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Proc Penal - Renato Brasileiro-compactado

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Prévia do material em texto

@dicasexconcurseira 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Noções Introdutórias.........................................................................................................................................................................3 
Investigação Preliminar....................................................................................................................................................................11 
Ação Penal .......................................................................................................................................................................................30 
Competência Criminal .....................................................................................................................................................................46 
Provas ..............................................................................................................................................................................................74 
Medidas Cautelares no Processo Penal ..........................................................................................................................................101 
Questões e Processos Incidentes ...................................................................................................................................................133 
Comunicação dos Atos Processuais ................................................................................................................................................149 
Procedimento .................................................................................................................................................................................155 
Ação Civil Ex Delicto ........................................................................................................................................................................178 
Tribunal do Júri ...............................................................................................................................................................................181 
Sentença .........................................................................................................................................................................................206 
Nulidades ........................................................................................................................................................................................215 
Recursos .........................................................................................................................................................................................225 
Ações Autônomas de Impugnação .................................................................................................................................................247 
 
 
 
 
 
 
Este material foi elaborado a partir da apostila de aula do curso de Renato Brasileiro de 2014, 
quando este ainda dava aula no CERS, da leitura integra do Manual de Processo Penal do mesmo autor 
(edição 2017) e jurisprudência do Dizer o Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
3 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Eis o grande dilema do processo penal: de um lado, o necessário e indispensável respeito aos direitos e garantias 
fundamentais; do outro, o atingimento de um sistema criminal mais operante e eficiente. Há de se buscar, portanto, um ponto 
de equilíbrio entre a exigência de se assegurar ao investigado e ao acusado a aplicação das garantias fundamentais do devido 
processo legal e a necessidade de maior efetividade do sistema persecutório penal para a segurança da coletividade. 
 
2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
2.1. Sistema inquisitorial 
 Tem como característica principal o fato de as funções de acusar, defender e julgar encontrarem-se concentradas em 
uma única pessoa, que assume assim as vestes de um juiz acusador, chamado de juiz inquisidor, que não é dotado, portanto, de 
imparcialidade. Não há falar em contraditório; o juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa probatória e o acusado é mero 
objeto do processo. 
 
2.2. Sistema acusatório 
 Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e a 
ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. Aqui, há uma separação das funções de acusar, defender e 
julgar. O processo caracteriza-se, assim, como legítimo actum trium personarum. 
 Historicamente, o processo acusatório tem como suas características a oralidade e a publicidade, nele se aplicando o 
princípio da presunção de inocência. 
 Ainda que se admite que o juiz tenha poderes instrutórios, essa iniciativa deve ser possível apenas no curso do 
processo, em caráter excepcional, como atividade subsidiária da atuação das partes. 
 No sistema acusatório, a gestão das provas é função das partes, cabendo ao juiz um papel de garante das regras do 
jogo, salvaguardando direitos e liberdades fundamentais. 
 É o sistema acolhido de forma explícita pela CF/88 em seu art.129, I, que confere ao MP a iniciativa para a propositura 
da ação penal pública. 
 O que efetivamente diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a posição dos sujeitos processuais e gestão da 
prova. 
 Em síntese, pode-se trabalhar com o seguinte quadro comparativo entre os dois sistemas: 
 
SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO 
Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, 
que estão concentradas em uma única pessoa, que assume 
as vestes de um juiz inquisidor; 
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por 
consequência, caracteriza-se pela presença de partes 
distintas (actum trium personarum), contrapondo-se 
acusação e defesa em igualdade de condições, sobrepondo-
se a ambas um juiz, de maneira equidistante e imparcial; 
Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não é 
sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do 
processo, daí por que se admite inclusive a tortura como 
meio de se obter a verdade absoluta; 
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da 
busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel 
observância ao contraditório e à ampla defesa; 
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla 
iniciativa probatória, tendo liberdade para determinar de 
ofício a colheita de elementos informativos e de provas, seja 
no curso das investigações, seja no curso da instrução 
processual; 
Gestão da prova: recai precipuamente sobre as partes. Na 
fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado 
e desde que haja necessidade de intervenção judicial. 
Durante a instrução processual, prevalece o entendimento 
de que o juiz tem certa iniciativa probatória, podendo 
determinar a produção de provas de ofício, desde que o faça 
de maneira subsidiária; 
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa 
acusatória dela decorrente é incompatível com a garantia da 
imparcialidade (CADH, art.8º, §1º) e com o princípio do 
devido processo legal. 
A separação das funções e a iniciativa probatória residual 
restrita à fase judicial preserva a equidistância que o 
magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, 
sendo compatível com a garantia da imparcialidade e com o 
princípio do devido processo legal. 
 
2.3. Sistema misto ou francês 
 É chamado de sistema misto porquanto o processo se desdobra em duas fases distintas: a primeira fase é tipicamente 
inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e, por isso, sem contraditório. Nesta, objetiva-se apurar a 
materialidade e a autoria do fato delituoso. Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o 
réu se defende e o juiz julga, vigora, em regra, a publicidadee a oralidade. 
 
 @dicasexconcurseira 
 
4 
3. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO PENAL 
 Em face da incorporação da CADH ao ordenamento pátrio, o Brasil assume, então, o dever de adotar medidas 
legislativas para dar efetividade aos direitos preconizados na referida Convenção (art.2º). Esta pode ser garantida em 3 
perspectivas: a) utilização da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e das opiniões consultivas na 
interpretação dos casos penais internos de cada país; b) controle difuso da convencionalidade, a ser exercido pelos magistrados 
em cada caso concreto, nos termos do art.5º, §§2º e 3º da CF; c) controle concentrado ou abstrato de convencionalidade, a ser 
realizado pela CIDH, em sua jurisdição contenciosa e consultiva, e pelos Tribunais, após a EC nº 45/04. 
 De se notar, portanto, que as decisões da CIDH gozam de eficácia vinculante, nos termos dos arts.67, 68.1 e 68.2 da 
CADH. São dotadas de autoridade de coisa julgada formal e material, devendo, pois, ser cumpridas de forma eficaz e integral. 
 
3.1. Da Presunção de inocência (ou da não culpabilidade) 
3.1.1. Noções introdutórias 
 O direito de não ser declarado culpado enquanto ainda há dúvida sobre se o cidadão é culpado ou inocente foi acolhido 
no art.9º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), no art.11.1 da Declaração Universal de Direitos Humanos, 
no art.14.2 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, no art.8º, §2º da CADH e no art.5º, LVII, da CF/88. 
 Comparando-se a forma como referido princípio foi previsto nos Tratados Internacionais e na Constituição Federal, 
percebe-se que, naqueles, costuma-se referir à presunção de inocência, ao passo que a CF em momento algum utiliza a 
expressão inocente, dizendo, na verdade, que ninguém será considerado culpado. Por conta dessa diversidade terminológica, o 
preceito inserido na Carta magna passou a ser denominado de presunção de não culpabilidade. 
 Na jurisprudência brasileira, ora se faz referência ao princípio da presunção de inocência, ora ao princípio da presunção 
de não culpabilidade. 
 Do princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) derivam duas regras fundamentais: a regra 
probatória (também conhecida como regra de juízo) e a regra de tratamento, objeto de estudo nos próximos tópicos. 
 
3.1.2. Da regra probatória (in dubio pro reo) 
 Por força da regra probatória, a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado além de 
qualquer dúvida razoável, e não este de provar sua inocência. 
 Como consequência da regra probatória, destaca-se: a) a incumbência do acusador de demonstrar a culpabilidade do 
acusado; b) a necessidade de comprovar a existência dos fatos imputados, não de demonstrar a inconsistência das desculpas do 
acusado; c) tal comprovação deve ser feita legalmente; d) impossibilidade de se obrigar o acusado a colaborar na apuração dos 
fatos. 
 Nesta acepção, presunção de inocência confunde-se com in dubio pro reo. 
 
