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CURSO DE BACHARELADO EM NUTRIÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA ORTOREXIA E VIGOREXIA EM PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DE DUAS ACADEMIAS DE MURIAÉ, MG Flávia Damas De Souza Cunha Muriaé-MG 2018 FLÁVIA DAMAS DE SOUZA CUNHA IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA ORTOREXIA E VIGOREXIA EM PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DE DUAS ACADEMIAS DE MURIAÉ, MG Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário UNIFAMINAS. COMISSÃO EXAMINADORA ___________________________________ Profª. Drª. Naruna Pereira Rocha Centro Universitário UNIFAMINAS ___________________________________ Prof. Ms. Denise Félix Quintão Instituto Federal de Minas Gerais ___________________________________ Prof.. Nome do Membro da Banca 2 Centro Universitário UNIFAMINAS Muriaé, _____ de ___________ de 20____ DEDICATÓRIA A Deus por ter me dado força, determinação e coragem durante esta jornada, a minha família que esteve sempre ao meu lado me apoiando, as minhas amigas de faculdade que me fortaleceram, a minha orientadora Naruna Pereira e a minha co-orientadora Denise Quintão que sem a dedicação delas e a paciência comigo não seria possível a realização deste sonho. ii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde, força e por ter me colocado no caminho de uma escolha que certamente me fará muito realizada. Em seguida, agradeço aos meus pais, que me deram todo o apoio financeiro emocional para que eu pudesse ter a melhor educação possível e que nunca mediram esforços para cuidar de mim. Vocês são luzes em minha vida, me orgulho muito de vocês e obrigada por tudo! Amo vocês! Gostaria de agradecer também a toda minha família, em especial minha avó Lurdes (in memoriam) que sempre me incluía em suas orações pedindo para que Deus me amparasse nos dias de lutas. Aos meus tios Klébio, Nadir e Luiza que sempre me aconselharam e que estiveram presentes em todos os momentos nestes quatro anos. A todos os professores que tive na UNIFAMINAS, que me ajudaram a construir o conhecimento que tenho hoje e adquirir o caráter de um profissional. Em particular, agradeço a minha orientadora Denise Quintão, por ter aceito me ajudar, com toda a disponibilidade e paciência na construção deste trabalho e que mesmo de longe não mediu esforços para que saísse tudo perfeito e a Naruna Pereira que me acolheu como sua orientanda e que foi essencial nesta etapa. Não poderia deixar de agradecer também ao Juninho que se disponibilizou a me ajudar na coleta de dados. A Giseli, que me ajudou tanto nesta etapa, que me aguentou e que me incentivava a cada dia. E a todos que direta ou indiretamente me ajudaram na realização deste trabalho. Por último e não menos importante, agradeço a todos da turma 2015 e também aqueles que por ocasião do destino vieram a se tornar minhas amigas durante a graduação. Em especial ao bonde do fundão, Adelaide, Fabiane, Leticía, Nalydia e Roberta. Muito obrigada!. iii CUNHA, Flávia Damas De Souza. Imagem corporal e comportamentos de risco para ortorexia e vigorexia em praticantes de exercício físico de duas academias de Muriaé, MG. Trabalho de Conclusão de Curso, Curso de Bacharelado em Nutrição. Centro Universitário UNIFAMINAS, 2018. RESUMO A ortorexia e a vigorexia geram comportamentos restritivos e podem conduzir a graves consequências à saúde, sendo importante que os profissionais de saúde estejam atentos aos comportamentos e indicativos destes transtornos. O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento de risco para vigorexia, ortorexia e distúrbio de imagem corporal em indivíduos praticantes de exercício físico. Trata-se de um estudo transversal, com adultos frequentadores de duas academias em Muriaé-MG. Os participantes responderam a um questionário no qual continha perguntas sobre vigorexia, ortorexia, distorção da imagem corporal e a relação da mídia com tais transtornos. A insatisfação com a imagem corporal foi avaliada através da escala de silhueta. Foram avaliados 80 indivíduos com média etária de 31,9 ± 8,1 anos, sendo 57,5% do sexo feminino. Apresentaram comportamento de risco para ortorexia e vigorexia, 82,5% e 33,7% dos avaliados, respectivamente. Entre os participantes, 90,0% desejavam aumento da hipertrofia e somente 6,25% estavam satisfeitos com o seu corpo. Ao avaliar a relação do comportamento de risco para vigorexia, ortorexia e a insatisfação da imagem corporal com a profissão, idade e sexo dos participantes, não foram encontradas diferença significativa. Também não houve relação com digital influencer e utilização de algo indicado pelo mesmo, porém o grupo que apresentou comportamento de risco para vigorexia apresentou associação com o acesso a internet para troca de informações de dietas e treinos (p=0,044). Conclui-se que houve maior prevalência de comportamento de risco para ortorexia do que para vigorexia na amostra estudada, porém ambas são preocupantes devido está associada a baixa autoestima, comportamento de risco para transtornos alimentares e psicológicos, podendo gerar dependência da pratica de exercício físico, acarretando em mudanças na vida social desses indivíduos. Palavras chave: exercício físico, imagem corporal, mídia e transtornos. iv CUNHA, Flávia Damas De Souza. Body image and risk behaviors for orthorexia and vigorexia in physical exercise practitioners from two academies in Muriaé, MG. Course Completion Work, Bachelor's Degree in Nutrition. University Center UNIFAMINAS, 2018. SUMMARY Orthorexia and vigorexia generate restrictive behaviors and can lead to serious health consequences, and it is important that health professionals are aware of the behaviors and indicative of these disorders. The objective of this study was to evaluate the risk behavior for vigorexia, orthorexia and body image disorder in individuals practicing physical exercise. It is a cross-sectional study, with adults attending two academies in Muriaé-MG. Participants responded to a questionnaire containing questions about vigorexia, orthorexia, body image distortion, and the media relationship with such disorders. The dissatisfaction with body image was assessed through the silhouette scale. We evaluated 80 individuals with mean age of 31.9 ± 8.1 years, 57.5% female. They presented risk behavior for orthorexia and vigorexia, 82.5% and 33.7% of those evaluated, respectively. Among the participants, 90.0% wanted increased hypertrophy and only 6.25% were satisfied with their body. When assessing the relation of the risk behavior for vigorexia, orthorexia and body image dissatisfaction with the profession, age and sex of the participants, no significant difference was found. There was also no relation with digital influencer and use of something indicated by the same, but the group that presented risk behavior for vigorexia had an association with internet access for information exchange of diets and training (p = 0.044). It is concluded that there was a higher prevalence of risk behavior for orthorexia than for vigorexia in the studied sample, but both are worrisome because it is associated with low self-esteem, risk behavior for eating and psychological disorders, and may generate dependence on physical exercise, resulting in changes in the social life of these individuals. Key words: exercise, body image, media and disorders. v LISTA DE QUADROS Quadro 1 Prevalência de comportamento para vigorexia em desportistas. 10 Quadro 2 Prevalência de comportamento para ortorexia em diferentes grupos e regiões. 13 Quadro 3 Pontuação atribuída à cada questãopara classificação da predisposição a vigorexia. 14 Quadro 4 Pontuação atribuída para avaliação da predisposição a ortorexia. 