Buscar

CELULITE JUVENIL CANINA (relato de caso)

Prévia do material em texto

Jeniffer de Jesus Fonseca 
 
Celulite Juvenil Canina: Relato de caso. 
 
Santos 
2018 
 
 
 
 
Jeniffer de Jesus Fonseca 
Celulite Juvenil Canina: Relato de caso. 
 
 
Relatório de estágio apresentado ao Centro 
Universitário São Judas Tadeu – Campus 
Unimonte como exigência parcial para a 
aprovação na disciplina Introdução ao Estágio 
Supervisionado do Curso de Medicina 
Veterinária. 
 
Orientador(a): Prof. Dr. José Narciso Rosa 
Assunção Júnior 
Coorientador: Prof. Dr. Flávio Viani 
 
 
 
 
 
Santos 
2018 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
SRD – Sem raça definida 
SC – Subcutâneo 
SID – Uma vez ao dia 
BID – Duas vezes ao dia 
CJ – Celulite Juvenil 
ML – Mililitros 
MG – Miligramas 
KG – Quilogramas 
H – Horas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 7 
2. CARACTERÍSTICAS DO LOCAL ............................................................... 8 
2.1 PETSHOP E CLÍNICA VETERINÁRIA CÃOQMIA ......................................... 8 
3. INSTALAÇÕES FÍSICAS ............................................................................ 9 
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS............................... 12 
4.1 TABELA DE CASUÍSTICA ........................................................................... 12 
5. RELATO DE CASO .................................................................................... 14 
5.1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO ........................................................................... 14 
5.2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 15 
5.2.1 Anatomia e histologia da pele ................................................................ 15 
5.2.2 O sistema imune ...................................................................................... 16 
5.2.3 Doença Autoimune .................................................................................. 17 
5.2.4 Celulite Juvenil Canina ............................................................................ 18 
5.2.5 Diagnóstico .............................................................................................. 19 
5.2.6 Tratamento ............................................................................................... 20 
5.3 DESCRIÇÃO DO CASO .................................................................................. 22 
5.4 DISCUSSÃO .................................................................................................... 24 
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 28 
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 28 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Faixada da Clínica Veterinária e Petshop Cãoqmia. ..................................................... 9 
Figura 2: Sala de espera externa com acesso ao corredor externo. ......................................... 10 
Figura 3: Sala de espera interna, petshop e corredor interno. .................................................... 10 
Figura 4: Banho e tosa. ..................................................................................................................... 11 
Figura 5: Consultório 2. ..................................................................................................................... 11 
Figura 6: Animal apresentando melhora do quadro de alopecia, eritema e exsudato cutâneo.
 ............................................................................................................................................................... 23 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1: Número de animais atendidos por espécie, clínica Cãoqmia, fevereiro à abril de 
2018. ..................................................................................................................................................... 12 
Tabela 2: Sexo dos animais atendidos, clínica Cãoqmia, fevereiro à abril de 2018. .............. 12 
Tabela 3: Atendimentos clínicos, clínica Cãoqmia, fevereiro à abril de 2018. ......................... 13 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Sabemos que nos dias atuais a Medicina Veterinária é de grande importância 
na sociedade, tanto para estudos de patologias animais, quanto para o controle de 
zoonoses. Porém, além de utilidades sociais e públicas, encontramos nessa 
profissão a necessidade de atender aos proprietários de animais de estimação no 
Brasil, que é uma população cada vez maior. Com isso, surge a demanda para que 
os animais recebam os tratamentos e cuidados de acordo com a evolução médica 
existente no mundo todo, o que muitas vezes é realizado absorvendo 
conhecimentos e descobertas da medicina humana e os aplicando em determinado 
ramo de estudos na área de saúde veterinária. 
Neste relatório serão apresentadas as atividades relacionadas a tais causas 
citadas e como isso se aplica na realidade do profissional de veterinária, através da 
experiência prática do estágio, sempre necessária para a formação de um bom 
profissional. 
Este relatório tem como objetivo descrever e apresentar as atividades 
realizadas durante o Estágio Obrigatório Supervisionado em Medicina Veterinária 
realizado no Petshop e Clínica Veterinária Cãoqmia de Praia Grande, durante o 
período de 21/02/2018 a 19/04/2018, de 2ª, 4ª e 5ª feira, das 14h as 18h, totalizando 
12 horas semanais, realizadas com a supervisão do médico veterinário Denis 
Alexandre Barcelos Pinto de Azevedo e orientação dos professores Dr. José Narciso 
Rosa Assunção Júnior e Dr. Flávio Viani. 
Os ensinamentos proporcionados por este período de estágio são essenciais 
para concretizar os ensinamentos teóricos aprendidos em sala de aula, aplicando-os 
na prática da rotina clínica veterinária, o que desenvolve consequentemente uma 
habilidade melhor para lidar com situações tanto emergenciais como rotineiras, 
encontradas por um profissional atuante na área. Assim, adaptando-se melhor à 
realidade da profissão, podendo acompanhar profissionais experientes e 
compartilhar conhecimentos práticos e teóricos relacionados a experiências 
anteriores e atuais. 
2. CARACTERÍSTICAS DO LOCAL 
2.1 PETSHOP E CLÍNICA VETERINÁRIA CÃOQMIA 
 Na clínica são realizados cirurgias e atendimentos clínicos. Dentre as 
cirurgias realizadas, as mais comuns são procedimentos como orquiectomia, 
ovariohisterectomia e mastectomia. Os variados exames laboratoriais, de imagem e 
histológicos necessários para diagnóstico são encaminhados para o laboratório 
Anclivet localizado na Praia Grande, e então analisados pelo Médico Veterinário que 
os solicitou. O responsável pela clínica é o Médico Veterinário Denis Alexandre 
Barcelos Pinto de Azevedo, que supervisiona e orienta os estagiários no período de 
funcionamento da clínica, sendo este das 8h às 18h, com separação dos turnos 
entre manhã e tarde. Neste mesmo horário existe o funcionamento do banho e tosa 
presente na clínica, onde trabalha um profissional qualificado para tal. Também 
conta com um profissional auxiliar em serviços gerais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. INSTALAÇÕES FÍSICAS 
 A entrada logo após a faixada (Figura 1) é composta por uma sala de espera 
externa (Figura 2) e uma interna onde se encontra também a área de petshop e 
venda de produtos pet (Figura 3), sendo esse o mesmo local onde o cadastro dos 
animais é realizado por fichas e organizado em ordem alfabética. Ao lado, no 
exterior, há o corredor que dá acesso direto ao banho e tosa, localizado no ultimo 
cômodo da clínica (Figura 4). Logo após a sala de espera, no interior, existe um 
corredor que dará acesso primeiro à sala de cirurgia, e depois a dois consultórios de 
atendimento clínico (Figura 5). Também possui um banheiro no corredor interno e 
uma área de serviço no corredor externo. 
 Nos consultórios,existe uma mesa de consulta com computador, mesa de 
atendimento dos animais, armários com medicamentos e equipamentos necessários 
para o atendimento como seringas, agulhas, luvas e focinheiras para contenção dos 
animais, além de existir uma bancada com artefatos mais utilizados e que por isso 
precisam de fácil acesso (pinças, álcool 70%, álcool iodado, algodão, esparadrapo, 
produtos utilizados para assepsia da mesa de atendimento entre uma consulta e 
outra, entre outros). 
Figura 1: Faixada da Clínica Veterinária e Petshop Cãoqmia. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Figura 2: Sala de espera externa com acesso ao corredor externo. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3: Sala de espera interna, petshop e corredor interno. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
Figura 4: Banho e tosa. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5: Consultório 2. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 
Os atendimentos são realizados por ordem de chegada. Os proprietários 
realizam na recepção o preenchimento de um cadastro para os animais que ainda 
não possuem fichas, contendo dados como o nome e contato do proprietário, além 
do nome, idade, raça e espécie do animal. As fichas são encaminhadas para o 
consultório, onde serão chamados e então será realizada a consulta (exame físico, 
anamnese, pesagem, encaminhamento para exames complementares, diagnóstico e 
tratamento). 
As atividades realizadas no estágio incluem: conversa sobre o caso a ser 
atendido com o Médico Veterinário, exame físico do animal (palpação, auscultação, 
hidratação, avaliação física e comportamental, aferir temperatura, auxiliar na 
anamnese), acompanhamento do diagnóstico (observando exames laboratoriais e 
de imagem), auxílio na contenção e em cirurgias (ajudar no manuseamento dos 
instrumentos, antissepsia do animal, aplicar medicamentos no pós operatório, 
checar parâmetros vitais), assepsia da mesa de atendimento, auxílio na preparação 
da mesa cirúrgica (posicionamento do animal e de instrumentos) e preparação e/ou 
aplicação de medicamentos quando possível. 
4.1 TABELA DE CASUÍSTICA 
Foram elaboradas tabelas (1, 2 e 3) onde pode-se analisar os casos 
atendidos, correlacionando com as respectivas espécies, sexos e seus índices. 
Tabela 1: Número de animais atendidos por espécie, clínica Cãoqmia, fevereiro à 
abril de 2018. 
Espécie Atendimentos 
Cão 38 
Gato 8 
Total 46 
 