3.1.3. Da regra de tratamento 
 A privação cautelar da liberdade, sempre qualificada pela nota da excepcionalidade, somente se justifica em hipóteses 
estritas, ou seja, a regra é responder ao processo penal em liberdade, a exceção é estar preso. São manifestações claras desta 
regra de tratamento a vedação de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade de execução provisória 
ou antecipada da sanção penal. 
 Há quem entenda que esse dever de tratamento atua em duas dimensões: a) interna ao processo: funciona como 
dever imposto, inicialmente, ao magistrado, no sentido de que o ônus da prova recai integralmente sobre a parte acusadora, 
devendo a dúvida favorecer o acusado. Ademais, as prisões cautelares devem ser utilizadas apenas em situações excepcionais; 
b) externa ao processo: o princípio da presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade 
demandam uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado, funcionando como limites democráticos 
à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial. 
 
3.1.4. (In)constitucionalidade da execução provisória da pena 
 Pelo menos em regra, os recursos extraordinário e especial não são dotados de efeito suspensivo (art.637 do CPP c/c 
arts.995 e 1.029, §5º, NCPC). Por isso, prevaleceu, durante anos, o entendimento jurisprudencial segundo o qual era cabível a 
execução provisória de sentença penal condenatória recorrível, independentemente da demonstração de qualquer hipótese 
que autorizasse a prisão preventiva do acusado. 
 Ocorre que, no julgamento do HC 84.078 no ano de 2009, o Plenário do STF alterou a jurisprudência até então 
dominante para concluir que a execução da pena só poderia ocorrer com o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. 
 Todavia, em julgamento histórico realizado em 17 de fevereiro de 2016 (HC 126.292), o STF concluiu que é possível a 
execução provisória de acórdão penal condenatório proferido por Tribunal de 2ª instância no julgamento de apelação, ainda que 
sujeito a recurso especial ou extraordinário, e mesmo que ausentes os requisitos da prisão cautelar, sem que se possa objetar 
suposta violação ao princípio da presunção de inocência, já que é possível fixar determinados limites para referida garantia 
constitucional. Para justificar essa nova orientação foram apontados os seguintes fundamentos: 
a) Deve ser buscado o necessário equilíbrio entre o princípio da presunção de inocência e a efetividade da função 
jurisdicional penal, que deve atender a valores caros não apenas aos acusados, mas também à sociedade; 
 
 @dicasexconcurseira 
 
5 
b) É no âmbito das instâncias ordinárias que se exaure a possibilidade de exame de fatos e provas e, sob esse aspecto, a 
própria fixação da responsabilidade criminal do acusado. É dizer, os recursos de natureza extraordinária não 
configuram desdobramentos do duplo grau de jurisdição, porquanto não são recursos de ampla devolutividade, já que 
não se prestam ao debate da matéria fática probatória; 
c) Se houve, em 2º grau, um juízo de incriminação do acusado, fundado em fatos e provas insuscetíveis de reexame pela 
instância extraordinária, parece inteiramente justificável a relativização e até mesmo a própria inversão, para o caso 
concreto, do princípio da presunção de inocência até então observado; 
d) A lei da Ficha Limpa expressamente consagra como causa de inelegibilidade a existência de sentença condenatória por 
crimes nela relacionados quando proferidas por órgão colegiado; 
e) Não se pode afirmar que, à exceção das prisões em flagrante, temporária, preventiva e decorrente de sentença 
condenatória transitada em julgado, todas as demais formas de prisão foram revogadas pelo art.283 do CPP; 
f) Em nenhum país do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica 
suspensa, aguardando referendo da Suprema Corte; 
g) A jurisprudência que assegurava a presunção de inocência até o trânsito em julgado de sentença condenatória vinha 
permitindo a indevida e sucessiva interposição de recursos da mais variada espécie, com indisfarçados propósitos 
protelatórios; 
h) Quanto a eventuais equívocos das instâncias ordinárias, não se pode esquecer que há instrumentos aptos a inibir 
consequências danosas para o condenado, suspendendo, se necessário, a execução provisória da pena, como, por 
exemplo, medidas cautelares de outorga de efeito suspensivo ao RExt e REsp e o HC. 
 
 Renato Brasileiro: com a devida vênia à maioria dos Ministros do STF que admitiram a execução provisória da pena, 
parece-nos que esse novo entendimento contraria flagrantemente a CF, que assegura a presunção de inocência (ou de não 
culpabilidade) até o trânsito em julgado de sentença condenatória (art.5º, LVII), assim como o art.283 do CPP, que só admite, no 
curso da investigação ou do processo – é dizer, antes do trânsito em julgado de sentença condenatória-, a decretação da prisão 
temporária ou preventiva por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. 
 Por mais que a CADH estenda o princípio da presunção de inocência até a comprovação legal da culpa, o que ocorre 
com a prolação de acórdão condenatório no julgamento de um recurso, não se pode perder de vista que a CF é categórica ao 
afirmar que somente o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória poderá afastar o estado inicial de não 
culpabilidade de que todos gozam. Seu caráter mais amplo deve prevalecer, portanto, sobre o teor da CADH. De fato, a própria 
Convenção prevê que os direitos nela estabelecidos não poderão ser interpretados no sentido de restringir ou limitar a aplicação 
de normas mais amplas que existam no direito interno dos países signatários. Em consequência, deverá sempre prevalecer a 
disposição mais favorável (princípio pro homine). 
 Ademais, o art.637 do CPP foi tacitamente revogado pela Lei 12.403/11, que conferiu nova redação ao art.283 do CPP. 
 A solução para o caos do sistema punitivo brasileiro deve passar por uma mudança legislativa, e não jurisprudencial, 
como feita pelo STF. 
 
3.2. Princípio do contraditório 
CF, Art.5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 São dois os elementos do contraditório: a) direito à informação; b) direito de participação. O contraditório seria, assim, 
a necessária informação às partes e a possível reação a atos desfavoráveis. 
 Na dicção de Badaró, houve uma dupla mudança – subjetiva e objetiva – na noção de contraditório: quanto ao seu 
objeto, deixou de ser o contraditório uma mera possibilidade de participação de desiguais, passando a se estimular a 
participação dos sujeitos em igualdade de condições. Subjetivamente, porque a missão de igualar os desiguais é atribuída ao juiz 
e, assim, o contraditório não só permite a atuação das partes, como impõe a participação do julgador. 
 
3.2.1. Contraditório para a prova e contraditório sobre a prova 
 O contraditório para a prova (ou contraditório real) demanda que as partes atuem na própria formação do elemento de 
prova, sendo indispensável que sua produção se dê na presença do órgão julgador e das partes. É o que acontece com a prova 
testemunhal colhida em juízo. 
 O contraditório sobre a prova (contraditório diferido ou postergado) é o reconhecimento da atuação do contraditório 
após a formação da prova. É o que acontece com a interceptação telefônica judicialmente autorizada no curso das 
investigações. 
 
3.3. Princípio da ampla defesa 
CF, Art.5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 Enquanto o contraditório manifesta-se em relação a ambas as partes, a ampla defesa diz respeito apenas ao réu. 
 
