacionais do país representado. O 
senso comum dita que os signatários, com suas canetas posicionadas, 
teriam todos respondido impacientemente: “claro que não” – e talvez 
teriam acrescentado que, em sua opinião, a resposta era tão óbvia que, na 
verdade, sequer precisaria ser explicitada.19 
 
 
16 COM (2007) 391, 11 de julho 2007. Tradução livre. 
17 KENNELY, Brian; RICHARDS, Tom. op. cit. p. 1094. Tradução livre. 
18 No caso em questão, a discussão girava em torno de regra da Federação Italiana de Futebol, que só permitia jogadores 
filiados à mesma entidade participarem de jogos profissionais ou semiprofissionais. A ação judicial buscava impugnar tal 
restrição com base nas liberdades profissionais consagradas nas normas da Comunidade Econômica Europeia (Apud 
ANDERSON, Jack. op. cit. p. 323). 
19 ECR [1976] ECR 1333. Tradução livre. 
 
 15 
 
Analisando esse mesmo período e referindo-se ao mesmo julgamento, leia-se o comentário 
de Simon Gardiner et al.: 
 
A União Europeia (então Comunidade Econômica Europeia) não tinha 
qualquer competência específica no campo esportivo quando de sua 
constituição pelo Tratado de Roma, em 1957. Pela maior parte das duas 
primeiras décadas de sua existência, este foi o caso; há poucas evidências 
de qualquer relação entre esporte e a CEE ou, efetivamente, qualquer 
intenção de envolvimento significativo por parte das instituições.20 
 
Dessa forma, o precedente citado acima poderia conduzir no sentido de haver alguma espécie 
de isenção do esporte em relação à incidência do Direito Europeu. Entretanto, tal impressão não 
durou, já que o Caso Walrave21 mudou a percepção sobre a relação entre esporte e regulação 
econômica. Os fatos subjacentes à lide são bem relatados por Simon Gardiner et al.: 
 
Consideração inicial sobre a aplicabilidade do Direito Comunitário surgiu 
no contexto de um litígio referente a uma alteração de regra da União 
Internacional de Ciclismo (UCI), pela qual membros da comissão técnica 
de uma equipe competindo no campeonato mundial deveriam ser da 
mesma nacionalidade. Os autores deste processo, cidadãos holandeses, 
ofereceram seus serviços remunerados para atuar apoiando as equipes a 
bordo de motocicletas. Tais serviços eram prestados sob contratos firmados 
com os ciclistas, as associações ou com os patrocinadores. Os autores 
alegaram que a regra relativa à nacionalidade era incompatívelcom o 
Tratado da CEE, na medida em que impedia que o membro de comissão 
técnica, sendo cidadão de um Estado-Membro, oferecesse seus serviços a 
um cidadão de outro Estado-Membro.22 
 
A decisão foi favorável aos autores, pois o TJUE entendeu que a regra não era de natureza 
puramente esportiva, afetando interesses econômicos das partes, excetuando, todavia, as questões 
relativas à efetiva formação da seleção nacional: “8) Esta proibição, todavia, não afeta a composição 
das equipes esportivas, particularmente seleções nacionais, cuja formação é uma questão puramente 
esportiva, e, assim sendo, em nada se relaciona com atividade econômica”.23 
 
20 GARDINER, Simon et al. Sports law. Londres: Routledge, 2012, p. 393. Tradução livre. 
21 Walrave and Koch vs. Union Cycliste Internationale, Case C-36/74 [1974] ECR 1405. Tradução livre. 
22 GARDINER, Simon. op. cit. p. 394. Tradução livre. 
23 Walrave and Koch vs. Union Cycliste Internationale, Case C-36/74 [1974] ECR 1405. Tradução livre. 
 
16 
 
Em outras palavras, a contratação de prestadores de serviços relacionados à atividade esportiva 
era uma atividade econômica sujeita aos ditames dos tratados que regiam a CEE, enquanto que a 
composição da seleção nacional, tratando-se de atividade de interesse exclusivamente esportivo, 
fugia à incidência das mesmas normas. À luz de tal decisão, ainda que o TJUE tenha reconhecido 
que havia regras esportivas fora do alcance do Direito Europeu, algumas normas editadas no âmbito 
da administração esportiva poderiam ter impacto econômico, sujeitando-se, portanto, ao escrutínio 
das autoridades comunitárias. 
O empuxo para uma maior incidência do Direito Europeu sobre questões esportivas foi dado 
pelo Caso Bosman,24 na medida em que este teve um impacto relevante no sistema de transferência 
de jogadores de futebol, mudando a forma como a indústria relacionada à modalidade esportiva 
mais importante da Europa funcionava.25 
O caso é assim descrito por Jack Anderson: 
 
no verão de 1990 […] o cidadão belga Jean-Marc Bosman buscou, ao fim 
de seu contrato com um clube belga, transferir-se para o clube francês US 
Dunkerque. Devido a dúvidas relativas à capacidade de pagamento deste 
último clube, o certificado de registro do atleta foi retido pelas autoridades 
belgas de futebol. Dado o funcionamento do sistema de transferências de 
então, isto significava que a situação profissional de Bosman, assim como 
sua carreira futura e a própria capacidade de sustento ficaram à mercê do FC 
Liège.26 Muito embora Bosman tenha obtido várias tutelas cautelares que 
lhe permitiram seguir sendo remunerado e poder negociar com outros 
clubes interessados, tornou-se claro que sua busca por um novo empregador 
seria infrutífera, porque ele passou a ser informalmente boicotado por todos 
os principais clubes europeus, por causa de sua iniciativa em questionar 
judicialmente o comportamento de seu clube de origem. Reagindo a tal 
boicote, Bosman levou sua demanda para um nível maior, passando a 
questionar a validade de todo o sistema de transferências e as regras que 
limitavam a presença de jogadores estrangeiros então em vigor no futebol 
europeu, suscitando o pronunciamento do TJUE sobre o tema.27 
 
Dada a decisão do Caso Bosman em 1995, a Declaração de Amsterdã veio à luz dois anos 
depois e foi seguida pelas conclusões da Presidência do Conselho Europeu em dezembro de 1998, 
 
24 Union Royale Belge de Sociétés de Football vs. Jean Marc Bosman (C-415/93) [1995] ECR I-4921. Tradução livre. 
25 JAMES, Mark. op. cit. p. 267-273. 
26 O clube belga com quem Bosman tinha contrato até então. 
27 Op. cit. p. 326. 
 
