Prévia do material em texto
Conteúdo da prova – Psicopatologia geral I Historicamente O termo psicopatologia foi criado por Jeremy Benthan, em 1817. Psyché significa alma; páthos, sofrimento ou doença; e lógos, estudo ou ciência. No entanto, Esquirol e Griesinger, com seus trabalhos publicados, respectivamente, na França e na Alemanha, é que são considerados os criadores da psicopatologia. A psicopatologia é uma ciência autônoma, e não meramente um ramo da psicologia. Enquanto esta tem sua origem na filosofia, a psicopatologia nasce com a clínica psiquiátrica. A psicopatologia, de uma forma geral, está relacionada a múltiplas abordagens e referenciais teóricos. Não há apenas uma psicopatologia: são várias. Didaticamente, as psicopatologias podem ser divididas em dois grupos: Psicopatologias explicativas: Baseia-se em modelos teóricos ou achados experimentais, e buscam esclarecimentos quanto à etiologia dos transtornos mentais. Psicopatologias descritivas: Consiste na descrição e na categorização precisas de experiências anormais, como informadas pelo paciente e observadas em seu comportamento. Definição A psicopatologia é ciência que estuda a doença mental em seus vários aspectos: suas causas, as alterações estruturais e funcionais relacionadas, os métodos de investigação e suas formas de manifestação (sinais e sintomas). Comportamento, cognição e experiências subjetivas anormais constituem as formas de manifestação das doenças mentais. Segundo Jaspers, “o objeto da psicopatologia é o fenômeno psíquico, mas só os patológicos”. Contudo, a distinção entre o normal e o patológico em medicina é bastante imprecisa. Podemos citar pelo menos três critérios de normalidade, todos considerados insuficientes: o subjetivo, o estatístico e o qualitativo. De acordo com o critério subjetivo de normalidade, está doente quem sofre ou se sente doente. Pelo critério estatístico ou quantitativo, normal é sinônimo de comum, ou significa próximo à média. Já segundo o critério qualitativo, normal é aquilo adequado a determinado padrão funcional considerado ótimo ou ideal. A crítica que se faz a esse critério é que ele se baseia em normas socioculturais arbitrárias, as quais podem variar de um local para outro e modificar-se através do tempo. Avaliação em saúde mental O exame do estado mental é a pesquisa sistemática de sinais e sintomas de alterações do funcionamento mental durante uma entrevista psicológica. As informações podem ser obtidas através da: - observação direta do paciente; - anamnese; - relato de familiares/outros informantes; - instrumentos. Para fins didáticos, divide-se o funcionamento mental em funções na seguinte ordem: Consciência; Atenção; Senso percepção; Orientação; Memória; Inteligência (CASOMI) Afetividade; Pensamento; Juízo crítico; Conduta; Linguagem (APeJuCol) 1° grupo destaca as Síndromes Cerebrais Orgânicas: CASOMI – Consciência, Atenção, Senso percepção, Orientação, Memória, Inteligência. 2° grupo altera-se nas Síndromes Psicóticas e nos Transtornos de Humor: APeJuCol – Afetividade, Pensamento, Juízo Crítico, Conduta, Linguagem. Afetividade e humor Conceito É a experiência imediata e subjetiva das emoções sentidas pelo paciente em relação ao que o cerca, abrangendo desde sentimentos em relação a pessoas e ambientes até lembranças de fatos, situações, ou pessoas do passado, bem como expectativas sobre o futuro. Humor é a tonalidade de sentimento predominante, e mais constante, que pode influenciar a percepção de si mesmo, e do mundo ao seu redor. Afeto é a experiência da emoção subjetiva e imediata, ligada as ideias ou representações mentais e que pode ser observada pelas suas manifestações objetivas: alegre, triste, embotado, expansivo, lábil, inapropriado. Em outras palavras, humor se refere à emoção predominante, mais constante, enquanto afeto é a sua expressão, o que se observa, sendo mais flutuante. O normal, para qualquer tipo de afeto, é que ocorra uma variação na expressão facial, tom de voz e gestos, denotando um espectro de intensidade na emoção expressada (de superficial a profunda). Da mesma forma, é normal que ocorram variações no