Tabela 2: Sexo dos animais atendidos, clínica Cãoqmia, fevereiro à abril de 2018. 
Espécie Macho Fêmea Total 
Cão 13 25 38 
Gato 2 6 8 
 
Tabela 3: Atendimentos clínicos, clínica Cãoqmia, fevereiro à abril de 2018. 
Diagnóstico/Suspeita Cães % Gatos % 
Artrose 2 5,27 - - 
Castração 2 5,27 - - 
Herniorrafia 1 2,64 - - 
Otite 4 10,53 - - 
Eriliquiose 1 2,64 - - 
Neoplasias 1 2,64 1 12,5 
Dermatites 9 23,49 - - 
Traumas 2 5,27 1 12,5 
Giardia 1 2,64 1 12,5 
Vacinação 8 21,05 - - 
Gastroenterite 3 8 2 25 
Mastectomia 1 2,64 - - 
Celulite Juvenil Canina 1 2,64 - - 
Insuficiência Renal Aguda - 1 12,5 
Infecção Urinária 1 2,64 1 12,5 
Gastrite 1 2,64 - - 
Conjuntivite Bacteriana - 1 12,5 
TOTAL 38 100 8 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. RELATO DE CASO 
5.1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO 
 
A celulite juvenil também é conhecida como linfadenite granulomatosa estéril ou 
pioderma juvenil. É considerado um distúrbio raro, encontrado em cães filhotes, de 
etiologia desconhecida e sem predisposição pra sexo ou raça (BATISTA, 2015) . 
É uma afecção de aparecimento súbito e hipóteses mais recentes sugerem uma 
falha do sistema imune associada à predisposição hereditária do animal. Os sinais 
clínicos incluem alopecia, edema, pápulas, pústulas e crostas especialmente em 
pálpebras e região de nariz (LOPES et al., 2016). 
O diagnóstico definitivo requer exames citológico e histopatológico, além da 
terapia precoce e agressiva ser preconizada, pois as cicatrizes após recuperação 
podem ser graves. O tratamento de escolha consiste no uso de altas doses de 
glicocorticoides, como a prednisona (FONSECA-ALVES et al., 2012). 
Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de celulite juvenil canina, assim 
como o tratamento utilizado e acompanhamento do animal, além de expor na 
revisão bibliográfica quais os métodos adequados para tais procedimentos e por fim 
discutir o caso relatado com a literatura. 
 
