Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
col.qarir §{ísÉôr§a Iisser**ilrl da FiÊos*tía ,v' lffi Kem§§dmde \u l* 1-l §, pu' ülavo de Calvalho olavo de Carvalho, nesia aula en qü. falâ dâs tef,sóes exisrefles entre lógica e reali.lade, chLle os mÍndos da idéia e da experiência, entrc o .ôhhê.imenlô da existência é o da cssancia. diz que em Asosiinho 'a certeza qü. o cogilô 1em de si mesmo náo é completa, c{imo cm Descailes, ÂSostinho obseNa: "Eu sei quc soui úâs náô sei o que sou ( ..) e muiio m€nos conhcço ó pôrqúê desta Olavo evoca Descdt.s, sanlo À8os1inho, a nlosofia islâmica, Santó Tôúás de Áqúino e tantos oulros para disculirà pontc d.sde ô eü at.r o mundo exterior que há séculos o hómcú ieíta conslruir lilnililuilill "Olavo de Carvalho é o mais importante pensador brasileiro hoje." \vagner Carclli "Filósofo de grande emdiçâo." RobeÍto Campos "Um gigante " Bruno Tolentino "Olavo de Carvalho se destaca porque pensa, rellete,eédeumâ honestidade intelectual que chega a ser cruel." CaÍlos Heitor Cony "Loüvo a comgem e lucidez de suas idéias e a maneira admirável com que as expóe." Herberto Sales Esta publicagão vem acompânhadâ de um D\.'D, qúe ráo Dode ser vêrdido sepâÍadamente. Idéia versus Realidade Aula 14 por Olavo de Carvalho coleçáo História Essencial da Filosofia Idéia ,eNes Realidade por Olavo de Catrauro coleçáo História Esenciat da Filosoiia ^companha esla públicaçáo un DVD, que náo pode servendido separadamenle. Impresso no Brasil. setembrc dc 2005 Coptright O 2005 by Olâvo de CaNâlhô Foto Olavo de CNdho Ediror Edson Manoel de oliveira lllho Monlque Schcnkds c Dagmar Rizzolo Dagui Desigr Tc.ezâ Maria Lourenço Perein Os direilos autorais dessa edição pearencem à É Realizaçôes Editora. Llvraria e Distribuidora Ltda. CEP:04010-970 Sao Paulo SP Telelu: (11) s572 5363 F-,'ail' e@ eEal.zacoe -om br \I/w.erealizacoes.com.br nesêNídds todls!sdiritos desla obra Preibldatodae qualquer reprcduçâo deía edição por quâlquer meio ou lorma sejâ elà eletrônica or mecânica. fotocópiâ. grârâ9áo oú qúalquer Idéia versus Realidade Aula 14 por Olavo de Carualho coleção História Essencial da Filosofia .rÜ 2005 Coleçáo Históriâ Essencial da Filosolia Idéia uers s Realidade - Aula 14 por Olavo de Carvalho Eu tinh.r prometido explicar um pouco melhor sobrc Santo Àgoslinho. Hâvia falado apenas do cogilo. comparado coff o úogÍo cârtesiâno. A principal dilerença enirc o cogil., cartesiano e o âgosii niâno é que. no cârtesiano, quando o ez/ consciente chegê a constatar sLrâ própriâ €xistôncia. ater a intuiçáo patenie. inegável de sua própria c\istôncia - ao menos nír momento em qrle está pensando precisamen- tc isto , ele descobre quc desta certeza nâo erdste ponte para nenhulnâ outrâ referentc ao rnundo exterior Ou seja: da existência do eu nâo se podc sequer deduzir â existência de uln cosmos, quanto mais o edilício inleiro das ciências. E ó a isso que Descârtes pretendia ter chegado no Tcndo chegado a este ponto. tendo entrado ncÍa iaula do ego cons ciente, que iem rcncza absoluta de si mas nào pode chegar ao conhe- cimento dc nada mais, Desúrtes náo vé oütra saida senáo apclar à 1é. quc é o que ele havia abandonado logo no comcÇo. Havia prometido a si mesmo nada aceitar qüc náo l'osse demonstrável e, quando chega llcsse ponio, para fazer a ponte entre o ego e o mundo exterior, apcla à crcnça bíblica de qlre Deus é bom e de que, tendo criado o mundo em voltê de si, Ele náo ialazer isso com o propósito mâlicioso de engâná lo. Por conta da credibilidade de Deus. é aceito o ffundo extcrior c cntáo sc reconstrói, partindo desses elementos mcio racionais. meio de 1é, o cdilício das ciências. Em Agostinho náo é assim. Nele, a certeza que o cogÍo tem d€ si mesno. em prineir) lugaÍ, náo é uma ccrtcza completa, cono em l)escartes. PêÍa Descârics, a "coí:ito erg,o ston" é o p ncipio de todas as roisas, a pra ccr1.7a iniciàl c au(o suricicnlc Mas Agostjnho obser ',,.Ê. r'. lr.,.i1u..\,r,..,..rq. ir rr,!I'r'i,r' q..\i ou scjt'. conheço â minhâ ()iistanciâ, mas não a rninha consistôncia oir essência. c rnuito nrenos conhcqo o porquê dcsta exiÍênci.r". Quer dizcr: cu sci írllr so'1. mâs nrio sci í) ./!, soLr c rnuito nrcnos o porqrli solr Nío olrstante, csla ccúcza dc !rLc cLL sciqr/ sou c dc qLLc nâo sci a que sor n(.nt o potquê solr tr7 quc cssc cgo ulrosliniano tcnha unlâ '.rnlL. i, tr1'bl' n. ,r,-, 1,r., . t.rrr.t,xr.,r..1,r r',...ts',.'r ..ro ', crrrega lnr sl Lrln lorte clemcnto dc Dristaifio. quc ó üm conlponcntc intctno Cotrro essc cgo sabc que a. mas nro srLbc o qlrc a rrelll o porquê ó, clc tânrbónr sabc quc clc mL\rno não ó lun.lârrelto.le si próprio. poi§ sc dcscobre conro cristcntc, a partir dc rrrr ccto nnnncnto. scm tcr tido â rrenor idéia dc oncle veio. I,lni Lo clc sabc qlre nào é autLrr ou ca'rsâ dc si nrcsmo Nessa eslmlura do ego. t.Ll como o vê ^gostmllo, cristc uln choquc cntrc Lrrnâ paúe qrre é auio evidenic e oulra paúc que é tLrtâlmentc nistcriosa c qnc rcqucr â prcscnL_â de Lrrnâ causa dcscr)nhecidr lUas cstr causâ dcscofhccida não ó inicr|a. pois o mistório da câusa do ca làz paÍc dc sua fr(a)priâ eslrulurâr onLle qucr quc um scr humanL, des oubra qLrc cxistc, quc tomc consciôncia.lc.luc exisie, ele. na rnesnra hora, tL,mâ consciênciâ do scu cârátcr problcmático c dc ccdo modo incolrpleto üe sabe que aquilo que sabe ntLo é o todo do que cle ó. Carrcga dcntm dc sio mistório dc suâ calrsa, rnas esse nristério é uni componcnte seu. náo é uma coisa cxtcrna. Isto significâ quc â ]rislâ paru l)eLrs, ern Agostinho. nâ1, é um snn plcs âpelo â uln elcnrento c\tcrno. A corcxão cnirc o rTr e I)eus não é exlerna e necânic.L, dc ltcnó Dcscartcs. Aitosiinho chcgará a esse Deus mais ou lnenos por âquela viâ que. no sóculo XX, será resumida por Paul Clâudcl. quc diz: "Dcns ó âqt]€le q0e err rnirn é nrnis eü clo que eu mesmL'. ou seja. é minha vcrdadcira corsistôncia c ir rrlilrha vcrdadcira naiurczê,  minha vcrdadcirâ origenr. quc subsisle (lcrtio (ic rnlnr. pcrmanccc dcntro dc mim conro trm mistérlo' l)css. cilo r\gosljnho vâi tirar ainda urnas outras coisas llle pcrccbc {tuc. .omo un1 conponctrtc dcsse nrcsrno cgo conscicnte. e\istc o c{rnhe ii ncntodcccrtasidéiasele.nas,connr.porerernplô.oprincipiod.idcn- li(LLdc ou os princílios da aritrnética ele rentar c da geoneiria. Sabc-se tLrc ma iglral rurncqueurn lnâls umóigualtldois, ctanlbélnse srbc que êssâs idói.rs sáo indcPcodcnlcs cla crisrôncia ienrPo.al Elâs \rio.lc ccrto mo.lo c(ernas c Lncondicionadas. ou §eja, rrânsccndenr rliritâmcnte o rr)do dc cxislência do próprio.?, o .r/ conscicntc sabe que é rclnporal, sabe qlre ó rlx)rtâI. s.rbc quc L.ri uinâ tbrmâ.lc exisiôncia contingenle c, âo mcsnlo lcr.po, carrcgâ ( .rrt11) dc si lláo $rnclrtc o n1is(érir) dc suâ orige , Inas tâlrbóm es§es (,)rhccinrenlos quc. náo estand(, condiciLrnados à loflna dc exislência r,,'t*, , o, prut riu.Ê, 'n o,J'rr rr urrgrrr n' ''írr( rr. rrr'..riu tk suâ origcnl. O honrcrn sabe coisas quc clc, por si. conro scr tcnpo rf l. nao Doderia sabcr, e ao nlesrro tcmpo sabe que o qrc clc sabe de sl ,rcsB) csiá condicionâ.lo à sua cxisiência e pírica tcnrporal De ondc ,1. iirou cssas idéias ctcrnâs? Só podc scr da p.Lrie .lesco|hecida. e ( ssa parie desconhccidâ tanbéIn não ó tdalnlen le .lcsconhcci.tâ, por ,t1 ( olgo de Etcrnidâde se conhccc. t\lü1a: Vacê potle àat al\uns ercnpLos dessas coisas que nio le iil,t t:t)tno set rcnlrccítlas dpenas pL'r sutts eúslências tetnpotctis?) 'li)dos os princípios da kigica. o princíptu dc identiclâde, o principio de rirfrontradiçao, o principio lio lercciro cxcluso. Comô ó que se consegrc , ,nrprrender a aritmédca elemcntar? Se rio se soubcr que um nÚmcro ó ( lL rrcsrlro. ou que urna coisa é elâ nresrÍ4, não sc conscgue lâzcr ncnhum ri ri(,(lnio adlÍrérico, ncm o pri leiro, ncnl o nais elemcniar deles. l{lr1no: E isso nao tefi coma set cotl.lprcetdido na própría eaísíên- Náo, poÍque náo se encontrârá nada na existência temporal que permaneça cxatamenie como é. Tudo na cxistênciâtemporal é uma mistura de ser e de nâo-scr. O que é a iransibrmaçâo tcnrporal? Sáo ooisas que náo exisiian e quc pâssâm a existir, e outras que cxistiâm e passarn a inexisiir E tudo o que vocô vô e toÍno, âbsolutamente tudo, é âssinr: você nâo encontra unra coisa que tenha entrado na eris tência no primeiro dià e que continuc lá imuiavelDrente â mesma. IÍo significa quc, na esleÍa ternporal, você só teff experiência de dados tcmporâis; no entânto. náo conseguida nem apreendcr os primeiros elerncntos de aritnéiica se nâo tivcsse â idéiâ da identidade. Dc onde Alrna: Não podctfu netn percel)et que as caisas nurlatn, pois nào seria passíLel percebet que eLas sãa as mesna'l Não seriâ sequer possivel perceber que âs coisas mudam. Você es tâ a dcntro do processo cono um animal. senr ter este rccuo tipica- ment€ humano. Por exemplo, L, fêto de o homcm p€nsaÍ sobr.e a moÍe: muilos anos ântes ele já cstá pensando nela, porquc já sabe o que vai acontcccr Isto, sem um recuo em rclâção ao lluxo iempora], você não consegueria Íàzcr. Vileria dentro do fluxo, mas não o perceberiâ como lal parâ percebê-lo, ó preciso que. de certo modo. você o deienha, coloque-se Íora dele hipoteticament€, imâginariamentc. Por que é que você conseguc fâzer isto? É porque tem algunra idéia de que existem verdades independentcs de tempo. ÍAlüt1o: A ptóptia cofisciêt1cia também é alga assifi, ào é? Você lej cofisciêficia de si mesnlo, taübéfi aclto que üem de outrc...l E Você nao poderia ier consciência de si mesmo no sentido humâno, cvidentcmente, seÍn isto. Signiiica quc ele percebe que o princípio de identidâde é um dos fundancntos do próprio cogilo. coisa que Descâ es nem de longe perccbe. lAlunor }Íds er? ouÍÍos allimttis ttt lbéfi se díz que eLes aprcen àe o üincípio íle idel1Ííàãàe. Pot erempb. tenha um cachotÍo q e me rccanlrcce toda aez que eu aoLto paru casa. Issa é parque eLe sabe que eu sou o mesmo qüe eru quando sai.1 Pois é. mas reclrnheccr a identjdade dos obietos é uma coisai reco_ nhcccr â pennanôncia do principio é ouira conlpleiamente dilcrente. Vcja, a apresentaçào dos lenômcnos sob o aspccto "do mesmo" ou 'do outro". pâla un animâ|, isso é pura coniingência Se a coisa se apre_ sentou coln o mesmo aspecto ou com outro, isio faz parte do processo do mesno modo. Você peÍcebcr que por trás de todo o iluxo temporal cxisle um ncgócio chamado ideniidade, isso é Lrutrâ coisa conpletâ- [\ unn 114 cu rt quP ?