humor. Deve ser descrito o tom predominante durante a entrevista, sendo eutímico o paciente que está com o afeto/humor normal. Avaliação A avaliação da afetividade e do humor é feita ao longo da entrevista, observando-se a expressão facial do paciente, sua postura, o conteúdo afetivo predominante no seu relato (tristeza, euforia, irritabilidade, etc), o tipo de afeto que transmite e que desperta no entrevistador. Fala-se em afeto achatado, aplainado ou embotado nos casos de severa redução na expressão afetiva, e grandiosidade ou expansão nos casos de exagero na valorização das próprias capacidades, posses ou importância. Deve ser observado se o paciente comenta voluntariamente ou se é necessário pedir para que informe como se sente. É muito importante considerar a adequação das respostas emocionais do paciente, sempre levando em conta o contexto do conteúdo do pensamento em que se inserem (por exemplo: a raiva é adequada em um delírio paranóide). Em casos de disparidade entre o afeto e o conteúdo do pensamento diz-se que o afeto está inapropriado ou incongruente. Alterações Ansiedade e sintomas autonômicos de ansiedade; medo e tensão; irritabilidade, raiva, ódio, desprezo, hostilidade; labilidade afetiva (rápidas alternações de afetos opostos); incontinência emocional (deixar transparecer todas as emoções que sente, geralmente sendo estas intensas), etc.. Pensamento Conceito É o conjunto de funções integrativas capazes de associar conhecimentos novos e antigos, integrar estímulos externos e internos, analisar, abstrair, julgar, concluir, sintetizar e criar. O pensamento é avaliado em três aspectos: Produção (ou forma): Refere-se a como o paciente concatena as ideias, em que sequência, se segue ou não as leis da sintaxe e da lógica. O normal é que a produção do pensamento seja lógica (ou coerente), isto é, clara e fácil de seguir e entender. Diz- se que é ilógica quando a sequência não segue as leis da lógica formal, ou seja, ocorrem inferências falsas ou indevidas; e que é mágica quando não obedecem as leis da realidade, tempo e espaço, envolvendo sorte, misticismo, poder a distância, força do pensamento para provocar ações, etc. Curso: Caracteriza-se pela quantidade de ideias que vêm ao pensamento, podendo ser de abundante a escassa; e pela velocidade com que as ideias passam pelo pensamento, de modo que o curso pode ser rápido, lentificado ou estar completamente bloqueado. O conteúdo do pensamento são as ideias propriamente ditas, sua conexão ou não com a realidade, refletindo ou não aspectos reais do mundo externo ou interno. A principal preocupação é a presença de ideias que sugiram que o paciente possa apresentar um perigo para si ou para outros (por risco de suicídio, agressão, homicídio), o que reflete prejuízo no teste de realidade e no juízo crítico.. Produção: Refere-se a como o paciente concatena as ideias, em que sequência, se segue ou não as leis da sintaxe e da lógica. O normal é que a produção do pensamento seja lógica (ou coerente), isto é, clara e fácil de seguir e entender. Diz-se que é ilógica quando a sequência não segue as leis da lógica formal, ou seja, ocorrem inferências falsas ou indevidas; e que é mágica quando não obedecem as leis da realidade, tempo e espaço, envolvendo sorte, misticismo, poder a distância, força do pensamento para provocar ações, etc. Avaliação Em uma amostra do discurso do paciente, ou seja, durante a entrevista, observa-se a produção, o curso e o conteúdo do seu pensamento. Na avaliação da produção (ou forma) do pensamento observa-se se o paciente tem um discurso coerente, se segue as leis da sintaxe, se a inferência de conclusões é lógica, e se as associações entre as idéias fazem sentido. Deve-se considerar a cultura do paciente ao avaliar-se o conteúdo de seu pensamento, uma vezque crenças compartilhadas por uma comunidade são vistas como naturais entre seus membros e não como um sintoma. Por exemplo, acreditar que a sexualidade de uma pessoa foi enfeitiçada, como por "voodoo", e que um homem não readquirirá sua potência até que o feitiço seja desfeito não é necessariamente um delírio. Desta forma é