 @dicasexconcurseira 
 
6 
 Sob a ótica que privilegia o interesse do acusado, a ampla defesa pode ser vista como um direito; todavia, sob o 
enfoque publicístico, no qual prepondera o interesse geral de um processo justo, é vista como uma garantia. 
 Quando a CF assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral a ampla defesa, 
entende-se que a proteção deve abranger o direito à defesa técnica (processual ou específica) e à autodefesa (material ou 
genérica). 
 Por força da ampla defesa, admite-se que o acusado seja formalmente tratado de maneira desigual em relação à 
acusação, delineando o viés material do princípio da igualdade. Por consequência, ao acusado são outorgados diversos 
privilégios em detrimento da acusação, como a existência de recursos privativos da defesa, a proibição da reformatio in pejus, a 
regra do in dubio pro reo, a previsão de revisão criminal exclusivamente pro reo, etc., privilégios estes que são reunidos no 
princípio do favor rei. 
 
3.3.1. Defesa técnica (processual ou específica) 
 Defesa técnica é aquela exercida por profissional da advocacia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado 
constituído, nomeado ou defensor público. A defesa técnica é necessária, indeclinável, plena e efetiva. 
 
3.3.1.1. Defesa técnica necessária e irrenunciável 
 A defesa técnica é indisponível e irrenunciável. 
CPP, Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. 
 Logicamente, se o acusado é profissional de advocacia, poderá exercer sua própria defesa técnica. 
 
3.3.1.2. Direito de escolha do defensor 
 Em virtude da relação de confiança que necessariamente se estabelece entre o acusado e quem o defende, entende-se 
que um dos desdobramentos da ampla defesa é o direito que o acusado tem de escolher seu próprio advogado. Logo, não sendo 
possível ao defensor constituído assumir ou prosseguir na causa, incumbe ao juiz ordenar a intimação do réu para que este, 
querendo, escolha outro advogado. Antes de realizada essa intimação (ou enquanto não exaurido o prazo nela assinalado), não 
é lícito ao juiz nomear defensor dativo. Nomeado defensor dativo, o acusado pode, a todo tempo, nomear outro de sua 
confiança ou a si mesmo defender, caso tenha habilitação (art.263, CPP). Neste sentido, a súmula 707 do STF preconiza que 
constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, 
não a suprindo a nomeação de defensor dativo. 
 
3.3.1.3. Defesa técnica plena e efetiva 
 Não é suficiente assegurar a presença formal de defensor técnico, é necessário que a defesa seja plena e efetiva. 
 Recai sobre o MP e o juiz o dever de fiscalizar a atuação defensiva do advogado, evitando-se, assim, possível 
caracterização de nulidade absoluta do feito, por violação à ampla defesa. 
CPP, Art.261, Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através 
de manifestação fundamentada. 
Súmula 523 STF: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver 
prejuízo para o réu. 
 
3.3.2. Autodefesa (material ou genérica) 
 Autodefesa é aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo. É disponível, já que não há 
como se compelir o acusado a exercer seu direito ao interrogatório nem tampouco a acompanhar os atos da instrução 
processual. 
 Eventual ofensa ao direito do acusado de exercer sua própria defesa é causa de nulidade absoluta por violação à ampla 
defesa. 
 A autodefesa se manifesta no processo penal de várias formas: a) direito de audiência; b) direito de presença; c) 
capacidade postulatória autônoma do acusado. 
 
3.3.2.1. Direito de audiência 
 O direito de audiência pode ser entendido como o direito que o acusado tem de apresentar ao juiz da causa a sua 
defesa, pessoalmente. Esse direito se materializa através do interrogatório do réu. Daí o entendimento hoje majoritário em 
torno da natureza jurídica do interrogatório: meio de defesa. 
 
3.3.2.2. Direito de presença 
 Por meio do direito de presença, assegura-se ao acusado a oportunidade de, ao lado de seu defensor, acompanhar atos 
de instrução, auxiliando-o na realização da defesa. Daí a importância da obrigatória intimação do defensor e do acusado para 
todos os atos processuais. 
 Se o direito de presença é um desdobramento da autodefesa, a qual é disponível, conclui-se que o comparecimento do 
réu aos atos processuais, em princípio, é um direito, e não um dever, sem embargo da possibilidade de sua condução coercitiva, 
 
 @dicasexconcurseira 
 
7 
caso necessário, por exemplo, para audiência de reconhecimento, ato este que não está protegido pelo direito à não 
autoincriminação. Nem mesmo ao interrogatório estará o acusado obrigado a comparecer, até mesmo porque a CF lhe assegura 
o direito ao silêncio. 
 Não se trata, todavia, de um direito de natureza absoluta. Dentre osdireitos fundamentais que podem colidir com o 
direito de presença, legitimando sua restrição, encontram-se os direitos das testemunhas e das vítimas à vida, à segurança, à 
intimidade e à liberdade declarar, os quais se revestem de inequívoco interesse público, e cuja proteção é indiscutível dever do 
Estado. 
CPP, Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação, temor, ou sério constrangimento à 
testemunha ou ao ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por videoconferência e, 
somente na impossibilidade dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu 
defensor. 
DE OLHO NA JURIS! Em julgados recentes, as Turmas do Supremo têm entendido que a alegação de necessidade da presença do 
réu em audiências deprecadas, estando ele preso, configura nulidade relativa, devendo-se comprovar a oportuna requisição e 
também a presença de efetivo prejuízo à defesa. 
 
3.3.2.3. Capacidade postulatória autônoma do acusado 
 Em alguns momentos específicos do processo penal, defere-se ao acusado capacidade postulatória autônoma, 
independentemente da presença de seu advogado. É por isso que, no processo penal, o acusado pode interpor recursos 
(art.577, caput, CPP), impetrar HC (art.654, caput, CPP), ajuizar revisão criminal (art.623, CPP), assim como formular pedidos 
relativos à execução da pena (art.195, caput, LEP). 
 Uma vez dado o impulso inicial pelo acusado, pensamos que, em seguida, e de modo a lhe assegurar a mais ampla 
defesa, há de ser garantida a assistência de defensor técnico, possibilitando, a título de exemplo, a apresentação das respectivas 
razões, etc. 
 
3.3.3. Ampla defesa no processo administrativo disciplinar e na execução penal 
CF, Art.5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e 
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 
CUIDADO! A Súmula Vinculante 5 (“A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 
Constituição) é aplicável apenas em procedimentos de natureza cível, e não em procedimento administrativo disciplinar no 
âmbito da execução penal. A propósito, eis o teor da Súmula 533 do STJ, aprovada em 10/06/2015: “Para o reconhecimento da 
prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo 
diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor 
público nomeado”. 
 
3.4. Princípio da publicidade 
 O princípio da publicidade objetiva assegurar a transparência da atividade jurisdicional, oportunizando sua fiscalização 
não só pelas partes, como por toda a comunidade. 
 Funciona a publicidade como pressuposto de validade não apenas dos atos processuais, mas também das próprias 
decisões que são tomadas pelo Poder Judiciário. 
CF, Art.93, IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena 
de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, 
em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à 
informação; 
CF, Art.5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; 
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
CPP, Art. 792. As audiências, sessões e os atos processuais serão, em regra, públicos e se realizarão nas sedes dos juízos e 
tribunais, com assistência dos escrivães, do secretário, do oficial de justiça que servir de porteiro, em dia e hora certos, ou 
previamente designados. 
§1o Se da publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo, inconveniente grave ou perigo de 
perturbação da ordem, o juiz, ou o tribunal, câmara, ou turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério 
Público, determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas que possam estar presentes. 
 
