Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso: Engenharia Ambiental Disciplina: Química Analítica TÓPICO 8 – TITULAÇÃO DE COMPLEXAÇÃO Profª. Drª. Elisandra Scapin 2 TITULAÇÃO DE COMPLEXAÇÃO Reação de Complexação → o produto é um íon complexo solúvel O AgCl tem solubilidade muito baixa em água, de modo que, quando íons Ag+ em uma solução de AgNO3 são misturados com íons Cl- em uma solução de NaCl, precipita AgCl branco. ↓pp Se NH3 for adicionada ao pp, este se dissolve, formando uma solução incolor. Ag+(aq) Cl-(aq) AgCl(S) 3 Cada íon prata foi complexado pelas duas moléculas de NH3 → complexação e o NH3 é o agente complexante. Ocorre a formação de um cátion muito estável → Ag(NH3)2 + → íon complexo AgCl(S) +2NH3(aq) Ag(NH3)2 + (aq) + Cl - (aq) 4 A hidratação pode ser considerada um tipo de complexação no qual moléculas de água atuam como ligantes. Cr3+(aq) 6H2O Cr(H2O)6 3+ (aq) A formação de um complexo pode ser explicada como uma ilustração do comportamento ácido-base de Lewis. Ex.: íons cobre é complexado por quatro ligantes amônia Cu2+(aq) 4NH3(aq) Cu(NH3)4 2+ (aq) + O Cu2+ atua como ácido de Lewis e NH3 como uma base de Lewis. 5 COMPLEXOS METAL-QUELATO Os íons metálicos são ácidos de Lewis - receptores de pares de elétrons. Os ligantes podem ser tanto ânions como moléculas neutras. Em qualquer caso, os ligantes são bases de Lewis, ou seja, contém pelo menos um átomo com um ou mais pares isolados (não-compartilhados) de elétrons. Ânions que atuam como ligantes: íons simples monoatômicos, tais como os íons halogeneto (F-, Cl-, Br- e I-) e sulfeto (S2-). Ânions poliatômicos comuns que atuam como ligantes: íons nitrito (NO2 -), cianeto (CN-), hidróxido (OH-), tiocianato (SCN-) e tiossulfato (S2O3 2-). 6 A molécula neutra mais comum que atua como ligante é a H2O, e a maioria das reações dos íons metálicos em solução aquosa é, na verdade, reações de seus íons complexos — íons nos quais o metal está ligado a um certo número de moléculas de água. Todavia, esse número nem sempre é o mesmo. Ex.: O íon Cu(II) - forma o íon complexo Cu(H2O)4 2+, O íon Co(II) - forma o íon complexo Co(H2O)6 2+. Cor do íon Co(II) em sais hexaidratados. O íon Co(H2O)6 2+ é rosa e transmite sua cor tanto aos cristais como a uma solução aquosa de CoCl2 · 6H2O. (Michael Watson.) 7 As cores dos íons complexos dependem da natureza dos ligantes. Cada uma dessas soluções de coloração brilhante contém um íon complexo de Co3+. A variedade de cores advém dos diferentes ligantes (moléculas ou ânions) unidos ao íon cobalto nos complexos. (Michael Watson.) Cores diferentes formadas por complexos de Cobalto (III) 8 Outro ligante neutro comum é a amônia, NH3. Ex.: Se for adicionada NH3 a uma solução aquosa que contenha o íon Ni(H2O)6 2+, a cor muda do verde para o azul. Ligantes que empregam apenas um átomo para se ligar a um íon metálico são chamados de ligantes monodentados. Ex.: O cianeto (CN-) é um ligante monodentado - porque se liga a um íon metálico através de apenas um átomo (o C). 9 ligante multidentado ou ligante quelante: ligante que se liga a um íon metálico valendo-se de mais de um átomo ligante. Quando formam complexos, ambos os átomos doadores ligam-se ao mesmo íon metálico. Os mais comuns deles têm 2 átomos doadores, sendo chamados ligantes bidentados. Ex.: O íon oxalato e a etilenodiamina. 10 Um ligante tetradentado é o ATP, que se liga a íons metálicos divalentes (como Mg2+, Mn2+, Co2+ e Ni2+) através de quatro das seis posições de coordenação. (a) Estrutura do trifosfato de adenosina (ATP), com os átomos ligantes coloridos. (b) Possível estrutura de um complexo metal-ATP; o metal M possui 4 ligações com o ATP e 2 ligações com ligantes H2O. 11 Os ácidos aminocarboxílicos são agentes quelantes sintéticos comuns. Os átomos de N e os átomos de O do carboxilato são os átomos ligantes potenciais nessas moléculas. Quando esses átomos se ligam a um íon metálico, os átomos ligantes perdem seus prótons. Uma titulação baseada na formação de complexos – titulação complexométrica. 