preciso conhecer detalhadamente a cultura e religião dos pacientes em avaliação para que não se identifiquem falsos sinais e sintomas. Juízo crítico Conceito É a capacidade para perceber e avaliar adequadamente a realidade externa e separá- la dos aspectos do mundo interno ou subjetivo. Implica separar sentimentos, impulsos e fantasias próprios, de sentimentos e impulsos de outras pessoas. Refere-se, ainda, à possibilidade de auto avaliar-se adequadamente e ter uma visão realista de si mesmo, suas dificuldades e suas qualidades. A capacidade de julgamento é necessária para todas as decisões diárias, para estabelecer prioridades e prever consequências. Os distúrbios do julgamento podem ser circunscritos a uma ou mais áreas, como dinheiro ou sexualidade, mantendo as demais áreas adequadas. Insight é uma forma mais complexa de juízo. Envolve um grau de compreensão do paciente sobre si mesmo, seu estado emocional, sua doença e as consequências desta sobre si, pessoas que o cercam e sua vida em geral. O insight é reconhecido como um importante mecanismo de mudança psíquica nas psicoterapias em geral e em especial nas psicoterapias de orientação analítica. O insight emocional leva o paciente a uma reestruturação em sua personalidade ou padrão de comportamento, de modo que este conhecimento altera suas ações e experiências no futuro. Diferentemente, no insight intelectual não ocorrem alterações na personalidade ou comportamento, o paciente continua igual, não tira proveito do novo conhecimento para uma melhora. Avaliação A partir da entrevista geralmente tem-se uma boa idéia a respeito da capacidade de julgamento e insight. Porém, nas ocasiões em que permanecem dúvidas pode-se fazer perguntas objetivas, como o que o paciente faria se encontrasse uma carta endereçada e selada na rua, sendo a resposta adequada a de colocar em uma caixa de correio. Por isso, em qualquer entrevista inicial deve-se perguntar ativamente, mas de forma sensível sobre ideação suicida, homicida e de agressão. O conteúdo do pensamento expressa as preocupações do paciente, que podem ser ideias supervalorizadas, ideias delirantes, delírios, preocupações com a própria doença, problemas alheios, obsessões, fobias, etc. Alterações Falar coisas inapropriadas; ser inconveniente; gastar mais do que pode; não medir consequências; não se dar conta da gravidade da doença; não reconhecer limitações. Conduta Conceito São os comportamentos observáveis do indivíduo: comportamento motor, atitudes, atos, gestos, tiques, impulsos, verbalizações, etc. Avaliação A partir da observação do paciente durante a entrevista, de perguntas objetivas ou de entrevistas com os familiares, pesquisa-se dados sobre os hábitos do paciente, como o que costuma fazer todos os dias e em situações especiais (maneira como se diverte, trabalha, convive socialmente); procura-se observar a movimentação do paciente (lento ou agitado), a forma como se expressa por meio da anamnese; e procura-se alterações, indagando sobre o uso de drogas, roubos, tentativa de suicídio, hostilidade, compulsões, impulsos, comportamentos agressivos, rituais, vida sexual, relacionamentos interpessoais, etc. Linguagem Conceito É a maneira como a pessoa se comunica, verbal ou não verbalmente, envolvendo gestos, olhar, expressão facial ou por escrito. Avaliação Costuma-se dar mais ênfase à fala, avaliando-se a quantidade (loquaz, prolixo, taciturno, não-espontâneo ou normal), velocidade ou fluxo (verbalização rápida, lenta, hesitante, monótona) e qualidade (gagueira, ecolalia). Também é interessante se observar o volume (alto ou baixo), a gramática e sintaxe, e o vocabulário ou escolha de palavras, o que possibilita a realização de inferências sobre a organização do pensamento e cognição. A história do DSM - Em 1840, os EUA empreenderam um censo que contava com a categoria “idiotia/loucura”, procurando registrar a frequência de doenças mentais. Já no censo de 1880, as doenças mentais eram divididas em sete categorias distintas (mania, melancolia, monomania, paresia, demência, dipsomania e epilepsia). Observa-se assim que as primeiras classificações norte- americanas