^t'tcn oteu'na\ p'\quro' .om tntaai\ úais intelíEefiÍes, que conseguem perceber coficeiíos mais abstntas, como as t1únercs (nãa em ganàes q a litiddes. fias até sete até oito, pat aí), que lotfiam.. ) Náo. Perceber númcro tânlbéln faz parte do flrxo, porque o númcro a o próprio iluxo, a contâgem é o próprio [lüxo. O que ele não vai con scguir é Iazer conta, pois nâ bâse do cálculo está um ncgócio chamado identidade lbda conta qlre você faz tem um resultado que se chama ''igual': esta quântidâde aqú1 é a mesma que aquclai €nbora náo pâreçâ. Islo é impossível de Lrm animal percebcr lAl|lno Entlia o animaL páru na cotltage l. e o set hunano ztai aLéfi?) Elc pára na constâlâçAo empÍrica de idcntidadcs, scrn perceber qlre eriste a própria idcntidad€ conro unr clemento estrutlrrânte dcssc con- junio. Isto signilica qlre conscguimos ncgar o fluxo temporal, conse guimos sâber que ele nao é lu.lo. E como ó quc sabcrros que seffpre soubernos disso? UÍr indício é o seguintc: jan1âis se encontrará uma civilizaçáo. por mais primitiva quc scja. por ffais bárbaÍa, por mâjs ignorantc que seja, que rlao tenhâ un1 úto qualqucr dc scpuliâmento dos moÍos lsto indica clara renie a idéia de uD1â permanênciâ por Provavelmente. a percepçAo conscienle da idcntidâde é a bâse dâ própria existôncia h]rnrâna. Já explicânos sobre aquelas culturas dc lipo cosnológico como ltnômcnos que enreÍgialn da busca de permâ, nôncia por tÍás do Íluxo. O que nos 1ã2, por excmplo. obscrvar uff ciclo lunar intciro? Nâo ó â idéia de percebermos portrás do fluxo uma rcpc- iição e de podermos usá-lo conscientelnel1te? Nole que o homcln nâo 1àz isso corno os animais. O âninal. quan.lo tcm uff coflpoÍamenlo cÍclico, clc simplesmente eíá denlro do ciclo. âconpanha o ciclo dâ nâtureza lielmentc... Elc pode aconpanhá lo ou nao. O honem é o contrárilr. em vez de acompanhá-lo, pretende vencê Io, criando situa çõcs cstávcis no meio de LlL clima instável, por exemplo. Na mcdicla em que procum colocâr sobre o nreio nailrral uma orden abstrata que nAo esiá na própria naturcza emborâ possa ter sido jnspirada até ncla mcsma -. ele está se cLrlocando lbrâ e acirna dcssc ciclo. c islo iudo já pressupóc o conceito de identid.tde, de Eternidade, de ÍNnrc lnclusiae institui ciclos exlrus (.. )) l0 Claro, você cria ciclos proposit.ris, ciclos ritualislicos, ciclos cívi d)s. rolinas de trabalho, etc. qüe não aconlpânh m de malreira algurra ., ,,tJ.r ',"rurá'. I úlro . q. . ro.r . ur\eeilc'r/.r ruuu i'ro.' L for'lu( tcnr a idéia cle un exlrâien1porâ], do slrpratenrporal. A idéia de ciclo o hirho la bé1n ie Ele acomp.Lnha o ciclo o que elc náo pode {azer ó sair lorâ. c muito m€nos criar o scu próprio. Ísro significa qlre. no nível puranentc empÍ ico. no ní\'el cte pcrcep Çao cnpirica, você vai acabar não âchando dilêrenÇâ cntre homenr e rnimal. Vai perccber é no quadro li prrolr, colno diria o Kanr. deniro do (tual sc dá a e)iperiência hunâna Já no nivel empírico. âcabará achan (k) que o homen1 é idôntico ao aninral. Hoje enl diâ. por causâ disso, as pcÍluisâs a esse rcspejio se confündem bârbaramcnte' Eles não sâbem frais a diÍerença entre hon1eln c animali pois, na medida em quc náo ü)nscguen dcfini la cle acordo com os crilérios de uma dada ciênciâ cmpírica, cm vez de dizercm que csta é limitada dizcm qÜe â diíerença que a ciência náo conscgue pegar náo existe. N,las iocla a estrutura da ciôncia empírica, nâ medlda em quc esteja bàscada num pressuposto empirisiâ, é ideológicâ, é purânrente ideo_ l(rgicai E consisic exatamcnte nâ ideologia do mótodo: invenla-se o I,(rôJn i .rgora el< lc rr Drio' JadE 'uhrc u' l(nnnrnu'' Uu \e a' \ uLê não cstá abcrto à variedttde dos lenômenos, só âceita âquel€s qlre já cstào no método que vocô mesmo inventou É isio chega â ial ponto qlre a sinples possibiLidâde dc perceber a e{istência dos ienômenos para alé você acaba abolindo. As pessoas acreditam piamentc, por êxemplo. que é possível afir_ mar a quase humanidade dos chimpânzés peio fato de que, genciica nrcnte. eles são isso ou aqüilo. lsto signiiica que â genética só consegue tl txrrchcr ata aí. ltá outras djferenças que sâo patentes, que esião nos olhos clâ câru, porént não poderianr ser aprcendidas por mcios genéti_ cos - e rcquercriâm até mesmo um estudo, p/ioll dessas estruiuras. Mas esião tora dâ gcnética; enião. para o geneticista, elas náo existem. E claro quc esse ó um râciocÍnio muito primário. muito bobo. muilopueril, mas rão podemos esquecer quc qualq(er pessoa pode obier um diploma de geneiicisia coniinuando puerjt. imbecjl. eue sejam to-talmente selvagens_ isso é perl.citânrenlc pr)ssí,e1, pois ó unl emprcgo técnico, no fift das contas. A própria estruturu de cnsiro universjtário se incumbe d€ simplilicá lo pârâ que o jndivíduo possa rapidam€rtc aimvessar as ctapâs inrermediárias e, cntão, cxercer um trabaiho réc_ nico..Clêro que isso é barbárie, claro que é o reino .la cslupidcz, mâs é a rcaiidadc na qual vivemos. [Alfio: E ísso coneça bem no Descartes mestta, poryue. sabrc essa questão da esÍruiura do et1, ele padetia tü cameqado a percebet o _mest11o que Agostinha petcebeu. Mas, a haru de dizer o (tue é a cn, ' I:,utfl.Dta pntpd\antru h t.tna tot^tl pt.pta o co,\a t)pn.o,.1p. alala. Ah p ;\ -n ' . e nno te, a .ob?t o q,c e oqtrctt iot\a . I Dcsca(es separa a icléia que tem do eu da cxp€riéncia real. Abole a expe ênciâ rcal e fica sonrente coln a idéia o eu se deu. Então. a pariir do momento e com a autodcfiniçáo quc .rcrinc o e como,,coisa p"""",,,", ",.r,,i1'.11,".;ffij:."',:j::lensê". Ou scja, exisienrcoisas mâteriais cuia principal caracieristicâ é mcdir âlgunta coisa. e há uma outrâ coisa quc.não medc nâda e cujáprircipal carâctcrísticâ é dizer para si mesma: .,Eu exisio,,. Ilescarr.spirie crrão Darç â JuJliJroc dá.ubrt"n.rá .tU(. rjgo,cr r pr ncnr (r-bc." e\:dínlcmente \,n,iiopnrqurII" .cô,\. r\rên\a nitolu\!à dizer para si: ,,Eu existo',. Aliás, eu acho mcsmo que sou uma,.coisa cxiensa ' que diz para si: 'Eu cxisto" Pela própriâ heterogeneidade: as opcraçôes de ocupar um lugar no espaço e de falar consigo nesmo sào táo diferenlcs que náo vejLr por que del'eriâ supor duas substânoiês I)or que a mesna substância náo pode fazer as duas operaçóes? Elâ ocupa um lugar no espaço e làla consigo mesmal Por que náo? Aliás' todo mündo está Íazendo isto dcsde que existe. O lato é que, com Descanes. sllÍge o chamado "subjetivismo nro_ dcrno". O que é o subjetivismo modcrnol É a idéia de quc o eu, ten- do o conhccimento de si mesmo, chegâ por si só ao conhecimento dos princípios universais. pode deduzir todo o cditício das ciênclas c âlcançdr um conhecimcnto perfeitâmente universal por pura dedu_ çào. Isso, cvidentemcntc. é uma idéia louca, pois se Descartes viu qlre náo tem clentrc dc si meios parâ chegar â alirmar sequer a existência .lo mundo exterior pârtindo da existência do eL, âi já está negâda â possibilidade de um conhecimento universalmente válido por purâ dcduçáo. Ou vai ter que apelar ao conhccimento por exPeÍiência, que ó extcrno ao er, ou, náo querendo lazer isso. vai ter qúe apelâr à fé rcligiosa, como ele fez. os pedaços do nundo do Descartes sao, entáo' pedaços inconexos colados uns aos outros mediânie truques lógicos perfcitamente bobos. O subietivisno modcrno. por sua vez. não conseguindo se sustcrr tar, será substituído - a patir do século XIX, sobrctudo' mas no XX lânrbém - por uma série de lilosofias que negam a exisiência do e e â da consciência. É uma espécie de tcoriê da compensaçáor fDi leito um tamanho absurdo pâra unl lado que, mais diâ menos dia. é laÍal que rlguém invente um outro absurdo para o outro lado Se vocÔ se afastâ .lâ complexidade da expcriência concreta e, abstrâtivamcntc. alirma LLmâ verdadc para cá, urn outro vai âlirnar, tambén abstrâtivamcnte' r verdade pâra 1á. Isso é quase ia1al. E csse rnesmo lenômeno sugerlÍá r Hcgel a idéia de qlle cste é o processo normal do EspÍrito: alirmar l:l , L , , Ll( i!,js rtjlrlar a roisir conrráriâ para lâ. Mas nenr,, I,, L , ..r,, tsr() tnxlc scr o proccsír nonnal d:l intctigôrciâ que ,,,, r,r),, irJ)slr!tilando. mas. no processo da crpcr;tncia concreta. cla( irli, orrc ntro ó issinl. {goslirho rcndo pcrccbjcto es\a qucsrão dâs jdóits crcrnas, altirna .1 ,. .'i.,. .rn r.c,i.'uc ori.du .1r l\......\ \.Lonlr.cc essas idójas ctcrnas n:io |or a .rpcnêncjâ concrcta, m4s por cstâ pâ'.lc Dristcriosa quc thc crjt, c the flrf.hmenlâ, c que já the.tiL unras dicas a rcspcilo cta ttcrni.lârJe. tsro signiíicâ qu.. scgundo Sântí)\,L,,ti ,,rô I 'r,têt:e, n..ir ,r.,,,,Ij ,.,. tUn,. rrinâçáo .riyina. rllcsmo cn seu i - --- -rona scnr rrna esDecrrl ilu- co.curs., d,vino Daqui â pouco '".crno§ ]:lil:Hl r:H:::,:-,,,ar,.ui.,.,,J.u,,j,.," Iôj. f,,,. , . ,,"de toda a discussilo cont.rrporânea inchrsivc potitica, gcopolíicâ. cl.l\4,i. a ,t. " r,.utr.,,,.,. ,.,,o.r",..r \f...,,,,.. ;..