15 vi LISTA DE TABELAS Tabela 1 Tipos de modalidade praticadas por frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 16 Tabela 2 Associação entre comportamento de risco para ortorexia e fatores sociodemográficos de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 17 Tabela 3 Relação do risco da vigorexia com a profissão, idade e sexo de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 18 Tabela 4 Influência da mídia sobre a prevalência da ortorexia e vigorexia de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 19 Tabela 5 Relação entre satisfação e insatisfação da imagem corporal com a profissão, idade e sexo de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 19 Tabela 6 Influência da mídia sobre a prevalência de satisfação e insatisfação com imagem corporal de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 20 vii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Indicação para o uso de suplementos alimentares de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 20 Gráfico 2 Prevalência dos especialistas procurados pelos frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 21 viii LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS TDC- Transtorno Dismórfico Corporal 4 TA- Transtornos Alimentares 4 DMS- Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais 4 ON- Ortorexia nervosa 10 APA- Associação Americana de Psiquiatria 11 OMS- Organização Mundial de Saúde 11 TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 13 ix LISTA DE ANEXOS Anexo 1- Autorização da Plataforma Brasil 33 x LISTA DE APÊNDICES Apêndice 1- Carta de Autorização Institucional 35 Apêndice 2- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 36 Apêndice 3- Questionário 38 xi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1 2. OBJETIVOS 2 2.1 Objetivo Geral 2 2.2 Objetivos Específicos 3 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3 3.1 Busca Pelo Corpo Perfeito 3 3.2 Transtornos Alimentares (TA) 4 3.3 Influências Pela Busca Do Corpo Perfeito 6 3.4 Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) 7 3.5 Ortorexia Nervosa (ON) 10 4. METODOLOGIA 13 5. RESULTADOS 16 6. DISCUSSÃO 21 7. CONCLUSÃO 26 8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 27 9. ANEXOS 33 10. APÊNDICES 35 1 1. INTRODUÇÃO Desde a mitologia grega, a aparência é alvo de grande importância na sociedade (GAMA-FILHO, 2007 apud SOLER et al., 2012). Até nos dias atuais o culto ao corpo é exaltado, colocando a beleza e a estética como condições de felicidade e riqueza. A imposição feita pela mídia, pela sociedade e pelo meio esportivo são alguns fatores causais para insatisfação do indivíduo com a imagem corporal (NUNES, 2006). Tais fatores têm desencadeado uma série de transtornos psíquicos chamados de “patologias culturais” como a vigorexia, a anorexia, a bulimia e a ortorexia. Todas têm uma linhagem compulsiva, relacionando-se com os transtornos mentais denominados compulsivos (PONTES et al., 2014). A vigorexia é um tipo de transtorno, em que o indivíduo se acha pequeno, fraco e sem força. Esse defeito estético chega a torturá-lo e o indivíduo passa a se sentir aparentemente detestável, gerando grande sofrimento psíquico, na medida em que o hipotético defeito não se concentra numa parte especifica do corpo, mas sim no corpo todo (EISEN, 2004 apud SOLER et al., 2012). Diante da incessante insatisfação corporal da população, distúrbios relacionados à imagem corporal que antes eram mais prevalentes no público feminino passaram a ser diagnosticados também no público masculino (RAVELLI, 2012). A vigorexia em especial, acomete principalmente homens, em uma faixa etária de 16 a 35 anos, podendo ocorrer até mesmo em idosos (FALCÃO, 2008). Os vigoréxicos buscam um corpo ideal através de rotinas de treinamentos e dietas extremamente rigorosas (RAVELLI, 2012). Normalmente, fazem dietas hiperproteicas e o uso de muitos suplementos alimentares, além do uso de anabolizantes para aumentar o rendimento físico (MOTA e AGUIAR, 2011). Nos últimos anos, vêm se discutindo sobre a ortorexia, este é considerado um novo transtorno alimentar ou somente uma face da personalidade obsessiva compulsiva (PONTES et al., 2014). A ortorexia é definida como a relação perfeita com o alimento biologicamente puro e rotulado como saudável, acarretando restrições alimentares significativas, deficiências de nutrientes essenciais, modificações das relações sociais e pessoais (DONINI et al., 2004). Além de restrições alimentares, a disfunção leva a um comportamento peculiar que acaba por demandar muito tempo do indivíduo na busca adequada dos 2 alimentos, na escolha e elaboração. O que diferencia a anorexia ou bulimia da ortorexia é que esta não é uma desordem alimentar quantitativa, e sim qualitativa, isto é, as pessoas se preocupam, em especial, com a qualidade do alimento (DONINI et al., 2004). Em relação ao público acometido, os indivíduos vulneráveis à ortorexia nervosa são pessoas organizadas e com exacerbada necessidade de autocuidado e proteção. Esse grupo inclui mulheres, que tendem a prestarem mais atenção à informação nutricional na mídia e lerem os rótulos dos alimentos em relação aos homens, pessoas adeptas de modismos alimentares e de hábitos alimentares alternativos, como vegetarianismo e dieta macrobiótica e também atletas que se dedicam a esportes como fisiculturismo e atletismo (BARTRINA, 2007; MARTÍN et al., 2014). A ortorexia pode não ser diagnosticada facilmente, pois nos dias atuais a busca pela alimentação saudável é estimulada e relacionada a promoção do bem- estar e ao aumento da expectativa de vida. Pessoas com ortorexia se vangloriam de seus comportamentos e escolhas, e vão se aperfeiçoando na aquisição de alimentos tidos como puros e orgânicos (PONTES et al., 2014). Tanto a ortorexia, vigorexia e a insatisfação com a imagem corporal geram comportamentos restritivos que podem trazer graves consequências a saúde, sendo importante que os profissionais de saúde fiquem atentos aos comportamentos e indicativos destes transtornos. Observa-se que poucos estudos foram realizados e publicados na América Latina e no Brasil, principalmente sobre a ortorexia. Diante deste fato é de extrema importância a realização de pesquisas com a população geral e em grupos considerados de risco (PONTES et al., 2014). 2. OBJETIVOS 2.1 Geral Avaliar a satisfação com a imagem corporal e o comportamento de risco para vigorexia, ortorexia em indivíduos praticantes de exercício físico de duas academias de Muriaé, MG. 3 2.2 Específicos • Relacionar o comportamento de risco para os transtornos com a profissão e a idade do desportista. • Comparar o comportamento de risco entre os sexos. • Identificar a prevalência de insatisfação corporal. • Verificar a influência da mídia no transtorno alimentar, na dismorfia muscular e na insatisfação da imagem corporal. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 BUSCA PELO CORPO PERFEITO O culto à beleza vem desde a mitologia grega, com o mito da deusa Afrodite que por onde passava, causava alvoroço por sua incomparável beleza. Na cultura ocidental, as mulheres são admiradas por sua beleza, considerada o principal atributo de valoração feminina. Enfeitada e incentivada a permanecer sempre bela, a mulher aprende desde criança aimportância da aparência para manter e conquistar posição de valor na sociedade (GRACINDO, 2015). Nos séculos passados as mulheres quando eram desejadas, tinham o corpo mais saliente, devido à deposição de gorduras em quadris, coxas, mamas e na barriga. Na época pré-industrial, a falta de alimentos foi frequente e as mulheres com excesso de peso simbolizavam uma mulher forte, com energia suficiente para enfrentar esses períodos de carência sendo capazes de proteger a sua família (INAD, 2004 apud BOSI et al., 2006). A partir da década de 1960, esse cenário se modificou, a busca pelo corpo magro, atlético e por formas definidas passou a ser objeto de desejo, tendo em vista a oferta de produtos e serviços em um mercado que cresce a cada dia (FERRIANI et al., 2005 apud BOSI et al., 2006). O culto à magreza se tornou diretamente associado à imagem de poder, beleza e status social para as mulheres (ANDRADE e BOSI, 2003). No caso dos homens, o padrão imposto foi um corpo musculoso (MCCREARY et al., 2007). O extremo valor à estética, tornou-se prioridade na vida para muitos individuos, ter em especial baixo percentual de gordura, significa um perfil antropométrico adequado (JUNIOR et al., 2013). 