de transtornos mentais aplicadas em larga escala, tinham objetivo primordialmente estatístico. - No início do século XX o Exército norte-americano, juntamente com a Associação de Veteranos, desenvolveu uma das mais completas categorizações para aplicação nos ambulatórios que prestavam atendimento a ex-combatentes. Em 1948, sobre forte influência desse instrumento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu pela primeira vez uma sessão destinada aos Transtornos Mentais na sexta edição de seu sistema de Classificação Internacional de Doenças – CID-6. - A primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) foi publicada pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em 1953, sendo o primeiro manual de transtornos mentais focado na aplicação clínica. O DSM-I consistia basicamente em uma lista de diagnósticos categorizados, com um glossário que trazia a descrição clínica de cada categoria diagnóstica. Apesar de rudimentar, o manual serviu para motivar uma série de revisões sobre questões relacionadas às doenças mentais. O DSM-II, desenvolvido paralelamente com a CID-8, foi publicado em 1968 e era bastante similar ao DSM-I, trazendo discretas alterações na terminologia. - Em 1980, a APA publicou a terceira edição do seu manual introduzindo importantes modificações metodológicas e estruturais que, em parte, se mantiveram até a recente edição. Estamos falando de sintomas. Cada conjunto de sintomas representa um funcionamento específico. Como dar nome a estes tipos específicos de funcionamentos? Classificações Nosográficas - tratado com descrição ou explicação das doenças. O DSM - III apresentou um enfoque mais descritivo, com critérios explícitos de diagnóstico organizados em um sistema multiaxial, com o objetivo de oferecer ferramentas para clínicos e pesquisadores, além de facilitar a coleta de dados estatísticos. Revisões e correções foram promovidas sobre o manual, levando à publicação do DSM-III-R, em 1987. - Em 1994, a APA lançasse o DSM-IV. A evolução do manual representava um aumento significativo de dados, com a inclusão de diversos novos diagnósticos descritos com critérios mais claros e precisos. Uma revisão dessa edição foi publicada em 2000 como DSM-IV-TR e foi formalmente utilizada até o início de 2013. As mudanças do DSM-5 - O DSM-5, oficialmente publicado em 18 de maio de 2013, é a mais nova edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana. A publicação é o resultado de um processo de doze anos de estudos, revisões e pesquisas de campo realizados por centenas de profissionais divididos em diferentes grupos de trabalho. O objetivo final foi o de garantir que a nova classificação, com a inclusão, reformulação e exclusão de diagnósticos, fornecesse uma fonte segura e cientificamente embasada para aplicação em pesquisa e na prática clínica. - Em seu aspecto estrutural o DSM-5 rompeu com o modelo multiaxial introduzido na terceira edição do manual. Os transtornos de personalidade e o retardo mentais, anteriormente apontados como transtornos do Eixo II, deixaram de ser condições subjacentes e se uniram aos demais transtornos psiquiátricos no Eixo I. Outros diagnósticos médicos, costumeiramente listados no Eixo III, também receberam o mesmo tratamento. Conceitualmente não existem diferenças fundamentais que sustentem a divisão dos diagnósticos em Eixos I, II e III. Oobjetivo da distinção era apenas o de estimular uma avaliação completa e detalhada do paciente. Fatores psicossociais e ambientais (Eixo IV) continuam sendo foco de atenção, mas o DSM-5 recomendou que a codificação dessas condições fosse realizada com base no Capítulo da CID10-CM. Transtornos do neurodesenvolvimento Seguindo a proposta de lançar um olhar longitudinal sobre o curso dos transtornos mentais, o DSM-5 excluiu o capítulo Transtornos Geralmente Diagnosticados pela Primeira Vez na Infância ou na Adolescência. Parte dos diagnósticos do extinto capítulo passou a compor os Transtornos do Neurodesenvolvimento. Os critérios para Deficiência Intelectual enfatizaram que, além da avaliação cognitiva é fundamental avaliar a capacidade funcional