5.2 REVISÃO DE LITERATURA 
5.2.1 Anatomia e histologia da pele 
 
A pele é formada por duas camadas: a epiderme e a derme, esta repousando 
sobre uma camada de tecido conjuntivo chamada de subcutânea. A epiderme é 
constituída de epitélio escamoso estratificado, queratinizado em sua superfície, e 
sua função é a reposição de células cornificadas como proteção contra radiação, 
perda e entrada de água no corpo, penetração de parasitas e traumas. A membrana 
basal é responsável pela separação dermoepidérmica e fixa a epiderme na derme, 
mantendo a arquitetura da pele (BUDRAS et al., 2012; SOUZA et al., 2009). 
É constituída por quatro tipos celulares: ceratinócitos, melanócitos, células 
de Langerhans e células de Merkel (SOUZA et al., 2009). 
Entre os principais não queratinócitos encontram-se: As células 
de Lagerhans (possuem anticorpos e receptores complementares junto a suas 
membranas celulares que se sensibilizam e permitem que elas se juntem às 
substâncias estranhas como células apresentadoras de antígenos, a substância 
estranha reconhecida é então digerida por essa célula e processada para 
interação linfóide e após o processamento as células migram para um 
nódulo linfóide vizinho e apresentam ao apitopo de linfócito T as substâncias 
estranhas processadas) e as células de Merkel (esse tipo de célula encontra-se na 
camada celular basal e é especializado na transdução sensorial) (SAMUELSON, 
2007). 
Já a derme é uma camada papilar fina, frouxamente disposta, na qual se 
assentam papilas em depressões correspondentes da epiderme, além de uma 
camada reticular densa. As duas camadas contém fibras colágenas, mas na papilar 
elas são frouxamente arranjadas e na reticular são espessas, essas fibras servem 
para restaurar a textura do tecido após lacerações ou distorções da pele 
(BUDRAS et al., 2012). Ou seja, a derme é formada por tecido conjuntivo na forma 
de fibras entrelaçadas, pelos elementos celulares e pelos apêndices epidérmicos 
(folículos pilosos e glândulas anexas). Também estão localizados vasos sanguíneos, 
linfáticos, nervos e músculo liso (músculo eretor do pelo). As células predominantes 
são os fibroblastos, macrófagos e mastócitos. Outras células que podem estar 
presentes são os linfócitos e plasmócitos, que junto com as células 
de Langerhans formam o tecido linfoide associado à pele. Além disso, em algumas 
regiões do corpo, a derme profunda da pele com pelos possui variável quantidade 
de adipócitos (SOUZA et al., 2009). 
 
5.2.2 O sistema imune 
 
 É um sistema com a capacidade de reconhecer qualquer antígeno estranho, 
protegendo o organismo contra vírus, bactérias, fungos e parasitas. As respostas 
imunológicas resultam em processos patológicos que podem ser parte de uma 
resposta imune normal a algum antígeno, ou reações de hipersensibilidade e 
doenças autoimunes. Essas alterações ocorrem devido a defeitos genéticos ou em 
casos de imunodeficiência adquirida (SNYDER, 2013). 
 Os mamíferos possuem o sistema imune mais complexo e têm três maneiras 
de resistir aos microrganismos patogênicos: barreiras na pele e nas membranas 
mucosas, fatores celulares e humorais que agem na imunidade através de 
mecanismos inespecíficos e sistemas de linfócitos e plasmócitos que apresentam 
especificidade e memória (CHEVILLE, 2004). 
 Existem duas categorias de respostas imunes: Imunidade inata e imunidade 
adaptativa. A inata não é específica do antígeno e nem apresenta memória, sendo 
resultado de propriedades anatômicas (comopele e cílios) e fisiológicas (como pH 
do estômago e temperatura corporal), além de respostas fagocitárias e inflamatórias. 
Já a imunidade adaptativa ou específica é caracterizada pela especificidade, 
diversidade, memória e reconhecimento próprio/não próprio do antígeno; além de 
consistir na imunidade mediada por células (linfócitos T contra patógenos 
intracelulares) e imunidade humoral (linfócitos B contra patógenos extracelulares e 
toxinas) (SNYDER, 2013). 
 O linfócito B é formado e se torna imunocompetente na medula óssea de 
mamíferos. Morfologicamente, são células pequenas e redondas, com um 
proeminente núcleo circundado por um halo de citoplasma. Sem a presença de 
receptores de antígenos específicos de células B, essas células não são 
diferenciadas de linfócitos T, exceto por sua aparência citológica. Os receptores de 
antígenos (anticorpos) das células B são construídos de modo que se ligam aos 
antígenos. Antes de cada célula ser exposta ao antígeno pela primeira vez ela é 
considerada imatura. Quando a célula imatura entra em contato com um antígeno, 
desenvolve-se uma cadeia de eventos que resulta na sua ativação e proliferação. 
As células recém-formadas podem se tornar plasmócitos (produzem anticorpos 
específicos para tal antígeno) ou células da memória (desenvolvem alta afinidade 
pelo antígeno mas não se envolvem na resposta imune gerada). As células da 
memória são capazes de existir por longos períodos e resultam em respostas mais 
rápidas e poderosas à exposição do mesmo antígeno. Devido à produção continua 
de anticorpos pelos plasmócitos, é gerada a resposta imune mediada por anticorpos 
(SAMUELSON, 2007). 
Já os linfócitos T precisam migrar para o timo para se tornarem 
imunocompetentes. A principal diferença entre os dois tipos de célula são os 
receptores de antígeno que cada uma possui. Os receptores de células T não 
são anticorpos mas possuem propriedades semelhantes. Intracelularmente, o 
componente ligado à membrana do receptor da célula T interage com outro, 
separando proteínas ligadas à membrana, cada uma das quais formam um 
complexo e facilita a ligação receptor-epítopo e o sinal de transdução resultante de 
um subtipo específico de célula T. Esta célula só se torna ativa quando o receptor 
está apto a perceber um epítopo de um antígeno que se adere primeiro à membrana 
celular de outra célula (SAMUELSON, 2007). 
 