 17 
 
convidando a “Comissão […] a [salvaguardar] as atuais estruturas esportivas e manter a função 
social do esporte dentro do quadro de trabalho comunitário”.28 
Como se vê, ao mesmo tempo que ressalta a importância social do esporte, uma autoridade 
europeia advoga pela perpetuação do seu modelo tradicional de governança. 
O mesmo Conselho Europeu emitiu a Declaração de Nice, em dezembro de 2000, 
declarando que: 
 
1. […] organizações esportivas e os Estados-Membros têm uma 
responsabilidade primária na condução de assuntos esportivos. Apesar de 
não ter poderes diretos nesta área, a Comunidade deve, na sua atuação 
pautada nas diversas disposições do Tratado, levar em conta as funções 
social, educacional e cultural inerentes ao esporte e torná-lo especial, de 
modo a que o código de ética e a solidariedade essencial à preservação de 
seu papel social sejam respeitadas e cultivadas. 
2. O Conselho Europeu espera, em particular, que sejam preservados a 
coesão e os laços de solidariedade que unem a prática de esporte em todos 
os níveis, assim como a competição leal, os interesses morais e materiais e 
a integridade física de todos os envolvidos com a prática do esporte, 
especialmente menores de idade.29 
 
O referido instrumento buscou disciplinar o esporte amador, o papel das federações 
esportivas, a preservação de políticas de treinamento, a proteção de jovens e mulheres atletas e os 
aspectos econômicos do esporte.30 
O ápice de tal processo foi o já citado White Paper, em julho de 2007 e, finalmente, a 
introdução expressa do esporte no texto do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia 
(TFUE), no seu art. 165: 
 
1. […] A União contribuirá para a promoção das questões esportivas 
europeias, levando em conta a natureza específica do esporte, suas estruturas 
baseadas em atividade voluntária e suas funções social e educacional. 
2. A ação da União buscará: [...] o desenvolvimento da dimensão europeia 
do esporte, promovendo equidade e abertura nas competições esportivas e 
cooperação entre os organismos responsáveis pelo esporte, assim como 
 
28 KENNELLY, Brian; RICHARDS, Tom. op. cit. p. 1099. 
29 Idem. p. 1101. 
30 Idem. p. 1101, 1102. 
 
18 
 
protegendo a integridade moral e física de homens e mulheres atletas, 
especialmente aqueles jovens. 
3. A União e os Estados-Membros promoverão cooperação com terceiros 
países e as competentes organizações internacionais no campo da educação 
e do esporte, em particular o Conselho da Europa.31 
 
Muito embora a inegável relevância da introdução de disposições específicas sobre o esporte no 
TFUE, o White Paper “permanece a declaração mais substancial sobre políticas esportivas da União 
Europeia até hoje”.32 Nada obstante, é importante notar que o TFUE aborda questões esportivas 
basicamente sob um ponto de vista social, não contemplando a sua importante dimensão econômica. 
A esse propósito, o mesmo White Paper de 2007 vai um pouco mais além, ao descrever os 
dois prismas de abordagem da chamada “especificidade do esporte”: 
 
A especificidade das atividades esportivas e das regras esportivas, tais como 
competições separadas para homens e mulheres, limitações ao número de 
participantes em competições, ou a necessidade de garantir incerteza no 
que diz respeito aos resultados e de preservar equilíbrio competitivo entre 
os clubes participantes das mesmas competições; e 
 
A especificidade da estrutura esportiva, inclusive a autonomia e a 
diversidade das organizações desportivas, uma estrutura piramidal de 
competições das divisões de base até o nível de elite, e mecanismos 
organizados de solidariedade entre os diferentes níveis e operadores, a 
organização do Esporte em bases nacionais e o princípio de uma única 
federação por Esporte.33 
 
Comparando os quadros normativos sobre o esporte na Europa e no Brasil, há algumas 
similaridades que podem enriquecer a análise ora proposta. Como será visto em módulo mais 
adiante, o esporte foi expressamente contemplado pela Constituição de 1988, no art. 217, prevendo 
o dever do Estado em promover o esporte educacional em caráter prioritário.34 
 
31 UNIÃO EUROPEIA. Tratadosobre o Funcionamento da União Europeia, de 13 de dezembro de 2007. Disponível em: 
<http://eur-lex.europa.eu>. Acesso em: 3 jan. 2015. 
32 KENNELLY, Brian; RICHARDS, Tom. op. cit. p. 1094. 
33 GRAY, Andy. op. cit. p. 37. 
34 REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 3 jan. 2015. 
 
 19 
 
A regulamentação desse dever constitucional veio pela chamada Lei Pelé (Lei nº 9.615, de 24 
de março de 1998), que no seu art. 3º classifica três diferentes manifestações esportivas: desporto 
educacional (art. 3º, I), praticado em escolas de todos os níveis, buscando promover educação por 
meio da prática esportiva; desporto de participação (art. 3º, II), livremente praticado em qualquer 
ambiente social, de modo a promover integração comunitária e saúde individual; e esporte de 
rendimento (art. 3º, III), orientado à obtenção de resultados competitivos. 
Evidentemente, as duas primeiras categorias podem ser identificadas com o papel social do 
esporte, um dos três temas propostos pelo White Paper, sendo os outros dois a dimensão econômica 
do esporte e a organização do esporte.35 No Brasil, a subsidiariedade econômica imposta ao Estado 
pela própria Constituição da República (art. 170) cria restrições à intervenção estatal no esporte – 
também objeto de discussão em módulo mais adiante –, exigindo que o financiamento público ao 
esporte tenha prioritariamente repercussão social. 
Tal previsão constitucional apresenta alguma similaridade com a ênfase social claramente 
contida no art. 165 do TFUE. A partir deste ponto, os precedentes judiciais mais importantes 
relativos a questões esportivas podem ser analisados sob um novo prisma. Todos os casos que 
suscitam um debate sobre os limites da intervenção da União Europeia no esporte se relacionam 
àquilo que é, na legislação brasileira, esporte de rendimento, ou seja, o tipo de atividade esportiva 
tendente a ser explorada economicamente. 
Os Casos Walrave e Bosman se referiam à liberdade fundamental de exercício profissional 
por parte dos cidadãos europeus. O fato de os autores, nesses casos, terem atividades profissionais 
relacionadas com o esporte era mera circunstância. As regras questionadas eram formalmente 
editadas por reguladores esportivos, mas eram substancialmente econômicas. 
Outro precedente importante é o chamado Caso Motoe.36 A hipótese ali versada é assim 
resumida na obra coletiva liderada por Simon Gardiner: 
 
O caso Motoe se referia ao poder da Ellinikí Laschki Autokinitoy kai 
Periigíseon (Elpa) como o órgão indicado pela legislação grega como 
representativo da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), de 
autorizar competições esportivas envolvendo motocicletas e similares. 
Organizadores de potenciais eventos tinham que apresentar pedidos de 
autorização a um comitê da Elpa, fornecendo detalhes do local ou rota de 
competição, as medidas de segurança e outras condições de operação do 
evento. O evento não poderia conflitar com eventos pré-agendados. Por 
conseguinte, a Elpa tinha o direito de veto relativo a todas as competições 
no território da Grécia. 
 