adaptativa. Os Transtornos Globais do Desenvolvimento, que incluíam o Autismo, Transtorno Desintegrativo da Infância e as Síndromes de Asperger e Rett foram absorvidos por um único diagnóstico, Transtornos do Espectro Autista. A mudança refletiu a visão científica de que aqueles transtornos são na verdade uma mesma condição com gradações em dois grupos de sintomas: Déficit na comunicação e interação social; Padrão de comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos. Os critérios para o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são bastante similares aos do antigo manual. O DSM-5 manteve a mesma lista de dezoito sintomas divididos entre Desatenção e Hiperatividade/Impulsividade. Indivíduos até os dezessete anos de idade precisam apresentar seis dos sintomas listados, enquanto indivíduos mais velhos precisam de apenas cinco. A exigência de que os sintomas estivessem presentes até os sete anos de vida foi alterada. No novo manual, o limite é expandido para os doze anos de idade. Além disso, o DSM-5 permitiu que o TDAH e o Transtorno do Espectro Autista sejam diagnosticados como transtornos comórbidos. Os Transtornos Específicos da Aprendizagem deixaram de ser subdivididos em transtornos de leitura, cálculo, escrita e outros, especialmente pelo fato de que indivíduos com esses transtornos frequentemente apresentam déficits em mais de uma esfera de aprendizagem. E os tiques, movimentos estereotipados e Síndrome de Tourette foram organizados como Transtornos Motores. Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos O critério que define a sintomatologia característica (Critério A) continua requerendo a presença de no mínimo dois dos cinco sintomas para ser preenchido, mas a atual versão exige que ao menos um deles seja positivo (delírios, alucinações ou discurso desorganizado). Entende-se aqui na necessidade de uma Entrevista adequada, bem como capacitação do profissional que estará avaliando o sujeito. Avaliação Psicológica realizada por profissionais capacitados. O diagnóstico de Transtorno Esquizoafetivo sofreu uma pequena alteração em seu texto, sendo exigido que um episódio de alteração importante do humor (depressão ou mania) esteja presente durante a maior parte do curso da doença. Os critérios para o Transtorno Delirante não exigem mais que os delírios apresentados não sejam bizarros. A Catatonia não é mais apresentada como um subtipo da Esquizofrenia ou uma classe independente. Na atual versão passa a ser dividida como: Catatonia Associada com Outros Transtornos Mentais; Catatonia Associada com Outras Condições Médicas; ou Catatonia Não- Especificada. Transtorno bipolar e outros transtornos relacionados Os critérios diagnósticos para mania e hipomania no Transtorno Bipolar passam a dar maior ênfase às mudanças no nível de atividades e na energia. O quadro misto deixa de ser um subtipo do Transtorno Bipolar e se torna um especificador, “com Características Mistas”, que pode ser empregado inclusive na Depressão unipolar. O DSM-5 incluiu outro novo especificador, “com Ansiedade”, empregado para descrever a presença de sintomas ansiosos que não fazem parte dos critérios diagnósticos do Transtorno Bipolar. Transtornos depressivos O capítulo dos Transtornos Depressivos ganhou novos diagnósticos no DSM-5, levantando discussões sobre a ‘patologização’ de reações normais e a superestimativa do número de casos de depressão. O Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor é um novo diagnóstico caracterizado por um temperamento explosivo com graves e recorrentes manifestações verbais ou físicas de agressividade desproporcionais, em intensidade ou duração, à situação ou provocação. Transtornos de ansiedade Os diagnósticos de Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno de Estresse Agudo e Transtorno de Estresse Pós-Traumático foram realocados em novos capítulos. O diagnóstico de quadros fóbicos (Agorafobia, Fobia Específica e Transtorno de Ansiedade Social) deixou de exigir que o indivíduo com mais de dezoito anos. Transtorno obsessivo-compulsivo e outros transtornos relacionados O DSM-5 conta com um capítulo exclusivamente destinado ao Transtorno Obsessivo- Compulsivo (TOC) e Outros Transtornos Relacionados, incluindo novos diagnósticos como o Transtorno de Acumulação e o Transtorno de Escoriação (Skin-Picking). Trauma e transtornos relacionados ao estresse O DSM-5 agrupou em um mesmo capítulo os transtornos cuja origem pode ser especificamente atribuída à situações de estresse e traumas. Transtorno de Apego Reativo na Infância manteve “Tipo Inibido” e o “Tipo Desinibido” deu origem ao Transtorno do Engajamento Social Desinibido. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) - exigência anterior que o evento traumático fosse vivenciado ou testemunhado pelo próprio indivíduo, agora expandido para quem soube que um evento traumático aconteceu com um familiar próximo ou amigo próximo, ou por quem é exposto a detalhes aversivos de eventos traumáticos. Transtornos dissociativos Transtorno Dissociativo de Identidade- pode ser descrito em algumas culturas como experiência de possessão. Amnésia Dissociativo - incorporou o antigo diagnostico de Fuga Dissociativa. Transtorno de Despersonalização/Desrealização requer que o sujeito vivencie de maneira recorrente e persistente a experiência de estranheza ou irrealidade em relação a si próprio ou ao ambiente que o cerca. Sintomas Somáticos e outros Transtornos Relacionados A atual classificação removeu os diagnósticos de Transtorno de Somatização, Transtorno Somatoforme Indiferenciado e Transtorno Doloroso, absorvidos pelo Transtorno com Sintomas Somáticos. Hipocondria foi excluída do DSM-5, inclusão do Transtorno de Ansiedade de Doença (ansiedade sem sintomas somáticos) Transtorno Conversivo- manteve-se. Alimentação e Transtornos Alimentares Transtornos de Alimentação do antigo manual mais os Transtornos de Alimentação da Primeira Infância. Transtorno de Ruminação e Pica podem aparecer em qualquer idade. Inclusão Transtorno de Consumo Alimentar Evitativo/Restritivo. Anorexia Nervosa não sofreu alterações Bulimia Nervosa – as crises bulímicas e comportamentos compensatórios deixam de ser duas vezes e passa para uma vez na semana durante três meses. Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica foi validado como diagnóstico no DSM-V. Disfunções Sexuais O DSM-5 fragmentou o antigo capítulo Transtornos Sexuais e da Identidade de Gênero que deram origem a três novos capítulos: Disfunções sexuais, Disforia de Gênero e Transtornos Parafílicos. Disfunções Sexuais: grupo de transtornos heterogêneos caracterizados por uma perturbação clinicamente significativamente na capacidade da pessoa para responder sexualmente ou sentir prazer sexual. Disfunções Sexuais: Retardo da Ejaculação, Transtorno Erétil, Transtorno do Orgasmo Feminino,Transtorno do Desejo/Excitação Sexual Feminino, Transtorno de Dor Gênito- Pélvica/Penetração (antigo Vaginismo e Dispareunia), Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativo, Ejaculação Precoce e Disfunção Sexual Induzida por Medicação/Substância. Disforia de Gênero Descreve os indivíduos que apresentamuma diferença marcante entre o gênero experimentado/expresso e o gênero atribuído. (antigo Transtorno da Identidade de Gênero) Presença de Disforia de Gênero na Infância. Transtorno Parafílico Interesses eróticos atípicos, mas evita rotular os comportamentos sexuais não-normativos como necessariamente patológicos. Transtorno Voyeurista; Transtorno Exibicionista; Transtorno Frotteurista; Transtorno do Masoquismo Sexual; Transtorno do Sadismo Sexual; Transtorno Pedofílico; Transtorno Fetichista; Transtorno Transvéstico) Transtornos Relacionados a Substâncias e Adição Os Transtornos Relacionados a Substâncias abrangem dez classes distintas de drogas: álcool; cafeína, cannabis; alucinógenos; inalantes; opióides; sedativos, hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes; tabaco; e outras substâncias. Retirou-se a divisão antiga Abuso e Dependência e os reuniu como Transtornos. Transtornos Neurocognitivos Incluem condições neurológicas e psiquiátricas referidas no antigo manual (Delirium, Demência, Transtorno Amnésico e Outros Transtornos Cognitivos) O Diagnóstico de Delirium foi