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Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia SEMINÁRIO – ANEMIA CONCEITUAÇÃO: É a diminuição da hemoglobina, do hematócrito e do número de hemácias. Considera-se portador de anemia a pessoa cuja concentração de hemoglobina é inferior a: Homem adulto – 13 g/dl Mulher adulta – 12 g/dl Mulher grávida – 10,5 g/dl Criança entre 6 meses e 6 anos – 11 g/dl Criança entre 6 e 14 anos – 12 g/dl Os mesmos critérios dos adultos aplicam-se às pessoas idosas. A presença de anemia em pacientes idosos está associada a risco aumentado de mortalidade, de modo que um baixo nível de hemoglobina sugere a presença de doença. O principal problema com as anemias é a hipóxia tissular. ELEMENTOS CLÍNICOS: Os sinais e sintomas dos pacientes variam de acordo com a idade, a etiologia e o tempo de instalação, além dos relacionados a doenças de base ou subjacentes. Crianças toleram melhor as anemias do que as pessoas idosas. As manifestações clínicas da anemia decorrem da redução da capacidade de transporte de oxigênio do sangue e consequente menor oxigenação dos tecidos. Os sinais e sintomas das anemias estão relacionados à hipóxia e às repercussões dos mecanismos compensatórios. SINTOMAS RELACIONADOS À HIPÓXIA: A hipóxia ocorre quando a redução da capacidade de transporte de oxigênio não é completamente corrigida pelos mecanismos compensatórios, ou nas situações em que o consumo de oxigênio aumenta. Os principais sintomas são cefaleia, vertigens, tonturas, zumbidos, fraqueza muscular, cãibras, claudicação intermitente e angina. SINTOMAS RELACIONADOS AOS MECANISMOS COMPENSATÓRIOS: As principais manifestações envolvem os aparelhos cardiovascular e respiratório, responsáveis por tentar compensar a reduzida capacidade de transporte de oxigênio e dessa forma corrigir a hipóxia tissular. → Aumento do volume-minuto cardíaco: O volume-minuto cardíaco em repouso não se eleva até que a hemoglobina seja reduzida a níveis inferiores a 7 g/dl. O volume-minuto cardíaco na pessoa com anemia aumenta mais do que na sem anemia quando submetidas a um esforço equivalente. O aumento do volume-cardíaco durante o exercício na anemia é resultante da elevação da frequência cardíaca e do volume sistólico. O aumento do volume sistólico pode ocorrer pelo aumento da pré-carga, da contratilidade miocárdica ou pela redução da pós-carga. A relação entre o volume de hemácias e o volume de plasma (hematócrito) é a principal determinante da viscosidade sanguínea que se encontra, portanto, reduzida nos estados anêmicos. A redução da resistência vascular e da viscosidade são os principais responsáveis pela elevação do volume-minuto cardíaco nas anemias. A taquicardia é frequentemente observada com exercícios leves nas anemias de estabelecimento rápido ou naquelas com níveis de hemoglobina acentuadamente reduzidos. → Redução da viscosidade sanguínea: A redução da viscosidade e o aumento da velocidade de circulação do sangue facilitam a formação de turbilhões e contribuem para o aparecimento de sopros no precórdio e no pescoço. → Redistribuição do fluxo sanguíneo: Ocorre vasoconstrição de determinadas áreas (sistema vascular periférico) e principalmente a vasodilatação de outras áreas. O fluxo sanguíneo para mãos, tela subcutânea e rins é acentuadamente reduzido e desviado para áreas mais sensíveis à hipóxia, como o miocárdio, o cérebro e os músculos. A menor concentração de hemoglobina no sangue e a vasoconstrição em territórios superficiais determinam a palidez da pele e das mucosas. Os locais mais propícios para exame são as palmas das mãos, as plantas dos pés, os leitos ungueais, a mucosa da conjuntiva e da orofaringe e a língua. Quando a capacidade de compensação do aparelho cardiovascular, em especial o coração, é excedida, instala-se um quadro de insuficiência cardíaca com cardiomegalia, hipertensão venosa jugular, edema periférico, hepatomegalia, congestão pulmonar e dispneia de decúbito, caracterizado a insuficiência cardíaca de alto débito. A insuficiência cardíaca nesse caso ocorre com o volume-minuto cardíaco aumentado, embora ainda insuficiente para atender à demanda metabólica do organismo. → Diminuição da afinidade da hemoglobina pelo oxigênio: Esse mecanismo se deve ao aumento da concentração intra-eritrocitário de 2,3 DPG. Esse composto se fixa à molécula de hemoglobina desoxigenada, dificultado a sua ligação com o oxigênio. A diminuição da afinidade não altera a saturação da hemoglobina nos pulmões, mas condiciona maior liberação de oxigênio nos tecidos. Essa diminuição da