35 KENNELLY, Brian; RICHARDS, Tom. op. cit. p. 1103. Tradução livre. 
36 Motosykletistiki Omospondia Ellados Npid vs. Elliniko Dimosio [2008] 5 C.M.L.R. 11. 
 
20 
 
Adicionalmente, os organizadores de eventos tinham que ter seus 
patrocinadores aprovados pelo referido comitê e os participantes não 
podiam ser obrigados a consentir com as regras de propaganda e 
publicidade sem a intervenção da Elpa ou do mencionado comitê. Tal 
situação suscitou o questionamento que a Elpa tinha uma vantagem 
potencial na organização de tais eventos, nos casos em que a entidade 
atuasse com fins comerciais, por conta do seu monopólio regulatório sobre 
a aprovação e fiscalização dos mesmos eventos. 
 
Motosykleistiki Omospondia Ellados Npid (Motoe) apresentou um 
pedido de licença, mas depois de não obter, por meses a fio, qualquer 
decisão, Motoe ajuizou ação na Grécia, questionando a recusa implícita da 
Elpa à emissão de autorização. Seus fundamentos eram a combinação de 
funções regulatórias e comerciais atribuídas à Elpa, o que lhe conferia uma 
posição monopolista propícia a abusos contrários às disposições 
concorrenciais da União Europeia.37 
 
Vê-se que a questão era de evidente natureza concorrencial, já que a federação de 
motociclismo da Grécia detinha poder regulatório que lhe conferia uma posição dominante em um 
mercado relevante. Novamente, o litígio era referente a um esporte de rendimento, com aspectos 
econômicos no centro da demanda. 
É interessante perceber que, em dois dos três casos mencionados acima, a chamada 
“especificidade do esporte” foi desconsiderada pelo próprio regulador esportivo. No Caso Walrave, 
a vedação de membros estrangeiros na comissão técnica era contrária à tradicional prática de 
contratar técnicos e outros profissionais estrangeiros para treinar e aperfeiçoar o desempenho de 
atletas nacionais, uma solução disseminada em todo o mundo para o desenvolvimento de 
competidores efetivos em países sem tradição esportiva em determinada modalidade. 
No Caso Motoe, a especificidade relacionada ao próprio monopólio outorgado pelo sistema 
piramidal de governança esportiva prevalente na Europa, cuja existência é alegada como necessária para 
promover o desenvolvimento do esporte nos respectivos territórios nacionais, foi usada para reduzir o 
número de eventos de motociclismo na Grécia, na medida em que a federação nacional deliberadamente 
se omitia na decisão sobre o pedido de registro do organizador de uma nova competição. 
 
 
37 GARINDER, Simon et al. op. cit. p. 399, 400. 
 
 21 
 
O novo movimento no debate sobre autorregulação e especificidade do esporte é o Caso 
Meca-Medina. Eis o sumário dos seus fatos: 
 
O caso se referia à impugnação feita por dois nadadores de longa distância 
profissionais em cujas amostras de exame antidoping, colhidas depois de 
uma competição internacional no Brasil em 1999, foram identificados 
níveis proibidos de nandrolone, uma substância de incremento de 
performance proscrita. A entidade de administração mundial da Natação, 
FINA, de forma consistente com o que determina a diretriz do Comitê 
Olímpico Internacional, impôs uma suspensão de quarto anos aos 
nadadores, que foi posteriormente reduzida pelo CAS.38 Os autores da ação 
judicial [os nadadores] argumentaram, ao longo do processo, que o limite 
estabelecido segundo o critério de teste não era suficientemente sensível 
para identificar o que seria a produção endógena de nandrolone no 
organismo (alegavam que sua presença poderia ser explicada pela ingestão 
de carne de javali) e que, por tal razão, o referido limite poderia levar à 
condenação de um inocente ou de atletas meramente negligentes. Baseados 
em tais argumentos, os nadadores em questão impugnaram, entre outros 
tópicos, a compatibilidade das regras antidoping com seu esporte, já que a 
responsabilidade integral que lhes era imposta por tal sistema disciplinar 
infringia seus direitos como atletas profissionais, à luz dos artigos 101 e 
102 do TFUE.39 
 
Muito embora a decisão tenha, ao final, mantido a medida disciplinar imposta aos atletas 
envolvidos, o precedente afirmou, no § 27 da sua fundamentação, que “é aparente que o simples 
fato de que uma regra seja de natureza puramente esportiva não tem o efeito de excluí-la do alcance 
do Tratado”.40 A decisão foi duramente criticada, porque o TJUE teria admitido o recurso contra 
o Tribunal de Primeira Instância sob “argumentos extremamente genéricos”,41 levantando questões 
que já se entendiam superadas: “1. Em que hipóteses uma atividade esportiva ‘se submete aos 
ditames do Tratado’? e 2. Qual é a condição para ‘envolver-se’ (em uma atividade submetida aos 
ditames do Tratado)?”.4238 Court of Arbitration for Sports, ou, na sua tradução em português, Tribunal Arbitral do Esporte. 
39 ANDERSON, Jack. op. cit. p. 348. 
40 Idem. 
41 INFANTINO, Gianni. Meca-Medina: a step backwards for the European sports model and the specificity of sport? Sports 
Law Administration and Practice, v. 13, p. 3, 2006. Tradução livre. 
42 Idem. 
 