- " r",;; ,''/endo que a gcrltc chegâ a cssâs cojsas.:rs idóias onjvcrsais. nro poriluminâçãodÀrr .nrâs]rorurnprocessochama.loatrsrraqão. AclloqucisÍr náo é uIna objeçao. Ltc mancira atgumâ Não é â:rbstrâç.to que plÍ) du7 csse conhcc;menrr)i cla a àpcnâs o Trmdrl ca, a tund çá(, de p{rssíbrlr.r".b,r" p,,,p..,;;f,:l:li:, :;;1;rrr*t a iâl da ilurninaçtu,.livina quc esiá no inndo.ta pr(rpiiâ râ,ao naiurât. Tcndo ahrnado a existôncia do con|ecinrcnnr das i.léiâs cternas.r il0rrinaçiio divina c, porra to, o conhccjmenrr) crn lleus, Agosrinho ó natunlnrerie incljnaclo. ncstc po lo, a rerroailir sobre atgrma cojsaque elc Jravia liclo nâ Bíbtia. Int,ro.lizi ..Se â Fitosoíiâ üe levor aió - ',n,,...,j,t\,,,,,,,. j;r,1., c.1.,1 ..,rj,,o q. n,or r \, p. '. b,, ,tüu .:r (-" o, n, u JL ,, ir i. .r ..., ,. .r, rri, t,. conslituiçào c, po(a n) (lue Deus estil prcsenic, crr mim coll]o nrcü hidarncrto naquclc rrrcsnro nrcrncnto enr quc cstoü tatan.to .onrjgo cnláo. nornral qlrc esl.r prcsença rlivina esteja tambón crn iu.lo aquilo qLrc l (ii,rhcço Se nrcu oofheci'rcnto cle nim mcsmo é irconrplcio, porque rr prrlc dcsconhecldâ cstá a prescnça do Íundarn§nto ocLrlto. ê mesma .i)is.r dcvc acon{êccr corn ludo aquilo que colrhcço. pois nadâ ó cdrrd \r// cntao, em tudo esiá prcscntc. está insinuâdâ. r marca da caus .l(!rra quc trln.l nrerrta o tcmporÍrl li Ailostinhr ) .lirá quc, se de âcorclo oonr .L Bíblia DCLIS é ao rrrcsrno Lcrnpo uno e trino. se lcr. ünra trnidade de srbstância. rrrâs com 1rês Lr,,dali.ladcs ou pessr»s dncrsas. a ücsma Trindr.le sc rcconhecerá ( r {o,:los os obielos, cnl todos os scrcs. Pois lodo scr sc constirri clc ircs clcorenlr)s.:listintos t ltseparávcis. Prlmeiro. tudo que ó, ó alguma L,,isa, ou seiâ. tcn1 erislirria: porén], alóm dc i€r e\islênciâ. cle Lern Irra consistência, tclü uma írssi/r.la. Scgundo. sc a cxistêrci.r rcflc- L. o podcr divino, ou a ofiü)ianciâ divnra, quc o chanra do nada àr , \islajci, o làto de €le tcr uma cssência ou con§islência lmstrâ â Ircscirça dâ iÍkligÉlrúid dirrnd. que conhcce de anicmão âs essências (los scrcs e cria lllnmcriiveis lirrmâs pcúeilanlenic difcrcnci.Lclas c intcr' re rrion.L.lls Em tcrcelro lugâr, tudo.Lquilo quc c\iste é rrm berr. de .1,r,rr."lo,.,,h.,r,rn..':r pr.ri.rr,n., r,\u. rr,'r.\i'r.n.i, . n cssanci.L; ou seiâ. a cxisiência ó dcvi.lt\ i atlipatêncía ditína, qllc cr)nhccendo as cssôncias dos scrcs. quis sua e\istônciâ por ser um bcln li,nro! aí a eÍiiiir.i.r. a cssêtLia e a betn, ot valor. reflelindo â oni lrolancia divina: Deus Pai. a inleligência clivinar DeLrs Filho. o l,ogosi . r) Espíri1o S;Ln1í). ou o amor enirc os dois. l5sência c e:iislênciâ tônr . rlrc si. cnlrú, urra relaçio dc Alnor, que é erarârncntc tL do Pâi pclo I L , 'r r,., unituti , rr t.l: ,,'l( ;-,,rr Jr' r'. Noic quc. em ncnhuln mo.renio, Agostinho lc!c quc sair da aná- isc dâ cstiulurâ do ?r1 parâ lazcr isso l'lle aprovciiou urn dado da l lsrillura. rnas náo o.Lpro!ciiou parâ collr pcdâços da estrulura do c . ( silll pârâ cnriquecô-14, pois .L esl.L]iura do e./ jii esiâva clcmonslradâ rrlcs disto. Não ó corüo Descadcs. qrtc, nro conscilLLirxlo conrplctar a estrrtura do eu, tem qüe puxar um elemcnto de Ié que náo estava dado. que estava totâlmente lora da conversa aié esse n1omel1to. Tendo chegado ató esse ponto, AgoÍinho percebc que, se a i.orma de exislência dessa consciência, desse er, ó temporâI, é necessário in- vestigar o problema do tempo. El. percebe. entáo, que náo ó concebivel nenhuDra iorma de concepçâo do tempo senâo por referéncia à almê que o perccbe. O tenpo é múltiplo c perccbido de maneirâs distintas por seres distinlos, cm situações distinrâs porianto, iem algo inirin- secamentc a ver com a ahna. Dito de outro modo: não é simplesmente que a alma existe no tcmpo; o iempo é a esruturê dc existônciâ da própria alma, considerada náo enquanto razão etcrna, não enquânto lorma eierna de possibilidâdc, nlas enquanto ser existcnte. Ela se exis tencia. entrâ no tcmpo, náo comlr uma coisa puranente externa. mas cono algo cuja própia estrurura ale cxistência é o tempo. Tempo é a estrutura de existência da própria allna. Mas, se é âssim. entáo existe umâ cspécic de dcscompasso entre a essência e a existência. pois entre um e oulro há as chamadas ,,idóias eternas'.. As idéias eternas são, plalonicamente lalândo (Agostinho se repor ia a Platáo nesse ponto), as concepções das várias possibilidâdes de scr inerentes a todas ês criâturas possíveist e as espécics de scres. tal como as conhecemos, sào sinplcsnente a entrada dessas possibilidades no mundo da existênciâ tcmporal. Isto signilica que, segundír Agostinho, no instanie em que Deus cria a idéia de uma espécie, Ele nâoprecisa criarâ cspécic junto com cla. Dada ê criêção clo mundo. todas as possi- bilidades de espécie já cstâvanl dâdas naquele monenro, mas etâs não prccisam ter aparccido todâs ao mesnlo rcmpo Agostinho usa até o tcrmo hislórico das ,,razõcs seminais,'. É â razão, o logos, a tórrnula clo ser: é como se fosse a senente do ser pode se ter primeiro â semente e depois a manifestação d€ssâ espécie temporalmente. lsto é, ete admite um surginento progressivo das espécjes, co o, aliás, está na própria lnl)liâ: as espécics náo surgem todâs ao mesmo tempo lAlrno: So Li]1 tt)tlto: existem alquns madelos eÜalucianistas que ttibolham (. ) r\\! línha ta bém.l 'l'cve gcnte que viu nessa idóia de Agostinho ulna antecipâção da lroriâ cvolucionista. Mas é evidenie que náo prccisamos cndossar a le()ria cvolucionista nos termos darwinianos. Àlém dc existiÍ uma rr(nrlanha de leoriâs evolucionislas totalmente dilêrentes, essa é lrirâ qucstaro bastante controversa da qual ludo que se sabe aié hojc . rigorosamentc nada. Para lnim, o debaie evohrcionismo ze'§lls an_ licvolucionismo deu enpate até agora. Alüna: O que eu conheço que é púxina a ele cansidera que exis lcn ceúas lotuús gue stto eslá1.eís e outras tttte não. ELes àão ufia it\age l disso coma se hauúesse utno planíciP tom dhe^as fia ta- tthLls. . Efllão se tefi os Ltales de ttansiçao ente ton(t e outfa e...) Mas isso é só uma das milhares, das milhôes d€ possibilidadcs cof ccbívcis. lAll!1o: Ahipótese tlesses eüohlcionistas é que, no cafieça1 ape as alluns desses espaqas estâa prce chidas; com o íefitpo. ocorte uma pcquetú lrunsiçào pelo rale inteünediiitio ati alcatrcat ufi panto t stáúe!.. e assitfi tai.) É possível. mas você percebe que isto seria un1a das inúneras ver_ socs que esta teoria dc Agostinho pocleÍiâ assumir E precisaver se es sâs versôcs, por sua vez, divergindo entrc si, aindâ podem ser testâdas no conlilrnto con os latos. Náo icmos, até hoie, â nrenor condição dc tcstar. Essc debâie, até hoje ninguém sâbc que rorreu: eu gâranlo quc loicle, ele garante que fui eu. Qucm quer que digâ que tem uma t7 conclusáo sobrc isso es1á menitu.Jo, pois. quando apâreccm cjnqüenta ary!mcntos a ia\,Í4 aparecem cinqiicnta arglrmenios conh.à. cle iguat peso. E.tlrc a cv0luçâo sc rornou um ncgócjo i.leoti)glco, é unrâ cspócic de pscrido rcligiáo, cntão a preciso nranler aqu,lo. por ouiro la.:to. os camaradas quc são contra â cvoJUcao insistcrr nâo na jdéia .le quc não houve cvoluçâo. clc que não ho0rc ncnhunrâ h.anstorn)acáo. mas d. :l ., " , D.au,nr., r,u " t,". -, ".,:Ccb.rc.,n.,\"r,.J,. rr\.n,-J. ,, , " .,"" ",., ",.,.,;,--cnntismo Há o evotucil,njsrrro c.LsLrat, Ji,rnra.lo por ! ál8 lrrrg _ dc repenre aconlcccu. iudo sc misturou e acêb()u resu[an.lo em nós c há â lesc da evohrçro com propósjto Tudo isto. pala nrinr. ó ntuilo engraÇado Acho quc essa ó unrà .liç,,,..i,,r,ni,.re,r..r. Ir,, .ui.o L , u.^,.a-.u . n tar,4a\.oncq)tL,at\ n .,,elrrsl.os (Inerafisicânrente. não se vii chegar â saber o que .le Íãro ,. o. ic. .u. tc n-.- ..rr..r.,. u .t,,rJ u J( tu,,rbi,rJ. d, . L :,r fô .rhiJ:Jil,re< qr. In,ior,r u J, t,.rr , | ( D,..,r,1 .lkJ.,r , r,EL, na,1, .r1,5.,o.o'lr, .ê t,, "),, t.,t \i, ,1 rju r(.I .,li.r, ouira. lem rais cons€qiiê,.,,,,, ,," ,. u rj:::;"n:;'il",;,::'#: p,rcos, é lãcil perceber que a coleta clc daclos nccessários para sc chc-gâr a unrà conctusao sobre â evoluçâo é intcrnlinável. Vanros slrpor que, se você consegLrjsse pegar toda ê cvoluçâo clc uma .lercmrina.lir cspócic (e nuncâ se conseguiu nenhurna, na vcrdade), conr todas as crapas intenncdiárias, se conseguisse provâ. aqlrito para Lrma. não es, laria provado paft as oLrrras [AlLtntr ttas nàa pãruce Ufiidos. eü guu isso é mdis unl debate - pi cipahlletlte üos Estaílos !1c?so tipa erolucíonisno vercos ctia- Ijssa ó 1ânrbénr una maneira toialnrenie falsca.ta.lc colocara ques t, i,r,. pois aÍ já nâo sc rclcr. à cristôncia dâ elolução. ni.rs à evoluqaro r orro prircipio explicativo da prÍjpria c{istônciâ dos ser€s !i!os Nâ ,Qlidadc, tudo isso a cI{)trrerrente frematuro. pois nào se sabe dirciio rr r qual ó o lirnitc .lo scr vivo c o do nllo scr vivo \rerros enrpiiica rr.rrlc unra dilerenç.r na expcriência comum c corrcntc, mâs nllo há r.r)lrunra ciência habilitêda â lra(ar o limiie. lsto n:lo signilica quc o I rrrit( náo erisiâ signilica .tuc ntio tcmos rncios dc saber onde ele estl,L NlrLr se nao se sabe nem isio, nem ondc comcqâ. ncrn qLrais os linriies (io obicio qre se esiá .llscutindo, corro é quc se vai sâbcr dc ondc clc sriu,' Se não sc sâbe ncrn o., qli. como ó quc sc vai saber o po,qrl,? O tato é qlre tL porcaria da educaçâo univcrsal mctc t(xlo ffll do ra cscolâ desde pequeno, ensinê lodo nmndLr a discutir c todo rrundo lcnr quc tcr opinião sobrc iudo, sobre o qüe sâbe e sobre o que não srrl)c 1l a besieim obrigalória Você tcnl quc tomar panido: ou é â Iavor rl clolLrção. olr conim ll se dilscr "l:u não sei". pensam quc vocô cstá rncntindo. quc cstá cnrolando... Então lodo mundo é obrigado â tomar t)rriido $bre coisas que desconhec€ completamcntc. Rcsnltado: o qu€ rüba acontcccndo é que â discLrss.lo inleira lica viciâda. c sc circga a u ccrto ponto cnl quc não ó possivcl sequer se lentar colocar orde , pois a lorlusáo já está ianta qlre... Voltando a Agoíinho: tendo chegado a esia lilLrsoiia do tcrnpo. clc sc coloca. pcla primcira vcz nâ História, a idéia de unra irtelprelação .l,,orl Jr crpt"irn.i.. lri,rurirlr nr ".nbna,.r:r I J .r.r.rr. u |rrblcma do scrrido ou do rráo-seniido Agostinho é o pdneiro quc roioca esse problema. e é o primcirc c único â olerecer u.ra soluçáL) . i, rr 'i.'