 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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3.5. Princípio da busca da verdade: superando o dogma da verdade real 
 Durante muitos anos, foi dito que, no processo penal, vigorava o princípio da verdade material - também conhecido 
como princípio da verdade substancial ou real -, onde a descoberta da verdade, obtida a qualquer preço, era a premissa 
indispensável para a realização da pretensão punitiva do Estado. 
 Atualmente, a dicotomia entre verdade formal e material deixou de existir. Já não há mais espaço para a dicotomia 
ente verdade formal (típica do processo civil) e verdade material (própria do processo penal). 
 No âmbito do processo penal, hodiernamente, admite-se que é impossível que se atinja a uma verdade absoluta. Por 
esse motivo, tem prevalecido na doutrina mais moderna que o princípio que vigora no processo penal não é o da verdade 
material ou real, mas sim o da busca da verdade. Seu fundamento legal consta do art.156 do CPP. Por força dele, admite-se que 
o magistrado produza provas de ofício, porém apenas na fase processual, devendo sua atuação ser sempre complementar, 
subsidiária. Na fase preliminar de investigações, não é dado ao magistrado produzir provas de ofício, sob pena de evidente 
violação ao princípio do devido processo legal e à garantia da imparcialidade do magistrado. 
ATENÇÃO! No âmbito dos Juizados, adota-se o princípio da busca da verdade consensual. 
 
3.6. Princípio da inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos à abordado no material referente às provas. 
 
3.7. Princípio do juiz natural à abordado no material referente à competência. 
 
3.8. Princípio do nemo tenetur se detegere 
3.8.1. Noções introdutórias 
CF, Art.5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a 
assistência da família e de advogado; 
 O direito ao silêncio é uma das várias decorrências do nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém é obrigado a 
produzir prova contra si mesmo. Além da CF, o princípio do nemo tenetur se detegere também se encontra previsto no Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos (art.14.3, “g”) e na CADH (art.8º, §2º, “g”). 
 Consiste, grosso modo, na proibição de uso de qualquer medida de coerção ou intimidação ao investigado (ou acusado) 
em processo de caráter sancionatório para obtenção de uma confissão ou para que colabore em atos que possam ocasionar a 
sua condenação. 
 
3.8.2. Titular do direito de não produzir prova contra si mesmo 
 O art.5º, LXIII, da CF, segundo doutrina moderna, se presta a proteger não apenas quem está preso, como também 
aquele que está solto, assim como qualquer pessoa a quem seja imputada a prática de um ilícito criminal. Pouco importa se o 
cidadão é suspeito, indiciado, acusado ou condenado, e se está preso ou em liberdade. 
ATENÇÃO! A testemunha, diferentemente do acusado, tem o dever de falar a verdade, sob pena de responder pelo crime de 
falso testemunho, porém não está obrigada a responder sobre fato que possa, em tese, incriminá-la. Daí ter decidido o Supremo 
que não configura o crime de falso testemunho, quando a pessoa, depondo como testemunha, ainda que compromissada, deixa 
de revelar fatos que possam incriminá-la. 
 
3.8.3. Advertência quanto ao direito de não produzir prova contra si mesmo 
 Com o objetivo de se evitar a autoincriminação involuntária por força do desconhecimento da lei, deve haver uma 
prévia e formal advertência quanto ao direito ao silêncio, sob pena de macular de ilicitude a prova então obtida. O acusado deve 
seradvertido, ademais, que o direito ao silêncio é uma garantia constitucional, de cujo exercício não lhe poderão advir 
consequências prejudiciais. 
 Trata-se, o art.5º, LXIII, de mandamento constitucional semelhante ao famoso aviso de Miranda do direito norte-
americano. 
 Com o objetivo de melhor assegurar o respeito aos direitos fundamentais, notadamente o nemo tenetur se detegere, 
tem-se tornado comum a entrega ao preso, no momento de sua prisão, de uma nota de ciência das garantias constitucionais, 
nos moldes do art.2º, §6º, da Lei da prisão temporária. 
 
3.8.4. Desdobramentos do direito de não produzir prova contra si mesmo 
 Há uma tendência equivocada de se querer equiparar o princípio do nemo tenetur se detegere ao direito ao silêncio. No 
entanto, o direito ao silêncio é apenas uma das decorrências deste princípio, que abrange: 
a) O direito ao silêncio ou direito de ficar calado; 
b) O direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal; 
c) A inexigibilidade de dizer a verdade; à DE OLHO NA JURIS! Tem prevalecido o entendimento de que o direito ao 
silêncio não abrange o direito de falsear a verdade quanto à identidade pessoal. Para o STF, tipifica o crime de falsa 
identidade o fato de o agente, ao ser preso, identificar-se com nome falso, com o objetivo de esconder seus maus 
antecedentes. A propósito, eis o teor da Súmula 522 do STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante 
autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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d) O direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminar o indivíduo: não se pode exigir um 
comportamento ativo do indivíduo de que possa resultar a autoincriminação. No entanto, em relação às provas que 
demandam apenas que o acusado tolere a sua realização, ou seja, aquelas que exijam uma cooperação meramente 
passiva (ex: reconhecimento pessoal), não há se falar em violação ao nemo tenetur se detegere. 
e) O direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva. As intervenções corporais podem ser de duas 
espécies: i. provas invasivas: são as intervenções corporais que pressupõem penetração no organismo humano; e ii. 
provas não invasivas: consistem numa inspeção ou verificação corporal, são aquelas em que não há penetração no 
corpo humano. Em se tratando de prova não invasiva (inspeções ou verificações corporais), mesmo que o agente não 
concorde com a produção da prova, esta poderá ser realizada normalmente, desde que não implique colaboração ativa 
por parte do acusado. Por outro lado, cuidando-se de provas invasivas, por conta do princípio do nemo tenetur se 
detegere, a jurisprudência tem considerado que o suspeito, indiciado, preso ou acusado, não é obrigado a se 
autoincriminar, podendo validamente recusar-se a colaborar com a produção da prova, não podendo sofrer qualquer 
gravame em virtude dessa recusa. 
 
3.8.5. Consequências do exercício do direito de não produzir prova contra si mesmo 
 Do exercício do direito de não produzir prova contra si mesmo não pode advir nenhuma consequência negativa ao 
indivíduo, pois, se fosse possível estar-se-ia negando a própria existência desse direito, e até mesmo porque milita, em seu 
benefício, o princípio da presunção de inocência, de cuja regra probatória deriva que o ônus da prova recai integralmente sobre 
a acusação. 
 
3.9. Princípio da proporcionalidade 
 O princípio da proporcionalidade não está previsto de maneira expressa na CF; porém, está inserido no aspecto 
material do princípio do devido processo legal. Este princípio possui requisitos intrínsecos (também chamados de subprincípios 
da proporcionalidade), quais sejam: adequação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito. Por força da adequação, a 
medida restritiva será considerada adequada quando for apta a atingir o fim proposto. Por força da necessidade, entende-se 
que, dentre várias medidas restritivas de direito fundamentais idôneas a atingir o fim proposto, deve o Poder Público escolher a 
menos gravosa. Já a proporcionalidade em sentido estrito é a verificação da relação de custo-benefício da medida, ou seja, da 
ponderação entre os danos causados e os resultados a serem obtidos. 
 
4. LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO 
CPP, Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do 
Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 
86, 89, § 2º, e 100); 
III - os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); à esse Tribunal Especial é o antigo Tribunal 
de Segurança Nacional, que já não existe mais, visto que foi extinto pela Constituição de 1946. 
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) à a Lei de Imprensa foi considerada não recepcionada pela CF/88. 
+ crimes eleitorais, que devem ser julgados pela Justiça Eleitoral, segundo legislação eleitoral. 
+ crimes de abuso de autoridade, regulados pela Lei 4.898/65; 
+ crimes de competência originária dos Tribunais, regulados pela Lei 8.038/90; 
+ infrações de menor potencial ofensivo, reguladas pela Lei 9.099/95; 
+ crimes falimentares, regulados pela Lei 11.101/05; 
+ crimes contra os idosos previstos no Estatuto do Idoso; 
+ crimes previstos na Lei Maria da Penha; 
+ crimes previstos na Lei de Drogas. 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os 
regulam não dispuserem de modo diverso. 
 