22 
 
Como os fundamentos da ação movida pelos autores se referiam a ditames do Direito 
Concorrencial Europeu, as preocupações acima eram efetivamente justificáveis, já que praticamente 
qualquer medida disciplinar teria um impacto econômico nos interesses de um atleta ou de um clube. 
Porém, a questão pode ser apreciada de um modo diferente, restringindo o eventual 
escrutínio judicial a deveres de natureza procedimental. Na medida em que poderes regulatórios 
esportivos podem afetar interesses econômicos ou profissionais de atletas ou clubes, um 
desenvolvimento mais consistente da Teoria dos Efeitos Horizontais dos Direitos Fundamentais, 
pela qual particulares devem agir de acordo com o devido processo legal quando no exercício de 
funções regulatórias ou disciplinares, pode ser uma alternativa para assegurar as liberdades 
econômicas outorgadas aos atletas e clubes europeus e, ao mesmo tempo, limitar um controle 
excessivamente genérico por parte do Direito Concorrencial Europeu sobre normas regulatórias e 
disciplinares de natureza esportiva. 
Todas as objeções contra a intervenção europeia são esquecidas, no entanto, quando a questão 
é a proteção legal dos direitos dos organizadores de eventos esportivos. As preocupações geradas 
pelo voto do Juiz Laddie no Caso Arsenal Football Club PLC vs. Reed – posteriormente reformado 
pelo TJUE –,43 no qual o clube inglês não obteve tutela judicial que protegesse as suas marcas do 
uso indevido por um comerciante cuja mercadoria ostentava sinais idênticos ou similares àqueles 
do Arsenal, são um dos pontos de partida para uma onda de reivindicações relativas à harmonização 
de regras sobre propriedade intelectual44 e à edição de normas específicas sobre eventos esportivos.45 
Como demonstrado, a presença estatal na Europa não é sempre indesejável. Intervenção 
pública para estabelecer termos objetivos de proteção jurídica de eventos esportivos seria bem-vinda. 
Um bom exemplo de um ponto de conciliação entre as duas posições opostas é o trabalho da 
Comissão Europeia no monitoramento de incentivos estatais ao esporte. Todos os principais casos 
noticiados apontam para a admissão da intervenção estatal quando houver aspectos sociais 
envolvidos no subsídio financeiro ou nas isenções fiscais concedidas por estados-membros ou 
governos regionais para projetos esportivos – instalações esportivas, estádios ou arenas multiuso –, 
embora haja graves questionamentos relativos ao financiamento de clubes de futebol profissional.46 
Portanto, sem prejuízo do retorno ao tema da intervenção estatal no esporte, a ser feito mais 
adiante neste curso, o que se percebe é que a autorregulação e a especificidade do esporte são duas 
faces de uma mesma moeda. As peculiaridades da prática esportiva justificam a adoção de modelos 
distintos de regulamentação legal, mitigando a incidência de normas que em geral disciplinam a 
defesa da concorrência, a integridade pessoal e a própria liberdade profissional. A especialização dos 
 
43 Arsenal Football Club PLC vs. Reed [2003] 3 W.L.R. 450. 
44 COUCHMAN, Nic. Sports merchandising: paradise lost, and regained? Sports Law Administration and Practice. v. 9, p. 1-3, 
2002. 
45 BAILEY, Darren. Sports’ organisers rights: where next? Sports Law Administration and Practice. v. 21, p. 4-11, 2014. 
46 KEANE, Benoît. Serious competition? State aid and sport. Sports Law Administration and Practice. v. 12, p. 1-5, 2014. 
 
 23 
 
seus órgãos de governança e a sua natural propensão ao transnacionalismo, gerando uma 
necessidade de uniformização das suas regras em todo o planeta, induz a um grau ímpar de 
autonomia institucional para as organizações desportivas. 
Todavia, tais singularidades não podem deixar o esporte à margem do quadro de direitos 
fundamentais nacional e internacionalmente reconhecidos, nem ser justificativa para práticas 
deletérias que foram amplamente noticiadas ao longo dos anos. Ainda é uma busca em curso a 
criação de um justo equilíbrio que preserve a autonomia do esporte dos desejos de 
instrumentalização secreta ou ostensivamente nutridos por governos de diversos matizes 
ideológicos, mas ao mesmo tempo insira a prática e, principalmente, a gestão esportiva em um 
cenário de respeito aos direitos individuais, sociais e econômicos. 
 
Transnacionalismo esportivo 
Soa uma obviedade dizer que, sendo um fenômeno social, o esporte também é afetado pelas 
transformações de um mundo chamado pós-moderno, em que as certezas que sempre caracterizaram 
diversas relações humanas são permanentemente postas em xeque, questionadas e relativizadas, na 
medida em que ferramentas tecnológicas e novos arranjos socioeconômicos revelam a insuficiência 
das diversas instituições que ditam – ou ditavam – as normas de regência de inúmeras atividades. 
A evolução tecnológica, especialmente na área de comunicação e transportes, acabou por 
reduzir distâncias não só físicas, mas sociais, disseminando valores já internacionalmente consolidados 
a comunidades isoladas e, ao mesmo tempo, trazendo novas ideias que transformam tradições e 
aceleram ainda mais o grau de inovação nos mais diversos setores da ação humana. Tudo isso foi, no 
fim do século XX e início do século XXI, “empacotado” sob o genérico título de globalização, 
expressão entendida como anátema por uns, e enaltecida como signo de uma nova era por outros. 
Nesse sentido, a lição de Diogo de Figueiredo Moreira Neto é de importante remissão, 
dissecando tal fenômeno nas suas duas acepções: 
 
Fenômeno relevante para as Ciências Sociais contemporâneas, a 
globalização, para os efeitos deste ensaio, comporta duas linhas de 
compreensão: como fato e como valor. Como fato, pode ser historicamente 
considerada como uma dilatação de horizontes de interesses das sociedades 
humanas, o que, afinal, não é um fenômeno novo, mas, ao contrário, muito 
antigo, pois segue a lógica inexorável da expansão dos interesses e de sua 
consequente inevitável instrumentação pelo poder. [...] 
 
E, a este ponto, passa-se à segunda acepção da expressão globalização – 
agora, enquanto valor –, remetendo à eriçada polêmica que a acompanha 
na mídia e na linguagem coloquial, uma vez que, conforme os ângulos de 
 
24 
 
entendimento que o conceito possa comportar, ele compreenderá 
diferentes conteúdos valorativos, podendo ser considerada ora como um 
bem, ora como um mal; ora como um anátema, ora como uma esperança 
para um mundo melhor.47 
 