5.2.3 Doença Autoimune 
 
Uma das principais características do sistema imune é a de ser capaz de 
descriminar o que é próprio e o que não é. Porém, em algumas situações ocorre 
falha na tolerância ao que é próprio, resultando em uma resposta de alto poder 
destrutivo contra o próprio organismo (PAULINO et al., 2015). 
A autoimunidade é uma resposta imune específica para os antígenos próprios e 
reflete uma perda da tolerância imunológica para tecidos próprios, caracterizando-se 
pela reação excessiva das células efetoras imunes. Podendo ser sistêmica, 
específica de um órgão ou localizada. Também pode ser mediada 
por autoanticorpos ou linfócitos T autorreativos (SNYDER, 2013). 
Doenças autoimunes ou imunomediadas resultam no desenvolvimento de 
respostas humoral contra antígenos próprios ou antígenos que formam complexos 
com as proteínas, sendo então capazes de dar origem a imunocomplexos ativadores 
de complemento. Ou seja, os anticorpos ou linfócitos ativados são dirigidos contra as 
células do próprio organismo (PALUMBO et al., 2010). 
A hipersensibilidade tipo II (Hipersensibilidade citotóxica) é mediada por 
anticorpos. Ocorre como resultado do desenvolvimento de anticopos direcionados 
contra antígenos na superfície de uma célula ou em um tecido, tendo como 
resultado a destruição da célula ou do tecido. Ou seja, os anticorpos são dirigidos 
contra os antígenos na superfície de tecidos ou células de modo que a célula seja 
destruída ou a função seja alterada, essas reações mais frequentemente 
envolvem IgM e IgG e ocorrem poucas horas após a exposição em um hospedeiro 
sensibilizado. Já a hipersensibilidade tipo III (Hipersensibilidade 
por Imunocomplexos) é uma reação que ocorre por formação de complexos 
antígeno-anticorpo que ativam o complemento, resultando em lesão tecidual. Os 
produtos da ativação do complemento resultam na infiltração e ativação de 
neutrófilos, que liberam suas enzimas, resultando em dano tecidual (SNYDER, 
2013). 
A etiologia é desconhecida, já que geralmente as doenças autoimunes são 
multifatoriais, tendo um componente genético e outro ambiental (como infecções 
virais, radiação UV, desequilíbrio hormonal ou reações a 
medicamentos) (GERONYMO et al., 2005; RODRIGUES, 2010). 
Tanto os animais quanto o ser humano possuem alto potencial para desenvolver 
doenças autoimunes, podendo ser por predisposição genética ou por fatores 
exógenos. Esses fatores contribuem para que ocorram falhas no processo de 
seleção negativa ou no equilíbrio que os organismos possuem para manter as 
células autorreativas em seu estado de anergia, ou com atividade suprimida 
(PAULINO et al., 2015). 
 
5.2.4 Celulite Juvenil Canina 
 
A Celulite Juvenil Canina ou Linfadenite Granulomatosa Estéril é uma doença 
vesículo-pustular incomum que acomete filhotes de cães de três semanas a seis 
meses de idade. A causa é desconhecida, sem predisposição sexual. Possui 
predisposição nas raças Daschshund, Golden Retriever, Labrador Retriever, Beagle 
e Pointer. É caracterizada por granulomas ou piogranulomas estéreis na pele que 
afetam as junções muco-cutâneas faciais, assim como pinas e acompanhadas de 
linfadenopatia (BATISTA, 2015; FONSECA-ALVES et. al, 2012; MEDLEAU & 
HNILICA, 2003; SOUZA et al., 2013). 
Sua etiologia é incerta, estando relacionada à reação de hipersensibilidade e/ou 
doença viral (LOPES et al., 2016). Acredita-se que esta doença tenha relação com o 
sistema imune, onde este deixa de reconhecer células ou componentes teciduais 
normais e passa a considerá-los como estranho, reagindo contra os tecidos do 
próprio indivíduo ou contra células alteradas por infecções virais ou neoplasias. As 
reações de hipersensibilidade são consideradas na origem da celulite juvenil, 
principalmente as de tipo II e III que são resultantes de respostas imunológicas 
exacerbadas direcionadas aos antígenos (BATISTA, 2015; DIAS et al., 2013). 
As lesões cutâneas observadas nessa enfermidade incluem alopecia, edema, 
pápulas, pústulas, crostas e cicatrizes especialmente em pálpebras, lábios e região 
mentoniana, podendo ocasionalmente aparecer em extremidade de membros, 
abdome, tórax, vulva, prepúcio e ânus. Os locais e lesões mais característicos sendo 
edema de pálpebras, lábio e focinho. Além dos sinais clínicos observados, que 
envolvem otite bilateral purulenta não pruriginosa, linfonodomegalia submandibular e 
em alguns casos abscedação dos linfonodos (DIAS et al.,2013; FONSECA-ALVES 
et al., 2012; LOPES et al., 2016). 
5.2.5 Diagnóstico 
 
