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O QUE É A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)
Entenda o impacto desse documento na educação brasileira
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A recente aprovação das alterações na Lei de Diretrizes e Bases Educacionais (LDB) levantou dúvidas e opiniões diversas sobre a nova organização da educação básica. A lei, que já havia sofrido significativas modificações em 2013, passou por nova revisão e esquentou o debate sobre a chamada Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas afinal, do que trata a BNCC? Qual a sua relação com a Reforma do Ensino Médio e, principalmente, como essas mudanças afetam você, o sistema educacional e a sociedade como um todo? 
A LDB teve sua primeira versão publicada em 1996 e desde então passou por uma série de alterações, sendo que algumas delas, ocorridas em 2013, são especialmente relevantes para o debate que tem crescido nos últimos meses. Em linhas gerais, a redação de 2013 ampliou a obrigatoriedade, gratuidade e responsabilidade estatal para todos os níveis da educação básica, que antes eram assegurados somente para o ensino fundamental, passando a incluir também a pré-escola e o ensino médio. Isso quer dizer que, a partir de 2013, o Estado brasileiro assumiu a responsabilidade de garantir o acesso gratuito a todas as etapas da educação básica para qualquer cidadão, podendo ser acionados os dispositivos legais para sua reivindicação.
Essa ampliação pode parecer simples, mas implicou em abranger todas essas etapas também na exigência de um currículo com base nacional comum, que já estava previsto na primeira versão da LDB e no Plano Nacional da Educação para os ensinos fundamental e médio. Já em 2017, mudanças ainda mais objetivas foram feitas, trazendo à tona a urgência de se determinar as condutas que trariam uniformidade à educação brasileira e a discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se intensificou.
O QUE É A BNCC
A BNCC é um instrumento de referência dos conhecimentos indispensáveis a todos os alunos da educação básica, independentemente de sua origem, classe social ou local de estudo. Através de um documento construído colaborativamente por especialistas de todo o Brasil, gestores, docentes, alunos e até uma consulta pública online, a BNCC pretende reduzir as desigualdades de aprendizado, estabelecendo as habilidades e competências fundamentais em cada etapa da educação básica através da obrigatoriedade de seu cumprimento.
Fonte: MEC. Elaboração da autora.
Após passar por seis ministros, 27 seminários, mais de 500 emendas à LDB e incontáveis críticas, a BNCC recuou em pontos controversos de sua primeira versão – como a exclusão da obrigatoriedade das disciplinas de Educação Física, Artes, Sociologia e Filosofia e a inserção do Ensino Religioso. Agora, a Base deve passar à tutela do Conselho Nacional da Educação (CNE), para análise de suas determinações e aprovação.
Na ocasião da entrega da BNCC ao Conselho Nacional da Educação, que por ora se deu somente para os níveis infantil e fundamental, Eduardo Deschamps, presidente do órgão, introduziu o tema citando Séneca (“não há vento bom para quem não sabe para onde ir”), para ilustrar as expectativas de nortear a educação brasileira depositadas sobre a Base. Com isso, espera-se que as escolas brasileiras ofereçam as principais habilidades e competências necessárias para todos os alunos brasileiros, visando uma aprendizagem equitativa e que os alunos desenvolvam competências de empatia, cooperação, cuidado e respeito. Também foram levados em conta a necessidade de um conteúdo que seja mais facilmente assimilável, como é o caso do conteúdo de História, que a partir da implementação da Base terá que obedecer a cronologia dos fatos.
A BNCC traz para o âmbito público algumas práticas que já eram observadas em escolas privadas, buscando o aumento no desempenho e uma maior padronização na elaboração dos currículos e preparação dos alunos, para que estejam aptos a competir igualmente pelas posições sociais, independentemente de sua origem escolar. Um dos principais pontos trazidos pela BNCC nesse sentido são as inovações para a educação infantil, com objetivos específicos para cada idade e incorporação de dimensões pouco tradicionais como “brincar” e “explorar, além da antecipação da alfabetização para o final do 2º ano.
Ainda em fase de revisão e prevista para ser entregue até o final do ano, a etapa de Ensino Médio permanece sendo o maior alvo das dúvidas. A nova redação da LDB prevê a ampliação da carga horária (que não acontecerá imediatamente, mas de forma progressiva) e indica a chamada Reforma do Ensino Médio, que determina o desmembramento do ensino médio em duas partes:
· uma comum, obrigatória a todos os estudantes, a ser definida pela BNCC;
· e outra flexível, composta por “itinerários formativos”.
A ideia é que o estudante possa iniciar seu processo de decisão profissional e de formação já durante o Ensino Médio, aprofundando-se na área de maior interesse e se preparando melhor para o próximo nível de ensino que pretende cursar, além de atender eventuais carências locais. O pacote de emendas para o ensino médio tem sido entendido como uma flexibilização do currículo e divide opiniões quanto à sua efetividade.
Fonte: MEC. Elaboração da autora.
Hoje, a grade curricular do Ensino Médio é composta pelas 13 disciplinas independentes e obrigatórias ao longo dos três anos. Com a reforma, essas disciplinas passarão a ser distribuídas em cinco categorias. Estas continuam sendo obrigatórias na primeira parte do ensino médio, com o conteúdo que é relevante a todo estudante, independente da trajetória escolhida para o início de seu itinerário de formação. Na prática, nenhuma das 13 disciplinas desapareceu do currículo, mas agora, elas compõem grandes áreas. Apenas o espanhol, que poderá ser substituído por outra língua estrangeira, será oferecido conforme a disponibilidade da escola.

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