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Introdução A questão principal da gestão de estoque de um determinado item refere-se a duas questões ─ quando repor e quanto repor ─ na medida em que o estoque mesmo vai sendo consumido, para atender determinada demanda de mercado. Em resumo, é preciso definir o momento da reposição e a quantidade a ser reposta, para que o estoque possa atender às necessidades da demanda e tentar, tanto quanto possível, coordenar consumo e suprimento do material em questão. Modelo de Gestão de Estoques O gráfico abaixo mostra como se comporta a quantidade em estoque com o passar do tempo, havendo uma taxa de demanda (D) do material e em que momento deve ocorrer novo pedido de compra e qual a quantidade que deve ser comprada. Como pode ser visto no gráfico apresentado no início deste capítulo, partindo-se de um nível de estoque de 70 unidades de determinada image://resources/foto%2004%20-%20Modelo%20Gestao%20de%20Estoques.jpg peça no instante inicial (0), e considerando uma taxa de consumo média de 10 unidades por dia, temos após 6 dias consumido 60 peças do estoque. Nesse momento, tem-se que repor o estoque para continuar podendo atender a taxa de consumo de 10 unidades por dia. Note-se que existe um estoque de segurança de 10 peças para atender qualquer variabilidade que possa ocorrer na demanda (aumentar) ou no tempo de reposição (ocorrer algum atraso). Portanto, no sexto dia recomenda-se repor o estoque em 60 unidades que foram consumidas. Para essas 60 unidades chegarem no sexto dia, seu pedido ao fornecedor deverá ocorrer tantos dias antes correspondentes ao seu tempo de fornecimento ou também conhecido como lead time ou tempo de reposição. No gráfico 3.1 verifica-se que o tempo de reposição do fornecedor é de dois dias e meio (2,5). A seguir apresentamos a simbologia das variáveis e as fórmulas para o cálculo do Ponto de Pedido (em que momento comprar) e do lote de compra (quantidade a comprar). A seguir é apresentado a simbologia das variáveis e as fórmulas para o cálculo do Ponto de Pedido (em que momento comprar) e do lote de compra (quantidade a comprar). PP = Ponto de Pedido é a quantidade de estoque onde se deve emitir um novo pedido ao fornecedor, de tal forma que o material chegue a tempo e não haja a falta ou ruptura de estoque. LT ou TR = Lead Time ou Tempo de Reposição, significa o tempo entre o ponto de pedido e a chegada do material. L = Lote de compra que é igual a demanda (D) vezes o tempo de reposição (TR). D = Taxa de demanda por unidade de tempo. ES = Estoque de segurança ou estoque mínimo. EM = Estoque Maximo. Ponto de Pedido (PP) O ponto de pedido (PP) é calculado pela seguinte fórmula: PP = ((D x TR) + ES) Então, aplicando-se a fórmula para o exemplo exposto no capítulo tem- se: PP = ((10 x 2,5)) + 10) PP = 35 Lote de Compra (L) O lote de compra (L) pode ser obtido por vários critérios. O valor ideal é aquele que gere o menor investimento em estoque e ao mesmo tempo não ocasione ruptura ou falta de material. Portanto, o ideal do lote de compra é o valor obtido pela multiplicação da taxa de demanda pelo tempo de reposição (D x TR). Se tomarmos como referencia o gráfico apresentado no capítulo teremos: L = 10 unid./dias x 2,5 dias = 25 unidades Portanto, no momento em que atingir o ponto de pedido PP de 35 unidades (incluindo 10 unidades de estoque de segurança), a empresa deve emitir a reposição ao fornecedor de 25 unidades e desta forma irá sempre realizando os cálculos do momento