12 Alguns ligantes formam fortes complexos 1:1 com todos os íons metálicos, exceto íons monovalentes como Li+, Na+ e K+. A estequiometria é 1:1 independente da carga do íon. (2:1) 13 A constante de equilíbrio da reação do metal com um ligante é – constante de formação (Kf) ou constante de estabilidade. Estrutura do íon Fe(NTA)2 3– no sal Na3[Fe(NTA)2] · 5H2O. O ligante da direita liga-se ao Fe por meio de 3 átomos de O) e um átomo de N. O outro ligante se liga por 2 átomos de O e um átomo de N . O terceiro grupo carboxila presente não se encontra coordenado. O átomo de Fe é heptacoordenado. [De W. Clegg, A. K. Powell e M. J. Ware, “Structure of Na3[Fe(NTA)2] · 5H2O”, Acta Crystallogr. 1984, C40, 1822.] 14 Cu(EDTA)2- Estrutura do Fe(DTPA)2−, encontrado no sal Na2[Fe(DTPA)]·2H2O. A geometria de coordenação bipirâmide pentagonal heptacoordenada do átomo de ferro envolve três átomos de N e dois átomos de O ligantes no plano equatorial (linhas tracejadas) e dois átomos de O ligantes axiais. As distâncias de ligação axial Fe– O são de 11 a 19 pm menores que as distâncias das ligações equatoriais Fe– O, localizadas em um ambiente de coordenação mais agregado. Um dos grupos carboxílicos do ligante não se encontra coordenado. [De D. C. Finnen, A. A. Pinkerton, W. R. Dunham, R. H. Sands e M. O. Funk, Jr., “Structures and Spectroscopic Characterization of Fe(III)-DTPA Complexes”, Inorg. Chem. 1991, 30, 3960.] 15 EFEITO QUELANTE: habilidade dos ligantes multidentados de formar complexos metálicos mais estáveis que os formados por ligantes monodentados similares. Ex.: a reação do Cd2+ com 2 moléculas de etilenodiamino é mais favorável que a sua reação com 4 moléculas de metilamina. 16 O efeito quelante pode ser entendido pela termodinâmica. As duas tendências que conduzem uma reação química são a diminuição da entalpia (ΔH negativo, liberação de energia) e o aumento da entropia (ΔS positivo, maior desordem). No exemplo do Cd2+, 4 ligações Cd-N são formadas, e o ΔH é quase o mesmo para ambas as reações. A reação entre o Cd2+ e o etilenodiamino representa a união de 3 moléculas, enquanto a reação entre Cd2+ e a metilamina representa a união de 5 moléculas. Na última é criada mais ordem e, se a ΔH de cada reação é quase a mesma, a ΔS favorecerá a primeira reação. 17 EDTA O EDTA (ácido etilenodiaminotetacético) é, sem dúvida, o quelante mais usado em química analítica. Por titulação direta ou seqüência de reações indiretas, praticamente todos os elementos da tabela periódica podem ser analisados com EDTA. O EDTA é um sistema hexaprótico, designado por H6Y 2+. Os átomos de hidrogênio marcados são os mesmos que se perdem na formação de complexos metálicos. 18 O EDTA forma complexos estáveis, na proporção de 1:1, com a maioria dos íons metálicos. A complexação se faz através dos quatro átomos de oxigênio e dos dois átomos de nitrogênio. A geometria hexaco-cordenada do Mn2+-EDTA, encontrada no composto KMnEDTA · 2H2O, foi determinada por cristalografia de raios X. [J. Stein, J. P. Fackler, Jr., G. J. McClune, J. A. Fee e L. T. Chan, “Reactions of Mn-EDTA and MnCyDTA Complexes with O–2: X-Ray Structure of KMnEDTA·2H2O”, Inorg. Chem. 1979, 18, 3511.] 