atualizado e continua. Os quadros de Demência e Transtorno Amnésico, foram absorvidos e deram origem aos Transtornos Neurocognitivos. Transtorno Neurocognitivo Maior ou Leve devido: À Doença de Alzheimer; À Degeneração Frontotemporal; Com Corpos de Lewy; À Lesão Cerebral Traumática; À infecção por HIV; À Doença de Príon; À Doença de Parkinson; À Doença de Huntington; À outra condição Médica. Afetividade e suas alterações Os afetos consistem em estados psíquicos subjetivos que se caracterizam pela propriedade de serem agradáveis ou desagradáveis. Os afetos podem ser vistos como uma consequência das ações do indivíduo que visam à satisfação de suas necessidades (corporais ou psíquicas). Se essas ações são bem-sucedidas, o afeto é agradável; caso contrário, o afeto é desagradável. Os afetos possuem pelo menos quatro componentes: (1) a avaliação subjetiva – o indivíduo se dá conta de que está alegre, por exemplo; (2) as crenças cognitivas – ele atribui sua alegria à ocorrência de um determinado evento positivo; (3) os processos fisiológicos – as alterações viscerais; (4) a expressão afetiva – mímica, gestos, postura e prosódia, que têm a finalidade de comunicar aos outros como aquele indivíduo está se sentindo. O conceito de afetividade distingue-se em 5 tipos básicos de vivências afetivas: Afetos, emoções, sentimentos, paixões e humor Afeto significa influenciar, afetar. Esse termo pode ser usado para designar genericamente os elementos da afetividade, incluindo emoções, sentimentos e humor; mas, outras vezes, é empregado como sinônimo de emoção. O termo emoção corresponde ao francês emouvoir, que significa comover, emocionar e está ligado a uma ideia de movimento. Emoção em geral representa um estado afetivo súbito, de curta duração e grande intensidade, que é acompanhada de alterações corporais, relacionadas a uma hiperatividade autonômica. Sentimento significa sentir, perceber através dos sentidos, darse conta. Esse termo em geral se refere a um estado afetivo menos intenso e mais prolongado que as emoções, e sem as alterações fisiológicas encontradas nestas. Talvez se possa dizer que os sentimentos resultem de um processamento cognitivo maior do que haveria nas emoções. As paixões têm a intensidade das emoções, porém uma duração maior. Elas monopolizam e direcionam os pensamentos e ações do indivíduo. O humor (ou estado de ânimo, ou tônus afetivo) representa um somatório ou síntese dos afetos presentes na consciência em um dado momento. Constitui o estado afetivo basal e fundamental, que se caracteriza por ser difuso, isto é, não relacionado a um objeto específico, e por ser em geral persistente e não reativo. O humor oscila entre os polos da alegria, da tristeza e da irritabilidade, assim como entre a calma e a ansiedade. O termo disforia corresponde a um estado de humor desagradável. Exaltação afetiva Corresponde a um aumento da intensidade ou duração dos afetos, ou a umareação afetiva desproporcional em relação à situação ou ao objeto que a motivou. Por exemplo, na mania há uma exaltação do humor alegre ou irritado, e, na depressão, do humor triste. Embotamento afetivo Embotamento afetivo (ou distanciamento, empobrecimento, esmaecimento, esvaziamento, aplainamento afetivo) significa diminuição da intensidade e da excitabilidade dos afetos, sejam eles positivos ou negativos. Nos estados de diminuição da afetividade, o doente torna-se indiferente ao meio, às outras pessoas e, algumas vezes, a si próprio, sendo a expressão emocional bastante restrita. O embotamento afetivo ocorre principalmente na esquizofrenia, nos transtornos de personalidade esquizotípica e esquizoide. Pode ocorrer embotamento afetivo momentâneo, de curta duração, logo após um evento traumático de grande magnitude, como no transtorno de estresse agudo, o que é chamado de estupor emocional ou paralisia afetiva aguda. Alterações qualitativas As alterações qualitativas da afetividade podem ser divididas em distúrbios da modulação (ou regulação) afetiva e distúrbios do conteúdo dos afetos. Entre os distúrbios da modulação afetiva estão: a labilidade afetiva, a incontinência afetiva e a