do pedido e da quantidade a pedir. file:///C:/Users/paulo.bogado/Desktop/ADMINISTRACAO_DE_ESTOQUE_E_COMPRAS_901150/resources/Videoaula03_P01.mp4 Lote de Compra (L) + Custo de Armazenagem + Custo de Compra O segundo método para definir o lote de compra (L) é quando se considera o custo de armazenagem e o custo de compra. Quanto maior o lote de compra maior será o custo de estocagem e menor será o custo de compra por unidade de produto. Portanto, define-se o lote de compra como a quantidade que gere o menor custo total, considerando o custo fixo de compra e o custo de estocagem. O gráfico modelo nos fornece uma ideia dos respectivos custos e seu ponto ideal onde total corresponde ao menor valor. Custos Totais do Sistema de Gestão de Estoques O custo de estocagem (CE) é representado pelo estoque médio (L/2) vezes o custo unitário anual de estocagem de uma unidade do item (Ce). O custo de estoque significa os custos anuais que a empresa tem para manter cada unidade de produto e consideram os custos da área, dos controles, da segurança e seguro. file:///C:/Users/paulo.bogado/Desktop/ADMINISTRACAO_DE_ESTOQUE_E_COMPRAS_901150/resources/Videoaula03_P02.mp4 Custo de estocagem (CE) = L/2 x Ce O custo de compra (CC) é representado pelo número de compras ao ano que corresponde à demanda anual (DA) dividido pelo lote de compra (L) vezes o custo fixo de fazer um pedido (Cf). Os custos de compra consideram os processos de procura, cotações, seleção, e controle dos fornecedores. Custo de Compra (CC) = DA/L x CF Pelas fórmulas percebe-se que quanto maior for o lote de compra maior será o custo de armazenagem e menor será o custo de compra. Tabela 3.1 ─ Custo de Compra, custo de estoque e Custo Total em função do tamanho do Lote Tamanho do Lote L Custo de Compra CC=DA/L x Cf Custo de Estoque CE=L/2 x Ce Custo Total CC+CE 10 1.000,00 5,00 1.005,00 30 333,33 15,00 348,33 50 200,00 25,00 225,00 70 142,86 35,00 177,86 90 111,11 45,00 156,11 110 90,91 55,00 145,91 130 76,92 65,00 141,92 150 66,67 75,00 141,67 170 58,82 85,00 143,82 190 52,63 95,00 147,63 210 47,62 105,00 152,62 230 43,48 115,00 158,48 250 40,00 125,00 165,00 270 37,04 135,00 172,04 290 34,48 145,00 179,48 Lote de Compra (L) c/ Revisão Periódica Neste modelo de ressuprimento, verifica-se periodicamente o nível de estoque de cada item, e baseado no nível de estoque encontrado, determina-se a quantidade a ser reposta, de modo que, ao recebê-la, seja atingido um nível de estoque predeterminado. Abaixo a representação gráfica deste modelo. file:///C:/Users/paulo.bogado/Desktop/ADMINISTRACAO_DE_ESTOQUE_E_COMPRAS_901150/resources/Videoaula03_P03.mp4 A fórmula para determinar o lote de compra (L) pelo método de revisão periódica, deve considerar, além do tempo de entrega do fornecedor, o período entre as inspeções e quantidades pendentes já compradas e que irão chegar na empresa. L = D x ( P x TR) + ES - (E + QP) onde: L = Quantidade a repor ou comprar D = Taxa de demanda; P = Período de revisão; TR = Tempo de reposição (Lead Time); ES = Estoque de segurança; E = Estoque atual; QP = Quantidade pendente (já pedida e aguardando chegada). L = Quantidade a repor ou comprar = a ser calculado e obtido. D = Taxa de demanda = 6 litros por dia; P = Período de revisão = 15 dias; TR = Tempo de reposição (Lead Time) = 3 dias; ES = Estoque de segurança = 8 litros; E = Estoque atual = 18 litros; QP = Quantidade pendente = 0 (zero). Então : L = D x ( P x TR) + ES - (E + QP) L = 6x (3+15) + 8 – (18+ 0) = 98 litros