19 Diagrama de composição fracionária para o EDTA. 20 Modelo Molecular do EDTA (H6Y 2+) Modelo Molecular de zwitterion H5Y + Modelo Molecular de zwitterion H4Y 21 Modelo Molecular de zwitterion H3Y - Modelo Molecular de zwitterion H2Y 2- Modelo Molecular de zwitterionHY3- Modelo Molecular de zwitterion Y4- 22 COMPLEXOS DE EDTA COM ÍONS METÁLICOS As soluções de EDTA são particularmente úteis como titulantes porque o EDTA combina com os íons metálicos na proporção 1:1 não importando a carga do íon. Ex.: 23 A constante de formação, Kf, do complexo metal-EDTA é a constante de equilíbrio para a reação: As constantes de formação para a maioria dos complexos de EDTA são muito grandes e tendem a ser maiores para cátions com maior carga positiva. Em muitos complexos, o EDTA envolve o íon metálico formando uma espécie hexacoordenada. Constante de Formação: M 2+ + Y4- MYn-4 Kf = [MYn-4] [ Mn+] [Y4-] Mn+ 24 A formação do Ni(CN)4 2- é típica no sentido de que ocorre em etapas. As constantes de formação parciais são representadas por K1, K2 e assim por diante. 25 26 Constante de Formação Condicional: A constante de formação descreve a reação entre Y4- e o íon metálico. As espécies HY3-, H2Y 2- e assim por diante predominam em pH baixo. É útil expressar a fração de EDTA livre na forma Y4- para dar: [Y4-] = Y 4- [EDTA] 27 A constante de equilíbrio para a reação do EDTA é: Se o pH é fixado por um tampão, então Y 4- é uma constante que pode ser combinada com Kf: O número K’f = (Y 4-)Kf descreve a formação de MYn-4 em qualquer valor de pH. 28 A constante de formação condicional nos permite olhar para a formação do complexo de EDTA como se o EDTA não- complexado estivesse todo na forma: Atenção: A constante de formação condicional K’f (ou KMY dependendo do livro) é a constante somente para o pH no qual Y 4- é aplicável. Exemplo: Calcular a concentração molar de Y4- em uma solução 0,020 mol/L de EDTA tamponada em pH 10,00. Em pH 10,00 αY 4- é 0,30 logo: [Y4-] = (Y 4-)[EDTA] = 0,30 x 0,020 = 6,00 x 10-3 mol.L-1 29 A constante de formação para o FeY- é 1025,1 = 1,3 x 1025. Calcule a concentração de Fe3+ livre em uma solução 0,10M de FeY- em pH 4,00 e em pH 1,00. Resolvendo: em pH 4,00, tem x = [Fe3+] = 1,42 x 10-9M em pH 1,00, tem x = [Fe3+] = 6,32 x 10-5M 30 31 32 33 CURVAS DE TITULAÇÃO COM EDTA Em uma titulação com EDTA, o interesse é encontrar a concentração do cátion em função da quantidade de EDTA adicionado. Região 1: antes do ponto de equivalência: Nesta região há um excesso de Mn+ em solução após o EDTA ter sido consumido. A concentração do íon metálico livre é igual à concentração do excesso, Mn+, que não reagiu. A dissociação de MYn-4 é desprezível. 34 Região 2: no ponto de equivalência: Há exatamente a mesma quantidade de EDTA e de metal em solução. Podemos considerar como se a solução tivesse sido feita pela dissolução de MYn-4 puro. Algum Mn+ livre é gerado pela fraca dissociação de MYn-4: Nesta reação, o EDTA refere-se à concentração total de EDTA livre em todas as suas formas. No ponto de equivalência: [Mn+]=[EDTA] MYn-4 Mn+ + EDTA 35 Região 3: após o ponto de equivalência: há um excesso de EDTA, e praticamente todo o íon metálico está na forma de MYn-4. A concentração de EDTA livre pode ser igualada à concentração de excesso de EDTA adicionado após o ponto de equivalência. As três regiões em uma curva de titulação com EDTA. A figura exemplifica a reação de 50,0 mL de uma solução de Mn+ 0,050 0 M com uma solução de EDTA 0,050 0 M, supondo que Kf ’ = 1,15 × 1016. A concentração de Mn+ livre decresce à medida que a titulação avança. 