O diagnóstico dessa enfermidade baseia-se no histórico, achados clínicos, 
exames de base e histopatologia. No exame citopatológico de exsudatos ou de 
aspirado pode existir presença de bactérias, se ocorrer infecção secundária, mas 
não é comum. Na citologia aspirativa de linfonodos, pústulas e nódulos, há uma 
inflamação granulomatosa ou piogranulomatosa estéril, ou seja, não há 
microrganismos (BATISTA, 2015; FONSECA-ALVES et al., 2012). 
Os diagnósticos diferenciais estabelecidos podem incluir acne mentoneana, 
piodermite profunda, piodermite bacteriana, demodiciose, farmacodermia e 
cinomose (BATISTA, 2015; SOUZA et al., 2013). Exames diferenciais para o 
diagnóstico da celulite juvenil consistem em citologia e histopatologia (FONSECA-
ALVES et al., 2012). 
A citologia do aspirado de linfonodos apresenta inflamação granulomatosa, 
piogranulomatosa ou supurativa, e também podem ser encontrados neutrófilos 
degenerados. Na histopatologia da pele e linfonodos observa-se epidermenormal, 
acantótica ou ulcerada, dermatite granulomatosa ou piogranulomatosa com 
macrófagos epitelióides contendo vários neutrófilos de diferentes tamanhos. Os 
piogranulomas estão ao redor dos folículos. Em casos avançados pode haver 
furunculose e inflamação supurativa. As glândulas sebáceas e epiteliais podem estar 
obliteradas. Pode haver degeneração folicular acompanhada de edema e 
hemorragia dérmica (ROHR, 2016). 
A pioderma bacteriana é uma infecção comumente encontrada em condições 
dermatológicas em cães, apresentando semelhança com outras afecções, podendo 
dificultar o diagnóstico correto e ser facilmente confundida com celulite juvenil 
canina. A resposta à terapia imunossupressora também é útil no diagnóstico, e pode 
ajudar a diferenciar das demais possibilidades citadas (MEDLEAU & HNILICA, 2003; 
ROHR, 2016). 
5.2.6 Tratamento 
 
O tratamento da Celulite Juvenil baseia-se numa terapia precoce e agressiva, 
pois as cicatrizes após recuperação podem ser graves. O tratamento de escolha 
consiste no uso de altas doses dos glicocorticóides, como prednisona, que são as 
drogas mais frequentemente utilizadas como agentes imunossupressores e anti-
inflamatórios. Agem sobre a circulação linfocitária diminuindo as respostas das 
células T e sua produção de citocinas, minimiza a atividade bactericida em 
neutrófilos e a quimiotaxia em macrófagos, além de evitar edema e deposição de 
fibrina. Uma vez induzida a resposta clínica, a dose deve ser reduzida, pelo aumento 
no intervalo entre as doses. Porém, por suprimir a inflamação e a fagocitose, esses 
fármacos podem tornar os animais susceptíveis a infecções (BATISTA, 2015; 
LOPES et al., 2016). 
O tratamento indicado pela literatura é a administração de prednisona ou 
prednisolona na dose de 2mg/kg, a cada 24h, por via oral, até a remissão da 
doença, geralmente observada em 14 a 28 dias, variando com o indivíduo. Após 
isso, 2mg/kg a cada 2 dias, durante duas a três semanas, reduzindo gradativamente 
a dose e a frequência para evitar recidivas (SANTOS NETO et al., 2017). 
Geralmente, a avaliação citológica e a cultura bacteriana das lesões não revelam 
bactérias. Porém, caso haja evidência citológica ou clínica de infecção secundária, o 
uso de antibióticos, a exemplo da cefalexina, cefadroxil e Amoxicilina com 
Clavulanato de Potássio, podem ser associados ao tratamento com corticosteróides 
(LOPES et al., 2016). 
Também pode ser feita a lavagem com água morna tópica diária, para remoção 
de crostas e exsudatos. O xampu que contém 2% de clorexidine é indicado no 
tratamento auxiliar das grandes afecções bacterianas da pele, pois tem rápida ação 
bactericida e efeito contra uma variedade de bactérias gram positivas e negativas, 
podendo ser usado de duas a três vezes por semana, para melhorar a condição da 
pele desses animais (BATISTA, 2015). 
 