rigidez afetiva. Entre os distúrbios do conteúdo dos afetos estão: a paratimia, a ambitimia e a neotimia. (Disse que não iria cobrar) O exame da afetividade Comunicação não verbal do afeto Não é necessário que o paciente nos conte como está se sentindo para podermos avaliar a sua afetividade: o afeto é expresso através da mímica, do olhar, dos gestos, da postura e do tom de voz. Empatia A afetividade é avaliada empaticamente. É como se o observador dissesse para si mesmo, por exemplo: “Se eu estivesse me sentindo como aquele indivíduo aparenta estar – pela sua expressão facial, gestos etc. –, eu me sentiria muito alegre; portanto, ele está alegre.” A afetividade nos principais transtornos mentais Depressão: Na depressão, ocorre uma tristeza patológica (exaltação afetiva), que costuma ser caracterizada como uma tristeza vital. Em alguns pacientes, podem ocorrer ansiedade ou irritabilidade intensas. O estado de humor sofre poucas variações, caracterizando assim uma rigidez afetiva. Esquizofrenia: O embotamento afetivo está entre os sintomas negativos da esquizofrenia. A mória pode estar presente no subtipo hebefrênico. Em quadros delirantes ou de grande agitação, a ansiedade pode ser proeminente, constituindo assim uma hipertimia. Podem ser encontradas rigidez afetiva, paratimias, ambitimias e neotimias. Transtornos de ansiedade: Nos transtornos de ansiedade, há uma ansiedade patológica (exaltação afetiva), que atinge uma intensidade extrema – como no transtorno de pânico – ou que é muito frequente ou persistente – como no transtorno de ansiedade generalizada. Especialmente no transtorno de ansiedade generalizada, a ansiedade pode acompanhar-se de irritabilidade. Nos transtornos fóbicos, a ansiedade é desproporcional ao estímulo, é reconhecida como excessiva pelo paciente e leva a um comportamento de esquiva. Transtorno de personalidade borderline: O transtorno de personalidade borderline caracteriza-se, entre outras coisas, por dificuldade de controle sobre a raiva, havendo com frequência exaltação afetiva, além de labilidade ou incontinência afetiva. O que é um exame de estado mental? E quando precisa analisar as funções mentais? O exame do estado mental é a pesquisa sistemática de sinais e sintomas de alterações do funcionamento mental durante uma entrevista psicológica. E quando existe a necessidade de avaliar todas as funções cognitivas e/ou psicológicas da pessoa. O que é afetividade? Os afetos consistem em estados psíquicos subjetivos que se caracterizam pela propriedade de serem agradáveis ou desagradáveis. Os afetos podem ser vistos como uma consequência das ações do indivíduo que visam à satisfação desuas necessidades (corporais ou psíquicas). Se essas ações são bem- sucedidas, o afeto é agradável; caso contrário, o afeto é desagradável. Como que constrói essa afetividade? Com o relacionamento com os outros, se não constrói essas relações, não tem como desenvolver essa afetividade. Porque o afeto significa falar das emoções que estão relacionadas com O OUTRO, e com você. Até mesmo pra sentir as suas afetividades, você precisa sentir inicialmente pelo outro. A diferença entre emoção e humor: O humor muda e é mais longo. Enquanto a emoção é mais rápida. Quando pode dizer que há um diagnóstico de transtorno? Esperamos que as pessoas “normais” tenham um humor mais constante, então, a partir do momento que essa alteração do humor começa a atrapalhar, tem-se um diagnóstico de transtorno. O que é normal? Normal é ter várias emoções, mas o humor continuar o mesmo. Nós temos picos de emoção, positivos e negativos, se isso sai do controle (oscilando muito o humor), isso traz um prejuízo social/profissional. A partir do momento que essa alteração ATRAPALHA, ela deixa de ser normal. Por exemplo, aquela pessoa que o carro bateu e ela passa uma semana mal humorada por conta disso, ela tem uma alteração de humor muito grande. A afetividade engloba: a emoção e o humor. O humor age no transtorno bipolar, transtorno bordeline.. A pessoa com transtorno de pânico não tem o humor alterado necessariamente, ela tem ansiedade que não permite que ela faça essas coisas.