CF, Art.5º, §4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. 
 
 O CPP adota o princípio da territorialidade (lex fori), ou seja, todo e qualquer processo penal que surgir no território 
nacional deve ser solucionado consoante as regras do CPP. Há, todavia, exceções. 
 
5. LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
CF, Art.5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; à Da mesma forma que a lei penal mais grave não pode 
retroagir, é certo que a lei mais benéfica é dotada de extratividade: fala-se, assim, em ultratividade quando a lei, mesmo depois 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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de ser revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; por sua vez, retroatividade seria a possibilidade 
conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. 
 
CPP, Art 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei 
anterior. à Incide no processo penal o princípio da aplicabilidade imediata, no sentido de que a norma processual aplica-se tão 
logo entre em vigor, sem prejuízo da validade dos atos já praticados anteriormente. Portanto, ao contrário da lei penal, que leva 
em conta o momento da prática delituosa (tempus delicti), a aplicação imediata da lei processual leva em consideração o 
momento da prática do ato processual (tempus regit actum). 
 
ATENÇÃO! Às normas processuais mistas/híbridas/materiais (abrigam normas de natureza penal e processual penal) se aplica o 
mesmo critério do direito penal, ou seja, tratando-se de norma benéfica ao agente, mesmo depois de sua revogação, referida lei 
continuará a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência (ultratividade da lei processual mista mais benéfica); na hipótese 
de novatio legis in mellius, referida norma será dotada de caráter retroativo. 
 
CUIDADO! Normas processuais heterotópicas não se confundem com as normas processuais materiais. Enquanto a heterotópica 
possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar incorporada a diploma de caráter distinto, a 
norma processual mistaou híbrida apresenta dupla natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em 
outra. 
 
6. INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
CPP, Art.3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios 
gerais de direito. 
 
6.1. Interpretação extensiva 
 Quanto ao resultado, a interpretação pode ser declaratória, restritiva, extensiva ou progressiva: 
i. Interpretação declaratória: o intérprete não amplia nem restringe o alcance da norma, porquanto o significado ou 
sentido da lei corresponde exatamente à sua literalidade. 
ii. Interpretação restritiva: o intérprete diminui, restringe o alcance da lei, uma vez que a norma disse mais do que 
efetivamente pretendia dizer. 
iii. Interpretação extensiva: o intérprete necessita ampliar o alcance da norma, uma vez que esta disse menos do que 
pretendia dizer. Ex: hipóteses de cabimento do RESE. 
iv. Interpretação progressiva: aquela que busca ajustar a lei às transformações sociais, jurídicas, científicas e morais 
que se sucedem no tempo e que acabam por interferir na efetividade que buscou o legislador. Ex: 
inconstitucionalidade progressiva do art.68 do CPP. 
 
6.2. Analogia 
 Consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei a disposição legal relativa a um caso semelhante. Não se trata a 
analogia de um método de interpretação, mas sim de integração. No direito penal (ou em se tratando de norma processual 
mista), não se admite a analogia in malam partem. 
 
6.3. Distinção entre analogia e interpretação analógica 
 A interpretação analógica permite, expressamente, a ampliação do alcance da norma. Neste caso, o legislador detalha 
as situações que pretende regular, estabelecendo fórmulas casuísticas, para, na sequência, por meio de uma fórmula genérica, 
permitir que tudo aquilo que a elas for semelhante também possa ser abrangido pelo mesmo dispositivo legal. Trata-se de 
método de interpretação, como o próprio nome diz. 
 
6.4. Aplicação subsidiária do NCPC ao processo penal 
NCPC, Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste 
Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente. 
 Quanto o art.15 do NCPC faz referência apenas aos processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, deve-se 
concluir que houve uma omissão involuntária do legislador, que deve ser suprida pela interpretação extensiva para fins de ser 
reconhecida a possibilidade de aplicação supletiva e subsidiária do NCPC ao processo penal (comum e militar). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR 
(Arts.4º a 23 do CPP) 
 
1. CONCEITO DE INQUÉRITO POLICIAL 
 Procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, o IP consiste em um 
conjunto de diligências realizadas pela polícia investigativa objetivando a identificação das fontes de prova* e a colheita de 
elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a fim de possibilitar que o titular da ação penal 
(MP) possa ingressar em juízo. 
 
* Fontes de prova: são as pessoas ou coisas que tenham conhecimento/relação com o fato delituosos. As fontes de prova são 
autuadas no IP e se transformam em “elementos de informação”. 
 
2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 
 É procedimento de natureza administrativa. E, sendo mera peça informativa, eventuais vícios nela constantes não tem 
o condão de contaminar o processo penal a que der origem, salvo no caso de elementos informativos colhidos ilicitamente, que 
deverão ser desentranhados dos autos do IP (isso não significa que o IP será considerado nulo, tampouco o processo). 
 - Eventuais ilícitos não contaminam o processo penal subsequente, salvo no caso de provas ilícitas. 
 
DE OLHO NA JURIS! É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial 
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de que se 
serve o Ministério Público para o início da ação penal. Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade 
no inquérito, pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas a defeitos de 
ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória. STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, 
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824). 
 
3. FINALIDADE DO INQUÉRITO POLICIAL 
 - Identificação das fontes de prova; 
 - Colheita de elementos de informativos acerca da materialidade e autoria da infração penal; 
 - Viabilizar a formação da opinio delicti; 
 - Possibilitar a decretação de medidas cautelares pessoais, patrimoniais ou probatórias; 
 - Contribui para que pessoas inocentes não sejam injustamente submetidas às cerimônias degradantes do processo 
criminal. 
 
3.1. Distinção entre elementos informativos e provas 
CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo 
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. 
 
ELEMENTOS INFORMATIVOS PROVAS 
Colhidos na fase investigatória; Em regra, produzidas na fase judicial (salvo, as provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas); 
Não é obrigatória a observância do contraditório e da ampla 
defesa; 
É obrigatória a observância do contraditório (real = na hora 
da produção da prova) e da ampla defesa; 
O juiz deve intervir apenas quando necessário, e desde que 
seja provocado nesse sentido; 
A prova deve ser produzida na presenta do juiz (presença 
direta ou remota) à princípio da identidade física do juiz 
(art.399, §2º, CPP); 
Durante o curso do processo, o juiz é dotado de certa 
iniciativa probatória, a ser exercida de maneira residual 
(art.212, CPP); 
Finalidades: 
a) úteis para a decretação de medidas cautelares; 
b) auxiliam a formação da opinio delicti. 
Finalidade: auxiliar na formação da convicção do juiz. 
 
PROVAS CAUTELARES: são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo. 
Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será 
diferido. Ex: interceptação telefônica. 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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PROVAS NÃO REPETÍVEIS: é aquela que uma vez produzida não tem como ser novamente coletada, em razão do 
desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Não dependem de 
autorização judicial, sendo que o contraditório será diferido. Ex: alguns tipos de exames de corpo de delito. 
 
PROVAS ANTECIPADAS: são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, em momento processual distinto 
daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. 
Podem ser produzidas na fase investigatória e na fase judicial. Dependem de autorização judicial, sendo que o contraditório será 
real (contraditório para a prova). Ex: depoimento ad perpertuam rei memorium (art.225, CPP). 
 
4. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 O IP tem valor probatório relativo, uma vez que os elementos informativos não são colhidos sob a égide do 
contraditório e da ampla defesa. Daí questiona-se: os elementos informativos podem ser utilizados na formação da convicção do 
juiz em sede processual? Sim. Sempre prevaleceu nos Tribunais o entendimento de que, de modo isolado, elementos 
produzidos na fase investigatória não podem servir de fundamento para um decreto condenatório, sob pena de violação ao 
preceito constitucional do art.5º, LV (contraditório e ampla defesa). Mas, tais elementos podem ser usados de maneira 
subsidiária, complementando a prova produzida em juízo sob o crivo do contraditório. 
 
5. ATRIBUÇÃOPARA A PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL 
5.1. Funções exercidas pela Polícia 
 - Polícia Administrativa à atividade de caráter preventivo, visando impedir a prática de atos lesivos à sociedade; 
 - Polícia Judiciária à auxiliar o Poder Judiciário. Ex: cumprimento de mandado de prisão; 
 - Polícia Investigativa à colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade. 
 Apesar de acreditarmos que a CF estabelece uma distinção entre polícia judiciária e polícia investigativa, somos 
obrigados a admitir que prevalece na doutrina e na jurisprudência a utilização da expressão polícia judiciária para se referir ao 
exercício de atividades relacionadas à apuração da infração penal. Neste sentido, veja o teor da SV 14. 
 
CF, Art.144, §1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em 
carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais (POLÍCIA INVESTIGATIVA) contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
 
Lei 12.830/13, Art. 2o As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de 
natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. 
 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
 
5.2. Autoridade com atribuições para a presidência do inquérito policial à Delegado de Polícia 
Lei 12.830/13, Art.2º, §1o Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal 
por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da 
materialidade e da autoria das infrações penais. 
§2o Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que 
interessem à apuração dos fatos. 
§4o O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por 
superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos 
procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação. 
§ 5o A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado. 
 
5.2.1. Natureza do crime e atribuição para as investigações 
a) Crime militar da competência da Justiça Militar da União à quem investiga é as Forças Armadas. 
 
b) Crime militar da competência da Justiça Militar Estadual à quem investiga é um Oficial da PM. 
 
c) Crime eleitoral à quem investiga é a Polícia Federal (pois a Justiça Eleitoral é tida como Justiça da União); 
 
d) Crime de competência da Justiça Federal à Polícia Federal (art.144, §1º, I, CF); 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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e) Crime comum da competência da Justiça Estadual à em regra, é atribuição da Polícia Civil. 
 
CF, Art.144, §1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em 
carreira, destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas 
entidades autárquicas e empresas públicas*, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão uniforme*, segundo se dispuser em lei*; 
* crimes de competência da Justiça Federal; 
* crimes de competência da Justiça Estadual; 
 
* Lei 10.446/02, Art. 1o Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão interestadual ou 
internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da 
responsabilidade dos órgãos de segurança pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias 
Militares e Civis dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais: 
I – seqüestro, cárcere privado e extorsão mediante seqüestro (arts. 148 e 159 do Código Penal), se o agente foi impelido por 
motivação política ou quando praticado em razão da função pública exercida pela vítima; 
II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990); e 
III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se comprometeu a reprimir em decorrência de 
tratados internacionais de que seja parte; e 
IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação interestadual ou internacional, 
quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em mais de um Estado da Federação. 
V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e venda, inclusive 
pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal). 
VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou caixas eletrônicos, quando houver 
indícios da atuação de associação criminosa em mais de um Estado da Federação. 
VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como 
aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres 
Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal procederá à apuração de outros casos, 
desde que tal providência seja autorizada ou determinada pelo Ministro de Estado da Justiça. 
 
6. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 
6.1. Procedimento escrito 
CPP, Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, 
rubricadas pela autoridade. 
 
CPP, Art.405, §1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito 
pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter 
maior fidelidade das informações. à deve-se possibilitar, também, a realização de gravação audiovisual de diligências feitas no 
curso do IP. 
 
6.2. Procedimento dispensável 
CPP, Art.39, §5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o 
habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de 15 dias. 
 
6.3. Procedimento sigiloso à afinal, o elemento “surpresa” é essencial à efetividade das investigações 
CPP, Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 
sociedade. 
 Mas a publicidade pode ser amiga do inquérito também, como, por exemplo, a hipótese de divulgação de retrato-
falado, em crimes sexuais (prende-se o estuprador e outras vítimas passam a ter coragem de denunciá-lo). 
 
6.3.1. Acesso do advogado aos autos do procedimento investigatório 
 Apesar de ser sigilo, algumas autoridades têm acesso aos autos do IP: juiz, MP e advogado (DP). 
CF, Art.5º, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a 
assistência da família e de advogado; 
 
 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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Lei 8.906/94, Art. 7º São direitos do advogado: 
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de 
processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração,quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, 
assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos; 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de 
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar 
apontamentos, em meio físico ou digital; 
§10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. 
§11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova 
relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da 
eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. 
§12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos 
em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por 
abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem 
prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. 
 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova (DE 
INFORMAÇÃO) que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência (ATRIBUIÇÃO) de 
polícia judiciária (INVESTIGATIVA), digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
 Tem prevalecido o entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório caso a 
diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada. Porém, em se tratando de diligências que ainda não 
foram realizadas ou que estão em andamento, não há falar em prévia comunicação ao advogado, nem tampouco ao 
investigado, na medida em que o sigilo é inerente à própria eficácia da medida investigatória. 
 
- Negativa de acesso aos autos e instrumentos processuais a serem utilizados pelo defensor: 
 * Reclamação ao STF, por descumprimento da SV 14 (art.103-A, §3º, CF); 
 * Mandado de segurança, em nome do advogado, por ter sido violada prerrogativa funcional sua 
 * Habeas corpus, em nome do investigado. 
 
ATENÇÃO! Na Lei das Organizações Criminosas, quando o sigilo for decretado, o acesso do advogado aos autos do IP passa a 
depender de prévia autorização judicial. 
Lei 12.850/13, Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da 
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso 
aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, 
ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
 
6.4. Procedimento inquisitorial 
Lei 8.906/94, Art. 7º São direitos do advogado: 
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo 
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou 
derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: 
a) apresentar razões e quesitos; 
 
 Qual seria, portanto, a natureza jurídica das investigações preliminares? 
 1ª Corrente: procedimento sujeito ao contraditório diferido e à ampla defesa, ainda que com alcance mais limitado que 
aquele reconhecido na fase processual. Fundamentos: 
 i. Art.7º, XXI, Lei 8.960 + 
 ii. Interpretação ampla do art.5º, LV, da CF, que diz: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
 iii. Art.5º, LXIII, da CF, que garante o direito ao silêncio do preso à daí se depreender que o preso tem o direito de ser 
ouvido pela autoridade responsável pelas investigações. 
 iv. Tendência de jurisdicionalização do processo administrativo. 
 v. Impõe-se a observância do contraditório, pelo menos em relação ao direito à informação, a fim de que o imputado, 
assistido pela defesa técnica, possa exercer a autodefesa por meio do interrogatório policial, oferecendo resistência à pretensão 
investigatória e coercitiva estatal, atuando no sentido de identificar fontes de prova favoráveis à defesa ou, ao menos, capazes 
de atenuar a pena que eventualmente venha a ser imposta ao final do processo. 
 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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Na fase investigatória, o direito de defesa pode ser exercido de duas formas diferentes: 
 a) Exercício exógeno: efetivado fora dos autos do IP, por meio de algum remédio constitucional (HC ou MS) ou por 
requerimentos endereçados ao juiz ou promotor; 
 b) Exercício endógeno: praticado nos autos da investigação, por meio da oitiva do imputado, de diligências porventura 
solicitadas ao delegado ou através da apresentação de razões e quesitos. 
 