5.3 DESCRIÇÃO DO CASO 
 
Um canino, fêmea, SRD de 1 ano, pesando 15 kg, chegou a clínica com 
reclamação de lesões cutâneas na região mentoneana. Durante a anamnese foi 
apresentado o fato de que os donos do animal trabalham com produtos químicos 
no polimento de barcos e que o animal os acompanha, vai à praia, entra na 
piscina e no mar, brinca na areia e toma sol. No exame físico durante sua 
primeira consulta, o animal apresentava edema e eritema em região de queixo e 
região frontal de mandíbula, além de hiperemia, alopecia e exsudato cutâneo, 
com prurido moderado, e presença de alguns pontos com crostas. Não possuía 
presença de sintomas sistêmicos, apenas aumento dos linfonodos mandibulares. 
Foi aplicado durante a consulta dexametasona (1 mg/10 kg) 1,5 ml e pentabiótico 
(1 mg/10 kg) 1 ml, os dois medicamentos foram aplicados de forma SC. 
Foi então prescrito prednisolona (20 mg) ¾ do comprimido SID por no mínimo 
15 dias e, devido a presença de exsudato cutâneo, que indica uma infecção 
bacteriana secundária na lesão, foi receitado também cefalexina (500 mg) na 
dose de 30 mg/kg BID por 10 dias. O tratamento local foi feito com o uso cutâneo 
da pomada Ganadol ® (composta por ureia, penicilina e dihidroestreptomicina), 
havendo solicitação de raspado de pele para ácaros, cultura para fungos e 
bactérias. 
Foi recomendado então que após o tratamento com o antibiótico o proprietário 
retornasse para acompanhamento do tratamento e observação das lesões, pra 
que fosse possível decidir se seria necessário continuar com tal medicamento ou 
não, onde foi decidido que o tratamento com antibiótico seria encerrado. Nesta 
segunda consulta, houve melhora do edema na região das lesões com aumento 
de alopecia. 
Para a realização dos exames laboratoriais dermatológicos, foi recomendado 
que o proprietário mantivesse o animal sem banho por 10 dias após o tratamento 
com o antibiótico para posterior realização do exame. O proprietário, no entanto, 
não realizou o retorno na data correta e nem os exames requisitados, além disso, 
realizou o tratamento incorretamente, interrompendo-o devido a uma viagem e 
permitindo a presença do animal em ambientes que possivelmente piorariam o 
quadro clínico, havendo piora do caso do animal, com lesões se espalhando 
também para área ventral de pescoço e periocular, além das áreas que já 
estavam acometidas. 
Apesar do não retorno à clínica e o tratamento indicado sendo aplicado 
tardiamente, é possível visualizar uma melhora no quadro clínico do animal, 
onde após a disseminação das lesões, houve redução do quadro de alopecia, 
eritema e exsudato cutâneo (Figura 6). 
Figura 6: Animal apresentando melhora do quadro de alopecia, eritema e exsudato cutâneo. 
 
Fonte: Arquivo pessoal. 
 
 
 
 
 