4 O fácil acesso de informações para que os indivíduos se tornem responsáveis por si e pela construção corporal, contribuem para uma valorização onde os corpos que são atraentes são aqueles “sarados”, com musculatura aparente, ativos, sempre em busca de uma beleza perfeita (DEZAN e MACHADO, 2011). Segundo Levandoski e Cardoso (2013) a insegurança em relação à autoimagem desenvolvidas durante a adolescência podem ser prolongadas para a vida adulta quando não são solucionadas e tratadas. As pessoas tendem a se culparem pelo “fracasso” do próprio corpo. Priorizando a aparência como um fator fundamental para o reconhecimento social do indivíduo (GARRINI, 2007). A gordura, a flacidez e o sedentarismo representam a indisciplina e o descaso. Observa-se que o indivíduo só é aceito em sociedade ao estar de acordo com os padrões do grupo (MELIN e ARAÚJO, 2002). O físico passou a ser de alta relevância cultural, o fator que integra o indivíduo a um grupo e ao mesmo tempo o destaca dos demais. Possuir um corpo “perfeito”, “bem delineado” e “em boa forma” representa a vitória sobre os demais (GARRINI, 2007). Estes comportamentos pela busca do corpo perfeito podem comprometer a saúde física, psíquica e social desses indivíduos, acarretando em práticas inadequadas para o controle do peso corporal, graves problemas de aceitação social, ansiedade, depressão e baixa autoestima (RISTOW, 2013). Sabe-se que o incômodo com a forma corporal pode gerar diversos transtornos mentais que, ao longo de sua evolução, são características psicopatológicas mais proeminentes do transtorno dismórfico corporal (TDC) e dos transtornos alimentares (TA) (NASCIMENTO et al., 2010). 3.2 TRANSTORNOS ALIMENTARES (TA) O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) (2014), conceitua transtornos alimentares como uma desordem persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação podendo afetar no consumo ou na absorção de alimentos e comprometendo significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. Os transtornos alimentares se caracterizam pela restrição alimentar, redução da ingestão de alimentos calóricos e utilização de métodos de purgação. Estes hábitos podem gerar distúrbios menstruais, desmineralização óssea, perda de 5 massa muscular e gordura corporal, irregularidades digestivas, arritmias cardíacas e desidratação. Dentre os sintomas psicológicos é frequente que o paciente apresente ansiedade, depressão, baixa autoestima, irritabilidade e frustração, o que acarreta em diversas consequências à vida social, afetiva e profissional (OLIVEIRA et al., 2003). Sabe-se que diversos transtornos psicológicos podem causar ao longo da vida insatisfação com a forma corporal. A distorção da imagem corporal é uma das características psicopatológicas mais relevante do transtorno dismórfico corporal (TDC) e dos transtornos alimentares (TA) (NASCIMENTO et al., 2010). A imagem corporal, é uma representação mental de todas as maneiras de percepção do corpo acompanhada por uma autoavaliação da imagem captada pelo indivíduo. Sendo que esta imagem pode apresentar distorções, gerando uma insatisfação corporal, que pode ser definida como uma autoavaliação negativa em relação a como o corpo é visto (ADAMI, 2008). Devido a crescente insatisfação com a imagem corporal, há um enorme número de dietas, modismos alimentares e novas práticas para perda de peso sendo divulgadas pela mídia e por outros meios de comunicação, aumentando-se assim a frequência e os tipos de transtornos alimentares (SICCHIERI et al., 2006). Os que apresentam maior prevalência são a anorexia e a bulimia, cuja única intenção é de se adequar as normas de beleza, ou seja, a magreza exacerbada imposta pela sociedade, vinculadas com as práticas de purgação, excesso de atividade física e dietas restritivas (OLIVEIRA, 2012). Embora classificados separadamente, os dois transtornos estão intimamente relacionados por apresentarem psicopatologias iguais, uma preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, que leva os pacientes a se engajarem em dietas extremamente restritivas ou a utilizarem métodos inapropriados para alcançarem o corpo idealizado. Tais pacientes costumam julgar a si mesmos baseando-se quase que exclusivamente em sua aparência física, com a qual se mostram sempre insatisfeitos (CLAUDINO e BORGES, 2002). Os anoréxicos restringem a ingestão alimentar, fazem poucas refeições ao dia, apresentam o hábito de jejuar, picam a comida em pedaços muito pequenos, deixam sempre sobras da refeição no prato, exercitam-se de forma exagerada e possuem outros comportamentos bastante obsessivos. Os pacientes com bulimia nervosa escolhem os horários de refeições em que ficam sozinhos para comerem 6 compulsivamente, as refeições acompanham grandes volumes de líquidos para facilitar ou ajudar na indução do vômito e ingerem rapidamente grandes quantidades de alimentos. Estes transtornos afetam mulheres, adolescentes e adultos, sendo os homens, com menor frequência (SICCHIERI et al., 2006). Diversos fatores de vulnerabilidade têm influência no desenvolvimento destes transtornos, sejam eles, a valorização da magreza e repressão aos obesos, o culto ao corpo imposto pela mídia, a sociedade que exige uma competitividade e o sucesso dos indivíduos, famílias muito críticas, rígidas entre outros fatores (SICCHIERI et al., 2006). A ortorexia nervosa é um transtorno alimentar mais atual, que ainda não foi reconhecido oficialmente pelas autoridades médicas. É caracterizada pela obsessão patológica por alimentos saudáveis, o que acarreta restrições importantes na dieta. Essa obsessão ocasiona perda de relacionamentos sociais e insatisfações afetivas. A pessoa, no primeiro momento, deseja melhorar sua saúde, tratar uma doença ou emagrecer, porém a dieta acaba se tornando a parte mais importante da vida (RIBEIRO e OLIVEIRA, 2011). 3.3 INFLUÊNCIAS PELA BUSCA DO CORPO PERFEITO Diversos fatores desencadeiam esses transtornos, sendo a mídia um dos principais, desempenhando um forte domínio, seja ela televisiva, documentária ou por revistas de grande circulação, entre outras (OLIVEIRA, 2012). As redes sociais virtuais tais como Instagram®, Facebook®, etc., criam uma aproximação entre as pessoas que procuram obter informações sobre os mais diferentes assuntos e interação, em tempo real ou quase que em tempo real, com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo que tenham o mesmo interesse (DEZAN e MACHADO, 2011). Os anúncios publicitários vêm contribuindo e influenciando na imagem corporal dos homens, pois dão ênfase ao corpo perfeito e aobiotipo ideal do homem moderno, atlético, musculoso, sem gordura, da mesma maneira que influenciam e impõem padrões as mulheres há décadas (OLIVEIRA, 2012). Ao ligar a televisão ou folhear uma revista ou jornal, garotas e garotos perfeitos com curvas delineadas e porte atlético tentam vender um carro, um eletrodoméstico, um tênis, estabelecendo os padrões estéticos. Isto faz com que as 7 pessoas fiquem escravas de um ideal, ressaltando o narcisismo e impondo para si mesmas uma disciplina extremamente severa, por vezes dolorosa (DEZAN e MACHADO, 2011), e que muitas vezes, é impossível de ser alcançado pela maioria da população (OLIVEIRA, 2012). Nas redes sociais, como Google+®, Facebook® e Instagram®, é normal postar fotos pessoais. Quem publica fotos espera passar uma boa imagem e ser reconhecido com uma “curtida”, um comentário e às vezes até um compartilhamento (GRACINDO, 2015). Quem deseja parecer-se com as celebridades pode-se sentir frustrado, pois muitas imagens de “famosos” divulgadas na mídia nem sempre correspondem à realidade. Antes de serem postadas nas redes sociais, podem passar por edições e efeitos especiais. Alguns usuários desejam reconhecimento, fama e poder, intensificando a busca por uma aparência as vezes inatingível (GRACINDO, 2015). Com isso, há o aumento da divulgação de produtos e os serviços de beleza que auxiliam na busca pelo “corpo perfeito” como os cosméticos, os moderadores de apetite, as cirurgias plásticas, as clínicas de estéticas, as academias esportivas, os suplementos, os anabolizantes, entre outros (GARRINI, 2007; OLIVEIRA, 2012). O universo estético é grande e rentável devido as preocupações corporais que aumentaram nas últimas décadas e devido ao grande número de produtos com essa finalidade. Chama a atenção não só o fato de que estes produtos podem fazer efeitos ou não, mas também a maneira de como estão sendo veiculados, o encantamento que o produto produz e as imagens corporais que se relacionam com os tais produtos (DEZAN e MACHADO, 2011). 