 2ª Corrente: trata-se de procedimento inquisitorial (Renato Brasileiro), conferindo à investigação maior agilidade e 
otimizando a identificação das fontes de prova e a colheita de elementos informativos. Na prática, a falta de contraditório e 
ampla defesa na fase pré-processual acaba sendo compensada por mecanismos legislativos tendentes a evitar que o juiz julgue a 
imputação valendo-se exclusivamente de elementos informativos (art.155, CPP). 
 Dispositivos que corroboram este posicionamento: art.107 do CPP, que diz que não se poderá opor suspeição às 
autoridades policiais; art.306, §1º, CPP, que diz que a remessa do APF deverá ser feita em até 24h para a DP, silenciando a 
respeito da necessidade da presença do defensor durante o interrogatório. 
 Na verdade, as mudanças legislativas trazidas pela Lei 13.245/16 não têm o condão de afastar a natureza inquisitorial 
das investigações preliminares, nem tampouco de tornar obrigatória a presença de advogado durante o interrogatório policial. 
O que houve foi a outorga de um viés mais garantista à investigação preliminar, buscando-se garantir os direitos fundamentais 
do investigado. 
 
CUIDADO! No “inquérito” que visa a expulsão de estrangeiro, é obrigatória a observância do contraditório e da ampla defesa. 
 
DE OLHO NA JURIS! Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa técnica do investigado para 
a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito 
policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um procedimento 
informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório. Logo, no 
inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse entendimento justifica-se porque os 
elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 
13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de 
intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, 
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933). 
 
6.5. Procedimento discricionário 
CPP, Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou 
não, a juízo da autoridade. 
 Não há uma sequência de diligências que devem ser tomadas pelo delegado, mas apenas um rol exemplificativo (arts.6º 
e 7º do CPP). 
 
Lei 12.830/13, Art.2º, §2o Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia* a requisição de perícia,informações, 
documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. 
* A discricionariedade do delegado não é absoluta, pois sofre mitigação pelo poder de requisição do MP. 
 Requisição não é sinônimo de ordem, pois não há hierarquia entre promotor e delegado. Na verdade, o delegado, 
quando cumpre requerimento do MP, na verdade, está agindo por obrigatoriedade decorrente de lei (princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública). Assim, se a requisição ministerial for ilegal, ele não deverá cumprir. 
 Outro exemplo de que a discricionariedade do delegado não é absoluta: determinadas provas são de realização 
obrigatória, como é o caso do exame de corpo de delito nas investigações que deixam vestígio. 
 
§3º O delegado de polícia conduzirá a investigação criminal de acordo com seu livre convencimento técnico-jurídico, com isenção 
e imparcialidade. (VETADO) à O delegado teria que cumprir as requisições ministeriais? Iria de encontro ao art.129, VIII, CF. 
 
Razões do veto: Da forma como o dispositivo foi redigido, a referência ao convencimento técnico-jurídico poderia sugerir um 
conflito com as atribuições investigativas de outras instituições, previstas na CF e no CPP. Desta forma, é preciso buscar uma 
solução redacional que assegure as prerrogativas funcionais dos delegados de polícias e a convivência harmoniosa entre as 
instituições responsáveis pela persecução penal. 
 
6.6. Procedimento oficial ào IP fica a cargo de um órgão oficial do Estado. 
 
6.7. Procedimento oficioso à a oficiosidade relaciona-se à obrigatoriedade de instauração de IP quando a autoridade policial 
toma conhecimento da infração. 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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6.8. Procedimento indisponível 
CPP, Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. 
 
6.9. Procedimento temporário à aplicação do princípio da razoável duração do processo também ao IP. 
 
 
7. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
7.1. Crime de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça à a instauração do IP depende de prévio 
requerimento do Ministro da Justiça. 
 
7.2. Crime de ação penal pública condicionada à representação do ofendido à a instauração do IP depende de prévio 
requerimento do ofendido. 
 
7.3. Crime de ação penal de iniciativa privada à a instauração do IP depende de prévio requerimento do ofendido ou de seu 
representante legal. Este requerimento deve ser formulado pelo ofendido dentro do prazo decadencial de 6 meses, contado, em 
regra, da do dia em que vier a saber quem é o autor do crime. 
 Nos casos acima, o delegado só age se houver provocação. 
 
7.4. Crime de ação penal pública incondicionada à neste tipo de crime, o IP pode ser instaurado das seguintes formas: 
a) De ofício: em razão do princípio da obrigatoriedade, o delegado lavra uma portaria para determinar a instauração do IP. 
 
b) Requisição da autoridade judiciária* ou do Ministério Público (art.5º, II, CPP e art.129, VIII, CF); 
* Doutrina: não foi recepcionado pela CF/88, pois viola o sistema acusatório e a garantia da imparcialidade do juiz. Quando o juiz 
tiver conhecimento da ocorrência de determinado crime, poderá dar vista da notícia ao MP (art.40, CPP). 
 Quando se trata de IP instaurado por requisição do MP, a jurisprudência entende que é como se o IP tivesse sido 
instaurado por determinação do MP. Tal informação é importante para saber a autoridade coautora para fins de HC. Assim, que 
irá apreciar eventual HC contra ato do promotor de justiça é o Tribunal de Justiça. 
 
c) Requerimento do ofendido (ou de seu representante legal); 
 Neste caso, o delegado não é obrigado a instaurar o IP. 
 E se o requerimento da vítima for indeferido pelo delegado? O CPP (art.5º, §2º) prevê a interposição de “recurso 
inominado” para o chefe de polícia (no âmbito da polícia civil, para o delegado geral ou secretário de segurança pública; no 
âmbito da polícia federal, para o superintendente da polícia federal), ou, ainda, a vítima pode provocar o MP. 
 
d) Notícia oferecida por qualquer do povo (art.5º, §3º, CPP) à notitia criminis. 
 
e) Auto de prisão em flagrante (APF) à neste caso, o auto funcionará como a própria peça inaugural da investigação. 
 
8. NOTITIA CRIMINS 
8.1. Conceito: é o conhecimento, espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, acerca de um fato delituoso. 
 
8.2. Espécies: 
a) De cognição imediata (espontânea): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de suas atividades rotineiras. 
Ex: conhecimento da ocorrência de um crime por meio de um jornal televisivo. 
b) De cognição mediata (provocada): a autoridade policial toma conhecimento do crime através de um expediente escrito (ex: 
requisição ministerial); 
c) De cognição coercitiva: a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação do indivíduo 
preso em flagrante. 
 
8.3. Delatio criminis 
 É uma espécie de notitia criminis, consubstanciada na comunicação de uma infração penal feita por qualquer pessoa do 
povo à autoridade policial (e não pela vítima ou seu representante legal). 
 
8.4. Notitia criminis inqualificada (denúncia anônimo) 
 A denúncia anônima é importantíssima para as investigações, mas também pode ser utilizada para prejudicar pessoa do 
bem (duas faces da mesma moeda). 
 STF, HC 95.244: denúncia anônima, por si só, não pode fundamentar a instauração do IP. Antes, é necessário verificar a 
procedência das informações. 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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DE OLHO NA JURIS! Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver denúncias anônimas e ele 
ter fugido da polícia 
A existência de denúncias anônimas somada à fuga do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o 
ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou determinação judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 83501-SP, Rel. 
Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623). 
 
Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em “denúncia anônima 
A medida de busca e apreensão representa uma restrição ao direito à intimidade. Logo, para ser decretada, é necessário que 
haja indícios mais robustos que uma simples notícia anônima. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
29/3/2016 (Info 819). 
 
Denúncia anônima 
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo, na fase de 
investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. 
Entretanto, elas podem constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos 
do Poder Judiciário. Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”: 1) Realizar 
investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”; 2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui 
aparência mínima de procedência, instaura-se inquérito policial; 3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar 
outros meios de prova que não a interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os 
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser requerida a quebra do sigilo 
telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819). 
 
9. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS (arts.6º e 7º do CPP à rol exemplificativo) 
9.1. Preservação do local do crime (art.6º, I, CPP) 
9.2. Apreensão de objetos 
9.3. Colheita de outras provas 
9.4. Oitiva do ofendido 
9.5. Oitiva do indiciado 
9.6. Reconhecimento de pessoas e coisas e acareações 
9.7. Determinação da realização de exame de corpo de delito e quaisquer outras perícias 
9.8. Identificação do indiciado 
9.9. Averiguação da vida pregresso do investigado 
9.10. Reconstituição do fato delituoso 
9.11. Acesso aos dados cadastrais de vítimas e suspeitos (art.13-A, CPP; art.17-B,Lei 9.613/98; art.15, Lei 12.850/13) 
9.12. Requisição de informações acerca das estações rádio base (ERB’s) – art.13-B, CPP 
 Tal dispositivo é extremamente dúbio e levanta controvérsias acerca da necessidade ou não de autorização judicial 
(contradição entre o caput e o §4º do art.13-B). Para uns o acesso ao posicionamento das estações rádio base não depende de 
prévia autorização judicial; para outros, depende. Este segundo posicionamento, seguido por Renato Brasileiro, leva à conclusão 
de que o §4º do art.13-B é inconstitucional, porquanto não se pode admitir que o mero decurso do prazo de 12 horas sem 
manifestação judicial acerca da representação policial (ou do requerimento ministerial) tenha o condão de dispensar a ordem 
judicial. 
 
10. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 
10.1. Conceito 
 Para que o Estado possa punir o autor do delito, é indispensável o conhecimento efetivo e seguro de sua correta 
identidade, sobretudo se considerarmos que a própria CF prevê que nenhuma pena passará da pessoa do condenado (art.5º, 
XLV, 1º parte). 
 A identificação criminal é o gênero do qual são espécies a identificação datiloscópica (impressão digital), a identificação 
fotográfica e a novel identificação do perfil genético. Assim, a identificação criminal abrange uma sessão fotográfica, a coleta 
das impressões digitais e, em algumas hipóteses, a coleta do material biológico para a obtenção do perfil genético. 
 
9.1. Histórico das leis relativas à identificação criminal 
CF, Art.5º, LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; 
 
 O art.2º da Lei 12.037/09 traz os documentos aptos à identificação civil. Se o indivíduo não se identificar civilmente, 
poderá ser identificado criminalmente. Conclui-se, portanto, que o civilmente identificado não será submetido à identificação 
criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. 
 
 1 – Art.109, Lei 8.069/90 (ECA); 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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 2 – Art.5º, Lei 9.034/95 (lei revogada pela nova lei das organizações criminosas); 
 3 – Lei 10.054/00 (lei específica sobre identificação criminal muito criticada pelo rol taxativo de crimes, tendo sido 
revogada); 
 4 – Lei 12.037/09, Art.1º (revogou tacitamente o art.109 do ECA, devido à expressão “nesta lei” constante do art.1º). O 
art.1º da Lei 12.037 tem redação idêntica ao art.5º, LVIII, da CF. 
 4 – Lei 12.654/12 (introduziu a possibilidade de coleta do material biológico para a obtenção do perfil genético). 
 
9.2. Hipóteses autorizadoras da identificação criminal do civilmente identificado 
Lei 12.037/09, Art. 3º Embora apresentado documento de identificação (CIVIL), poderá ocorrer identificação criminal quando: 
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
II – o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; 
III – o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre si; 
IV – a identificação criminal for essencial às investigações policiais*, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que 
decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; 
V – constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 
VI – o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do documento apresentado impossibilite a 
completa identificação dos caracteres essenciais. 
 
* Nesse caso, o processo de identificação criminal contribui para o esclarecimento do crime, ou seja, funciona como meio de 
prova. Ex: no local do crime, posso encontrar impressões digitais. Aí poderia ser feita a identificação datiloscópica. 
 
9.3. Identificação do perfil genético (Lei 12.654/12) 
Lei 12.037/09, Art.3º, Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o*, a identificação criminal poderá incluir a coleta de 
material biológico para a obtenção do perfil genético. (Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012*) 
* E independentemente da natureza do crime. Ex: identificação genética no crime de estupro. 
* Renato Brasileiro: a Lei 12.654 é constitucional e não ofende o direito de não produzir prova contra si mesmo, a depender da 
forma como o material é coletado. Se a coleta do material biológico se der de forma não invasiva – ex: exame de DNA realizado 
a partir de fio de cabelo encontrado no chão -, será plenamente válida. 
 
Lei 7.210/84 (LEP), Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, 
ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990*, serão submetidos, obrigatoriamente*, à 
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. (Incluído 
pela Lei nº 12.654, de 2012) 
* Em tese, não abrange os crimes equiparados aos hediondos. 
* Ou seja, independe de autorização judicial. 
 
10. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO 
CPP, Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o 
interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. 
 Segundo a melhor doutrina, o art.21 do CP não foi recepcionado pela CF/88. A uma, porque a CF assegura que toda 
prisão será comunicada imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art.5º, LXII) e que 
o preso terá direito à assistência da família e de advogado (art.5º, LXIII). A duas, porque, ao tratar do Estado de Defesa, onde há 
supressão de várias garantias constitucionais, a própria CF estabelece que é vedada a incomunicabilidade do preso (art.136, §3º, 
IV). Ora, se numa situação de exceção como o Estado de Defesa não se admite a incomunicabilidade, o que dizer, então, em um 
estado de normalidade? 
 
11. INDICIAMENTO 
11.1. Conceito: consiste em atribuir a alguém a autoria/participação de determinada infração penal. Indiciar é apontar o dedo. 
CUIDADO! É inviável o indiciamento em sede de termo circunstanciado, ou seja, no âmbito do Juizados Especiais Criminais. 
 
11.2. Momento: a condição de indiciado poderá ser atribuída já no APF ou até o relatório final do delegado. Logo, uma vez 
recebida a peça acusatória, não será mais possível o indiciamento, já que se trata de ato próprio das investigações. 
 
11.3. Espécies: 
a) Indiciamento direito: o indiciamento é feito na presença do investigado, quando este passa a ser tratado como principal 
suspeito da prática do fato delituoso. É a regra. 
 
b) Indiciamento indireto: quando o investigado está ausente/não é encontrado. 
 
 
 @dicasexconcurseira 
 
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11.4. Pressupostos: O indiciamento se dá por ato fundamentado, em que o delegado demonstra a prova da materialidade do 
crime e os indícios suficientes de autoria. 
 
11.5. Atribuição: é ato privativo do delegado de polícia. O juiz ou o membro do MP não podem obrigar o delegado a indiciar. 
Lei 12.830/13, Art.2º, §6o O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise 
técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias. 
 
DE OLHO NA JURIS! Indiciamento é atribuição exclusiva da autoridade policial 
O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o indiciamento constitui atribuição 
exclusiva da autoridade policial. É por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta determinada pessoa como a 
autora do ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de polícia 
externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida ou determinada pelo 
magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão de que determinado indivíduo seria o 
responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio. Nesse 
mesmo sentido

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