36 Como Kf é grande, é razoável dizer que a reação é completa em cada adição de titulante. Ex.: calcular a forma da curva de titulação para a reação de 50,00 mL de uma solução de Mg2+ 0,05M (tamponada em pH 10) com uma solução 0,050 M de EDTA: O volume de equivalência é 50,00 mL e 37 Região 1: Antes do Ponto de Equivalência A) adição de 5 mL de solução de EDTA. Como o ponto de equivalência é 50,00 mL, um décimo de Mg2+ serão consumidos: De maneira semelhante podemos calcular pMg2+ para qualquer volume de EDTA menor que 50,00 mL. 38 B) Região 2: No Ponto de Equivalência Praticamente todo o metal está na forma MgY2-. Se a dissociação é desprezível, a concentração de MgY2- é igual à concentração original de Mg2+, com correção para a diluição. 39 A concentração de Mg2+ livre é baixa e desconhecida. Assim: 40 Região 3: Depois do Ponto de Equivalência Praticamente todo o metal está na forma MgY2- e há um excesso de EDTA sem reagir. Ex.: após a adição de 51,0 mL , há um excesso de 1,00 mL de EDTA. 41 42 43 Concentração de Cátion em Solução de EDTA 44 45 INDICADORES DE ÍONS METÁLICOS A técnica mais comum para detectar o ponto final em titulações com EDTA é usar um indicador de íons metálicos. Alternativas incluem um eletrodo de mercúrio e um eletrodo íon-seletivo. Um eletrodo de pH irá seguir o curso da titulação em solução não-tamponada, porque H2Y 2- libera 2H+ quando forma um complexo metálico. Um indicador de íons metálicos é um composto cuja cor muda quando ele se liga a um íon metálico. Para um indicador ser utilizável, ele deverá ligar-se ao metal menos fortemente que o EDTA faz. Ex.: titulação de Mg2+ com EDTA , usando negro de Eriocromo T como indicador MgIn + EDTA MgEDTA + In vermelho incolor incolor azul A maioria dos indicadores de íons metálicos é também indicador ácido-base. Como a cor do indicador livre é dependente do pH, a maioria dos indicadores pode ser usada apenas em certas faixas de pH. 46 47 - Soluções de azo-indicadores deterioram-se rapidamente e devem ser preparadas a cada semana. - Soluções de murexida devem ser preparadas diariamente. - Para um indicador ser usado em uma titulação de um metal com EDTA, o indicador deverá liberar seu íon metálico para o EDTA. - Se um metal não se dissocia livremente de um indicador, diz-se que o metal bloqueou o indicador. - O negro de Eriocromo T é bloqueado por Cu2+, Ni2+, Co2+, Cr3+, Fe3+ e Al3+ . N N O comportamento ácido-básico do negro de Eriocromo T é descrito pelas equações: H2O + H2In - HIn2- + H3O + K1 = 5 x 10 -7 vermelho azul H2O + H2In 2- In3- + H3O + K2 = 5 x 10 -12 azul laranja Os complexos de negro de Eriocromo T são geralmente vermelhos, assim como o H2In - . Na detecção de íons metálicos é necessário ajustar o pH para 7 ou acima para que a forma da espécie azul predomine na ausência de íon metálico. 48 Até o ponto de equivalência o indicador complexa o excesso do íon metálico e a solução é vermelha. Com o primeiro excesso de EDTA, a solução torna-se azul devido a reação: MIn- + HY3- HIn2- + HY2- vermelho azul Uma limitação do negro de Eriocromo T é que suas soluções se decompõem lentamente quando armazenadas. Uma alternativa é o uso solução de calmagita, um indicador que para todos os propósitos apresenta comportamento idêntico ao do negro de Eriocromo T, mas não sofre decomposição. 49 50 Indicadores mais comuns para íons metálicos 51 1. TITULAÇÃO DIRETA O constituinte é titulado com uma solução padrão de EDTA. O titulado é tamponado a um pH no qual a Kf para o complexo metal-EDTA é grande e a cor do indicador livre é distinta da cor do complexo metal-indicador. Um agente de complexação auxiliar – ex.: NH3, tartarato, citrato ou trietanolamina – pode ser empregado pra evitar que o íon metálico forme precipitado na ausência de EDTA. TÉCNICAS DE TITULAÇÃO COM EDTA EDTA É Tamponado Mn+ Agente de complexação 52 Ex.: a titulação direta de Pb2+ é feita em tampão amoniacal em pH 10 na presença de tartarato, o qualcomplexa o íon metálico e não permite que Pb(OH)2 precipite. O complexo Pb-tartarato deverá ser menos estável que o complexo chumbo-EDTA, ou a titulação não será exequível. 