Tratando, portanto, a globalização como um fato, sem qualquer consideração valorativa sobre 
os seus efeitos, impõe-se reconhecer a existência de interesses sociais e econômicos consolidados 
pela referida “dilatação de horizontes” de que fala o autor citado acima. Nesse sentido, a expansão 
vertiginosa da União Europeia talvez seja o maior exemplo da superação dos limites territoriais no 
desenvolvimento de inúmeras atividades humanas. 
Não só isso: os cada vez mais intensos movimentos migratórios, a potencialização do trabalho 
remoto integrando sistemas de produção ao redor do mundo e a consolidação de uma audiência 
global têm efeitos sobre a própria forma de se estabelecer norma jurídica. Tradicionalmente calcado 
na ideia de territorialidade, o Direito passou a ter de lidar com relações que cada vez mais 
extrapolavam os limites físicos de determinado Estado, o que, obviamente, esbarra na insegurança 
quanto às normas que disciplinarão eventuais conflitos entre as partes envolvidas. 
A necessidade de uniformização de condutas ao redor do globo, a fim de estabilizar os padrões 
de comportamento de agentes que se relacionam para muitoalém do alcance dos estados nacionais 
multiplicou os centros de poder, conferindo efetiva capacidade de produção de normas a entidades 
privadas, baseadas nas noções de adesão e consensualidade, por exemplo, as entidades que regem a 
aviação civil internacional e as que estabelecem os protocolos de funcionamento da rede mundial 
de informática. 
Nesse cenário, surge a ideia de um Direito Administrativo Global, que seria, mais uma vez 
nas palavras de Diogo de Figueiredo Moreira Neto, “o resultado do exercício normativo de todos e 
quaisquer centros de poder capazes de administrar interesses de natureza coletiva”.48 
Ora, o esporte se insere como um singular fator de integração da chamada “aldeia global”. 
Muito antes do aprofundamento do processo de globalização sucintamente referido acima, o 
esporte já desempenhava um papel de promoção de congraçamento internacional. Não à toa, tanto 
o COI, quanto a Fédération Internationale de Football Association (Fifa), para ficar nas duas 
entidades de administração desportiva de maior destaque, precedem em muitos anos a própria 
Organização das Nações Unidas (ONU), sendo já chavão mencionar que tanto um quanto a outra 
ostentam mais países filiados aos seus quadros do que esta última. 
Em paralelo, o esporte também se favoreceu do processo de globalização, transformando a 
sua inata vocação econômica em um negócio bilionário e tornando clubes que, por definição, são 
 
47 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. O direito administrativo e o policentrismo de suas fontes: direito administrativo 
global e ordenamento jurídico. Poder, Direito e Estado. Belo Horizonte: Fórum, p. 118, 119, 2011. 
48 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Introdução ao transadministrativismo. Novas Mutações Juspolíticas. Belo 
Horizonte: Fórum, 2016. p. 332. 
 
 25 
 
agremiações que vocalizam interesses locais, em marcas globais, com projeção nos quatro cantos do 
planeta. Nesse sentido, é interessante o testemunho de Ferrán Soriano, ex-vice-presidente do FC 
Barcelona na gestão que liderou a guinada do clube catalão, sempre um dos grandes times 
espanhóis, mas longe de ser a incontestável potência esportiva e econômica que é hoje: 
 
Não há dúvida de que o futebol é um produto de alcance mundial. Os 
jogadores se transformaram em ícones globais. Se o leitor já viajou a outros 
países, sabe que é comum encontrar torcedores do Barcelona que não são 
espanhóis. Nada disso pode nos surpreender. Os grandes jogadores e os 
grandes clubes estão se convertendo em marcas globais. 
 
Tomemos um dado bastante desconhecido, mas muito significativo, que 
explica e anuncia para onde se dirige o futebol: em média, só 23% da 
audiência televisiva das partidas do Barcelona estão no estado espanhol; o 
restante, 77% localiza-se no resto do mundo. Para exemplificar, 7 a cada 
10 pessoas que assistem a uma partida do time estão assistindo ao jogo fora 
da Espanha! Numa partida da Liga dos Campeões, o percentual de 
espectadores espanhóis pode baixar a 10%. Igualmente impressionantes 
são os dados de acesso à página www.fcbarcelona.com; de forma muito 
destacada o idioma mais utilizado é o inglês. O produto que o Barça vende 
já é um produto global.49 
 
Entretanto, para que o Barcelona possa medir forças com os seus adversários em um cenário 
planetário, é importante que as regras do jogo sejam as mesmas, e uma autoridade única, que fixe 
os padrões de funcionamento de uma determinada modalidade esportiva, é uma realidade já 
estabelecida no contexto da administração desportiva. 
Será visto mais adiante que, devendo várias modalidades esportivas o seu desenvolvimento à 
prática e à organização disseminadas ao longo do século XX em território europeu, o modelo de 
governança esportiva se consolidou segundo parâmetros de tal continente, vinculados ao já 
mencionado sistema piramidal, em que as agremiações locais se filiam a organizações de nível regional; 
que por sua vez se congregam em uma associação nacional, organizada com os seus pares de outros 
países em confederações continentais, estando todos esses níveis vinculados a uma única entidade 
internacional, que detém o poder sobre o regramento e a prática formal daquela modalidade. 
Esse monopólio de fato – e de direito, como assinalado acima, nas referências às normas 
europeias sobre a atividade esportiva –, acaba por inserir a governança esportiva em um quadro de 
 
49 SORIANO, Ferran. A bola não entra por acaso. São Paulo: Larousse, 2010, p. 62. 
 
26 
 
transadministrativismo, definido pela doutrina como “a disciplina jurídica das relações assimétricas 
de poder, que se institucionaliza consensualmente fora e além do Estado.”50 
É isso exatamente o que se vê no esporte: a adesão às entidades internacionais de 
administração desportiva é voluntária, mas uma vez inserido em tal contexto associativo, há o 
estabelecimento de uma relação de sujeição do atleta, do clube ou da federação às normas editadas 
pela sua respectiva entidade internacional. 
Tal circunstância, aliada à especificidade de que se falou acima, reforça a aspiração da 
comunidade esportiva à autorregulação, compondo a tríade que distingue o Direito Desportivo – 
ou Direito no esporte, como preferem alguns. 
Nesse quadro, o Court of Arbitration for Sports (CAS) – Tribunal Arbitral do esporte – tem 
desempenhado papel crucial no desenvolvimento do que pode vir a ser caracterizado como uma Lex 
Sportiva, 51 similar, em âmbito desportivo, à conhecida Lex Mercatoria, conjunto de normas 
consuetudinárias que compõem o Direito Comercial em âmbito internacional. 
O CAS é fruto da visão prospectiva de Juan Antonio Samaranch, ex-presidente do COI, que 
concebeu e fomentou a criação de uma “suprema corte do esporte” em 1983, pretendendo-se, já 
naquela época, a criação de um órgão que dirimisse todos os conflitos relacionados ao esporte.52 
Depois de 10 anos de funcionamento, o CAS submeteu-se a uma profunda reforma, de modo 
a tornar-se mais independente do COI, especialmente após a advertência do Tribunal Federal da 
Suíça, quando do julgamento do Caso Gundel. Eis o relato do episódio, feito por Jonathan Merritt: 
 
em fevereiro de 1992, um cavaleiro, chamado Elmar Gundel, apresentou 
um pedido de arbitragem ao CAS, baseado numa cláusula arbitral nos 
estatutos da FEI,53 no qual ele questionava uma decisão proferida pela 
referida entidade. A decisão, tomada com base em alegação de doping, 
desclassificou o cavaleiro, suspendendo-o e aplicando-lhe uma multa. A 
decisão proferida pelo CAS em 15 de outubro de 1992 acolheu 
parcialmente o seu pedido (a suspensão foi reduzida de três para um mês). 
Insatisfeito, Gundel apresentou um recurso ao Tribunal Federal Suíço 
(que funciona como a Suprema Corte Suíça). Ele impugnava a validade da 
decisão, com base no argumento de que esta teria sido proferida por um 
tribunal que não preenchia os requisitos de imparcialidade e 
independência necessários para caracterizar apropriadamente uma corte 
 
50 MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo. Introdução ao transadministrativismo. op. cit. p. 339. 
51 FOSTER, Ken. Lex sportiva and lex ludica: the court of arbitration for sport’s jurisprudence. Entertainment and Sports Law 
Journal, v. 3, p. 2, 2005. 
52 MERRITT, Jonathan. Commercial aspects of sport. Londres: Informa Professional Academy, 2014. p. 59. 
53 Federação Equestre Internacional. 
 