. rr <rr . \"liJr Vud ..;.rr dir run.raÍ ^ pnrqu. ^ única filosofia dâ Histririâ que é dign de respeiio é a de Santo ^gostinho. âs outras são todas idcológicâs. Elc a baseiâ no conheci irerrto da estrutura clo tempo e percebe o seguintcr quc o icmpo do âcontcccr histórico é unr teÍrpo Iineal que ele começâ e fão ternina Nirglrén sâbc ondc isto vâi terurinar ninguén sabe a data do iérnino da História. Ora, se náo se sabe a daia do iérnrino, não se sabe a forma do fenômeno como um todo. pois, quando se pcnsa que Írcabou, pode- se ter mais outro capitlrlo, e mais Lrutro. e nrais urn milhão de capíiulos para adiantc. Se não sc sabe â lorma do fenônreno, cono ó que se vâi p.dcr übLr^ q L ( re r c qur t\ .Lu ic ,ridô, Agostinho percebe quc, se o acontccer históricô, o aconteccr col.Ti vo, é lineêr ao mcsrno tcrDpo âs colclividârles §e compóem de individuos corporalmentc distinto§, c cuja iemporâtidade não é .to mesmo tipo, pois câda sujeiro nasce e rnorre. A História nao morre. ela coniinu. Ela sc compoe nâo de um fluxo coniínuo. mas de tidas indjvj.luàis descontfuuas. Uma biografia nao se prolonga na outra. A iornta de coniinuidade histórica é enormemente ambígua: você pode conlinuar o caminho do seu pai, ou pode tornar outro completamentc aliferente. ou pode âté ignorá,lo por completo. Isto significa que a continuidade histórjca é uma espécie cle ,,eleito de superfícic". que você vé ao romar. juntas, uma mutiidão de vidas hunrànas que sáo, na verdade, ctjsiinras e scpâradas. Náo que cssc €fci- to de conjunio náo exisia: elc exisie, mas só existe numa determinada cscalâ. Vista de uma ceria distância, parcce que uma vida continua na outra, e âssim vai. parcce que os plocessos são contínuos. fi,ls na verdade todos eles se dcram através cle elos humanos, cujas exisrências nào Lrar riunl'r rra..nrr,Jir rr.rr. rpr.ala.. Ora, o indivíduo nasce c, quando nrorre, nada mais sc acrescenta à sua vidâ: sua vida está complerzr. É cono no verso de Maltarmé sobre Edgar Allan Poe)t "Tel qu e Lui mêne enli l,éLemité le chan|e,, (a cternidade o transformaj finalnrentc. naquilo que ele eü). Enrâo, se há na origen do indivíduo uma essência completa, ro fin da vida se tem um.r vidâ cornpleta. Náo há mais nadê a acrescenrâr náo há mâis nudançâ possívcl E isto equivatc precisamenie âo ]uizo Finat, rstinrane NI\L.r-nN, .r-.ro»u,u d ragu, no.t rrEio nun,nrag," r )is. cnquântovocê cstá vivendo, tudo o que loi feito você podc tentar frLr.lâr no diâ seguinte. Mas, e sc náo tcm dia segunlte? Entáo lechou' lislc lcchamenio ó simbolizado, exatâmente, no caixão de delunto que rcnr seis lâdos. Esses seis lados são o quê? Sáo os seis dias da criação' lslr) significa que fcchou, que náo ten mais nada Entáo, inrcdiâtamen rc, você passa cla escâla de tempo para a escala de EteÍnidade' pâra a (\.r1. Jr ;muraoi.idadp Saiu do flur" do re r'"n c nro muJa ,lai' id c vl\rô nà escalâ de EteÍniclâde E esse é precisanenie o seu iulgamcnio: o que você fez. cstá feiio. Santo Agostinho entende, en1âo. quc só é possívcl unâ conprc_ .nsáo da êstruiura dâ hlstóriâ humana levândo-se em conta esse cru l Lrento dos dois tempos Elc diz: "Por üm lêdo, cxisie a história dos nrpérios e das sociealades, que é um iio continuo que nâo se sabe onde lcrnina: nras, por outro, há a história da vida humana' que vai de sua r)r'igen até sua morie, até sua sâlvâçào oü sLra danâçAo"' lsto signiiicâ quc, ncsta escalâ clâ vida individual, ela pode ier um scntido' Pode tcr unr scntido por quê? Porque techou. Pode ier um sentido ou pode ter llrn sentido absuralo tambún, e o absurdo então se reiniegrará num scnlido maior Mâs temos a FIistória dos inpérios, e temos a história (ll Salvaçâo Somcnte a história da Salvâçâo 1ãz scntido, pois só ela r, rminl A oulra púde cunL ruar indP i-iddm<nt ' l'ro'i8ni[ira que locê pode lalar l1um "sentido da Históriâ" se conseguir âdicular o llu\o temporal com a história da Salvaçâo do co'irário, nâo Dito de outro modor Agosiinho entende que tudo que tcn um sen liclo. esse sentialo sempre vai paraaLém dâfortr: 'lÊ ê{istênciâ dâ coisa' dâ coisa em si. Uma coisa é o ente enquanto tal' outra é o scu sentido o scntido necessariamcnte está para alén dele, náo pode ser pura- nr.nte imanenic. assim como, por cxemplo' náo se pode diuer que o scniirlo de unl livÍo cstá ncle Está nele como umâ potência que esiavâ atualizada na cabcça do autore que se atualizade novo em suacâbeqa' ?a 21 quando você o lô. Mas no livrr,, fisicânr€nle, não sc pode dizcr que o senddo esieja. Está só metadc âli. 'lbmadâ a História conro cicto te'nporal dc conjunto, ainda que seja um conjulto irtcrnrinável. nâo se sabc onde ete sc fccha, e. se tivcr un1 sentido, esle t€nl que esiar pârâ alélll do ternpo. Entâo, o senrido.lâ História só pode estar na r,tternidâde. Ora, a históri.r quc desemboca na Eternidadc ó somentc a história dâ vida mdividual como hislóriê da Salvaçáo ou da dânàção. ao passo quc o flüxo temporat continuâ c ninguém sâbe orlde clc \,âi dar Dib dc ourro mo.to: ÀgoÍinho entendc quc, se exisic um sentido da llisiória, ele cstá na meta história. e nno pode scr um sentido imanentc, pois todo sentj.lo é rccessariamcntc Como isto é baseado nLrma estrutura ieal do teúrpr,. há um funda mcnto científico. e âi se pode chegar a algunra coisâ. Câso se queim encontrar um sentido da História no próprio plâno histórico irrjanentc. crrtáo se cstá lazendo a q0adratura do circulo, c isso nào é possível. Irá se rebatcr pâra o plano da renporalidêd€ lincar algo quc sc per cebcu na escalâ da Etemidade c dâ história da Salvação, o que é uma simples ilusão IraL se criar um sÍmbolo hisrórico um símboto tcÍnporêl da SalvaEâo ou da danaçáo. entáo irá se criêr LrnÉ espécie dc apoca lipsc icmporal. dc âpocalipse hiÍórico e. sc se realiza o apocalipse, a História continLra existindo É dâí quc viráo, muito nlais rarrlc, todas essas concepçôcs utópi cas que projetaff o senildo da ÉIi§tória nu ra determinâda erapa a ser atjngida no luturo, como se essa ciapa parassc o tluro do iempo e al- cânçâssc a perleiç,ro o que é umâ idóia perlêitaffenie idiora E depois da perleiçào. não vai âcontcce. n1âis nada? Vâj tcr o filn cta História E depois clo Jim da Hisiótia? E ro da). aíter. c.)i1o é quc ó? projeta-sc Lrmâ etapa de perleiçáo na quai a Históriâ âting€ um patamâr de per, lciçáo 1â1 eln que náo há mais Ilistória. ,. NÍârx usâ a exprcssâo -filn da }listória" Hegel usa'iim dâ llistóriâ" .. Ful(llyama iâmbén1, se bem que o FuhuyamiL usa meto_ rinric.r ente. É um rnodo de dizer os outros âcreditâvam nlesmo O l,uklLyanrâ já não cstá lazcndo LLmâ iilosoi'ia do fim da Hisiória' (siá filosolandLr sobre a idéia do ftn dâ História tlvidcntenrcnte elc Iio é lrouxa de acreditar qlre. por s€ ter alcançado un certo tipo de .gIr z"r'ru e. ^nur rr. " du r"\ cl Lla 'c'r clt*' -. rreI cue Ôurr"' rÔir \ rro vâo continuâr rnoclificanclo-a e qu€ podern acabar com elâ do dia t).ra a noite. E1c precisaria ser nluiio trLruxa' Fukuyama só quis dizer quc. clo pLrnto cle visia de estruturâ cconónrica, chcgênos a umâ ccrta soluçào qüc naro scrá supcrâda nun1 prâzo previsível' Mas, c o irnpre- visivcl? E os outros laiores de orderr nào econôn1ica cono serão? lsto signilica qüe. nâ verdade, todâs essâs iilosofias que vêcm L) scntirlo da História nun1 capítulo da própria História esiáo luncionan (lo nuis ou nenos como esses desenhos do Eschel cn1 que a nlão se ,l,i$rha a si rcsmai ó un1a coisâ irnaginávcl, mas náo realizável pois rontmria â estrulu€ da reâlidade lnesma Nao sc pode lãzeÍ que o scntido clc um cliscurso csteia lcchado no próprio discurso pois seria trcciso que ele se falâsse a si mesmo c náo fosse ouvido por ningüóm' Contrâ isso. iá no século lV Agostiiho tinha dâdlr â solução di zcnclo: "Olha. só pode hâver ul1l sentido da Históriâ se refcrido à l,t(r'niLladc. ou met.r história' Dai elc dirá que essas várias verticais lilritas, que cortan o tcmpo todo o fluxo horizontal do tempo poden s.r representadas como uma únicâ linha, tal como a história clâ lgreia' rtuc é À histó a da Salvaç,Lo ou da danaçao E Agosrinho dirá: "Estâ lristóriâ. que é ahistóriâ da ]grcja, pode laTer un1 sentido Aqui se pode l l.Lr.lc lracâsso ou de sucesso. rnâs no outro caso não"' Acho, cntáo' (tllc isio é imbalivcl. Nao iemlrs conlo cscapar disto, tanto qüe ninguém escapotl. Toda tcniaiiva de enconlrâr um scniido da Históriâ esbana cm obstáculos âbsolrtalnenic intrân»oníveis. e csse§ obstáclrlos s.to dados por esse erro lógico fundamenial, quc é o dc rebater cono em geonretria, cn que se projcia o espaço no plano. isio é, projetando-se os dois eixos num eixo só. Com isso fcchafios â explicaçáo sobre Sânto Agostinho. Já dá pârater unla jdéia gtobat de suâ tilosofia Ainclâ mais imporiênte do que tudo isso é o fato de que Santo ^gostinho começa sua tjlosofia Dor uIr. (un.idera.aoiutobinr,ari.a. D^r unu r,Jrrat:\a üulubioLrdt;.a e por um cxame dc si nresrno n,ro comLr uln cu abstraio, um eu filosótico. r'.d5 Lnnu u r e,r b;úgratrcu. r(ai f Dúr qIc ele t-,, r!.. i pnrque. a,1re\ delc, houve três sécuios dc práticâ da conlissâo cristã Á confissáo oi§- r; ibre. Dara a rnl.lig;n(:à hurnrna ulrrdimcn.áoouecrarnc\i\,(nte para os irês tipos ânieriores: o filósoi.o grcgo. o proltta hebraico e o saccrdote egipcio-babilônjco. Essa dimensáo temporal de que você vai lazcndo sua vida conl.oÍ mc suas escolhas, erra ou acerta, e coniinU xaminando esse passado para se co,igir J[T::jii,H"'::i:J: cntre os ludeus. mâs não na irdividual. Essa dimensAo quc Israel vi via coletivamente, de repente as pcssoas percebem quc cadê indivídDo e'lã d.IIo deld.. tdn,o oue qu.ndu o ti( t,.ri.rao le r Brblia, ond< c,r, cscrito',Israel. ele é convidado a ier .,você rnesrno,.. Não é somênTê ô po\o < o Dovo. ni\ trfloem e \u.e {quiloque!. ru.,,u"o,-.,orr,; de Israel vâi se passar igualzinho con1 você, em sua escalâ biográiica. Alé esse momento. os acontecimentos da vida individual emm ti- dos..de maneirâ mais ou menos implícita, como i[elevantes, pl]js o que interessava eram só as verdades eternas. De lepente. com o âd- vento do cistiaüismo, descobÍe-se que cssa sucessão de rnisériês, de sofiimentos e humilhâções, que é esta porcâ virlâ, é chêvc e âcesso pâra a Erernidade. Nà escata cotetivo+istórica, os judeus já sabiam isso, pois a ioda hora eram obdgados a reconhecer seus eros _ contá- los. reconhecêJos e tàzer o câminho de voliê. toran milêniosdesta .