3.4 TRANSTORNO DISMÓRFICO CORPORAL (TDC) O Transtorno Dismórfico Corporal conhecido como vigorexia é definido pela prática intensa de exercícios físicos, com uma preocupação exacerbada com o corpo, associada a uma dieta não convencional. Conhecida também por Dismorfia Muscular Masculina, “Anorexia Nervosa Reversa” ou “Complexo de Adônis (CAMARGO et al., 2008). Acredita-se que os fatores mais importantes relacionados à vigorexia são a distorção da percepção da imagem corporal, a insatisfação com o corpo, e a construção de uma imagem corporal ideal. Esses três fatores, juntamente com o 8 perfeccionismo, a baixa autoestima, o afeto negativo e a pressão da mídia são vistas como condições principais necessárias para o desenvolvimento da vigorexia (GRIEVE, 2007 apud AZEVEDO et al., 2012). Os que sofrem com esse distúrbio apresentam auto percepção de imagem corporal distorcida, fazendo com que enxerguem seus corpos pequenos e fracos, enquanto que, na realidade, são extremamente musculosos e definidos. Os distúrbios relacionados à imagem corporal que antes eram exclusivamente relacionados ao público feminino, hoje não são mais exclusividade (RAVELLI, 2012). Indivíduos vigoréxicos quando ficam um dia sem se exercitar ou sem o uso de esteroides anabolizantes, se sentem rejeitados, discriminados ou deprimidos, chegando a comprometer as atividades sociais, ocupacionais, recreativas e até mesmo os relacionamentos interpessoais (OLIVARDIA, 2001 apud AZEVEDO et al., 2012). A atividade física pode ser realizada de forma excessiva, chegando a ocupar quatro a cinco horas por dia. As atividades aeróbias são evitadas para que não ocorra perda da massa muscular adquirida durante as intensas sessões de musculação. Os possíveis ganhos musculares são avaliados incansavelmente todos os dias (OLIVARDI, 2001 apud ASSUNÇÃO, 2002). É comum ocorrer o overtraining, que se caracteriza pelo excesso de treinamento, ou seja, tempo de recuperação incompleto entre as sessões, que se dá pela compulsão exacerbada à prática do treinamento de força provocando manifestações de ordens físicas, psíquicas ou emocionais. A ocorrência dessas características, conduz principalmente ao acontecimento de lesões, que pode ser uma das consequências do estado de overtraining, ao qual o indivíduo se submete na busca pelo corpo ideal. Essa insistência em continuar com o treinamento, mesmo após lesões, pode estar associada aos sinais de vigorexia (ASSUNÇÃO, 2002; FLECK e KRAEMER, 2006 apud AZEVEDO et al., 2012). As consequências psicológicas da vigorexia são: depressão, ansiedade, isolamento, afetando principalmente o trabalho e os estudos além dos problemas nas relações interpessoais. As possíveis manifestações biológicas são: aumento das concentrações do colesterol, mudanças metabólicas que repercutem sobre o fígado e sistema cardiovascular, diminuição do centro respiratório, hipertrofia prostática, hipogonadismo e ginecomastia, amenorreia e ciclos menstruais irregulares nas mulheres (ALONSO, 2006 apud FALCÃO, 2008). 9 Outras manifestações físicas, psíquicas e emocionais seriam: insônia, falta de apetite, irritabilidade, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração, problemas físicos e estéticos. Pode ocorrer a desproporção displásica entre o corpo e a cabeça, dores músculo-articulares, falta de agilidade e encurtamento de músculos e tendões (FALCÃO, 2008). Esses indivíduos evitam situações em que seus corpos são expostos a outras pessoas como praias, piscinas ou vestiários e demonstram extrema ansiedade se não conseguem sair dessa situação. Os mesmos continuam a praticar musculação, fazer dietas ou até usar substâncias ilegais que melhorem o desempenho, apesar de serem cientes dos efeitos adversos ou das consequências psicológicas das suas decisões (GRIEVE, 2007 apud OLIVEIRA, 2012). A grande maioria de indivíduos, atletas ou não, com o objetivo de aumentar a força muscular ou melhorar a aparência, utilizam ilegalmente esteróides anabolizantes. Os que fazem uso destas substâncias, acreditam que proporcionam sessões de atividade física mais intensas por retardar a fadiga, aumentar a resistência e a motivação, estimular a agressividade e diminuir o tempo necessário para a recuperação entre as sessões de exercício. Além disso, estas drogas teriam ação direta no aumento do tecido muscular (BROWER, 1993 apud ASSUNÇÃO, 2002). Os anabolizantes estão associados à predisposição de crises comportamentais, decorrentes de transtornos psiquiátricos da dismorfia muscular que incluem complicações como alterações de humor, anormalidades na percepção corporal e sintomas de abstinência provocadas pela dependência e interrupção do uso de esteróides (KANAYAMA et al., 2009 apud AZEVEDO et al., 2012). A vigorexia é uma enfermidade silenciosa e encoberta, principalmente para os homens, pois os mesmos possuem dificuldade de expressar e falar de seus sentimentos, angústias e indecisões, seja para seus amigos, familiares ou parceiros e até para si mesmos, o que dificulta a prevenção e o diagnóstico precoce. Quando procuram ajuda médica e/ou psicológica já se encontram em estados avançados da doença, dificultando ainda mais o tratamento (FALCÃO, 2008). Em relação às pesquisas nacionais e internacionais sobre o tema com desportistas, a taxa de prevalência de comportamento para vigorexia variou de 23% a 90% (Quadro 1). 10 Quadro 1: Prevalência de comportamento para vigorexia em desportistas Autores N / sexo Tipo de atividade Média da Idade Região do estudo Prevalência de comportamento para vigorexia Azevedo et al. (2012) 20 / ambos os sexos Musculação 19,6 ± 1,9 anos Paraíba- PB 85% Zimmermann (2013) 61/ Homens Musculação 24,8 ± 4,1 anos Biguaçu- SC 23% Palazón-Bru et al. (2016)141 / Homens Musculação 26 ± 7,1 anos Espanha 31,9% Sá (2017) 30 / ambos os sexos Crossfit 18 a 35 anos Natal-RN 90% Devrim et al. (2018) 120 / ambos os sexos Fisiculturis- mo 31,0 ± 10,6 anos Turquia 67,5% Assim como os transtornos alimentares ou outras psicopatologias, o maior desafio em relação aos pacientes com dismorfia muscular é convencê-los a procurar por tratamento especializado. A ilusão de que “o corpo perfeito” faz bem à saúde, dificulta ainda mais a procura por tratamento, pois o indivíduo com esse distúrbio vai ao médico quando está lesionado ou quando faz uso de anabolizantes e deseja acabar com os efeitos colaterais. Muitas vezes, os indivíduos não conseguem admitir que possuem uma patologia relacionada à percepção da imagem corporal ou compulsão em exercícios físicos, principalmente se estes forem do sexo masculino (OLIVEIRA, 2012). 3.5 ORTOREXIA NERVOSA (ON) O termo Ortorexia Nervosa (ON) indica uma obsessão doentia por alimentos saudáveis. O termo é derivado do grego “orthos”, que significa “direito” ou “correto”, que foi proposta por Steven Bratman em 1997, que identificou o distúrbio alimentar. 11 O mesmo é definido como uma compulsão excessiva por alimentos biologicamente puros, acarretando restrições alimentares significativas. Trata-se de indivíduos que possuem uma preocupação exagerada com a qualidade dos alimentos, a pureza como livre de herbicidas, pesticidas e outras substâncias artificiais e o uso exclusivo de alimentos rotulados corretos e saudáveis. Os Transtornos Alimentares (TA) são graves distúrbios psiquiátricos considerados importantes problemas de saúde. Os clássicos têm seus critérios diagnósticos definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ou pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), porém a ON não é oficialmente reconhecida. Tal comportamento alimentar é ainda pouco explorado na literatura científica por diversas razões, possivelmente, por não ser um TA oficialmente reconhecido e por ter poucos trabalhos publicados (ADA, 2006 apud MARTINS et al., 2011). A compreensão e a abordagem equilibrada desse tema pode ser complexa e até mesmo de menor interesse para os profissionais da área de alimentação e saúde, constantemente centrados em propagar a adoção de hábitos alimentares saudáveis, principalmente do ponto de vista biológico (MARTINS et al., 2011). Sabe-se que prestar atenção ao que é ingerido e demonstrar interesse por uma dieta saudável é, em geral, uma medida que ajuda a manter e melhorar a saúde e o bem-estar, esse comportamento pode atuar, como forma de seguir os termos impostos pela sociedade. Pois o desejo de comer alimentos saudáveis não é em si uma doença, mas a compulsão por esses alimentos sim (DONINI et al., 2004; BARTRINA, 2007). Geralmente, os ortoréxicos dedicam-se mais de três horas por dia para os cuidados com a