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Administração Financeira W B A 0 19 6 _ V 1. 1 2/201 Administração Financeira Autoria: Jarbas Thaunahy Santos de Almeida Como citar este documento: ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Administração Financeira. Vali- nhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas 05 Assista a suas aulas 23 Unidade 2: Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras 33 Assista a suas aulas 48 Unidade 3: Análise do capital de giro 57 Assista a suas aulas 72 Unidade 4: O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros re- ais e inflação 80 Assista a suas aulas 95 2/201 3/2013 Unidade 5: Fontes de financiamento e mudanças nos padrões de crédito (Fontes de financiamento) 103 Assista a suas aulas 120 Unidade 6: Estrutura de Capital e Avaliação (WACC) 127 Assista a suas aulas 142 Unidade 7: Análise da gestão de recursos (WACC). Custo de capital de terceiros, de sócios 150 Assista a suas aulas 166 Unidade 8: Índices de Taxa de Retorno 172 Assista a suas aulas 191 Sumário Administração Financeira Autoria: Jarbas Thaunahy Santos de Almeida Como citar este documento: ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Administração Financeira. Vali- nhos: 2016. 4/201 Apresentação da Disciplina A disciplina de Administração Financeira possui um aspecto importante para o fun- cionamento e a sustentação da empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas ações na consecução de seus objetivos. A gestão financeira movimenta o mundo. Empresas precisam ter um setor financeiro bem-estruturado para que todo o trabalho seja revertido em lucratividade; profissio- nais da área contábil devem ter conheci- mento sobre taxas de juros, financiamen- tos, descontos de títulos de crédito, entre outros procedimentos inerentes à profis- são. Ou seja, é impossível não buscar atua- lização permanente. Dois aspectos considerados como chaves do planejamento financeiro podem ser desta- cados: o planejamento de caixa e o planeja- mento de lucro. O primeiro envolve a prepa- ração de orçamentos de caixa da empresa; por sua vez, o planejamento de lucros é nor- malmente realizado por meio de demons- trações financeiras projetadas, as quais não apenas são úteis para fins de planejamento financeiro interno, como também são co- mumente exigidos pelos credores atuais e futuros. A amplitude e o dinamismo do campo das finanças afetam diretamente a vida das pessoas e das organizações. Por isso, diver- sas áreas de estudo e um imenso número de oportunidades profissionais estão disponí- veis nessa área de conhecimento. 5/201 Unidade 1 Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas Objetivos Segundo a ótica econômica, o objetivo fundamental de qualquer organização empresarial é maximizar o seu valor de mercado. Para o alcance de tal meta, o gestor depara-se com três principais decisões financeiras: de investimentos, financiamentos e de distribuições de lucro. Tendo isso em vista, os princípios básicos da administração financeira requerem conheci- mentos de matemática financeira, teorias da decisão, contabilidade e de estatística, bem como o acompanhamento do mercado financeiro, que determina as taxas de juros para in- vestimentos e financiamentos. Assim, ao final deste capítulo, o aluno será capaz de: 1. definir os principais fundamentos da gestão financeira; 2. saber estabelecer relações entre os componentes e o ambiente financeiro; 3. perceber e verificar as principais preocupações da gestão financeira. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas6/201 Introdução As finanças podem ser definidas como a arte e a ciência de gerenciamento de fun- dos. Para Gitman (2001), todos os indiví- duos e organizações ganham ou captam e gastam ou investem recursos financeiros. As finanças lidam com o processo, as ins- tituições, os mercados e os instrumentos na transferência de dinheiro entre pessoas, negócios e governos. Neste primeiro capí- tulo, focaremos, com certa profundidade, nos princípios básicos da gestão financeira e suas metas. As áreas mais importantes em finanças po- dem ser resumidas ao se analisar as opor- tunidades profissionais nesse setor. Essas oportunidades, em geral, caem em duas ca- tegorias: serviço financeiro e administração financeira. Para saber mais Conforme Megliorini e Vallim (2009), é nesta dis- ciplina que vamos observar a importância de as- pectos compreendidos na contabilidade, princi- palmente, sobre as demonstrações financeiras, que fornecem informações úteis para os tomado- res de decisões. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas7/201 A área de serviços financeiros lida com a prestação de assessoria e produtos finan- ceiros. Envolve uma variedade de oportu- nidades de carreira em bancos, planeja- mento financeiro pessoal, investimentos, bens imóveis e seguros. A administração financeira, por sua vez, lida com as obriga- Link Recomenda-se a leitura do link indicado a res- peito da área e profissional de gestão financeira. Administração, Portal. Administração Financeira e Orçamentária (AFO). Disponível em: <http:// www.portal-administracao.com/2015/01/ administracao-financeira-e-orcamentaria. html>. Acesso em: 5 abr. 2017. ções do gestor financeiro na empresa. Os administradores financeiros gerenciam ati- vamente as questões financeiras de muitos tipos de negócios – financeiros e não finan- ceiros, privados e públicos, grandes, mé- dios e pequenos, com ou sem fim lucrativo. Trabalham em tarefas financeiras variadas como planejamento, concessão de crédito para clientes, avaliação de investimentos, assim como meios de obtenção de recur- sos para financiar as operações da empresa. De acordo com Gitman (2001), as mudan- ças nos ambientes econômicos e de regu- lamentação aumentaram a importância e a complexidade das tarefas do gestor finan- ceiro. Como resultado, altos executivos do setor privado e do governo são provenien- tes da área financeira. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas8/201 O entendimento dos conceitos, técnicas e das práticas abordados neste capítulo o ajudará a conhecer as atividades do gestor financeiro. Tendo em vista que a maioria das decisões de negócio é mensurada em ter- mos financeiros, o administrador financeiro possui um papel essencial na operação da empresa. Pessoas em todas as áreas de res- ponsabilidade – contabilidade, sistemas de informação, marketing, logística, vendas – necessitam de um entendimento básico a respeito de administração financeira. Todos os gestores em uma organização, sem levar em consideração as descrições de seu cargo, trabalham com o pessoal de finanças para justificar as necessidades de suas áre- as, negociar orçamentos operacionais, lidar com avaliações de performance financei- ra e vender projetos baseados, pelo menos em parte, nos seus méritos financeiros. Fica evidente que aqueles administradores que entendem o processo de tomada de deci- sões financeiras estarão capacitados a lidar com questões financeiras e, por conseguin- te, conseguirão, com maior frequência, os recursos que necessitam para a realização das próprias metas. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas9/201 As três formas legais básicas de organiza- ção de negócio são a empresa individual, a sociedade limitada e a sociedade anônima. As empresas individuais são as mais nume- rosas. No entanto, as sociedades anônimas são de longe a forma dominante com rela- ção a receitas e lucros líquidos. 1. Formas básicas de organiza- çãoempresarial Uma empresa individual é um negócio que pertence a uma pessoa, que opera para seu próprio lucro. Estima-se que três em cada quatro empresas no Brasil sejam individu- ais. A empresa individual típica é um pe- queno negócio, tal como uma loja de re- paro de bicicletas, um personal trainer ou Para saber mais Há muito tempo, a gestão financeira é de suma importância para todas as empresas de grande porte e, de forma crescente, para as empresas de pequeno e médio porte, onde o sucesso nos ne- gócios exige cada vez mais práticas financeiras adequadas. No entanto, a gestão financeira das pequenas e médias organizações, anteriormente, resumia-se ao controle das contas a pagar e ao controle das contas a receber, ou seja, uma con- tinuidade da administração geral. Com o advento da maior competitividade entre as empresas, da complexidade da economia, do crescimento e so- fisticação do mercado financeiro, essa configura- ção se alterou, havendo maiores exigências para as funções financeiras. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas10/201 um eletricista residencial. Tipicamente, o proprietário e alguns funcionários operam o negócio. Normalmente, conseguem capi- tal de recursos pessoais ou por intermédio de empréstimos e são responsáveis por to- das as decisões do negócio. O proprietário individual tem responsabilidade ilimitada – o total de seus ativos, não meramente o montante originalmente investido, pode ser exigido para cobrir dívidas de negócios. Para Gitman (2001), a maioria opera no se- tor de vendas por atacado, varejo, serviços e construção. Uma sociedade limitada consiste em dois ou mais proprietários operando juntos com fins lucrativos. Sociedades que perfazem em torno de 10% de todos os negócios são tipicamente maiores que sociedades anô- nimas. Empresas de finanças, seguros e de bens imóveis são os tipos mais comuns de sociedades. Sociedades de contabilidade de empresa aberta e corretagem de ações, muitas vezes, possuem um grande número de sócios. A maioria das sociedades é estabelecida por intermédio de um instrumento conhe- cido como contrato social. Em uma socie- dade em geral (ou regular), todos os sócios possuem responsabilidade ilimitada e cada sócio é legalmente responsável por todas as dívidas da sociedade. Uma sociedade anônima é uma entidade de negócios intangível criada por lei. Muitas vezes chamada de pessoa jurídica, a socie- dade anônima possui o poder de um indiví- duo no sentido de que ela pode processar e Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas11/201 ser processada legalmente, fazer e ser parte de contratos, assim como adquirir proprie- dade em seu próprio nome. Apesar de ape- nas 15% de todos os negócios serem socie- dades anônimas, essas são responsáveis por quase 90% das receitas de negócios e 80% dos lucros líquidos. Apesar de as sociedades anônimas estarem envolvidas em todos os tipos de negócios, as empresas industriais são responsáveis pela maior parte das re- ceitas e dos lucros líquidos dos negócios de sociedades anônimas. É importante saber conhecer que existem muitas pequenas sociedades anônimas pri- vadas que se somam às grandes sociedades anônimas. Para muitas pequenas socieda- des anônimas, há um acesso limitado ao financiamento, assim como a exigência do aval do dono em um empréstimo modera a responsabilidade limitada. Os proprietários de uma sociedade anôni- ma são os seus acionistas, cuja proprieda- de é evidenciada ou por ações ordinárias ou ações preferenciais. Uma ação ordinária é a forma mais pura e básica de propriedade de uma sociedade anônima. Os acionistas esperam obter um rendimento ao receber dividendos – distribuição periódica de re- ceitas – ou através de ganhos de capital por aumentos no preço das ações. Os acionistas votam periodicamente para eleger os mem- bros do Conselho de Administração, assim como para alterar os estatutos societários da empresa. O Conselho de Administração possui a au- toridade final na condução dos negócios Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas12/201 da sociedade anônima e na concepção da política geral da empresa. Os conselheiros incluem pessoal-chave na sociedade anô- nima, assim como indivíduos de fora da em- presa que são tipicamente pessoas de su- cesso nos negócios. Algumas sociedades anônimas não pos- suem acionistas, mas sim “membros” que, muitas vezes, possuem direitos similares aos dos acionistas – eles têm o direito de votar e receber dividendos. O diretor ou diretor-presidente (Chief Exe- cutive Officer – CEO) é responsável pelo ge- renciamento do cotidiano das operações e por levar adiante as políticas estabelecidas pelo conselho. Do CEO é exigido que rela- te periodicamente suas atividades para o conselho de administração da empresa. É importante destacar a divisão entre os pro- prietários e os administradores em uma grande sociedade anônima. Pessoas que atuam em todas as áreas de responsabilidade dentro da empresa vão in- teragir com a área financeira. O tamanho e a importância da função da administração fi- nanceira dependem do tamanho da empre- sa. Em empresas pequenas, o funcionamen- to das finanças é geralmente cumprido pelo departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, o funcionamento das finanças evolui para um departamento em separado, conectado diretamente com o di- retor-presidente da companhia ou CEO, por intermédio do vice-presidente de finanças, comumente chamado de Chief Financial Of- ficer – CFO. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas13/201 O campo de finanças relaciona-se estrei- tamente com a economia. Administrado- res financeiros devem entender o quadro geral da economia e estar em alerta para as consequências da variação dos níveis de atividade econômica, assim como para mudanças na política econômica (GITMAN, 2001). Eles devem ser capazes de usar teo- rias econômicas como linhas mestras para uma gestão de negócios eficiente. O prin- cípio econômico mais eficiente utilizado no gerenciamento de finanças é a análise mar- ginal, na qual as decisões financeiras devem ser tomadas e as ações executadas somente quando os benefícios adicionais excederem os custos somados. Quase todas as deci- sões financeiras, em última análise, chegam a uma avaliação dos benefícios marginais e dos custos marginais. A principal função do contador é desenvol- ver e prover dados para mensurar a perfor- mance da empresa, avaliando sua posição financeira para o pagamento de impostos. Usando os princípios geralmente aceitos, o contador prepara demonstrações financei- ras que reconhecem a receita no momento em que os gastos são incorridos. Essa abor- dagem é referida como regime de compe- tência. O gerente financeiro, por outro lado, en- fatiza principalmente os fluxos de caixa, a entrada e a saída de dinheiro. Ele mantém a solvência da empresa através do planeja- mento dos fluxos de caixa necessários para satisfazer a suas obrigações e adquirir os ativos necessários para alcançar as metas da empresa. O gerente financeiro utiliza o Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas14/201 regime de caixa para reconhecer as receitas e gastos somente com relação aos fluxos de entrada e saída reais de caixa. Sem levar em consideração seu lucro ou perda, a empre- sa deve ter um fluxo de caixa suficiente para atender suas obrigações no momento de seu vencimento. Portanto, o gerente financeiro deve olhar além das demonstrações financeiras para refletir sobre os problemas atuais ou po- tenciais. É claro, os contadores estão bem conscientes da importância de fluxosde caixa, assim como os gestores financeiros usam e entendem demonstrações finan- ceiras baseadas no regime de competên- cia. Contudo, a maior ênfase de contadores é o regime de competência, assim como a maior ênfase de administradores financei- ros é o regime de caixa. A segunda maior diferença entre finanças e contabilidade diz respeito à tomada de de- cisões. Contadores dedicam maior parte de sua atenção à coleta e à apresentação de dados financeiros. Administradores finan- ceiros avaliam as demonstrações contábeis, desenvolvem dados adicionais e tomam Link As responsabilidades, competências e os riscos relacionados à administração financeira estão su- marizados no link indicado. WILKER, Bráulio. Ob- jetivos da administração financeira, 2013. Dis- ponível em: <http://www.administradores. com.br/artigos/economia-e-financas/obje- tivos-da-administracao-financeira/69169/>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas15/201 decisões baseadas na sua avaliação dos re- sultados e riscos associados. Contadores fornecem dados desenvolvidos de forma consciente sobre as operações passadas, presentes e futuras da empresa. Adminis- tradores financeiros usam esses dados na forma bruta, ou após certos ajustes e aná- lises, como um importante insumo para o processo de tomada de decisões. Evidente que isso não significa que contadores nun- ca tomam decisões, ou que administrado- res financeiros nunca colhem dados; mais precisamente, o enfoque principal da con- tabilidade e das finanças é diferente. As principais atividades do gerente finan- ceiro são: a) fazer análise e planejamento financei- ros; Link A administração financeira confunde-se com es- tratégia organizacional, sendo que a primeira é responsável por avaliar a rentabilidade de proje- tos de novos negócios e investimentos em ativos. Outros aspectos podem ser estudados no link sugerido. RAMOS, João F. A importância da ad- ministração financeira da empresa. Disponível em: <http://www.portaldeauditoria.com.br/ artigos/A-importância-da-administração-fi- nanceira.asp>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas16/201 b) tomar decisões de investimento; e c) tomar decisões de financiamento. Apesar de as decisões de financiamento e investimento serem analisadas no bal- anço, essas são tomadas com base nos seus efeitos no fluxo de caixa. Para saber mais Como o valor da ação representa o capital próprio, podemos afirmar que o objetivo da administração financeira é a gestão financeira para maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários existentes. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas17/201 Glossário Finanças: arte e a ciência de gerenciamento de fundos. Administração financeira: a parte das finanças que lida com a prestação de assessoria e pro- dutos financeiros. Gestor financeiro: gerencia ativamente as questões financeiras de qualquer tipo de negócio, seja ele público ou privado, grande ou pequeno, com ou sem fins lucrativos. Questão reflexão ? para 18/201 A responsabilidade pública da gestão financeira deve estar inse- rida no escopo do trabalho do administrador, pois suas ações po- dem afetar muito a sociedade na qual a empresa está inserida. Por exemplo, uma empresa pode estar proibida de produzir certos produtos em determinadas regiões porque o governo declara que causa poluição. No entanto, as organizações têm obrigações para com a comunidade e considerações sobre aspectos sociais, morais, ambientais e éticos que devem fazer parte do processo de tomada de decisões de investimentos e que não podem ser ignorados pelos gestores financeiros. Algumas políticas sociais, como, por exem- plo: maior segurança aos trabalhadores, contratação de minorias e outras, fazem parte do processo financeiro da decisão e evidente- mente que esses custos sociais devem ser condizentes com a situ- ação financeira de cada empresa. Questão reflexão ? para 19/201 A principal responsabilidade social de uma empresa é a manuten- ção das necessidades sociais ao perseguir a meta de maximizar sua riqueza. Quanto às ações das empresas de: vendas, compras, re- cebimentos, pagamentos, recolhimento de impostos etc., são in- terações realizadas no país de origem e com o exterior, por meio das importações e exportações. Todas essas ações são fiscalizadas por órgãos governamentais, sob vigência de normas legais e fis- cais, e também estão sujeitas a diversas variáveis, por exemplo: lei da oferta e da procura, custo de financiamento, alterações em leis regulatórias, alterações tributárias etc. Questão reflexão ? para 20/201 Esse conjunto de fatores caracteriza o ambiente econômico, que é fortemente influenciado pela estrutura de mercado e pelas políti- cas econômicas do governo. Diante do exposto e baseado no que foi apresentado nesse capítulo, reflita: Quais são as principais dife- renças entre contabilidade e finanças com relação à ênfase sobre fluxos de caixa e tomada de decisões? 21/201 Considerações Finais • Os proprietários de uma sociedade anônima são normalmente distintos dos gestores. • As ações dos gerentes financeiros devem ser tomadas para alcançar os obje- tivos dos proprietários da empresa. • Na maioria dos casos, se os gestores financeiros possuem sucesso nessa em- preitada, alcançarão também seus próprios objetivos financeiros e profissio- nais. • Administradores financeiros precisam saber quais são os objetivos dos pro- prietários da empresa. Unidade 1 • Princípios básicos da Administração Financeira e suas metas22/201 Referências ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati- va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. MEGLIORINI, Evandir; VALLIM, Marco Aurélio. Administração Financeira: uma abordagem bra- sileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 23/201 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Princípios Básicos da Adminis- tração Financeira e suas Metas. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ b5af834f0cfa19bab73c6a8a36e7bc19>. Aula 1 - Tema: Princípios Básicos da Adminis- tração Financeira e suas Metas. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/0471508a4d3b26dde22a1ac09a9dbdb7>. 24/201 1. Em muitas empresas, os proprietários também são os seus administrado- res, porém são papéis diferentes e, muitas vezes, com interesses conflitan- tes. O proprietário é o dono do negócio, investe o capital necessário, assu- me os prejuízos quando e se acontecerem ou ocorrerem e banca o risco do negócio até que se torne lucrativo. O administrador é quem administra o dia a dia do negócio, ou seja, supervisiona, orienta e dirige os funcionários da empresa, faz a gestão do negócio e toma as decisões necessárias. Com base no papel dos administradores e no papel dos proprietários, considere as sentenças a seguir: I. O proprietário é quem banca sozinho o risco dos investimentos. II. O administrador é quem toma as