 27 
 
arbitral. No seu julgamento de 15 de março de 1993, o Tribunal 
reconheceu que o CAS como uma verdadeira corte arbitral. [...] Todavia, 
neste julgamento, o Tribunal chamou atenção para os inúmeros vínculos 
entre o CAS e o COI: o fato que o CAS era custeado quase que 
exclusivamente pelo COI; o fato que o COI tinha competência para 
modificar os estatutos do CAS; e o considerável poder detido pelo COI e 
seu Presidente para indicar os membros do CAS. No entendimento do 
Tribunal, taisvínculos seriam suficientemente sérios para questionar a 
independência do CAS, e o COI fosse uma parte no processo.54 
 
A mais importante mudança da reforma de 1994 foi a criação do International Council of 
Arbitration for Sport (Icas) – Conselho Internacional de Arbitragem no Esporte –, para assumir a 
administração e o custeio do CAS. Além disso, criaram-se duas divisões no CAS, uma ordinária e 
outra de apelações, para identificar claramente disputas de competências originárias do CAS e 
aquelas de natureza recursal. 55 
Nada obstante à crescente importância das decisões do CAS na formatação de práticas 
jurídicas no esporte mundial, a pretensão de criar-se uma Lex Sportiva deve ser tomada com cautela, 
como adverte Edward Grayson: 
 
Como um título sonoro ou uma descrição sumária, não há fundamento 
jurídico; uma vez que a common law e a equidade não cria qualquer 
conceito de direito exclusivamente relacionado ao esporte. Cada área do 
Direito aplicável ao esporte não se distingue de como ela se opera em 
qualquer outra categoria social ou jurisprudencial […].56 
 
Entretanto, para fins de compreensão do papel do CAS nesse contexto, a abordagem de Ken 
Foster, já citado acima, identifica seis diferentes funções que poderiam ser associadas aos cinco 
princípios de Direito Esportivo estabelecidos pelo próprio CAS.57 
O primeiro de tais princípios é o chamado Lex Ludica, que prevê a autonomia dos árbitros e 
delegados “de campo”, excluindo as decisões proferidas durante as provas e partidas da possibilidade 
de questionamento até mesmo perante o próprio CAS ou qualquer outro órgão arbitral 
desportivo,58 tal como foi decidido nos casos Mendy vs. Association Internationale de Boxing 
 
54 Op. cit. p. 60, 61. 
55 Idem. p. 61. 
56 Apud BLACKSHAW, Ian S. Mediation and arbitration. Amsterdam: THC Asser Press, 2009, p. 177. 
57 Op. cit. p. 11-13. 
58 Idem. p. 3, 4. 
 
28 
 
Amateur (AIBA)59 e Segura vs. International Amateur Athletic Federation (IAAF).60 Este princípio 
é associado à função de órgão autorregulador do CAS. Nesse aspecto, o CAS estabelece os limites 
da efetiva especificidade do esporte, ditando que tipo de matérias não estarão sujeitas a 
questionamento jurídico. 
O segundo princípio se refere à boa governança, que exige clara e definida competência e 
autoridade das entidades de administração desportiva para fazer valer as regras de cada modalidade,61 
exigindo de tais entidades razoabilidade, transparência, objetividade e boa-fé na edição e aplicação das 
suas próprias regras;62 assim como estabelecendo o CAS como intérprete final de qualquer 
controvérsia acerca de tais regras.63 A este princípio, Foster associa a função de ombudsman: 
 
Lidando com o mérito de questionamentos individuais, por meio do 
destaque de conceitos de justice e equidade, bem como pela insistência em 
que as federações esportivas internacionais sigam modelos de boas práticas, 
pode-se afirmar que o Tribunal Arbitral do Esporte está adotando um 
modelo de resolução de conflitos próprio de um ombundsman. Tal modelo 
tem uma ênfase especial nos direitos dos atletas e nas exigências de boa 
governança das federações esportivas internacionais.64 
 
Justiça procedimental é o terceiro princípio, considerado como a “linha de argumentação 
mais consistente na jurisprudência do Tribunal Arbitral do Esporte”65 na medida em que se 
relaciona com a “necessidade das federações esportivas respeitarem o devido processo legal”.66 A 
função associada a este princípio é o papel do CAS como instância final de revisão, assegurando 
padrões procedimentais mínimos para atletas e organizações sujeitas à autoridade de entidades de 
administração desportiva. 
O quarto princípio a ser analisado se refere à harmonização de parâmetros, “coletando” e 
promovendo as melhores práticas entre as entidades de administração desportiva.67 Duas funções 
são associadas a este princípio: parajurisdicional e órgão do COI. Segundo Foster, a primeira função 
 
59 CAS OG Atlanta 1996/006. 
60 CAS OG Sydney 2000/13. 
61 FOSTER, Ken. Op. cit. p. 5, 6. 
62 Idem. p. 6. 
63 Ibidem. p. 7. 
64 Ibidem. p. 12. 
65 Ibidem. p. 7, 8. 
66 Idem. 
67 Ibidem. p. 8, 9. 
 