\pcriência, e, de repente, con1 o advcnto do cdstianismo, estâ dimen siro se condensa na escalâ dê alma individual. Iío signjfica que Agostinho representa, pcla prineira vez, a con- (lrnsâçào simultâneâ dos três tipos anteriores: os sâcerdoics egípcio l)ahilônicos, com o conhecimento dâ naturcza; os profetas hebraicos: r,nn snâ consciência histórica; e o lilósolb; com suâ consciência do ;rccsso quc a alma individual tinha às leis etemas Tudo isso se con, (lcnsa eln Agosiinho. E s€ cria unl novo tipo de filósofo: o lilósofo que lilosotã âtrâvés da confissão. âtravés da consciência autobiográfica. ()u seja, elc discute as coisâs não a pafiir de conceitos que estao cir- culândo püblicâmentc, mas da experiência pessoal real. Claro quc os tl.s tipos anleriores tanibónr paltian dâ experiênciâ real: os sâcerdotcs cgÍpcio-babilônicos tinham expcriôncia real da naturczai os profetas hcbrâicos tinhâm experiência real dessas mârchâs e contramarchâs do povo iudeu; e o iilósolb grcgo tinha umâ experiência reêl do acesso às leis etcrnas. Só que esta nova dimensáo dÍr experiôncia real que se abre com o crGtianismo somente adquire auloconsciênciâ filosóIica cm Agostinho. Podemos entáo perguntar: por que todos os outros filósolos cris- t,Lrs subseqüentes não fizerâm assirn? Durante todâ a Escolástica, esse làdo conlessionâl ó deixâdo para o confessionáÍio, e os filósofos só (liscutcm a paÍiiÍ de conceitos jácirculântes na cultura. Ou sejâ, perde- sc o hábito agostiniano de raciocinar a partir dâ pessoâ concreta e se começa a raciocinar por conceitos consolidâdos. Isto é um convite a quc a Filosofia se âliene da experiência reâ]. De certo modo, podenos ver que. em iodâ a evolução posterior da lilosolia cristã, csse legado agostiniano acabou se perdendo em algum ponto. Para ver como é que isto âconteceu, vamos dar um salto e pular do século IV para o século XIL Às vezes é importantc âcomparhar a continuidadc interna dos processos saltando sobre a distância cronoló Z5 gica. pois qualqlrer processo intclccrual pode ser rctomado â qualquer momento, sóculos depois, tito logo alguórn volte a pensar no asslrnto. .h noLlu.rutr.r,zc.".ur.,raoir,,.,u:i.r \ r.r nn...o.rgj'o\o Dumnte todo o periodo quc châmârnos ,re.iiezrd1, houvc tlm cedo atrito entre lmpório c Igrcja Existia â autoridâde imperial. no tempo romano, que era alhcia c hostil à ]greja. À partir do ffoffento e que dcixa dc ser hoslil. qlrâl é o novo padráo de rclaEões quc sc cstabclccc? Quândo o nnpcrador sc convertej clc está submeliclo à tgreja como ficl. IÍas iaDlbém o está como imperador? Qual ó dc fâlo â origem do podcr imperial? tlla é constituída através da lgreja ou iem uma origcm própriâ, tcnt unrâ râiz divina próprial, Aparcnlen1enie, estâ segunda soluçáo pârece â mais razoável. pois antes dc cxisiir a ]grejê já exis tianr impérios NIas há o prcccdcnte bíbllco do prolcia Iacó. a quem a comunidadc pede que constitlra uln rci, e ele ctiz: 'Nâo. não làçanr isso, pois ele vâi cobrar imposto, vai bot seus filhos no exércjto, vai pcgâr suas filhas pâra transar, c assiff por diânte" Nlas clcs insistern, e elc o constitui, dai vem o rei Sarnucl que laz exatamente isro. Existcm. entào. as duas hipót€sês O lnpério cristào sc constitui, pela primeira vcz Iormalmente, corn Carlos Magno. n1âs seu impório dura algumas décadas c dcpois se deslãz nunr caos nriserável. Mesmo rcssc império. que loi constituído pela Igreja, havia a ambigúidade do poder rcmporal e da autoidade cspiritual, pela própria ótica pcssoâl de Carlos Magno, que se pellrritia certas coisas que nenhum liel cristáo se pernitiriâ Por crcmplo, elc tinha ciuas ou três filhâs a quenr êdorava. eniáo nao queria que elâs fossen eniboriL de casa. Elc náo deixavâ que elas sc câsassem, entáo dizia: 'Tenhâm quantos amântcs vocôs quiserem, mas âqui dcntro do palácio ' Dai as lilhas viviam numa "gandaiâ' pennanente dentro do palácio, para náo licarcm Ionge do pai. Ntro vamos dizerque esse erê un'L corrpol1arnenio de unl liel cristâo. l\Ías, ao nesmo tcmpo, o imperadoÍ zlt r[ a garanlia do próp o corpo da crisiandade Essâ quesiao do lnrpódo cristáo nunca sc rcsolvctt Houve várias rcnlalivas de ioürá 10. e váriâs delas cairâm Houve Llma lentativa ,ro Ocidente. outra no Oricnte, umâ co fusáo miserávcl' Mais tarde' (t ando o ImpéÍio s€ clesrnembla de vcz. qucstát'] rcssurge muliiplica la pclos reiros nacionaisi ou seia, câda reino nacional volta a colocar ,) problena dc sua autonomia ou dependôncia cnl lacc da lgrcja, mas rgorâ e]n cscâlâ mÍrlliPla. Orâ. é iácil percebcr quc esse problena político já contén denlro rlc si â queÍâo da rclaqão possívcl entÍc duâs nn)dalidades dc conhc- .imcnto: por via natural ou por via sobrenâtural Uma coisâ é a orga_ Iizâçao cla sociedacle terrena, â da cconomia. do cxército, dâ polÍtica' ctc.: outra coisa é a orgÂnizaçao da vida cm vista da SalvaÇáo' As ii- ,,rlro.d.,r;u.,oa. ne\rrr\ I riüL.nnJi.J^pJrd"u" 1 -nJ'r;o , iJe"rilirr rr \' rela.o.r nn.'t 'âo 'du ub\11' à plrreira visiâ aliás. ne à segunda. nem à lerccirâ ncm à qua â ' c cssc é um problcma quc cLrntinuâ prcsenle hoie Esre é o rniolo do drâmâ nundiâl hoje em dia Aconiecc que, nesta discussáo, âcabam aparecenalo dcltnsores L1e un1 ia.lo e c1e outror aparecem teóricos da hegcmonia da Igrcia e 1eóricos da aulononia imperiâl ou, mais târdc' r.âl Para delêndcr una coisa e outra, cra preciso acabar se del]nindo tâmbém conr rclação às duasvlas de conhecinenio anaturaleâsobre n.rtüral. Qual é o encâixe das duâs? Aí se .lcscobrcn as obras dc uDr süicito chamado Averróis, que ti- nhâ l'ormulaclo isto para o mündo islâmico sob âlor11lâ cle um duâlismo radicâI. Éle dizia: 'Tudo aquilo que é dc fé. vocô só conhece atr-âves .ln fó mesmo. Iiiá escrito no Coráo, então vocô aceita' Nada d'Lqüilo podc ser deDlorrsiraalo, poÍanto. é nratória exclusivamente dc crenqa"' Considcrâdo do ponto de vistâ da purâ razáo e conlo razão ete cnten- dia partjcülarmenrc a lógica cle Aristórclcs , todo o conteÚdo de lé ó purâ crença. NAo podc seÍ demonstrâdo, mas tcrn que ser crido. Eniao sc tern duas viâs de acesso, e nao âdianra nada miÍurar Lrnrâ misá .ônl Esta soluçáo tenderiâ a fãvorccer üma separação radical de Eslado e Igreja (âinda náo havia Eíado no scntido noderno, então seria de Impório e lgreja). Ou sejê, isto fâvoreceria â auionomia dos dois. rnas nesmo ncssa êutonomiâ aindâ dcixâ em âberto â quest,ro da origem e, portânio, dâ dcpendênciâ. nrcialisicâ e nâo l'ísic.t não da dependênciâ jurÍdicâ. mas da mciâfísicâ. Duranie muito tcmpo. esse dcbâte prosse- guiu sem que abâlassc fundamentâimenre a unidade da comunidade crista, pois a cniendia no scntido do Corpo MÍsiico dc Cristo. A partir da hom em que você se conltssa e se conrunga, você sc iniegra ao Corpo Mkiico de Cristo. Todos, e com idêntico estaluio, se integranl. lodas ir. oc.,o"r rirpazr, de cuntê5.ar e curnunpa- q-( \iu is que têm consciência moral sulicicnte para sercm capazes .lc reconhecer seus pccados, conlêssáJos e obter absolviçáo -, todos as pessoâs adul tas. todos os cÍistaros âdrltos estâo iniegrâdos no Corpir Místico de CriÍo em condiçóes idénticas. ^ idci"du(uroo \'lrn cutu:.ut "ie r<par" na.r<r. rrrrirl"decri. tá durantc Íril anos. poróm, de repcnte. à nedidâ que se acirra a dis puta entre Irnpério e lgreja. e mâis tardc cntre os reinos e a Igreja vai- se vcndo ê necessidade de se criar uln padráo Iegal, juridico, polirico de unidade. Isto significa que â Igrciâ tinhâ sobrcvivido perfeitamente bem e havia crescido e sc erpÂndido, havia tomado conta Llo Ocidente inteiro sem ter essc padráo. A simples idéia do CoÍpo Místico erâ suficicnte para todo mundo perceber que as disputas de alrtoddadc se dêvâm dcntro da própria co munidâde cristã e que nenhuma das duas. ncm a hipóresc cclesial nem a hipótcse inpe al, cra Íesponsável pela unidade crislá, pois esta era o próprio Cristo. entâo ninguém iâ dar palpiie. Mas, de repentc, à me 2N (li.ltL que a briga prossegue, a idéia do Corpo Mistico vai sendo jogada frm trás, c a idéiada unidadc Íormal, legal. iurídica e polílica começa a rdq uirir inporiância. Imagine à gra!idadc dcste processo, porque, dc rcpenie, mil ânos de religiáLr estão baixando para o nível dc umâ dispu ta dc iurisdiqôes, e isto a câda diâ que passâ vai licândo pjor QlrandLr a disputa passa do plano dc lgreja e Inrpério para o de Igrejâ coln reinos nâcionais, qu€ iam surgindo e se âlirmando, etoma a lorma de umâ dispuiâ cntre o pâpa Bonifácio VIII e Lr rei da França. aí r coisaengrossa dc vez. O rei da FranÇâ-Felipe. o Belo-cstava seguro .le que a instituiçâo real tinha origcm divina diÍeia c que, porlanlo, ele náo dcvia satisfaçâo à Igrcja. Iá o papâ estava convencido exatamcntc do corrário, pois hâvia lido uln Iivro sobre o governo dos papâs (que, aliás, existc cn trâduçáo brasilcira':), escrito por um individuo chama- do Egídio lton1ano. Egídio concebe a uiidâdc cristà. agora, como uma organização hicrárquicâ, que comcça no pâpâ e, de escaláo em escalâo. vai desccndo até os úliinros lióis cristáos. Este é o primeiro exemplo de conccpçâo totâlitáÍiâ da Hlstória humana, é a sôciedâde i!iegÍalmcnte adlninisrrada c governâda. O papa leu esse livÍo c gostou, ertão publicou umâ bulâ na qüal âfirmavâ, conl.a o rei da França, o pdmado âbsoluto da Igreja sobre os reis. portanto, é o papa que constitui o rei. que náo passa de um ernissário do poder papal. Note ben que já não sc iratâva nals dâ unidade mistica do Corpo de Cristo, mâs da unidade política de uma cstrutura administraiivâ. NâluÍalmentc, quando aparcce cssa teoriâ. tel1l que aparecer uma ouira análoga do ouiro lado. Existe, então, um camârâda chamâdo Pierre Dubois, que Iaz também uma teoria dc tipo totâlitário para a escalâ nacional: o rcino, particulaimentc o da Frânçâ. é tido como de origem divina, sendo, porianio, totalmenie autônono cn relaqAo à Igreja, e dentro do reino dâ França os membros do clero passam a scr funcionários do rei. -.M, . L ü,, 1," , ât ,n.,r .,; r,e hnun. LunA. dcRoil Fcrfópolis/ltl: vú2.s,1939 29 lAl\tno: 11. a otieefi do a el.