decisões operacionais do negócio. III. Administrador e proprietários decidem sempre com vistas ao mesmo objetivo. Questão 1 25/201 Questão 1 É correto APENAS o que se afirma em: a) II e III; b) II; c)I e III; d) I e II; e) III. 26/201 2. As funções do contador e do administrador financeiro têm característi- cas diferentes. Sendo assim, considere as sentenças a seguir: I. A função primordial do contador é coletar, registrar, preparar demonstrativos financeiros, ba- lanços e demonstrativo de resultados, preparar relatórios, desenvolver análises e preparar índi- ces financeiros, relatar dados que permitam mensurar o desempenho da empresa. II. As informações contábeis são fundamentais para que o administrador financeiro conheça os recursos disponíveis, saiba a capacidade de geração de fluxos de caixa, identifique a situação de liquidez, atividade, endividamento e lucratividade da empresa, para que possa desempenhar a contendo suas funções primordiais. III. A função primordial do administrador financeiro é tomar as decisões para manter a empresa solvente, planejar os fluxos de caixa e garantir que sejam honrados compromissos financeiros assumidos, adquirir os ativos necessários para atingir as metas, decidir como obter os fundos ne- cessários para financiar as atividades da empresa, enfim, focar sua atenção e seu trabalho para que a empresa seja bem-sucedida. Questão 2 27/201 Questão 2 É correto o que se afirma em: a) a) I e II, apenas; b) b) III, apenas; c) c) I e III, apenas; d) d) II e III, apenas; e) e) I, II e III. 28/201 3. Tendo em vista as diferenças entre o regime de caixa e o regime de competência, é correto afirmar que: a) em contabilidade, trabalhamos no regime de calendário gregoriano, em que o regime de caixa e competência são defasados em 30 dias. Em finanças, trabalhamos no regime de calendário grego-romano de caixa, o que significa que estamos preocupados com as efetivas datas dos contratos firmados. Em outras palavras, em finanças trabalhamos no regime de caixa; b) em contabilidade, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram fei- tas. Estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda serão (ou quando). Em outras pala- vras, em contabilidade trabalhamos no regime de caixa. Em finanças, estamos preocupados com a efetiva data de entrada e saída de dinheiro na empresa. Em outras palavras, em finan- ças trabalhamos no regime de competência; c) em contabilidade, estamos preocupados com a efetiva data de entrada e saída de dinhei- ro na empresa. Em outras palavras, em contabilidade trabalhamos no regime de caixa. Em finanças, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram feitas. Não estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda serão (ou quando). Em outras palavras, em finanças trabalhamos no regime de competência; Questão 3 29/201 Questão 3 d) em contabilidade, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas foram fei- tas. Não estamos preocupados se já foram pagas ou se ainda (ou quando). Em outras pala- vras, em contabilidade trabalhamos no regime de competência. Em finanças, estamos preo- cupados com a efetiva data de entrada e saída de dinheiro na empresa. Em outras palavras, em finanças trabalhamos no regime de caixa; e) em contabilidade, trabalhamos no regime de competência, o que significa que estamos pre- ocupados com as datas em que compras e vendas foram feitas e, obviamente, com as datas dos pagamentos. Em outras palavras, em contabilidade trabalhamos no regime de compe- tência. Em finanças, trabalhamos no regime de caixa, o que significa que estamos preocu- pados com as efetivas datas dos contratos firmados. Em outras palavras, em finanças traba- lhamos no regime de caixa. 30/201 4. Uma das primeiras decisões que os investidores devem tomar é quanto à forma de constituição da empresa que desejam montar. No Brasil, os princi- pais tipos de empresa quanto à sua constituição são, EXCETO: a) empresa familiar; b) sociedades anônimas; c) sociedades simples; d) sociedade limitada; e) empresário “individual”. Questão 4 31/201 5. São os objetivos tradicionais das empresas: a) maximizar a riqueza dos stakeholders e gerar lucro para os investidores; b) maximizar a riqueza e criar valor para a sociedade; c) maximizar a riqueza e criar valor para os investidores; d) gerar lucro para os investidores e criar novos produtos para os clientes; e) maximizar a riqueza e criar valor para os gestores. Questão 5 32/201 Gabarito 1. Resposta: D. A assertiva III está incorreta, pois o adminis- trador e os proprietários nem sempre deci- dem com vistas ao mesmo objetivo. 