 29 
 
é claramente ligada à intenção do CAS de tornar-se “a jurisdição exclusiva relativamente a disputas 
esportivas internacionais”,68 e se calca na “crescente ‘juridificação do CAS”.69 
Finalmente, justiça e tratamento equitativo combatem penalidades fixas, garantem 
proporcionalidade nas regras e decisões das entidades de administração desportiva, assim como 
asseguram as legítimas expectativas de atletas e organizações esportivas,70 papéis associados à 
arbitragem ordinariamente exercida pelo CAS. 
Este conjunto de princípios legais estabelecido pela jurisprudência do CAS alcançou o efetivo 
reconhecimento da comunidade jurídica, como bem assinala Jack Anderson: 
 
Em 2003, a Corte Suprema Suíça reconheceu o CAS por ter gradualmente 
conquistador a confiança do mundo esportivo, de tal forma que mereceu 
o status de um dos principais pilares da administração do esporte 
internacional. […] Existem ao menos duas razões para tal percepção da 
continua influência do CAS: o objetivo da jurisdição do CAS, incluindo o 
caráter final de suas decisões em questões cruciais para o esporte moderno, 
tal como doping; e a consistência de sua abordagem dos princípios gerais 
de Direito e das diretrizes comuns a todas as disputas relativas a questões 
esportivas, o que pode, com o tempo, merecer o selo de lex sportiva.71 
 
O grande obstáculo à definitiva consagração do CAS no papel descrito acima é a circunstância 
de que a maioria dos casos tratados pelo CAS e referidos pela doutrina jurídica se refere a doping, 
sanções disciplinares e questionamentos a respeito de elegibilidade de atletas para competições 
variadas. Poucos são os precedentes conhecidos relativamente a questões comerciais. Talvez esse 
fato denote a preferência por outros métodos alternativos de solução de conflitos, mas também 
pode revelar um dos problemas para o efetivo estabelecimento de uma Lex Sportiva: a falta de 
publicidade das decisões do CAS.72 Além de conter um processo de disseminação do teor das suas 
deliberações, as restrições à publicidade das arbitragens que lhe são submetidas prejudicam o 
estabelecimento de parâmetros de atuação futura para outros atletas e entidades desportivas. 
 
 
68 Ibidem. p. 11, 12. 
69 Idem. 
70 Idem. p. 10, 11. 
71 Op. cit. p. 87, 88. 
72 BLACKSHAW, Ian op. cit. p. 188. 
 
30 
 
Embora haja reconhecimento ao mérito da conduta do CAS, esta é uma recomendação 
recorrente: 
 
Em qualquer evento, a fim de garantir que as audiências nos Jogos sejam 
processadas de forma ágil e conforme os princípios de Justiça Natural, os 
autores concordam com Raber em alguns pontos, e aduziriam diversas 
sugestões à Divisão Ad Hoc [do CAS], incluindo: 1) publicação das 
decisões do CAS; […] 6) colaborar para que o processo recursal esteja 
facilmente acessível aos atletas; e) estenógrafos; f) recursos de pesquisa 
jurídica […].73 
 
A necessidade de consistência é crucial para o desenvolvimento de parâmetros confiáveis, que 
possam ser observados e considerados por gestores e entidades desportivas e atletas, a fim de que as 
disputas comerciais também sejam submetidas – neste caso voluntariamente – ao CAS. Esse 
objetivo está sendo conquistado com o tempo, já que o CAS raramente se afasta dos seus próprios 
precedentes, muito embora o próprio Tribunal já tenha afirmado que não está vinculado a decisões 
anteriores, tais precedentes têm ao menos força argumentativa nos julgamentos.74 
Enfim, apesar de a própria existência de uma Lex Sportiva ainda ser uma afirmação 
controvertida, o CAS desempenhará um papel de liderança no seu desenvolvimento futuro. 
 
Modelos europeu e norte-americano de governança 
esportivaComo já exposto acima, a necessidade de regras uniformes e a vocação inata para a disputa 
em contextos territoriais cada vez mais amplos geraram a necessidade de centralização da governança 
esportiva internacional. A ascendência da Europa no movimento de disseminação internacional do 
esporte no fim do século XIX e início do século XX pode ser uma das explicações para a adoção de 
um chamado modelo europeu de esporte, que organiza as diversas entidades de prática e de 
administração desportivas em uma pirâmide, cujo ápice é a federação internacional de cada 
modalidade e pode ser traduzida graficamente da seguinte forma aproximada: 
 
 
 
73 NAIDOO, Urvasi; SARIN, Neal. Dispute resolution at games time. Fordham Intellectual Property. v. 12, p. 515, 2002. 
74 BERSAGEL, Annie. Is there a stare decisis doctrine in the court of arbitration for sport? An analysis of published awards 
for anti-doping disputes in track and field. Pepperdine Dispute Resolution Law Journal. v. 12, p. 204-206, 2012. 
 
 31 
 
Figura 1 – Entidades de prática e de administração desportivas 
 
Fonte: o autor. 
 
Traduzindo tal pirâmide para a realidade do futebol, chegando ao nível nacional, a federação 
internacional seria a amplamente conhecida Fifa; a confederação continental seria a Confederación 
Sudamericana de Fútbol (Conmebol); e a federação nacional seria a Confederação Brasileira de 
Futebol (CBF). 
Analisando-se os três níveis subsequentes, constata-se que o Brasil apresenta uma peculiaridade 
que não se vê em nível profissional em outros países de expressão na modalidade em tela. 
Com efeito, o nível destacado para as federações estaduais ou regionais corresponde, no mais 
das vezes, ao âmbito amador em outros países, não tendo qualquer relevância na organização de 
competições profissionais. Na verdade, em praticamente todas as nações com histórico ou 
desempenho relevante no plano internacional, os clubes profissionais acabam se organizando sob 
ligas, que se situam no mesmo plano das federações nacionais e assumem a organização e a execução 
dos campeonatos das principais divisões, enquanto as federações se concentram na regulação da 
modalidade, na promoção das divisões de base e na gestão das seleções nacionais. 
Tal espécie de estruturação da governança esportiva, que se reproduz de forma muito similar 
em praticamente todas as modalidades, assegura às entidades de administração do esporte um 
verdadeiro monopólio, já que nenhuma atividade é reconhecida como pertencente àquele esporte 
fora da esfera de autoridade das referidas entidades. É neste sentido a redação do Estatuto da Fifa: 
 
Artigo 11 – Admissão 
1. Qualquer associação que seja responsável por organizar e supervisionar 
o futebol em todas as suas formas no seu país pode se tornar membro. 
Consequentemente, recomenda-se que todas as associações integrantes [da 
 
32 
 
Fifa] envolvam todos os agentes relevantes no futebol vinculado à sua 
própria estrutura. Sob pena dos parágrafos 5 e 6 abaixo, somente uma 
associação de cada país será reconhecida como membro.75 
 
Contempladas com o monopólio apontado acima, as federações internacionais submetem-se 
ao reconhecimento do COI, como previsto no art. 25 da Carta Olímpica: 
 
Artigo 25 – Reconhecimento de Federações Internacionais 
De modo a desenvolver e promover o Movimento Olímpico, o COI pode 
reconhecer como Federações Internacionais organizações não 
governamentais internacionais que administrem um ou mais esportes em 
nível mundial e que congreguem organizações que administrem tais 
esportes no nível nacional. 
 