ícafiistto-1 lsto. é â o gem remota. É no mcio dcsta confusâo quc apârccc - r ,uje ru clUr rJrlu S,n.u j.m,. d- ^quinu qL. rrj. u Lr iru qr, rinhâ â cabeçâ no lugar ria época e que percebeu que precisava articu lar essas coisas de uma outra mâncira. Ertão, partindo das obras de Aye óis que h.Lvia cLrlocado Lrm.r lronteir.L bem nÍti.lâ entre razáo e fó -, a primeira coisa que Sânto Tonrás de Aquino laz é nrostraÍ qüe esstL lionteir.L náo é nÍtidâ de maneira alguDra. Ou seja, de alsum modo ele rcslaura a idéiê agostiniano de que a razáo natural prccisa.tâ ajuda sobrcnârurâ1. Ele o fâz d€ maneira m0iio lnais nrecliada e rnuito menos râdical do que ^sostinho, mas 1ã2. Averróis havia tirado essa douldna de dentro d;r! obras de Aristótclcs. mâs interpretadas de umâ ceftâ mâneirâ muito peculiar, que â partir dessâ época começa a virar moda. Esta mancira consisic err se considerar a lógica de AÍistóteles náo comLr um súnbollr dâ on tologia. ou da cstrurura do Scr, consklerâdâ no seu refle\o lingliístico pensênte. mâs conio uma técnica operacional rcltrida apcnas ao pcn- sânrento ou à linguâgem. Enláo. vai se subslituindo a lógica dos seres que havia enl Aristóiclcs por umâ lógica dos iermos, por uma lógicâ das pâlavras. Isto entra no Ocidente através dc ^verróis. l{lrno Nào "ito utto Lo\onaquia?l Com o tempo isso vâivirâr loquomâquiâ, certamente, mas acontece que csie é o conceiio de lógica qlre exlste alnda hoje Até hoje se enten de à lógica como un esquema l'ormal distinto do mundo da cxpcriên- cia. entáo se pode bolar um sistema ]ógico inteiro que sejâ todo irreal. lsto significa que, qüando Aristó1eles montava um raciocinio lógi co paiindo das delinições dos seres, ele estava scguro de que csiava lidando com conceitos que expressâvam a consistência olr a essência l0 rciLl dcsses seres c que. porlanto. as concxôes kigicas teriarr que ter súr correspondência em conexões rcais Esses dois elementos a sepa_ ruráo râdical enlre razáo e fé, e atendênciâ para unla lógicâ puÍamcnte l)nIal. totalDentc separada da lógicâ materiâ1 entran no Ocidenle Sânio Tomás 1ê Averróis e âcha que lcnl que dar unl jeiio naquele rcg(icio. Primeiro, ele vai rcstaur$ o scntido onlológico da lógica. Pârâ isso era necessárjo reinicrpret.u todas as obrâs de Àristótcles e cir_ oulaçáo c r€expor toda umâ cosnologia. acertândo umâ estrutura dll cl)smos seg!ndo os primciros princípios íl elatamenre o que ele vâi i.tzü ra Suma ca tra os le líos: vai colocândo os pÍincipios. Deus, depois os ênjos, a criâçao. o Universo, os seres. elc.. até chegâr na pâr lc psicológicâ c morâI. Tudo é colocado como um sisterrâ totalmenie hicrarquizado. com âs suâs dilerençês de nívcis e seus conl'liios tam- bénr. Em nenhum mornenio o raciocinio lógico se afasta dâ estruturâ .lâ rcâlidade. Ern segundo lugar, Sânto fbmás vai reafiÍrnar a impossi_ bilidâde de sepârâÍ o naiur.Ll do sobr€natrrrâ1. Ele dizr "Por melhor que seja nossa razáo naiurai, exisicm aiguns pontos em que ela náo pode andar sem o auxÍlio sobrenatlÍal". Por excmplo. quando você considera a criação, a existência do Dlunclo criado, a nâtureza, ela l'oi ciadâ no tempo . No tempo ou lorâ do tempo? As duas hipóteses levan a contÍadições lsto signilica quc nâo se tcm como raciocinaÍ a partir de um elenento revelâdo. Mas a criâçáo é a base de todas as ciências naturàis Isto signilica que, de uma mâneira discretâ e até tênue, embora Santo Tomás seja adepto da teoria da abstração c não da teoriâ da iluminaqão divina ou seia. vai clizer que os universais sáo conhecidos por abstraçáo . ele coloca um limite nisio e diz que, num ce o ponto, a Íazâo nâtural cngancha na sobrenatural. Entáo, ao mesmo tempo em que tenta costuraÍ isto. ele tem o princípio da unidade ou da continuidade entre o conhecimento i1 dc orden sobrenatural c o natuÍal. Sânto Tomás alirmará, erltao, reso lutamcnie, senáo â unidadc direta dessas duâs dimensôcs, ao menos sua nâo-incoerência, isto é, que umâ coisa nao pode ser incoercnte Nós nunca podenos nos esquccer, tanbém. de que é clc que lança as bâses de todo o constilucionalismo moderno. A concepçào de dc- mocrâcia constitucional é üma concepçào dc Sanro lbmás de Aquino, que via â cristandade como unl simples Íetlero terreno do próprio Corpo Místico dc Cristo, ou seja, a comunidâde dos crisiãos adultos e rcsponsáveis capazes dc confessar e comunga! porianto, de participar dâ lgreja. Dcsse modo, este conccito s€ sobrepunha âos conccitos ecle- sialislâs e âos monârquisias ou imperiâlistas. No entanto, tudo o quc Sânio Tomás Íez. tudo o que ele disse. "entrou pôr um lado e sâilr por outro '. O homenr tinha a salvação da civil;zêçáo na mâo... Mâs a paÍiir daí começa a aparccer um lenóDreno, quc é a progÍessiva retirâda do Espirito de dentro dos dcbâtes públicos. lsto se toflrará claro con1 uma espécic de coriinuador de Santo Tomás, que é Dantc Alighieri. Dante tem a consciência de ser uln intclcctual serr representaçâo públicâ. Ele nAo ient umpúblico pronto. nâo perrcnce â nenhuma orga- nizaçáo, não representa ninguóm. a náo ser â si mesmo, cntão se dirige auma entidâde abstrâta, que é â opinião pública. Parâ estelim. invcnta um gênero literário quc depois loi muito usado, que é a Carta Àbe a. Na Cârta Aberia, o indivíduo, senr lalar exceto em nome dos conhe cimentos quc tem e da sua própda int€ligênciÂ. dirige-se ao público. Isto mostrâ a consciôncia que Dante tinha de quc seu conhecimento espiritual, sua experiência espiritual, já náo representava nada pr.rbli camente, e quc cle náo tinhamais, pelo fâto de teresta reraguarda, esia vivônciâ do que seria o Corpo Místico de Cristo, nem poÍ isso tinha uma autoridade para falar Diz Eric Voegelin. numa expressão muitl) feliz, que Dantc ó o pdmeiro que lãla náo em nome de uma autoridade 32 ertcrna, mâs em nome da anlotidaLe da maiestas gerii, dâ majestade tlo gênio. É o primciro que laz isso na história do ocidente. Isto já mostra que não haviâ lugarno debate público para Lr homem quc, pârtindo de uma cxperiência espiritual mais proÍunda, analisas- sc o conjunto, como fez Sânto Tornás de Aquino. Santo Tomás ainda cra un1 professor universiiário, âinda tinha âlguma autoridâde dentro .lc um grupo, e Dante já náo a tinha. Sua situaçâo já reflete a perda dâ oportlrnidade que se teve da salvâção mesmo da Lrnidadc cristá. À partir daí, essa unidade vai se romper, vai se ftagnentar cadâ vez tnais. rcmpre com reivindicaçóes dc prirnâziâ cla palte dc um e da paÍte dc outro. Esse processo da ruptlüa da unidade crisiá virá lunto. E, não por coincidência. virá com a perda da uridâde entte a lógica e a onro logia, entre o conhecimento do Scr e a ordem do discurso. Esses dois processos sáo irmàos gémeos. Por exen1plo, Guilherme dc Occam, que é o primeiro dos chânrados nominalistas, também está convencido dc que as verdades da fé têm de licar totâlmcnie à mârgenr do exâmc racionâI. Àquela marca deixadâ poÍ Averróis não loi, portan- to. apagada por Santo Tomás. Náo se pode esquecer que Santo 1bD1ás só ioi nomeado Doutor da Igreia no século XIX (sete séculos depois); cntão, nos primeiros momenios, tudo aquilo que elc disse ficoLr "o dito pclo nâo dito". O surgimento de Guilhermc de Occân1, unr século de- pois. mostra islo aÍ. Quem quer que tivesse esludado dircito Sênto Ibmás de Aquino jamais podeÍia âceitar esl:r coisa de quc a lé tem que ser mantida iotâlmente intacta, l'ora da eslerâ da razáo, e vice versâ. Orâ, ao mesmo tcmpo, a proclamaÇáo da total sepaÍâçáo cntre.) conhecinrento racional e â lé inplica também que a lógica iá nào será ljonsiderada como um conhecimento do Ser, como um coniuntlr de co_ ncxóes captâdas na própria estflriura do Scr. rnas apenas como cone_ xâo entre iermos. Ora, nâ lógica dos tcrmos. câda termo tem um duplo papel: por um lado, teln o que sc chama sig,?ilicdçAo. tcm sempre um conjunto de significaçóes quc ó rcdutível â Lrm certo rcpcriório: por ou' tro lado, o teÍmo excr cc umê olrtra funçáo, quc é chânâda de §uposilio (náo sei eratâmenie con1o lraduzir, pois nâo é "suposiÇáo , é -estar e lugar de outro"i seria "delcgaçâo'. olr "substit!ição", algo assir'o. l\lrno: "Superposíçaa" , ÍaLre.?l Supeposiçao... Na verdâdc scria nêis uÍÍa espécic de interinidadel o sujeiio esiá ocupando o cârgo no lugar do outro. Isto significa que o termo está, na sentençâ, em lugâr dc urn ente. e tudo o quc se conhece é sobrc o termo. e náo sobre o cntc lsto signilica quc. de acordo com Guiiherme de Occâm. na verdâdc. . lÁluno: ( ..) reprcsentuçAo?l É. nós nilo conh€cemos as coisas diretamentc. mas apenas os scus conceitos. Quâl é a dilerença entre significâEáo e suposiçâo? A sig nilicaçáo ó o conjunto; e a suposiçâo, ou substituiçáo, a suposilio, é apenas o sentido que aq!elc tcrmo tem naqüela frasc. Significação é o conjunlo; as significaEões estao no dicionário. Nulnâ cerla liâse. nun1â certa senienÇa, adquire um significado precis.r e, portânto, é uln ente determinado que â palavÍa substiiui para efeitos do raciocínio. Essâ lógica dos tcrmos é, entáo, aprimorada tecnicanrente dc modo muito rápido, pois, na nedida eln quc sc desvencilha dâ rcsponsabi lidâde pelo conhecinento do Ser, cla vai virando uffa tócnicâ iorn1al e seu dcsenvolvimento é quase automáiico. Dâí ató a modema lógica matemálica. o âbismo que vai se criândo entre lógicâ e rcalidade é inenso. A lógica nào tem mais nenhuma sâtisfâçáo â prcstar à reâ1i dade alguma, e isso significâ quc também a separaÇáo entre esta e o conhecimento vai s.. tornando cada vez maior O que Guilhcrme de Occên1 cliz, que não conhecenos dirctâmcnte os seres, que todo o nos :1.1 !) conhecimento é constiiuído de ter os, iá é l(antr náo conhecemos a roisd eÍr ri. mas somente suâ reprcseniaçáo. Se exaninaÍmos bem, rssa é uma liase totalnentc sem scntido llrluno: É porque não se pode ( --) a rcPese laçda se rcieftnci't no que é rcpresentado (...)