dieta, excluem da alimentação corantes, conservantes, ingredientes geneticamente modificados, gorduras, sal e açúcar, pois são vistos como alimentos prejudiciais à saúde e são adeptos a uma alimentação orgânica, ecológica e funcional (MARTINS et al., 2011). O fato de praticarem uma dieta muito restritiva pode levar ao desenvolvimento de carências nutricionais como anemia, hipovitaminose A e deficiência de B12, além de osteoporose e desnutrição (MONTAGNER, 2000 apud MARTINS et al., 2011). Quando chega ao ponto em que tudo gira em torno do alimento e leva a severas restrições como controlar o que comer, impor proibições e programar refeições, esses comportamento se tornam uma prioridade para poder se sentir 12 seguro, calmo e no controle da situação, os portadores deste transtornos se recusam a comer fora de casa, por não confiar na preparação alimentar, evitam atos de socialização e se distanciam de seus amigos e parentes além de apresentar uma insatisfação afetiva e pessoal (ZAMORA et al., 2005; BARTRINA, 2007). A forma da dieta diária é estabelecida em quatro fases. Uma primeira seção que é dedicada a pensar cuidadosamente o que vai ser consumido naquele dia ou no dia seguinte; a segunda fase, relacionada à compra meticulosa e hipercrítica de cada um dos ingredientes; a terceira fase, relacionada com a preparação culinária desses ingredientes, na qual as técnicas e procedimentos que não estão relacionados aos riscos para a saúde também terão que estar presentes e a quarta fase, que é uma fase de satisfação, conforto ou culpa baseada no cumprimento adequado das três seções anteriores (BARTRINA, 2007). Se em algum dos dias não for possível cumprir estes passos, é estabelecido um sentimento de culpa e preocupação pela transgressão ou pelo não cumprimento das metas estabelecidas. Esta sensação de culpa provoca intenso isolamento social desses indivíduos (BARTRINA, 2007). Apesar de ter sido relatada pela primeira vez em 1996, o assunto permanece imperceptível e pouco caracterizado na literatura, com poucos estudos publicados (ALMEIDA et al., 2018). Observa-se que poucos estudos foram realizados e publicados na América Latina e no Brasil (PONTES et al., 2014). O quadro 2 expõem alguns estudos realizados sobre o tema, com diferentes grupos e regiões, sendo encontrado a maior prevalência (88,7%) de comportamento para ortorexia em universitárias do curso de nutrição. 13 Quadro 2: Prevalência de comportamento para ortorexia em diferentes grupos e regiões Autores N / sexo Público estudado Média da Idade Região Prevalência de comportamento para ortorexia Souza e Rodrigues (2014) 150/ Mulheres Universitárias do curso de Nutrição 23,2 ± 6,3 anos São Paulo - BR 88,7% Rudolph (2017) 1008/ ambos os sexos Membros ativos de clubes esportivos 29,4 ± 11,6 anos Alemanha 8,8% Tremelling et al. (2017) 636/ ambos os sexos Nutricionistas - Estados Unidos 49,5% Agopyan et al. (2018) 136/ Mulheres Estudantes do curso de Nutrição 20,9 ± 2,0 anos Turquia 70,6% Almeida et al. (2018) 193/ ambos os sexos Desportistas 30,96 anos ± 1,03 anos Portugal 51,8% 4. METODOLOGIA Trata-se de um estudo transversal, que foi realizado nos meses de junho a julho de 2018, com adultos praticantes de exercício físico de duas academias em Muriaé-MG. Foi entregue a Carta de Autorização Institucional (Apêndice 1) e assinada pelo responsável. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário UNIFAMINAS, sob o número CAAE 88726218.0.0000.5105 (Anexo 1). Os critérios de inclusão da pesquisa foram: ser praticantes de exercício físico, de ambos os sexos, frequentadores assíduos (no mínimo três vezes na semana) e os que concordaram em participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 2). Os critérios de exclusão da pesquisa foram os frequentadores da academia que praticavam exercício físico 14 menos de três vezes na semana e os participantes que preencheram de forma incorreta o questionário. Foram aplicados dois questionários (Apêndice 3), um para analisar o comportamento de risco para ortoréxicos e outro para avaliar o comportamento de risco para vigoréxicos. O questionário para vigorexia foi elaborado por Rodrigues et al., (2008) com dez perguntas em que, para cada pergunta respondida há um somatório de pontos para classificar o envolvimento do voluntário diante da vigorexia. Somente a questão número um possuía outra classificação, pois tem mais de duas opções de resposta, 1ª A=0 B=1 C=2 D=3 (Quadro 3). Quadro 3. Pontuação atribuída à cada questão para classificação da predisposição à Vigorexia. Questões agrupadas por tipo Sim Não n° 2,3,6,10 2 ptos 0 ptos n° 4 1 ptos 0 ptos n° 5, 9 4 ptos 0 ptos n° 7 0 ptos 2 ptos n° 8 3 ptos 0 ptos Fonte:RODRIGUES et al., 2008. A interpretação do questionário é feita da seguinte forma: • 0 a 7 pontos: Fique tranquilo pois você não está dentro dos padrões considerados vigoréxicos. • 8 a 10 pontos: Seu comportamento ainda está normal, mas já precisa se preocupar. • 11 a 15 pontos: Procure colocar a atividade física e a saúde como forma de bem- estar, não destrua seu corpo em virtude das cobranças para um corpo perfeito. • 16 a 21 pontos: Todos os indícios indicam a vigorexia, procure um médico especialista para conhecer mais sobre o assunto. O segundo questionário abordou a ortorexia e foi desenvolvido por Donini et al., (2004) sendo traduzido por Pontes et al., (2014). O questionário continha 15 perguntas, sendo que ao comportamento relacionado à ortorexia era atribuído peso 1 e ao comportamento mais saudável atribuído peso 4. A classificação da ortorexia 15 foi baseada no ponto de corte maior e igual ou menor que 40 pontos. Quando o somatório deu <40 pontos, o indivíduo era classificado com comportamento de risco e ≥ 40 pontos, classificado como sem comportamento de risco (Quadro 4). Quadro 4. Pontuação atribuída para avaliação da predisposição a ortorexia. Questões agrupadas por tipo Sempre Muitas vezes Algumas vezes Nunca n° 2, 5, 8, 9 4 ptos 3 ptos 2 ptos 1 pto n° 3, 4, 6, 7, 10, 11, 12, 14, 15 1 ptos 2 ptos 3 ptos 4 ptos n° 1, 13 2 ptos 4 ptos 3 ptos 1 pto Fonte: DONINI et al., 2004 apud PONTES et al., 2014. No questionário havia também algumas perguntas complementares relacionadas à influência da mídia e duas imagens de escala corporal que foram adaptadas por Frederick et al. (2007), no qual o indivíduo realizava uma autoavaliação e escolhia o número da silhueta que considera semelhante à sua aparência corporal real e o número da silhueta que desejava possuir. Para avaliação da satisfação corporal foi considerada a seguinte equação: aparência corporal desejada menos aparência corporal real. Caso essa variação fosse igual a zero, o indivíduo era classificado como satisfeito com sua aparência e se diferente de zero o mesmo era classificado como insatisfeito. Resultado superior ou igual a +1, considerou-se insatisfeito com desejo de ganho de massa muscular. Se igual ou inferior a -1 classificado como insatisfeito pelo desejo de menor hipertrofia. Os dados foram tabulados em uma planilha de Excel (versão 2016) e analisados no programa Stata® (versão 13.0). Realizaram-se análises de frequência absoluta e relativa, tendência central (média e mediana), além das medidas de dispersão (desvio-padrão e valores mínimos e máximos). Para análise associativa dos dados foi realizado o teste do Qui-Quadrado de Pearson e o Qui-Quadrado de Tendência Linear. Foram divididas por categorias as idades:< 31 anos e ≥ 31 anos, a profissão entre a área da saúde e outros e o sexo 16 em feminino e masculino. Para todas as análises adotou-se significância estatística de p≤0,05. 