afinidade em pessoas com anemia é suficiente para aumentar em 25% a quantidade de oxigênio liberada nos tecidos. Jéssica N. Monte Turma 106 Semiologia CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS: As anemias podem ser classificadas quanto: Ao tamanho – leva em consideração o VCM (volume corpuscular médio): • MICROCÍTICA: VCM < 80 • NORMOCÍTICA: 80 < VCM < 100 • MACROCÍTICA: VCM > 100 À cor – leva em consideração o CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média): • HIPOCRÔMICA • NORMOCRÔMICA • HIPERCRÔMICA Funcionamento da medula: • REGENERATIVAS OU HIPERPROLIFERATIVAS: funcionamento normal. • ARREGENERATIVAS OU HIPOPROLIFERATIVAS: funcionamento prejudicado. ANEMIAS NORMOCÍTICAS, NORMOCRÔMICAS E ARREGENERATIVAS OU HIPOPROFIFERATIVAS: Normocíticas: tamanho normal; normocrômicas: cor normal; arregenerativas: funcionamento prejudicado da medula óssea. As anemias normocíticas são complicações comuns de certas infecções e doenças sistêmicas, da hemorragia aguda e de causas medulares. Na maioria dessas doenças há resposta inadequada à regulação eritropoiética e alteração no metabolismo férrico. Os principais exemplos são a anemia ferropriva, a anemia da doença crônica, a anemia causada pela insuficiência renal crônica (redução da eritropoietina), a anemia aplásica e a anemia causada por distúrbios endócrinos. ANEMIAS MICROCÍTICAS E HIPOCRÔMICAS: Microcíticas: tamanho menor; hipocrômicas: cor mais fraca. Esse tipo de anemia sugere defeito na síntese de hemoglobina. Envolve deficiência de ferro ou anormalidades hereditárias de globinas. A causa mais frequente desse tipo de anemia é a deficiência de ferro – anemia ferropriva. Nos adultos, a anemia ferropriva frequentemente se associa a perdas sanguíneas, sendo geralmente mínima a influência nutricional. Hemorragias gastrintestinais observáveis ou ocultas representam uma fonte potencial de perda de ferro corpóreo. A anemia sideroblástica é causada por um defeito na síntese do heme, podendo ser uma condição hereditária ou adquirida. A anemia da doença crônica, usualmente normocítica e normocrômicas, ocasionalmente pode se apresentar como hipocrômica e/ou microcítica. Outro exemplo de anemias microcíticas e hipocrômicas são as talassemias, ainda que sejam classificadas como anemias hemolíticas. ANEMIAS MACROCÍTICAS, NORMOCRÔMICAS E MEGALOBLÁSTICAS: Macrocíticas: tamanho maior; normocrômicas: cor normal; megaloblásticas: anormalidades na síntese de DNA. As anemias megaloblásticas podem estar associadas a deficiência de vitamina B12 e/ou folatos. A deficiência de vitamina B12 é usualmente consequência de defeitos absortivos e pode ocorrer também em vegetarianos estritos ou em pacientes com alcoolismo. A anemia perniciosa está relacionada à deficiência de vitamina B12 devido à insuficiente produção de fator intrínseco gástrico. Ela afeta ambos os sexos igualmente, é mais comum em países nórdicos e tem um risco familiar importante, podendo configurar predisposição genética. As deficiências de folatos são usualmente observadas em pessoas idosas, prematuros, gestantes, no alcoolismo crônica e em deficientes mentais. A anemia megaloblástica é uma anemia de aparecimento tipicamente insidioso. Com exceção das alterações neurológicas, as alterações por deficiências de folatos e de vitamina B12 são clinicamente indistinguíveis.No exame físico há palidez com discreta icterícia e glossite dolorosa devido à língua careca. Pode ocorrer alterações neurológicas por deficiência de vitamina B12 sem megaloblastose medular. ANEMIAS HEMOLÍTICAS: As anemias hemolíticas compreendem um grupo de doenças em que a sobrevida das hemácias em circulação está acentuadamente reduzida e a medula óssea não é capaz de compensação, mesmo aumentando sua produção. A origem da hemólise pode estar no plasma ou em outros tecidos (causa extrínseca, adquirida) ou nos próprios eritrócitos (causa intrínseca, congênita). Defeitos de membrana: incluem a esferocitose, a eliptocitose, a estomatocitose e a piropoiquilocitose. Enzimopatias: incluem a deficiência de glicose e a deficiência de piruvatoquinase. TALASSEMIAS: As talassemias decorrem de alterações na velocidade de síntese de uma ou mais cadeias de globina. Eritropoiese ineficaz, hemólise e anemia são decorrentes desse processo. A talassemia minor se refere a formas heterozigotas e a talassemia major a formas homozigotas. HEMOGLOBINOPATIAS: As hemoglobinopatias são devidas a defeitos estruturais das globinas. Anemia falciforme: confere à hemácia o formato de foice.
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