 
5.4 DISCUSSÃO 
 
A celulite juvenil é uma dermatite granulomatosa ou piogranulomatosa 
estéril que acomete filhotes entre três semanas e seis meses. É considerada 
uma afecção rara, como comprova o estudo retrospectivo feito por Rohr 
(2016) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde em foram 
analisados um total de sete casos durante o período de 2005 a 2015. 
Dachshund, Golden retriever, Labrador retriever, Gordon setter, Beagle e 
Pointer são consideradas as raças predispostas, encontradas nos casos 
relatados por Fonseca-Alves et al. (2012), onde dois dos animais eram de tais 
raças (Pointer Inglês e Golden Retriever) e Rohr (2016), que relatou a doença 
diagnosticada em cães das raças Dachshund e Labrador Retriever. No atual 
caso o animal relatado foi SRD, não corroborando com a literatura. Não foram 
encontradas evidências de uma prevalência relacionada a sexo, apenas em 
respeito a raças (BATISTA, 2015; MEDLEAU & HNILICA, 2003). 
A margem de idade em que geralmente essa doença se apresenta nos 
animais não foi encontrada no caso relatado, já que o animal possui 1 ano de 
idade. Na maioria dos casos relatados, os animais possuem menos de 6 
meses, como nos relatos de Batista (2015) e Fonseca-Alves et al. (2012). 
Porém, as exceções, como no caso atual, não são completamente 
descartadas: Bezerra et al. (2017) relata que em um dos casos encontrados 
em seu estudo retrospectivo, o animal possuía 38 meses de idade. 
Em relação à etiologia, ainda é desconhecida, mas foi levantada uma 
hipótese por Malik et al., (1995), relatou três cães que desenvolveram a CJ 
após a primeira dose da vacina óctupla. Porém ainda existem muitos casos, 
como o relatado por Batista (2015) em que o animal não havia sido vacinado. 
Dentre as lesões dermatológicas mais comumente encontradas no 
exame físico e clínico, estão alopecia, edema, pápulas, pústulas e crostas 
especialmente em pálpebras, região nasal e de queixo (BEZERRA et al., 
2017; LOPES et al., 2016). As lesões encontradas no atual caso condizem 
com a literatura , sendo elas edema em região de queixo e região frontal de 
mandíbula, além de hiperemia, alopecia e exsudato cutâneo, com prurido 
moderado, além da presença de alguns pontos com crostas (MEDLEAU & 
HNILICA, 2003). Também existemcasos em que os animais apresentam 
alterações sistêmicas, como no caso descrito por Santos Neto et al. (2017) 
em que além das lesões similares às encontradas no caso aqui descrito 
(lesão alopécica, pustular, exsudativa e eritematosa em região de focinho), o 
animal apresentou leve prostração e no exame físico foi identificado o 
aumento dos linfonodos submandibulares, pré-escapulares e poplíteos. Esse 
aumento dos linfonodos submandibulares também foi encontrado no animal 
aqui citado. 
As lesões cutâneas podem também evoluir para quadros mais graves, 
como no caso de Batista (2015), em que após quinze dias da primeira 
consulta, o animal encontrava-se apático e com piora no quadro 
dermatológico e notavam-se nódulos subcutâneos firmes encimados por 
crostas, além das ulcerações que ainda estavam presentes. Isso ocorreu 
porque o tratamento inicial instalado neste caso não foi direcionado à 
imunossupressão, o diagnóstico presuntivo de celulite juvenil foi feito apenas 
após 15 dias. Para evitar casos do tipo, a literatura indica que o tratamento 
com prednisona ou prednisolona seja instalado precocemente, evitando então 
o agravamento das lesões e cicatrizes finais, como feito no caso relatado 
nesse trabalho, por isso não foi esperado o resultado de exames laboratoriais 
(LOPES et al., 2016). 
Alguns dos possíveis diagnósticos diferenciais, que devem ser 
descartados em suspeita de CJ são: Angioedema, demodicose, piodermite 
bacteriana severa e reações adversas cutâneas a drogas (BEZERRA et al., 
2017). 
Após o diagnóstico ser instituído tendo em vista o histórico e os sinais 
clínico, apesar da ausência de exames citológicos e histológicos como sugere 
a literatura, foi instituído o tratamento indicado para celulite juvenil. O 
diagnóstico também pode ser dado com base na resposta terapêutica positiva 
(SANTOS NETO et al., 2017). No caso atual, foi utilizado prednisolona e 
cefalexina, já que o animal apresentava também exsudato cutâneo, indicando 
infecção secundária bacteriana. A prednisolona é utiliza em muitos casos, 
como o descrito por Dias et al. (2013). Em quatro casos relatados por Rohr 
(2016) foi usado também a cefalexina, obtendo resultados favoráveis. Em 
casos de infecção bacteriana secundária onde deve ser administrado o 
antibiótico juntamente com o corticoide, geralmente o antibiótico é receitado 
por menos tempo, como por exemplo, tratamento antibiótico com duração de 
30 dias, enquanto o tratamento com corticoide pode durar até 3 semanas, ou 
mais se necessário. Isso porque a antibioticoterapia é utilizada até o controle 
da infecção secundária, que pode ocorrer rapidamente quando comparada 
com o controle das lesões imunomediadas, sendo solucionadas em até 21 
dias após o começo do tratamento antimicrobiano (BEZERRA et al., 2017; 
FONSECA-ALVES et al., 2012). 
Apesar da duração da doença ser descrita como de 1 semana a 2 
meses, existem casos onde não foi relatado se houve melhora (ROHR, 2016). 
Na maioria dos casos, também é indicado a realização da limpeza das lesões 
de pele com solução antisséptica ou xampu (DIAS et al., 2013; ROHR, 2016). 
No caso atual, foi indicado o uso da pomada Ganadol ®, sendo esta 
antibiótica e antiinflamatória. 
Quando o tratamento não oferece resultados positivos, as lesões 
podem ser tão severas que levam alguns proprietários a requisitarem a 
eutanásia, pra evitar que o animal sofra (BEZERRA et al., 2017). 
Souza et al. (2013) diz que, apesar de não ser o indicado pela 
literatura, em casos onde o animal não pode ser imunossuprimido, pode-se 
utilizar como tratamento apenas a antibioticoterapia sistêmica, já que esta 
oferece melhoras no quadro dentro de cinco dias. Também, segundo Santos 
Neto et al. (2017), em animais não vacinados, onde sua imunossupressão 
pode ser prejudicial, pode-se usar uma dose menor de prednisolona para se 
instituir o tratamento, resultando em regressão dos sintomas. A redução da 
dose recomendada pela literatura para prevenir maior imunossupressão foi 
utilizada no atual caso, sendo o fato de tal tratamento ter sido indicado um 
sucesso em tantos casos indicativo de que o animal aqui relatado não 
apresentou melhora devido a aplicação errônea do tratamento indicado para o 
animal pelos proprietários. 
Já que o tratamento pra essa doença deve ser sempre instalado 
precocemente e de maneira agressiva, é necessário que o proprietário 
colabore e realize os exames requisitados pelo veterinário, além do 
acompanhamento correto do tratamento, para ter certeza de que a conduta 
terapêutica escolhida para o caso está trabalhando em prol da remissão dos 
sintomas clínicos e dermatológicos da doença (LOPES et al., 2016). 
Também se torna muito relevante ressaltar que mesmo com o 
tratamento adequado e introduzido corretamente, existe a chance de recidiva 
pelo caráter genético e hereditário da doença juntamente com fatores 
predisponentes que podem e deveriam ser evitados, o que pode gerar grande 
sofrimento ao animal, já que as lesões causadas podem ser tornar graves e 
incrivelmente dolorosas (FONSECA-ALVES et al., 2012; SANTOS NETO et 
al., 2017; ROHR, 2016). 
 
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A celulite juvenil é uma dermatopatia que exige um conhecimento 
epidemiologico, clinico e laboratorial do médico veterinário para que consiga 
realizar o diagnóstico e tratamento de forma correta. Também é importante 
ressaltar que apesar do nome da doença, ela também acomete animais 
adultos. 
Apesar de ser uma afecção rara e por isso ser pouco relatada na 
literatura, o prognóstico é considerado bom quando precocemente 
estabelecido, o que é de grande importância para o sucesso do tratamento. É 
um tratamento relativamente demorado que exige dedicação do proprietário e 
quando não realizado ou realizado incorretamente, o animal pode obter piora 
das lesões e quadro clínico, ou até mesmo vir a óbito. Com o tratamento 
tardiamente estabelecido, ao fim do tratamento as cicatrizes das lesões 
podem ser graves. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 
BATISTA, P. R. Celulite Juvenil em cão: Relato de caso. 2015. 46 f. TCC 
(Graduação) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Tuiuti do Paraná, 
Curitiba, 2015. 
 
BEZERRA, J. A. B.; SANTOS, J. P. S.; FILGUEIRA, K. D. Canine juvenile cellulitis: 
a retrospective study (2009-2016). Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 4, n. 
54, p.407-411, 2017. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.11606/issn.1678-
4456.bjvras.2017.133694>. Acesso em: 25 abr. 2018. 
 
BUDRAS, K. D.; MCCARTHY, P. H.; FRICKE, W.; RICHTER, R.; HOROWITZ, A.; 
BERG, R. Anatomia do cão: Texto e atlas. 5. ed. Barueri: Manole, 2012. p 4-5. 
 