Estoque de Segurança (ES) É a quantidade mínima que deve existir de estoque de um determinado item, para cobrir eventuais oscilações ou variabilidades no tempo de reposição e/ou na demanda, objetivando garantir o funcionamento eficiente de qualquer processo produtivo ou comercial de vendas, sem o risco de ocorrer a falta do material. file:///C:/Users/paulo.bogado/Desktop/ADMINISTRACAO_DE_ESTOQUE_E_COMPRAS_901150/resources/Videoaula03_P04.mp4 Sendo assim, o estoque de segurança (ES) deve ser dimensionado para atender: - as oscilações de consumo acima da média prevista; - eventuais atrasos no tempo de reposição do material; - eventuais rejeições de material por problemas de qualidade. A seguir apresenta-se o cálculo da demanda média e da sua variabilidade representada pelo cálculo do desvio padrão. Tabela 3.2– Cálculo da Média e Desvio Padrão da Demanda em função do seu comportamento histórico Mês D D-Dm (D-Dm)² 1 40074 5.476 2 350 124 15.376 3 620 146 21.316 4 380 94 8.836 file:///C:/Users/paulo.bogado/Desktop/ADMINISTRACAO_DE_ESTOQUE_E_COMPRAS_901150/resources/Videoaula03_P05.mp4 5 490 16 256 6 530 56 3.136 7 582 108 11.664 8 440 34 1.156 Total 3.792 67.216 Média: 474 Desvio padrão: 98 Fórmula para determinar o ES Grau de atendimento (GA) significa a probabilidade de não ocorrer falta de estoque. Em outras palavras, significa dizer quantas vezes o estoque de segurança poderá atender a cada 100 ocorrências de consumo ou demanda. Por exemplo, 90 vezes em 100 corresponderá a um GA de 90%. A fórmula para o cálculo do ES é dada por: ES = K x desvio padrão, onde, o valor de K é obtido pelo % do GA desejado (tabela a seguir): Tabela 3.3 – Fator K em função do GA GA (%) K 99,99 3,090 99,50 2,576 99,00 2,326 97,50 1,960 95,00 1,645 90,00 1,282 85,00 1,036 80,00 0,842 75,00 0,674 70,00 0,524 65,00 0,385 60,00 0,253 55,00 0,126 50,00 0,00 Fonte: adapatado de Corrêa, Gianesi, Caon (2001, p65) Para finalizar, vejamos alguns exemplo de aplicação para o que aprendemos até agora 1) Vamos considerar o mesmo exemplo das demandas mensais representadas na tabela acima durante um período de 8 meses, onde encontramos como demanda média o valor de 474 e o desvio padrão de 98, para determinar o estoque de segurança para um grau de atendimento de 95% e o fornecedor reponha o material no período de 1 mês sem nenhuma oscilação, ou seja, o desvio padrão do tempo de reposição igual a zero. Resolução. Para um GA de 95%,conforme a tabela 3.3 tem-se um valor de K=1,645. Portanto, o estoque de segurança será: Es - 1,645 x 98 = 162 Unidades 2) Uma empresa apresenta um histórico de demanda média de 200 peças/dia com um desvio padrão de 10 peças, e o tempo de reposição (Lead Time) médio de 5 dias com um desvio padrão de um dia. Determinar a) o estoque de segurança, considerando um grau de atendimento de 95%; b) o ponto de pedido. Resolução. D = demanda média 200 peças/dia; s D= desvio padrão da demanda = 10 peças/dia; TR = Tempo de Reposição = 5 dias; sTR= desvio padrão do tempo de reposição = 1 dia; K = Fator do grau de atendimento desejado = 1,645 para GA de 95%. Aplicando-se esses valores na fórmula do Estoque de Segurança: CHING, H. Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CORREA, H.; GIANESI, I. G.N; AON, M. Planejamento Programação e Controle da Produção. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2001. GONÇALVES, P. S. Administração de Materiais. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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