2. TITULAÇÃO DE RETORNO Um excesso conhecido de uma solução de EDTA é adicionado ao titulado. O excesso de EDTA é então titulado com uma solução padrão de um segundo íon metálico. 53 É útil quando o titulado precipita na ausência de EDTA, se ele reage muito lentamente com o EDTA sob as condições de titulação ou se ele bloqueia o indicador. O íon metálico usado na titulação de retorno não deve deslocar o complexo formado pelo íon metálico em análise com EDTA. A titulação de retorno com EDTA evita a precipitação do constituinte em análise. 2º Metal EDTA (qtidade exata) 1º Metal 54 Ex.: O Al3+ precipita como Al(OH)3 em pH 7 na ausência de EDTA. Uma solução ácida de Al3+ pode ser tratada com um excesso de EDTA, ajustado o pH para 7-8 com CH3COONa, e aquecido à ebulição para garantir a complexação completa do íon estável e solúvel Al(EDTA)-. A solução é então resfriada; adiciona-se o indicador negro de Eriocromo T; A titulação de retorno então é feita com solução-padrão de Zn2+. Zn2+ EDTA Al3+ Eriocromo T Em pH 7-8 55 Exercício Titulação de Retorno: Uma solução contendo 25 mL de Ni2+ em HCl diluído é tratada com 25 mL de uma solução de Na2EDTA 0,050 M. A solução é neutralizada com NaOH, e o pH é ajustado para 5,5 com tampão de acetato. A solução torna- se amarela quando algumas gotas de indicador alaranjado de xilenol são adicionados. A titulação com uma titulação de Zn2+ 0,020 M consumiu 17,5 mL de Zn2+ para atingir a coloração vermelha no PF. Qual é a molaridade do Ni2+ na solução desconhecida? Ni2+ + Y4- NiY2- Reação 1 Zn2+ + Y4- (sobrou da reação 1) ZnY2- Resolvendo: Do enunciado, observa-se que houve a adição de uma quantidade conhecida de EDTA na solução contendo a espécie metálica. Esta quantidade é 56 Uma vez que temos a quantidade de EDTA total e a quantidade de EDTA em excesso, por diferença é possível calcular a quantidade de EDTA que reagiu com Ni2+: Substituindo os valores: Assim, a concentração de Ni2+ presente na solução é : Parte desta quantidade reagiu com o Ni2+, levando à formação de NiY2-, enquanto o excesso (que não reagiu com a espécie metálica) foi titulado por 17,5 mL de Zn2+ 0,020 mol/L. 57 3. TITULAÇÃO DE DESLOCAMENTO Para íons metálicos que não possuem um indicador satisfatório, uma titulação de deslocamento pode ser exequível. O constituinte em análise normalmente é tratado com um excesso de Mg(EDTA)2- para deslocar o Mg2+, que é posteriormente titulado com uma solução de EDTA padrão. O Hg2+ é determinado desta maneira. A constante de formação do Hg(EDTA)2- deve ser maior que a constante de formação de Mg(EDTA)2-, ou o deslocamento de Mg2+ de Mg(EDTA)2- não ocorrerá. Mn+ + MgY2- MYn-4 + Mg2+ 58 Não há um indicador adequado para o Ag+. Entretanto, o Ag+ irá deslocar o Ni2+ do íon tetracianoniquelato(II): O Ni2+ liberado pode então ser titulado com EDTA para encontrar quanto de Ag+ foi adicionado. 2Ag+ + Ni(CN)4 2- 2Ag(CN)2 - + Ni2+ 59 4. TITULAÇÃO INDIRETA Ânions que precipitam com certos íons metálicos podem ser analisados com EDTA por titulação indireta. Ex.: o SO4 2- pode ser analisado pela precipitação com excesso de Ba2+ em pH 1. O BaSO4(S) é lavado e então fervido com excesso de EDTA em pH 10 para levar o Ba2+ de volta à solução como Ba(EDTA)2- 60 O excesso de EDTA é titulado por retorno com uma solução de Mg2+. Alternativamente, um ânion pode ser precipitado com excesso de íon metálico. O precipitado é filtrado e lavado, e o excesso de íon metálico no filtro é titulado com EDTA. Ânions como CO3 2- , CrO4 2- , S2- e SO4 2- podem ser determinados pela titulação indireta com EDTA. 61 MASCARAMENTO Um agente de mascaramento é um reagente que protege algum componente do constituinte da reação com o EDTA. Ex.: o Al3+ em uma mistura de Mg2+ e Al3+ pode ser titulado mascarando antes o Al3+ com F-, deixando assim apenas o Mg2+ para reagir com o EDTA. O mascaramento é usado para evitar que um elemento interfira na análise de outro elemento. O mascaramento não é restrito à titulação com EDTA. O cianeto é um agente de mascaramento comum que forma complexos com Cd2+, Zn2+, Hg2+, Co2+, Cu+, Ag+, Ni2+, Pd2+, Pt2+, Fe2+ e Fe3+, mas não com Mg2+, Ca2+, Mn2+ ou Pb2+. 