CHEVILLE, N. F. Introdução à Patologia Veterinária. 2. ed. 2: Roca, 2004. p 100-
179. 
 
DIAS, R. A.; FRADE, M. T. S.; LEITE, A. R. A.; HENRIQUE, F. V.; ALVES, A. S.; 
PIMENTA, C. L. R. M. Celulite Juvenil Canina – Relato de caso. Acta Veterinaria 
Brasilica, Natal, v. 7, n. 1, p.175-176, maio 2013. Anais. Disponível em: 
<https://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/acta/article/viewFile/3572/5258>. Acesso 
em: 24 mar. 2018. 
 
FONSECA-ALVES, C.; CORREA, A. G.; COSTA, H. X.; ELIAS, F.; SANTOS 
JUNIOR, H. L.; COSTA, S. S.; CALAZANS, S. G. Celulite juvenil canina – relato 
de casos. Semina: Ciências Agrárias, [s.l.], v. 33, n. 4, p.1539-1542, 30 ago. 2012. 
Universidade Estadual de Londrina. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5433/1679-
0359.2012v33n4p1539>. Acesso em: 24 mar. 2018. 
 
GERONYMO, V. V.; TOFANIN, A.; ALMEIDA, R. M. A; BARROS, A. R. Ocorrência 
de lúpus eritematoso em cães atendidos no hospital veterinário do Centro 
Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL), no período de 
http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n4p1539
http://dx.doi.org/10.5433/1679-0359.2012v33n4p1539
1999 a 2003. Bol. Med. Vet, Espírito Santo do Pinhal, v. 01, n. 01, p.63-71, dez. 
2005. 
 
LOPES, D. C. S.; QUEIROZ, R. N.; CARVALHO, C. F.; COUTINHO,B.; SANTOS, L. 
F. L.; HOLANDA, M. C.; COSTA, P. P. C. Celulite Juvenil Canina- Relato de 
Caso. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, Fortaleza, v. 10, n. 3, p.462-
469, jul. 2016. Disponível em: 
<http://www.higieneanimal.ufc.br/seer/index.php/higieneanimal/article/view/284/1697
>. Acesso em: 28 mar. 2018. 
 
MALIK, R.; DOWDEN, M.; DAVIS, P. E.; ALLAN, G. S.; BARRS, V. R.; CANFIELD, 
P. J.; LOVE, D. N. Concurrent juvenile cellulitis and metaphyseal osteopathy: an 
atypical canine distemper virus syndrome. Australian Veterinary Practitioner, St 
Leonards, v. 25, n. 2, p. 62-67, 1995. Disponível em: 
<https://geoscience.net/research/002/786/002786418.php>. Acesso em: 28 abr. 
2018. 
 
MEDLEAU, L.; HNILICA, K. A. Dermatologia de pequenos animais: Atlas colorido 
e guia terapêutico. São Paulo: Roca, 2003. 
 
PAULINO, C. A.; HUEZA, I. M. Agentes Imunoestimulantes e Imunossupressores. p. 
661-670. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia 
aplicada à medicina veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 
 
PALUMBO, M. I. P.; MACHADO, L. H. A.; CONTI, J. P.; OLIVEIRA, F. C.; 
RODRIGUES, J. C. Incidência das dermatopatias auto-imunes em cães e gatos 
e estudo retrospectivo de 40 casos de lupus eritematoso discóide atendidos 
no serviço de dermatologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 
da UNESP – Botucatu. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 31, n. 3, p.739-744, 
02 jun. 2010. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/13786>. 
Acesso em: 02 out. 2017. 
 
RODRIGUES, A. M. S. Lúpus Eritematoso Discóide. 2010. 27 f. Monografia 
(Especialização) - Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: 
<http://hdl.handle.net/10183/39033>. Acesso em: 29 mar. 2018. 
 
ROHR, Daniela Zanette. Estudo retrospectivo sobre casos de Celulite Juvenil 
Canina de 2005 a 2015. 2016. 32 f. TCC (Graduação) - Curso de Medicina 
Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016. 
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/148244>. Acesso em: 12 
abr. 2018. 
 
SAMUELSON, D. A. Tratado de histologia veterinária. 1. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2007. p. 243-272. 
 
SANTOS NETO, C. J. C.; FALCÃO, P. D.; SILVA, E. C.; NASCIMENTO, J. C. S. 
(CELULITE JUVENIL CANINA: RELATO DE CASO). In: CONGRESSO 
BRASILEIRO DA ANCLIVEPA, 38., 2017, Recife. Anais... . Recife: Cba, 2017. p. 
1649 - 1653. Disponível em: 
<http://www.infoteca.inf.br/anclivepa/smarty/templates/arquivos_template/upload_arq
uivos/docs/ANC17513.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2018. 
 
SOUZA, F. V.; LOURENÇO, M. L. G.; MACHADO, L. H. A.; MELCHERT, A. Celulite 
Juvenil Canina – Relato de Caso. Revista de Educação Continuada em Medicina 
Veterinária e Zootecnia do CRMV, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 94 – 95, 2013. 
Disponível em: <http://revistas.bvs-vet.org.br/recmvz/article/view/21413/22237>. 
Acesso em: 02 abr. 2018. 
 
SOUZA, T. M.; FIGHERA, R. A.; KOMMERS, G. D.; BARROS, C. S. L. Aspectos 
histológicos da pele de cães e gatos como ferramenta 
para dermatopatologia. 2009. 14 f. Tese (Doutorado) - Curso de Medicina 
Veterinária. 
SNYDER, P. W. Doenças da imunidade, p. 242-288. In: ZACHARY, J. F.; MCGAVIN, 
M. D. Bases da patologia em veterinária. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.