5. RESULTADOS Participaram desta pesquisa 80 indivíduos praticantes de diferentes exercícios físicos. Destes, 57,5% eram do sexo feminino. A idade dos participantes variou entre 18 a 60 anos, com média etária de 31,9 ± 8,1 anos. Quanto às modalidades praticadas de exercício físico, 35% dos avaliados praticavam apenas um tipo, 52,5% dois tipos e 12,5% três tipos de modalidades. Sendo a musculação a modalidade mais citada (43,8%), seguida pelo crossfit (33,0%) (Tabela 1). Em relação ao tempo diário de prática de exercício físico, 37,5% dos participantes relataram ficar uma hora ou menos na academia, 30% em torno de uma hora e meia, 17,5% ficavam duas horas e 15% mais de duas horas. Tabela 1. Tipos de modalidade praticadas por frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Exercício Físico N (%) Musculação 49 43,8 Crossfit Ciclismo Corrida Pilates 37 6 6 4 33,0 5,3 5,3 3,6 Funcional Spinning 3 3 2,7 2,7 HIIT Jiu-Jitsu 2 1 1,8 0,9 Futebol 1 0,9 Entre os avaliados, 82,5% apresentaram risco para o desenvolvimento da ortorexia. A média da pontuação do questionário foi de 34,7 ± 4,6, com valor mínimo 17 de 23 e máximo de 44. Não houve diferença significativa entre o comportamento de risco para ortorexia e os fatores idade, sexo e profissão (Tabela 2). Tabela 2. Associação entre comportamento de risco para ortorexia e fatores sociodemográficos de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Variáveis Ortorexia Sem comportamento Risco p n (%) n (%) Profissão Área da saúde 12 (21,4) 44 (78,6) 0,158 Outros 2 (8,3) 22 (91,7) Idade < 31 anos 7 (15,9) 37 (84,1) 0,679 ≥ 31 anos 7 (19,4) 29 (80,6) Sexo Feminino 8 (17,3) 38 (82,6) 0,976 Masculino 6 (17,6) 28 (82,3) Em relação á vigorexia, 33,7% dos participantes se enquadravam no grupo de risco. A média da pontuação foi de 8,3 ± 4,2 pontos, com valor mínimo de zero e máximo de 17. Não houve diferença significativa entre o comportamento de risco para vigorexia e os fatores sociodemográficos (Tabela 3). 18 Tabela 3. Relação do risco da vigorexia com a profissão, idade e sexo de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Variáveis Vigorexia p Sem comportamento Risco n (%) n (%) Profissão Área de saúde 39 (69,6) 17(30,4) 0,327 Outros 14 (58,3) 10 (41,7) Idade < 31anos 31 (70,5) 13 (29,5) 0,379 ≥ 31 anos 22 (61,1) 14 (38,9) Sexo Feminino 35 (76,0) 11 (23,9) 0,789 Masculino 18 (52,9) 16 (47,0) Sobre a influência da mídia no transtorno alimentar e na dismorfia muscular, 85,0% do grupo de risco para ortorexia seguia algum digital influencer, 91,6% já havia usado algo indicado pela mídia e 87,5% acessado a internet com intuito de trocar experiências sobre dietas ou treinos, tais dados não apresentaram significância estatística. Já no grupo de risco para vigorexia, 42,5% dos avaliados seguiam um digital influencer, 50,0% nunca haviam usado nada indicado e 50,0% acessavam a internet com o intuito de trocar experiências. Não houve diferença significativa entre o grupo de risco de vigorexia para seguir um digital influencer e entre utilizar algo indicado por ele, porém em relação ao acesso da internet para troca de informações de dietas e treinos houve associação (p=0,044) (Tabela 4). 19 Tabela 4. Influência da mídia sobre a prevalência da ortorexia e vigorexia de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Ortorexia Vigorexia Sem comp. Risco p Sem comp. Risco p n (%) n (%) Segue digital influencer Sim 6 (15,0) 34 (85,0) 0,556 23 (57,5) 23 (57,5) 0,098 Não 8 (20,0) 8 (20,0) 30 (75,0) 10 (25,0) Usou algo indicado pela mídia Sim 1 (8,3) 11 (91,6) 0,365 6 (50,0) 6 (50,0) 0,197 Não 13 (19,2) 55 (80,8) 47 (69,1) 21 (30,9) Acessa internet para trocas de treinos e dietas Sim 3 (12,5) 21 (87,5) 0,441 12 (50,0) 12 (50,0) 0,044* Não 11 (19,7) 45 (80,3) 41 (73,2) 15 (26,8) Em relação à insatisfação da imagem corporal, observou-se que 90,0% dos participantes desejavam aumento da hipertrofia, e que apenas 6,25% estavam satisfeitos com o seu corpo. Não houve associação entre a imagem corporal e a profissão, idade e sexo dos participantes (Tabela 5). Tabela 5. Relação entre satisfação e insatisfação da imagem corporal com a profissão, idade e sexo de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé- MG, 2018 Variáveis Imagem Corporal < Hipertrofia > Hipertrofia Satisfeito p n (%) n (%) n (%) Profissão Área de saúde 50 (89,3) 3 (5,4) 3 (5,4) 0,842 Outros 22 (91,7) 0 (0) 2 (8,3) Idade < 31anos 39 (88,6) 1 (2,3) 4 (9,1) 0,132 ≥ 31 anos33 (91,7) 2 (5,6) 1 (2,7) Sexo Feminino 41 (89,1) 2 (4,4) 3 (6,5) 0,844 Masculino 31 (91,2) 1 (2,9) 2 (5,9) Observou-se que não houve diferença significativa entre a imagem corporal e seguir um digital influencer, utilizar algo indicado pela mídia e realizar a troca de informações de dietas e treinos pelos participantes (Tabela 6). 20 Tabela 6. Influência da mídia sobre a prevalência de satisfação e insatisfação com imagem corporal de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Variáveis Imagem Corporal < Hipertrofia > Hipertrofia Satisfeito p n (%) n (%) n (%) Segue digital influencer Sim 37 (92,5) 1 (2,5) 2 (5,0) 0,549 Não 35 (87,5) 2 (5,0) 3 (7,5) Usou algo indicado pela mídia Sim 12 (100,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0,257 Não 60 (88,2) 3 (4,4) 5 (7,4) Acessa internet para trocas de treinos e dietas Sim 23 (95,8) 0 (0,0) 1 (4,2) 0,432 Não 49 (87,5) 3 (5,4) 4 (7,1) Entre os desportistas, 51,2% faziam uso de suplementos alimentares, com tempo médio de uso de 51,2 ± 42,7 meses, sendo que 46,4% faziam o uso por conta própria (Gráfico 1). Gráfico 1. Indicação para o uso de suplementos alimentares de frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 21 Foi verificado que 57,5% dos avaliados, realizavam acompanhamento com algum profissional de saúde, sendo que a maioria (73,9%) procurava um nutricionista para o acompanhamento (gráfico 2). Gráfico 2. Prevalência dos especialistas procurados pelos frequentadores de uma academia da cidade de Muriaé-MG, 2018 Quando indagados sobre se já tomaram atitudes mais extremas para mudar a aparência, 21,25% dos entrevistados responderam que sim, dentre as respostas, as mais citadas foram jejum, excesso de atividades físicas e medicações sem orientações. 6. DISCUSSÃO Foi possível verificar que 82,5% dos participantes apresentavam risco para comportamento da ortorexia e 33,7% para vigorexia. Entre os participantes, 90,0% desejavam aumento da hipertrofia e somente 6,25% estavam satisfeitos com o seu corpo. O exercício físico mais praticado foi a musculação com 43,8%, sendo que 37,5% dos participantes ficam uma hora ou menos na academia. Estudo realizado por Sá (2017) avaliou 30 praticantes de crossfit do sexo masculino, com idade entre 18 e 35 anos, da cidade de Natal-RN, o mesmo, encontrou que 90% dos avaliados apresentaram risco para o comportamento de 22 vigorexia, sendo que 16% foram classificados com fortes indícios e 66,6% se mostraram insatisfeitos com a imagem corporal. Não houve associação da vigorexia com a percepção da autoimagem. A distorção na autopercepção da imagem corporal está inserida não só em sujeitos acometidos por algum transtorno dismórfico, mas também na preocupação em se encaixar em padrões de beleza, fato que está se tornando comum entre os praticantes de Crossfit. Na pesquisa realizada por Zimmermann (2013), com adultos de 18 a 33 anos, praticantes de musculação em academias de Biguaçu-Sc, observou-se que 23% dos adultos apresentavam fortes indícios de vigorexia. Observou-se também que, dos 14 indivíduos com elevados indícios, 21,1% não estavam satisfeitos com sua imagem corporal e desejavam aumentar sua musculatura. Acredita-se que a insatisfação com a própria imagem corporal e o desejo de tornar-se ainda mais musculoso está fortemente ligado ao comportamento vigoréxico. Entretanto, as diferenças encontradas neste estudo com os resultados dos demais podem estar relacionados ao número inferior da amostra, e também pelo fato dos instrumentos de coleta de dados utilizados serem diferentes. A relação entre a dismorfia muscular e o sexo masculino pode ser atribuída pelas alterações na percepção da imagem corporal e a consequente compulsão pelo treinamento de força que conduzem a uma hipertrofia muscular (AZEVEDO et al., 2012). Olivardia (2001) afirma que este é um desejo principalmente de indivíduos do sexo masculino. No entanto, as mulheres estão cada vez mais demonstrando o anseio pela estética de músculos aparentes, tendo em vista a popularização das fisiculturistas nas mídias sociais. Outros fatores poderiam explicar o aumento da vigorexia,como a relação crescente da pressão exercida por grande parte da mídia, para que os homens tenham um corpo forte e musculoso podendo acarretar em um aumento da incidência do transtorno (ASSUNÇÃO, 2002).No presente estudo não houve diferença significativa entre o grupo de risco de vigorexia para seguir um digital influencer e entre utilizar algo indicado por ele, porém em relação ao acesso da internet para troca de informações de dietas e treinos houve associação (p=0,044). No estudo de Donini et al. (2004), no qual contou com