62 Quando se adiciona CN- a uma solução contendo Cd2+ e Pb2+ , apenas o Pb2+ reage com o EDTA. O F- mascara Al3+, Fe3+, Ti4+ e Be2+. A trietanolamina mascara Al3+, Fe3+, e Mn2+; e o 2,3-dimercapto- 1-propanol mascara Bi3+, Cd2+, Hg2+, Cu2+ e Pb2+. O desmascaramento libera o íon metálico de um agente de mascaramento. Os complexos de CN- podem ser desmascarados com formaldeído: 63 A tiouréia mascara o Cu2+ reduzindo-o a Cu+ e complexando o Cu+. O Cu pode ser libertado do complexo com a tiouréia pela oxidação com H2O2. A seletividade produzida pelo mascaramento, desmascaramento e controle de pH permite que componentes individuais de misturas complexas de íons metálicos sejam analisados por titulação com EDTA. Dureza da água A dureza da água é a concentração total de íons alcalino terrosos, principalmente Ca2+ e Mg2+, presentes em água. É expressa em miligramas de CaCO3/litro. Ex.: se [Ca2+]= [Mg2+]= 1mM – a dureza é de 100mg CaCO3/L – pois 100mg CaCO3 = 1mmol de CaCO3 Água ―mole‖ – dureza é menor 60mg de CaCO3/L Água ―dura‖ – dureza maior que 270 mg/L de CaCO3/L 64 Água dura reage com sabão para formar coágulos insolúveis: Ca2+ + 2RCO2 - Ca(RCO2)2(s) sabão precipitado Quando a água é dura o sabão tem que consumir todo o Ca2+ e o Mg2+ presentes na água antes que ele possa ser útil para a limpeza. A água dura quando evapora forma depósitos em tubulações. A presença de dureza é benéfica para irrigação pois os íons alcalinos terrosos tendem a flocular partículas coloidais no solo, provocando o aumento da permeabilidade da água. 65 Água mole - ideal para a preparação de materiais como cimento, concreto e gesso. Para medir a dureza a amostra é tratada com ácido ascórbico (ou hidroxilamina) para reduzir o Fe3+ a Fe2+ e com CN- para mascarar o Fe2+, o Cu2+ e outros íons metálicos. A titulação é feita com EDTA , em pH 10, usando-se tampão de NH3 , permite determinar a concentração total de Ca 2+ e Mg2+ presentes na água. A concentração de Ca2+ pode ser determinada separadamente se titulação for feita em pH 13 sem a presença de tampão amoniacal. 66 67 Neste pH o Mg(OH)2 precipita e se torna inacessível ao EDTA. -―Dureza temporária‖ é a fração de dureza causada pelo Ca(HCO3)2, pois a presença de cálcio é eliminada por aquecimento ( CaCO3 pp). - ―Dureza permanente‖- dureza resultante de outros sais (principalmente CaSO4 dissolvido) e não é removida por aquecimento. 68 Atenção: Nas reações com EDTA a estequiometria é sempre 1:1 Exercício: Na determinação de zinco por complexometria, utilizou-se EDTA 0,01molL-1, na titulação foram consumidos 20 mL para 10 mL da amostra. Determine quantas g% de zinco contém a amostra. R: 0,13g% de Zn na amostra 69 Referências Bibliográficas: 1. HARRIS, D. C. Análise Química Quantitativa. 8ª Edição., Rio de Janeiro, Editora Livros Técnicos e Científicos S. A., 2012. 2. SKOOG, D. A.; West, D. A.; Holler, F. J.; Crouch, S. R.; Fundamentos de Química Analítica, 9ª Edição, Editora Thomson, 2014. 3. VOGEL, A. I. Analise Química Quantitativa. 6 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos.2002. 4. BACCAN, N. Química Analítica Quantitativa Elementar. São Paulo: Edgard Blücher. 2001.
Compartilhar