?1 Nào é só por isso. É porque aqüilo que a coisa lhe apresentâ' se você clisser que ó apenas um aspecto ou fcnôInenÔ destâ acaba chc_ gando cm contEaliçóes absolutamente insolúveis, poil está supondo qlre a coisa em si se constitlri de uma coleçáo inunerávcl de aspcctos. ro passo que sua apresentaçào, ou rcpresentaÇâo' se constitui de um ora, isso signilicâ qu€ só se pode ver as coisas sob detcnninados as fcctos, conforme elcs se aprcsenlam. mas nunca ninguém, que cu sai' ba. Iez a pergunta clrntráriê. Só posso conhecer a coisa por âspectos' Mas a coisa poal€ se apresentar de outra mâneira? Isto significa qu€ a §übdivisáo cm aspectos náo ó uma limitâçAo 'ln n'ssÔ 'onhecimento' clê faz pârte da própriâ cstrutum da r€âlidade Portênto, quando co- nheço â coisâ só poÍ um aspecto, náo ó que só posso conhecer por as pectos: a coisa também nâo pode se mostrar sob todos os âspectos ao mesmo tcmpo- pois esse é o modo de sua rcalidade cspâço{cmporal' Conhccer a coisa por aspeclos é, portanto, conhecer a próp a coisa en si, pois a coisa cn si é assiml Por exemplo, quando estou nun1 rlos lâdos da mesâ, só posso vê Ia por este lado. Mas elâ poderia se mostrar:r im de outra naneira? Portanto, o faio de quc ela tern este lâ.lo voliado para cá e não iodos eles voltados pâra o mesmo lado não ó una limitaçáo cognitivâ minha, mas a própria estrLúura do modo de 35 ]-r"-.-'''' l^lunor I o rsPaço?l lslo significâ qrc. quanLlo cu estou conheccndo um aspeclo e â coisâ cnr si que cstur conheccndo. c não ape'râs Üm ienôneno utna aparência. A mesa cm si tcnr sinuliâneamcnie todos os scus lado§' rnas náo 1e]lr todos eles vollados para o mesnro lado a náo ser nun quaclro cuhistâ nuln quâdrô cubistâ vocô póe nxlos do mcsnlo lado -' e isto é a coisâ em si N:úl À coisa cln sié a simullancidadc dos seus adu. ',Jr..dô' lbr' !Jrrô' r.l '' . 'u l'ru ' qniii'a \Lrc crtjÍc unrâ pcúeiia. colno diriâ SantLr'Iomás dc Aquino conrpropor' ci(xrâlidacle" cntre nossa pcrcepçào c â csLrutlrrâ da reâlidadc Nao há o abismo quc Cuilhennc de Occan via ou qÜc mâis tarde l(dni verá EIes, nâ verdâ.le, sc iiudem por palavras lAliino: E o lerna "rcprese laçào" é apefias ufia ctistaLizaçàa de ruda um desses as?ecfu)s?l Ceriâmenle, a representaçAo ó o lerô eno tâl como âparecc ern sua mente. Fenômeno é nquilo quc aparcce l \,ur a. \,rr ' o lrttlo tt.t tittrtt?P' t' t- - tlur Orruti dt ta qtr podenu)s conhecet nào !. a aspeclo em si ttlutbéttt ( ')ll Nâr)1 Aí. além de você lcr a separâção cntrc a coisâ e scus aspeclos' rem a separâçáo entrc o âspecio e suâ represcnlaqáo nâ mentc' e cntre â reprcsenlaEáo na mcnte e sua expressão vcrbal' e assnn por diante' Ou scia, você vai introduzindo uma §üccssáo dê âhism{)s c' no lim' ficâ nr, nâ conlusão miscrável. Mâs â confusão é puramente vcrbal' pois ela começa conl ümâ coníLrsáo inicial, dc qüc existc urna dilcrcrça essencial cntre â coisâ e seus aspcctos, quândo teÍ aspectos é â própria estrulura de rcâljdadc da coisa. Por excmplo eíou Ihe vendo' mas não estou vcndo o íuncionâr enlo do seu figâdo' clo seu pulnrão eic E seu cu esrivesse vendo. vocô estâria lnono. nreu Dcus do Céul Não solr cu que não consigo vcr, é você quc não conscgue moímr, pois náo pode. sern morrer lirâr scus iniestinos. seu iígado. para nostrá los para nirn Esta limiLaÇáo é, entao, a est tura do seu modo de existência. e ó exala rcntc assirn qu€ eu the vcio. Portanio, esto! vcndo exatamcnte a essôncia reâl tal conlo ela se apresenta. Vollâ]nos ao anligo Ploiirro, quc dizia quc nada é mais lãcjl de conllecer do que o essência dns coi- sâs, pois csta se nrâniltsia na fonna. A essôncia não ó um mislório por trás dâ lbmra, ó â própriâ formâ qlre sc manifesta Quândo vocêvê urr'â vâcâ, náo é uli] aspecto dc Íaca quc você vÉ, ó vacal ÍAluna: 'Fama d.al esse rei"?l lsso. exâtamenle, "a lbm1ê dá o ser das coisas". lsto signi$ca quc a cone{ão de lógica c ontologia ó lnlrilo mais próxinra do que sc pensa A lóilica pode scr operada scnl relerôncia à ontologia, ou seia, podeiros pcnsá Iâ sem rcÍerênciâ,n1âs esta distinrao náo está nâ própria lógica' cstá no lDodo de opcrarmos conr cla. },lrlão clas enl §i ráo têm abismo Náo há um âbismo enlre a deliniçáo da cuisâ. da essência da coisa. c sua exisiência. Nós é quc podenros, por dbsimçâo, olhár unl lâdo' olhar o oulro. ou olhitr os dois ao mcsmo te po Tr.Lia sc, cntào. de umâ dislinçáo nominâl que os camâriLdas toman colno real de Guilhernre dc Occânr ató l(âni, e àié hoje l{\una: Lngnça(la Erc o póptio Atistóteles iá ti la pext'bítl') que se potletio tet essa iúerPrctttçào eÍruda... (...) dessa distittlcia, e eb tl.tí un eret pt.o de Lomo esse ca tillho ttãa lcüa a lu\Ltt enhlLn' díze rlo: 'St üocê aai Li1'anào os \ciclentes- só sohru o espaço. o Íin , uodtc\ ),taú'.naMJr I dt.. \la nou' a,LnÍot'n""u"t .17 I Claro quc se podcria làlconro Agostinho, Arisrórelcs sernpre partia clâ ânálisc da expcriência rcâ}. nnnca de conceilos filt'jsólicos já Úaba lhaclos. Feilâ rma ctisiinçáo lilosóficÂ, cla tirha scnlprc que conservar sua raiz nâ cxperlência e podcr retornar desdc as Úlrinüs conclusócs âté os primelros clementos de cxpcriência co.rpactados c conrplcxos' tal como eles apârecem na vi.lâ concrciâ A pârtir de Avcrróis, porén, ..1áí àté Guilhermc de Occaln (e dc mai§ gcntc. Ião são só dos dois)' começa-sc a racbcnra. cont basc cm Pr{nncnrÀs intclccluris, técnicos Guiilermc de Occam é Llrn sujcito muito inteligentc que dá Lrma .ôru.J, tô!r... L rd .LIr d' .ir.u'.u.', u, (.lr\orr'(r I *u rr.i' inielectual N{as cm nenhun nromenio sc reporta à erpcriônciâ rcâI, for.. .. ( \. L \1r:r' r''rr( i'\u ,ltrr - <\lcri(''Jia r.rl ,i..,'rp. rr. I:rn.uu e. qur nlÔ p' coisas quc nAo podem sc mostriir a mim a náo ser por pârics Ponanto, isio ó a estrutura reâl dc1Âsi â linitâção está nclas, e náo eln nrim lAlúna Naa pad.e set Ítue úós, tle lna Leia furna. satnos Íruídas p(» nosso .leseít)? Poryuc osso dcseio setiú de cofihecer lrLdo s()bre ãtgufia coistl. No e lanÍo. é cano ter üna met1le atada se seúi::do cülpado. (.. )) Nâo, o dcscjo é pcrfeitanrente legítimo. pedcitamentc Sanio Tomás iá tinha rcspondido a isso dizendo o segllnltc: quc ó próprio do sábio nrlo tcntar conhccer üais do qüc â coisa ó l|luna.Potque daí para Írcnte elc desanda' iioél') Porque dâÍ para .lianie estamos invcntândo Exisie LLmâ limitaç'o .:lo conheccr, e existc unla limihçAo &r ser orcsmo dâ coisa Sc â coisa eristc de mancira contingenle, cla só pode ser conhecida colno tâl Náo é unrâ hniuçao sua. é dc1â lnlrLna Na e ta ta, nós nos ]ectimin tas.) Clârol l\Ías isso é un1a tcrtação dcmoníaca. Você n.lo consegue co- nhcccr a vacâ toiâl poque eh lambén nào conscguc crislir cle ma feira lotâl. Nâscc pcqucnininha e vai crescendo. e. cm cada mome|io quc clâ ó, clâ só é âqüilo que é nâquclc momcnto, os outros Dronentos jri loranl. Sc vocô tcniar conhecer a vêca totâ], vai conhccer por unrir duira Dlodalidâdc: por obscrvação e por ínaginaEão, quc vocô vai ier quc corlrpleta. Nao vai poder tcr agora. a pcrccpção .lo que â vâca lbi três anos âtrás. isso náo dá. N:'o pr,.te toniar hojc o lcitc que a vlca vai dai r.Lnhâ Quando você exisc isso c nâo consegre, dâí crir o abismo. Mas notc quc isto ó rm erro lógico. Lnn erro dc abstrâcionisrno: você estaL tomando por distinçâo real urnê dil'erença que só cxistc mcnLalmente. Íislá supon.to que a vâca quc você cslá verLlo por lbra ó rcalmcnic scpârada da qre eriste por deftro c quc vocô náo vê. O que está por lora a vaca mostrâ, c o que está por dentro cla tcm quc conservar ,- 1'n( iJu. n1.o, Iôr. o q,rc jr \, r; \. ,, qu. r \d.jr não nrosra vo.ô iniÂgina. e conrplcta aimvós do jogo de inaginaçáo. mcmória, pcrccpçáo do ser das cLrisas. Uma coisâé vocô pcrccbcrâssinr. Narealidâde. todomundo percebe âssi.r perceber nós sabcrnos há muito teÍnpo, no tempo clâs cavcrnas já sabíâffos; podanto, é unla habilidadc muito âniigâ Mas a habilidâ- de de montar râciocinios lógicos começâ coln a lilosofiâ grega, entao. na escal.L hist&ica global. cla ó muilo rccente, é r1ova, Evidcntcmenie. vocô náo tcnl o domÍ1io.lo raciocnrio lógico corro o te r dn percepçào. Erltáo, na hora cm que ienlil expressar logicamcntc o que eíá na per cepç,ro. podc comctcr uma infiridade de crros. Na escalâ da pcrccpção, !ocê náo vai cometê-los Gâranto quc Grilhernre (le Occam nunca tm- tou âs pcssoas do seu ellomo conlo sc f(xscrr nrcms rcpieseriaçóes. 11 que clc as lrâiava como pessoas reâisi .lrc ele nunca coÍrcu a reprcsen laqáo de um prtLto dc leijão, coDleu o pr.rro dc leijáo Isto sigrificâ quc' na eslera da existôncia real. do leáe s,lrell, cle Àgia conro umâ pesÍrâ nornrali só !omo iilósoto é que cra louco Essâ.lcíasagenr, csse abismo cnire a expcriência real e o n1lÚdo das cogiraÇóes lilosóficas coneÇâ ncssâ éPoca À origem dcssa rupiurâ é islâmic.L. Íl con1 Averróis. Ou scja. nós conlraíInos esta doença do Is1ã E de onde vcrn esttL tlocnç.I'l Vcrr clc quc. no Islá, o mundo da c\periência religiosa é tigorosanrcntc separado do nnnrdo da religiãL) cnquanto noÍna clc virla cLrmum. ,\ nonna dc !ida cL''r rn ' iguâl para lodos. mas as revtlaÇÕcs inlimas, tLs cxpcrlências místicas, jican lora disto. não cntranr na discusstlo pública. l-l a diierençâ que elcs ch rnâm J. \rd../r., U(".ii tH.tJitt tut c,"rJ',J( t. nrro n- \at'tt\ttL e o rs.,ler flÍr. â dislirlçáo quc, séculos depois, René Guónon rplicará à oislan.lade fus conceiios de esoterisDro c exolerismo sao copia'los iguaizinhos aos do munrlo islârnico). li elc ohegará a uma tal corrlusâo que clc meslno, querendo rastrcar âs oriilens do cristianisnlo (elc pcr .. r" auJ,'. i.. J'. d.''u ír'ln,'' J"ri\_nu e'"i' ri''r a nu' rr'r l,rit mo). no lnn da vicla. nurna cêria, conlessâ: "Quanto nlais cstuLlo isso, n1enos cll enlendo". Vcja qlre, cmboÍa Guénon contessc isso crr pârlicülar, enr scus li vros publicaclos elc mâlrtém csia distinçao, c selrs discípulos c seguido- res mantôrn jsto rigiLlamcnie l\'Ias por quc ftLnlê1r rigidamcnte sc cle mesmo cs1á dizcn.to qtlc náo sabe'l il porque sc criou ulna e§lócic de âutoridadc papal dc liené Cuónon c as pessoas têrn quc seguir aquilo Ent,Lo, sc cle conttssoü quc nao sabe. pollco impírna' Por quêl t')orque cles lhc reaplicam o nrcsno esqucn1tL: valc o quc Guénon disse publi camcrte. Fazcrn isso quase quc inconscienlerncnte. ( ) Ora, vcja que Aveüóls tcve alguns crcontros, âlguns tlcbates com mislicos islâmicos. que irnpugnavâm lotalmente a Filo$liâ ^ Iikxolia no sentido de conhecimcrto puramente racionâl foi praticamente im pugnâda no Islá Foi cLrnsentida, mas impugnacla, porque acima dcla há duas coisas: a revelaçáo dâ sáarir7, qucr dizet a lei, o Corão, e o conhecinenio nrístico. E âmbos se dizem superiorcs à filosolia. Averróis, na prarpriâ evollrcão islâffica, acabolr tendo muilo pouca inrportância. Nào ligârarn nruito para cle, pois erâ apenas um iilósolb; c lá o sujeito ser "apenâs um filósofo" signitica qlre elc não tcm nada dc inrportantc a dizcr Se sua filosolia esti!