uma amostra de 404 indivíduos de ambos os sexos com diferentes características ocupacionais que fizeram inscrição espontânea para participarem da pesquisa, a prevalência encontrada de ortorexia foi de 6,9%, e observou-se que a idade dos sujeitos 23 ortoréxicos era maior que 36 anos sendo a prevalência de ortorexia superior no sexo masculino. É possível que, com atual tendência ditada pela sociedade para que homens tenham um estereótipo de alto nível, a aparência estética e saúde pareçam ser razões muito importantes para seguir uma dieta saudável. O estudo realizado por Agopyan et al. (2018) relacionou a ortorexia, com transtorno alimentar e a composição corporal em estudantes universitárias de Nutrição e Dietética de uma universidade privada em Istambul. O mesmo contou com uma amostra 136 estudantes do sexo feminino com média de idade de 20,9 anos. Com base nas pontuações do ORTO-11, foram encontrados que 70,6% das alunas apresentavam ortorexia. Os resultados obtidos no estudo demonstram haver uma obsessão para uma alimentação saudável e de comportamentos alimentares restritivos entre estudantes do sexo feminino do departamento de Nutrição e Dietética. Alguns estudos apontam que os profissionais da área de saúde são grupos mais vulneráveis para desenvolverem Ortorexia Nervosa (Martins et al., 2011). Entretanto, no presente estudo não foi encontrado diferença significativa entre o comportamento de risco para ortorexia e a profissão dos participantes. Outra pesquisa semelhante foi realizada por Rudolph (2017) que correlacionou o vício do exercício com a ortorexia em esportes praticados em ginásios na Alemanha. A amostra consistiu de 559 homens e 449 mulheres membros ativos de três ginásios, com média de idade de 20,7 ± 5,8 anos. De toda a amostra, 10,2% sofriam com a dependência do esporte, enquanto 3,4% sofriam com a ortorexia e 2,3% dos indivíduos sofriam de ambos. Porém, o autor não encontrou relação se o comportamento de dependência do exercício levaria a um comportamento ortoréxico. É nítida a prevalência da insatisfação com a autoimagem nos indivíduos de ambos os sexos, observou-se que 90,0% dos desportistas desejavam aumento da hipertrofia e que apenas 6,25% estavam satisfeitos com o seu corpo. O estudo de Damasceno et al. (2011), objetivou identificar as dimensões antropométricas relacionadas com a insatisfação com a imagem corporal. Foram 276 membros brasileiros de centros de fitness (168 homens e 108 mulheres), com idades entre 17 e 39 anos. Os resultados revelaram que apenas 1,2% dos homens e 6,5% das mulheres consideravam-se satisfeitos com o seu corpo, e ambos os sexos relataram preferência por um corpo mais musculoso. 24 No estudo de Florino e D’almeida (2016), sobre a prevalência de transtorno dismórfico muscular em 56 homens adultos praticantes de musculação do Rio Grande Do Sul, o risco encontrado foi de 17,5%. Na avaliação da imagem corporal, foi identificado que 64,3% dos participantes estavam satisfeitos e 47 indivíduos (83,9%) queriam ter um corpo maior e mais musculoso. Esse resultado pode ser justificado pelo fato da amostra sercomposta apenas por indivíduos do sexo masculino. E que a satisfação está ligada a exigência pessoal, levando-os a preferirem atividades físicas como uma fonte de valorização do corpo. Com relação ao uso de suplementos alimentares, 19,6% referiram usar algum tipo de suplementação. Ao comparar o consumo de suplementos entre os participantes com indicativo de dismorfia ou não, observou-se que o maior consumo de suplemento foi encontrado entre os participantes com dismorfia (FLORINO e D’ALMEIDA, 2016). No presente estudo 21,25% dos participantes já haviam tomado atitudes mais extremas para mudar a aparência. Para Azevedo et al. (2012), está claro a relação entre a busca pelo corpo musculoso e a falta de limites para atingir tal objetivo, acarretando à procura de um corpo exageradamente hipertrofiado. Estes indivíduos estão dispostos a manter uma dieta principalmente hiperproteica e hipolipídica, a usarem fármacos e praticarem o treinamento de força de maneira extremamente intensa para conseguir o objetivo do corpo dos sonhos, que jamais é alcançado. Sobre o tempo de prática de atividade física, foi possível analisar que muitos participantes chegavam a ficar até duas horas por dia treinando, o que pode ser explicado por Ferreira et al. (2005), que afirmam que indivíduos insatisfeitos tendem a dedicar mais tempo e recursos para atingir o que é considerado o corpo ideal, envolvendo gastos financeiros, dietas especiais, treinamentos longos, e em alguns casos, o consumo de anabolizantes. Os autores compararam com outras atividades desportivas e a participação em esportes de musculação pode ser associada a um maior risco para desenvolver dependência de exercício físico e ortorexia. O desejo de ganho de massa muscular, principalmente quando é em curto prazo, impulsiona o indivíduo a uma rotina angustiante de controle de peso corporal, medidas de circunferências constantes e uma permanência longa dentro da academia. Porém, o ganho de massa corporal é influenciado por diversos fatores como a prescrição correta de treinamento, repouso, dietas adequadas e fator genético (PORTO e LINS, 2009). Augusto (2006), refere que as sessões de 25 treinamento de força entre 25 minutos a 60 minutos seriam suficientes para a obtenção de ótimos resultados. Quando questionados sobre o uso de suplementos nutricionais, 51,25% dos entrevistados, responderam que utilizavam. Este fato pode ser explicado pela banalização do uso de suplementos nutricionais que são utilizados com a intenção do aumento de força, massa muscular, resistência física e melhora da imagem corporal (BARROS, 2005 apud RODRIGUES et al., 2008). Zimmermann (2013), encontrou que 73,8% dos praticantes de musculação já fizeram uso de algum tipo de suplemento alimentar, acredita-se que o uso indevido de suplementos alimentares e até mesmo o de esteróides pode estar relacionado com o objetivo de acelerar os resultados. No estudo de Junior (2012), observou-se que pessoas com essa distorção da imagem corporal, não se contentam com o grau de desenvolvimento muscular que possuem, mesmo usando vários suplementos que facilitam alcançar tais objetivos, nunca se encontram satisfeito com os ganhos, procurando fazer o uso constante de substâncias cada vez mais fortes com a intenção de aumentar o ganho muscular e melhorar a performance durante o treino. Olivardia (2001) observou que a insatisfação dos homens com sua imagem corporal esteve associada à depressão, baixa autoestima, consumo de suplementos e esteroides anabolizantes. Quando os participantes foram indagados sobre acompanhamento com especialista, foi verificado que 57,50% deles já realizavam. Resultado que contempla a maioria dos participantes, porém menor que o número de pessoas que apresentaram comportamento de risco para ortorexia. A baixa procura por um profissional de saúde pode estar relacionada com a vergonha de procurar uma ajuda profissional, a dificuldade de se expressarem ou até mesmo o acesso facilitado de informações na internet que nem sempre são adequadas (ASSUNÇÃO, 2002). Observa-se que grande parte dos indivíduos se prendem a um ideal de beleza e não dão valor a sua própria evolução muscular e suas conquistas. Fato que justifica a crescente insatisfação e preocupação com a autoimagem corporal, que é distorcida e inferiorizada (JUNIOR, 2012). Tanto a ortorexia, vigorexia e distorção da imagem corporal geram comportamentos restritivos e que podem trazer graves consequências a saúde como ansiedade, depressão, baixa autoestima, irritabilidade e frustração, o que acarreta 26 em diversas consequências à vida social, afetiva e profissional destes indivíduos (OLIVEIRA et al., 2003; PONTES et al., 2014). 