Os estatutos, prática e atividades das Federações Internacionais dentro do 
Movimento Olímpico deverão estar em conformidade com a Carta 
Olímpica, incluindo já adoção e implementação do Código Mundial 
Antidoping. Sujeita a estes termos, cada Federação Internacional mantém 
sua independência e autonomia na administração do seu esporte.76 
 
Então, complementando o esquema gráfico destacado na Figura 1, eis o desenho institucional 
do Movimento Olímpico, que congrega as federações internacionais situadas no topo da pirâmide 
descrita anteriormente: 
 
Figura 2 – Desenho institucional do Movimento Olímpico 
 
Fonte: o autor. 
 
75 Disponível em: 
<http://resources.fifa.com/mm/document/affederation/generic/02/78/29/07/fifastatutsweben_neutral.pdf>.Acesso em: 
26 mar. 2017. 
76 Disponível em: <https://stillmed.olympic.org/Documents/olympic_charter_en.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2017. 
 
 33 
 
Diversamente desse modelo, florescido na Europa e consolidado em todo o mundo, o modelo 
norte-americano de governança e organização desportiva tem uma natureza marcadamente 
comercial, em que ligas do mesmo esporte competem entre si, tendo uma existência paralela àquela 
da entidade nacional reconhecida pelas federações internacionais e pelos comitês olímpicos 
nacionais, muitas vezes desenvolvendo a sua modalidade sob regras diferentes daquelas consagradas 
no resto do planeta. 
O grande exemplo deste último aspecto é a National Basketball League, a famosa NBA, que 
até hoje submete as suas disputas a regras diferentes da Fédération Internationale de Basketball 
(Fiba), por exemplo, a localização da linha demarcatória dos arremessos de três pontos, colocada 
mais distantes nas quadras dos jogos da NBA. 
Aliás, a própria regra dos arremessos de três pontos vigorou durante muito tempo somente 
na NBA, sendo um aspecto do jogo incorporado posteriormente pela Fiba. 
Em que pese ao sucesso mundial estrondoso da NBA, a entidade que representa o basquetebol 
norte-americano nas competições internacionais é a USA Basketball,77 organização que, a cada dois 
anos – nos Jogos Olímpicos e nos campeonatos mundiais –, vem contando com os atletas profissionais 
integrantes da NBA, mas que também recruta atletas universitários, outros amadores ou até mesmo 
profissionais jogando em outras ligas para competições de menor relevância internacional. 
Diferentemente das ligas mencionadas no caso do futebol internacional, onde se vê que a 
Lega Calcio italiana, La Liga espanhola e a Premier League inglesa são organizações estabelecidas 
no mesmo nível das federações nacionais, mas submetem-se à regulação desportiva e observam o 
monopólio consagrado no modelo europeu de esporte, as ligas norte-americanas muitas vezes 
concorrem entre si. 
Um exemplo característico é o futebol americano. A National Football League (NFL) é o 
resultado da fusão havida entre uma liga com este mesmo nome e a sua concorrente, a American 
Football League (AFL). Dessa rivalidade entre as duas ligas, nasceu o hoje mundialmente admirado 
Superbowl, concebido originalmente para ser um tira-teima entre os campeões de cada uma das 
entidades concorrentes. 
Pouco depois do advento do Superbowl, as duas ligas acabaram fundindo-se, estruturando-
se internamente em duas conferências que herdaram parte dos nomes originais. Hoje, a final que 
consagra o campeão da NFL se dá entre os campeões da Conferência Americana (AFC) e da 
Conferência Nacional (NFC). 
O próprio futebol amplamente praticado no resto do mundo, conhecido nos Estados Unidos 
como soccer, hoje tem ao menos três diferentes ligas concorrentes. A que atualmente conta com 
 
77 Disponível em: 
<http://www.fiba.com/pages/eng/fc/FIBA/fibaStru/nfLeag/p/nationalfederationnumber/379/nfProf.html>.Acesso em: 26 
mar. 2017. 
 
34 
 
maior projeção e que promove a competição reconhecida para os fins de representação internacional 
dos torneios continentais de clubes é a Major League Soccer (MLS). 
Entretanto, a liga com origens mais antigas é a North American Soccer League (NASL), que 
contou na sua primeira versão – entre 1970 e 1984 – com o time do New York Cosmos, que na 
década de 1970 tinha Pelé, Beckenbauer e Carlos Alberto Torres na sua linha titular. O time segue 
disputando a mesma liga, reativadaem 2010, e que hoje conta com oito times,78 contra os 22 times 
da MLS, que já prevê o ingresso do vigésimo terceiro em 2018 (o Los Angeles FC).79 
Já a terceira liga é a United Soccer League (USL), que já tem 30 times e mais um esperado 
para ingresso em próximas temporadas. Embora mais nova, a entidade conta com diversos times 
B de equipes da MLS, mostrando mais força do que a NASL para consolidar-se no mercado 
norte-americano.80 
A ênfase comercial da atuação de tais ligas é evidente, tratando-se a competição de cada uma 
delas como um produto único, centralizando-se políticas de remuneração de atletas, de 
comercialização de propriedades de marketing e de direitos de transmissão. Os clubes, mais do que 
filiados à liga, são verdadeiros sócios, perdendo em autonomia de gestão, mas ganhando no poder 
de negociação conjunto liderado pela referida entidade. 
 
 
 
78 Disponível em: <http://www.nasl.com>. Acesso em: 26 mar. 2017. 
79 Disponível em:<http://www.mlssoccer.com>. Acesso em: 26 mar. 2017. 
80 Disponível em:<http://www.uslsoccer.com>. Acesso em: 26 mar. 2017. 
 
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PROFESSOR-AUTOR 
Fernando Barbalho Martins é mestre em Direito Público pela Universidade do Estado do 
Rio de Janeiro, LLM em Direito Desportivo pela De Monfort University (Leicester, Reino Unido) 
e possui MBA em Gestão e Marketing Esportivo pela Trevisan Escola de Negócios. Sócio fundador 
de Caldas Barbalho Advogados (desde 2000), é Procurador do Estado do Rio de Janeiro também 
desde 2000 e ex-Procurador Federal (1998 e 2000). É ainda autor de Futebol: manual de 
(re)montagem (Aperj, 2015), Direito Administrativo, em coautoria com Flávio de Araújo Willeman 
(Impetus, 2015) e Do direito à democracia (Lumen Juris, 2007). Fernando recebeu o Prêmio 
Destaque Acadêmico (FGV/2010) pelo desempenho no Programa de Pós-Graduação em Direito.

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