€sse cncaixêda com â teo logia islâmica. como ê cle Al-Ghâzali. olr con] a experlência místicâ. conro a de tbn'Arabi e ouúos, aí sinl. Mas Aveffóis foi "iogado para as traças' . Por quê? Porquc cra o represenlante dâ Filosofia grega no sentido estriio, ial con1o ele a enlendia - quc tâmbém já não ela igual ao modo como Àristóleles a entcntlia Era entendida. eniáo, como um conhecimenro puramentc râcional a pârtir dos dados scnsíveis E o nlundo islâmico scmpre resolveu esses conflitos através do lumpão.. Há o famoso episódio de A1 Hallaj, unl nÍstico que, lendo prâtica- do os ritos ascéticos durânie muito tcmpo, chegá a um cerio csiado de âbsorçáo na divindade que diz elh pÍrblico: "Árd al Haq(l", qtrf.r dize\ 'llu sou Deüs". Os teólogos olrviÍam isso c lalaram: 'lsso é blasfêmial Você náo podc ser Deus. porquc Deus é un1 só. Se lem um lá c outro aqui. já sáo dois. lntào temos que lhe cort a cabeçâ'. E a coriâraln. de 1àlo Quando a cortaram, eles nresmos falâram: "Mas o caü erâ unr santo, por que lizemos isso?". Aí comcça aquele debate robrcsc o sujciro tinhâ ou náo o direito de dizer aquilo, e chegâram à scguinte conclusão: que sentenças ditas por míslisos no curso de sua cxperiên cia mística náo sáo julgáveis em tribunal. Isto significa qlre lodo o mündo .la experiência nrísticâ fica à mar' gcnl da discuss,to pública, mas sc reconhece como cxistcntc E até hoje, no mündo islârnico, náo eaiste o €ncaixc disso. Se você pegar um rnuçolmano c perguntar o que ele acha dcssas organiTações místicas, ll dcssas ldliqas, como elas se chamam (ldr&r7 quer dizer câminho), uns dirão que aquilo ó o supra-sumo da naravilha, é o próprio espírito do Islát oütros váo dizer que é a praga e que ten) quc matar todo nundo Ou scja, o lslá náo sâbe o que làzer com isso até hoje. Àtravés de Averróis, esse dualismo, esse abisnro de scparaçáo, con iamina o ocidcnte. e nuncâ mais nos livraffos disso aié hoje. Agora, que cstá havendo esia onda islâmicâ, ó quc a gcnte conseglre rastÍeaÍ a origem disto lá paÍa irás, no século Xll. o que, naiurâlmentc, rccoloca em questáo todâ â relaçâo entre o qlre seria sociedadc políticâ e o que seria rcligiáo. Por exemplo, essa confusáo entrc Império e lgreja, qlre começacom Bonilácio VIII, Egídio Romano, etc., vai evoluir até um ponto em que náo há outra soluçáo senâo cria" um Estado leigo. O pcssoâi das reli giocs cstá se pegando a tapa. Iá tendo rido a Relbrnla, tem que lazer um Esiado no quâl todâs as rcligióes possâm conviver de algum modo e que regre as relaçõcs entre elâs sen1 enltar no inérito da questã.) teológica. lsio é uma solução? Náo. É um paliâtivo. Uma cois.r é o Esta.lo lcigo como aquele que imp€m sobrc uma sociedâde religiosâ ou nultirreligiosa; o!úa, poróm, é o Estado tambén gerâdor dc lcis e na nredida em quc é gerador de leis é gerador de normas morais e de \,alores culturais. etc. Ele começa. então, a influcnciar a sociedade e a torná-lê leiga tâmbén. Por exenplor o ensino eÍá na máo de queú, do Estado ou dâ Igreja? Hoje, está na mâo do Estàdo. mas esqueccmos que isso foi muito recente. e que morreu n1üiia gcnte para que sc chegasse a isso. I)urante um certo tempo. acducaEâo náo estâva na máo do Estado. Nâ trâdiçáo americana, a educaEáo nunca esteve nâ ]não do Estado os Esiados Unidos passarâm a 1er um Ministério da EducaÇâo no govemo limmy Cârter. À educaçáo é problerna da sociedade: cada um cduca os seus lilhos conro quct cada comunidâde religiosa educa seus íilhos 1Z como queí, e o Estâdo náo tem quc se meter nisto. poróm. aos polrcos. âparece a gritariâ do tipo: ,,Mas querenros ensino graiuito.,. E qucm é quc pocle dar o ensino gratuito? Só qucm já iomou seu dinheiro, por outro lado, chamado imposto. é que pode dar o ensino ,,pseudogÍatui- to". Entâo o Estêdo coneça a se neter na educaçáo, na cultura, etc. Há uma outr.r situação: de u lado. havia iniciatnente o Estado l.-igo como aqucle que imperava sobre uma sociedadc religiosa ou mul- tirreligiosâ; do outro, há o Esrado leigo que irnpera sobrc uma socie dade leigâ. Significê que, na mcdida ern que a vida religiosa é retiradâ do domÍrio estatal, eia acabâ sendo retirada do domínio público para o privado. Mas aconiece quc o domínio privado nAo tem limites claros. ^ cducâção, por ei{emplo. é privada ou pública? Se o Estado provê a cducaçáo, entáo ele nâo poderá pro\,er educaçáo religiosa. Durante um lempo, â influênciâ Íeligiosâ permanecerá, pois elaestava imbricada na própda sociedâde, mas r1o fim será retirâda. Nos Estados Unjdos, hoje ent dia, há muitas escolas em que un1 garoio nâo pode entrar com a Bibliâ, senào ó suspenso e pode scr exputso: e se tãlaÍ da Bíbtia podc ser expulso tambénr. Islo significê que o Esiêdo leigo se torna um inimigo da religiáo. Nâ m€didâ em que se tornâ inimigo da rctigiáo e participâ de toda a cultura anti-rcligiosâ e antiespiritual moderna, ele cria um câos de valores em que podem surgir cliscussôes como essa do peter Singer sobre o direito das minhocas, sobre sevocê tem o direito ale coner uma gâlinha, ou nâo, e contra o preconceiio do ,,especiisnro,,. Ou seja, você achar quc o ser humano é mclhor do que um orângotango é um pre conceiio espcciístâ. Eu nem sei por que nos congressos ern que se diz isso náo é admiiido nenhun1 reprcsentantc dos orangotôngos. por que somentc os seres humânos têm o direito de làlar contra o preconceito cspeciístâ? Por que náo ouvir o represcniante dos chirnpanzés, dos orangotangos e dês minhocâs? Aí você chega ao câos total, quândo .+3 já náo é câpaz de distinguir por que está numa asscnbléiâ e náo tem um orangotângo sentaalo ao seu lado; você está num eslado de estupidez comPleto. ÍAIúno: O E)e prcact q e os on Eatansos saa t eLhoÍes do que algutts...l Sob certo aspecto, siml Elcs jamais coneteriâm un1abesteirâ dessas' Um orangotango iamais vai se coniun'lir con uma minhocal Imagine un ]eáo. Tem aqui um bando de leóes que dizem: "\'dn1os câçâr a ze bra'. E um lcáo pcrgünta para o outror "Mas que direito tem você de comer zebras? Isso é um preconceito especiísta"' O 1eâo náo se coloca esse problema. Ele sabe de suâ superioidade em rclaçáo à zebrâ: "Eu estou aqui para comer, cia está para seÍ comida, e ponto final" Nâ medidê em que se criâ isio, tem_se pôr Llm lado, uma aberturâ âos grandes movimentos ideolÓgico§, qüe são religiões de substiiuiçáo ou pseualo-religióes; por outio, lem-le uma âbertura à penetrâçáo is- lâmica. Quando csse§ alois se â1iam, tornam_se imbatÍveis e é o que está acontecerrdo hoie. Isio signilica que náo exlste;mâ civilizâçáo do Estaalo lcigo;náo existe â civilizâçáo leigâ' Havia a civilizaaao iudaico crisiá na qual o Estaalo leigo aparcce como um intelvalo iniciâlmenie criaalo paÍâ propiciar a paz entÍc as organizaçócs religiosas' mas um intervàlo qué terrnina com ê autodestruiçáo da ciúlizaçáo e com sua abertura olt à revoluçáo, aos movimentos Íêvqlucionátios' ou âo Islá' que hoie em dia ó a mcsma coisa. Entâo se você peÍguntar por que â Europa está se islamizânalo o tempotodo, eü digo: quando se chegou ao ponto em que, a partir dos elementos da §upo§ta €ivilizaçáo laica' já náo se é câpaz de distinguir um homem de um orangotango e de uma lagal1ixâ. eniáo vem o Islá e cnsinâ essâ distinçáo' pois afinal d€ contas. elc iem vâlores, iem uma trâdiqáo, una cosmovisáo' tudo orgânizado. lsto signilicâ que, quanclo o sujeilo chegou no auge do +1 materialismo e dâ negaçáo de tudo, até no niilisDro, o passo seguinte lAluno Pot que o lsLà e fião o budisno, ou.__?l Tàmbém poderiâ ser, se estas religjoes tivesscm o apârâto impe, rialista que tem o Islá, mâs náo têm. O budismo, na verdaale, se ex- pandiu muito pârâ o Ocidente, porém cstá seüdo destruído em sua própria terra. Leiam o meu artigo editado no Cloáo,r no qual com€n1o a frâse do Dalai Lama em que ele disse o seguinte: ,,O marxismo tem um mórito, ele se baseia em princípios morais. enquanto o cap,iêlismo busca apcnâs lucro e rentabilidade... por isso sou meio budisiâ, meio Dralxlsia'. Eu digor "Vocé é neio meniiroso e mcio idiot.r, isso é que vocô é1". Por quê? É simples: conheço o n1â ismo e conheço toda a filosofia do liberâl-capitalismo. Sei que csiâ úliima é toda baseada em prin- cípios nrorais. Àdam Smiih, aúes dc A iqueza tlas naÇões, está lá ÍIâbalhando a Teoria dos senlifie Íos moruis. e assim por diante.a Ele leln essa preocupaçâo, IGnt tem essâ preocupâçáo, Iohn Locke tem cssa prcocupaçâo, todos eles. E enl I{arl Marr náo exisie preocupaçáo moral de espécie alguma, ao conirário: elc nega a substancialidade dos princípios moÍais dizendo que eles sâo apenas aspectos ideológicos supereslruturais à economia. Dito de outro modo: pâÍa MaIx, moral é apcnas legitinaçâo ideológicâ da economia. seja a escravisla, seia a leudal, a capiialista ou a socialista. Isto significa que, ou o Dalai Lâmê está lãlando sobre coisas quc ignora totalmente - c ele náo tem nenhum direito de fazer isso. entáo é um irrcsponsável, um idiota , ou eÍá mentindo conscientemente. ' 'O Dalâil]âma rd€'r''. O C/ràd,14jun 200J r Àiam Slrrr.Á,iqre2, dal
Compartilhar