7. CONCLUSÃO Conclui-se que houve maior prevalência de comportamento de risco para ortorexia do que para vigorexia na amostra estudada, porém ambas são preocupantes devido estarem associadas à baixa autoestima, comportamento de risco para transtornos alimentares e psicológicos e por gerar a dependência da pratica de exercício físico, acarretando em mudanças na vida social desses indivíduos. Não houve diferença significativa entre os transtornos e as variáveis sociodemográficas analisadas como sexo, idade e profissão, porém foi encontrada diferença significativa entre o grupo de risco de vigorexia em relação ao acesso da internet para troca de informações sobre dietas e treinos. É importante ressaltar que a maioria dos participantes analisados estão insatisfeitos com sua massa corporal e que pode estar relacionado à dismorfia muscular. Identificar e orientar o grupo de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares e físicos é de extrema importância, através de profissionais especializados visando o bem-estar físico e mental destes indivíduos. Observa-se que, poucos estudos têm sido realizados a fim de identificar ortorexia nervosa juntamente com a vigorexia e seus possíveis fatores de risco associados, o que dificulta a abordagem e o tratamento mais adequado por profissionais da área de saúde na prevenção destas desordens alimentares É evidente que estes transtornos tornam o indivíduo escravo de si mesmo e do espelho, de dietas restritivas, treinamentos rigorosos e atitudes extremas em nome da beleza. Estes profissionais também tem o papel de destacar que a conquista de um corpo esteticamente bonito deve ser adquirido com o tempo, treinamento, alimentação e descanso adequados ou seja, de forma saudável. 27 8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ADAMI, F. et al. Insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da região continental de Florianópolis. Biblioteca Digital da Produção Intelectual - Bdpi, Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 24, n-2, p.143-149, fev. 2008. AGOPYAN, A. et al. 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TCC (Graduação) - Curso de Educação Física, Programa de Pós-graduação em Educação Física, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013. 33 9. ANEXOS 9.1 Autorização da Plataforma Brasil 34 35 10. APÊNDICE 10.1 Carta de Autorização Institucional 36 10.2 Termo de consentimento livre e esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO NOME DO SERVIÇO DO PESQUISADOR Pesquisador Responsável: Denise Félix Quintão Endereço: Avenida Cristiano Varella, 655, Bairro Universitário, Muriaé, MG. CEP: 36880-000 – Muriaé – MG Fone: (32) 37297544 E-mail: denisequintao@gmail.com Você está sendo convidado como voluntário a participar da pesquisa intitulada: “Avaliação do Comportamento de Risco para Ortorexia e Vigorexia em praticantes de exercício físico de duas academias de Muriaé, MG”. O motivo que nos leva a estudar esse assunto é que na sociedade moderna, a beleza e estética são fatores de felicidade e riqueza, devido ao culto ao corpo. Com isso houve aumento expressivo no número de pessoas acometidas por algum Transtorno Dismórfico Corporal, incluindo a Vigorexia, a qual é caracterizada pela preocupação excessiva do indivíduo em não ser suficientemente musculoso e forte. Além da elevação do número de transtornos relacionados à alimentação, como a Ortorexia, a qual se define como obsessão patológica pela alimentação saudável. Os riscos envolvidos na pesquisa consistem em riscos mínimos de constrangimento durante o preenchimento do questionário. A pesquisa é importante, pois tais transtornos geram comportamentos restritivos e que podem trazer graves consequências à saúde. Nesta pesquisa pretendemos avaliar o comportamento de risco para ortorexia e vigorexia em praticantes de exercício físico de duas academias. O benefício deste estudo é a divulgação dos resultados para alertar os profissionais da área da saúde a tais comportamentos e indicativos destes transtornos. O procedimento de coleta de dados será da seguinte maneira: aplicação do questionário em adultos de ambos os sexos, frequentadores assíduos (acima de três vezes na semana) das academias. FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: Após a aplicação do questionário, os avaliados receberão orientações sobre o assunto de acordo com o seu interesse. A partir disso, os mesmos serão acompanhados pela entrevistadora em caso de dúvidas. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você será esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre para recusar a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer 37 momento. A participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados permanecerão confidenciais com o uso de códigos, os quais só os pesquisadores responsáveis terão acesso. O participante não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste consentimento informado será arquivada no Curso de Nutrição da Faculdade de Minas – FAMINAS MURIAÉ e outra será fornecida a você. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. Esse termo atende à Resolução 466/12 do CNS Eu, _______________________________________ fui informado dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações e motivar minha decisão se assim o desejar. A professora orientadora Denise Félix Quintão certificou-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais. Também sei que caso existam gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar a estudante Flávia Damas de Souza Cunha, a professora orientadora Denise Félix Quintão no telefone (32) 37297544 ou o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Minas- FAMINAS MURIAÉ, sito à Av. Cristiano Varella, 655, Bairro Universitário – Muriaé -MG. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Nome Assinatura do Participante Data Nome Assinatura do Pesquisador Data Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP FAMINAS – Comitê de Ética em Pesquisa CEP/UNIFAMINAS Av. Cristiano Varella, 655 Bairro Universitário CEP 36880-000 E-mail: pesquisa@unifaminas.edu.br 38 10.3 Questionário QUESTIONÁRIO • Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino • Idade:_______________ • Profissão:__________________________ • Modalidades físicas que pratica atualmente: Tipo 1:________________ Tipo 2: __________________ Tipo3: ________________ Marcar com um X a alternativa que melhor corresponde ao seu comportamento: 1. Você fica atento(a) às calorias dos alimentos quando come? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 2. Quando você vai a um mercado de alimentos, se sente confuso a respeito do que deve comprar? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 3. Nos últimos três meses, pensar sobre sua alimentação tem sido uma preocupação? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 4. As suas escolhas alimentares são determinadas pela preocupação com seu estado de saúde? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 5. O sabor é a qualidade mais importante que você leva em consideração ao escolher um alimento? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 6. Normalmente, você se dispõe a pagar mais por alimentos saudáveis? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 7. A preocupação com alimentação saudável toma mais de três horas do seu dia? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 8. Você se permite alguma quebra da sua rotina alimentar? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 9. Para você, o seu humor influencia o seu comportamento alimentar? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 39 10. Você acredita que a convicção de se alimentar saudavelmente aumenta sua autoestima? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 11. Você acha que o consumo de alimentos saudáveis modifica seu estilo de vida (ida a restaurantes, encontro com amigos...)? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 12. Você acredita que consumir alimentos saudáveis pode melhorar o seu aspecto físico? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 13. Sente-se culpado(a) quando sai da sua rotina alimentar? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 14. Você pensa que no mercado existem alimentos não saudáveis? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 15. Ultimamente, você costuma estar sozinho(a) quando se alimenta? ( ) Sempre ( ) Muitas vezes ( ) Algumas vezes ( ) Nunca 16. Quanto tempo você passa na academia por dia? A) 1 hora ou menos B) 1 hora e 30min C) 2 horas D) Mais 2 horas 17. O tempo gasto na prática de exercícios atrapalha na sua vida social, profissional ou familiar? ( ) Sim ( ) Não 18. Você faz uso de suplementos alimentares? ( ) Sim ( ) Não Se a resposta anterior for SIM, há quanto tempo? _____________________________ Qual (is) suplemento (s) você utiliza atualmente?
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