2. Resposta: E. As três assertivas estão corretas, conforme demonstrado ao longo do capítulo desta disciplina acerca das funções do contador e do administrador financeiro. 3. Resposta: D. Em contabilidade, estamos preocupados com as datas em que compras e vendas fo- ram feitas; não estamos preocupados se já foram pagas. Em outras palavras, em con- tabilidade trabalhamos no regime de com- petência. Em finanças, estamos preocupa- dos com a efetiva data de entrada e saída de dinheiro na empresa, ou seja, trabalhamos no regime de caixa. 4. Resposta: A. Conforme texto apresentado neste capí- tulo, apenas não foi mencionado o tipo de empresa que consta na alternativa A. 5. Resposta: C. São os objetivos tradicionais das empresas maximizar a riqueza e criar valor para os in- vestidores. 33/201 Unidade 2 Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras Objetivos O objetivo econômico e financeiro de uma empresa é a maximização de seu valor de mercado por meio de geração contínua no longo prazo, executando as atividades inerentes ao seu ob- jetivo social, pois, com o aumento do valor da empresa, o proprietário da empresa (acionista de uma sociedade anônima, cotista de uma sociedade por cotas ou o proprietário de uma empresa individual) aumenta sua própria riqueza. O objetivo social de uma empresa é a atividade principal que ela executa. Por exemplo, o ob- jetivo de uma montadora de automóveis é fabricar e vender automóveis; o de uma loja de ma- teriais de construção é comprar e vender materiais de construção; o de um hospital é prestar serviços relacionados à saúde. Assim, este capítulo proporcionará a você: 1. compreender o processo de planejamento financeiro, incluindo os planos de curto prazo; 2. entender o papel de cada plano estratégico e operacional; 3. avaliar a importância do uso das demonstrações financeiras projetadas, evitando dificul- dade financeira no negócio. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras34/201 Introdução Um aspecto que deve ser considerado, ini- cialmente, é um dos postulados da teoria contábil, segundo o qual “a entidade é um organismo vivo que irá viver (operar) por um longo período (indeterminado) até que surjam fortes evidências em contrário” (IU- DÍCIBUS; MARION, 2001, p. 46). É o princí- pio contábil de continuidade, que prescreve que uma empresa é criada com o propósi- to de existir eternamente, pois, com raras exceções, ninguém inicia um negócio para encerrar suas atividades logo em seguida. Existem no mundo, e também no Brasil, di- versas empresas centenárias. Segundo a pesquisa do SEBRAE-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Em- presas de São Paulo), “[...] as taxas de morta- lidade das MPEs (micro e pequenas empre- sas) permanecem altas, sendo que, aproxi- madamente, 30% das novas empresas pau- listas encerram suas atividades antes de completar um ano de atividade e quase 60% fecham em cinco anos”. A alta mortalidade poderia ser reduzida substancialmente se fossem eliminadas algumas deficiências de gestão empresarial, principalmente a falta de conhecimentos financeiros essenciais de seus gestores, tais como o planejamento fi- nanceiro e a margem de contribuição. Unidade 2 • Atividades Básicas da FunçãoFinanceira e as Áreas de Decisões Financeiras35/201 Uma empresa precisa ser lucrativa para po- der destinar parte do lucro para função so- cial, como o pagamento de tributos, treina- mento dos colaboradores, investimento em Link Um planejamento financeiro corresponde a uma estratégia para atingir a meta de uma empresa, seja para conquistar um aumento do ganho, corte nas despesas, eliminação de perdas, entre outros. Sobre esse assunto, consulte o link indicado. Ende- avor Brasil. Controlar seu fluxo de caixa, projetar cenários, desenvolver planos de ação: como um planejamento financeiro bem estruturado pode ajudar sua empresa a crescer, 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/planejamento- -financeiro/>. Acesso em: 5 abr. 2017. melhoria ambiental, entre outros. Existem empresas que divulgam o balanço social, o qual reflete a aplicação de recursos em as- suntos de natureza social, tais como educa- ção e melhoria de condições de vida de seus funcionários e da comunidade. Esses bene- fícios não poderiam ser dados se a empresa não fosse lucrativa. Para saber mais Nota-se que o planejamento financeiro, além de indicar caminhos que levam a alcançar os objeti- vos da empresa, tanto a curto como a longo prazo, cria mecanismos de controle que envolvem todas as suas atividades operacionais e não operacio- nais. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras36/201 Segundo Hoji (2004, p. 21), do ponto de vis- ta dos acionistas uma empresa pode ser vi- sualizada como um sistema que gera lucro e aumenta os recursos nela investidos. A em- Link Os principais aspectos (alocação e obtenção de recursos, investimento, financiamento, fluxo de caixa etc.) de um planejamento financeiro empre- sarial podem ser observados no artigo: THÉ, Hina- ra Araújo; MOREIRA, Héber Lavor. Planejamento Financeiro Empresarial. Disponível em: <http:// peritocontador.com.br/wp-content/uplo- ads/2015/04/Hinara-Araújo-Thé-Planeja- mento-Financeiro-Empresarial.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2017. presa, representada por seus administrado- res (diretores e gerentes) e empregados em geral, interage com os agentes econômicos do ambiente em que está inserida, gera os resultados econômicos e financeiros e re- munera os acionistas pelo investimento re- alizado. Podemos definir atividade como a execução de algum trabalho ou função específica, uma ocupação, uma profissão, um tipo de serviço, de comércio, ou de indústria. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras37/201 Sob o aspecto financeiro, as atividades nor- malmente executadas em uma empresa podem ser agrupadas segundo o aspecto gerencial e ser classificadas em: a) operações; b) investimentos; e c) financiamentos. As atividades de operações são decorrentes do objetivo social da empresa, ou seja, da finalidade para a qual ela foi criada e exis- te. Por exemplo, a atividade operacional de uma empresa comercial poderia ser a venda de automóveis e tratores, venda de mate- riais esportivos, venda de produtos farma- cêuticos, supermercado, restaurante, entre outras. A atividade operacional de uma in- dústria poderia ser a fabricação e venda de Link Recomenda-se a leitura da dissertação para a apreciação e constatação do planejamento fi- nanceiro no desempenho organizacional de mé- dias empresas familiares do setor de alimentos. TELÓ, Admir Roque. Desempenho organiza- cional: planejamento financeiro em empresas familiares. 2000. 101 f. Dissertação (Mestra- do em Administração). Curso de Administra- ção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. Disponível em: <https:// repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/hand- le/123456789/79339/177397.pdf?sequen- ce=1&isAllowed=y>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras38/201 móveis, construção civil, fabricação e ven- da de aparelhos eletrônicos, entre outras. A atividade operacional no ramo de serviços poderia ser a de banco, conserto de tape- tes, consultoria, transportadora etc. Pode- -se perceber que as atividades operacionais têm muito a ver com o objetivo social, pois derivam dele. Basicamente, as atividades operacionais re- lacionam-se com a compra e venda de mer- cadorias, compra de matérias-primas e sua transformação, venda de produtos, pres- tação de serviços, armazenagem e distri- buição. As atividades de suporte, tais como as de compra, controle de estoque, admi- nistração geral, marketing, contabilidade, finanças e jurídico, são consideradas tam- bém dentro da atividade operacional. As atividades operacionais de uma única em- presa podem englobar fabricação, comércio e prestação de serviços. As atividades de investimento são execu- tadas para dar suporte às atividades ope- racionais. Possuem caráter permanente e de longo prazo. Por exemplo: os gastos com aquisição de máquinas para produção de bens, prédios para funcionamento da loja, veículos para distribuição de mercadorias, entre outros. Sem esses investimentos, as atividades de operação poderiam não se realizar adequadamente. Em empresas não financeiras, os investimentos de natureza financeira, tais como aplicações em CDB (Certificado de Depósito Bancário), em LTN (Letras do Tesouro Nacional), em debêntu- res, em fundos de investimentos, entre ou- Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras39/201 tros, são mais bem classificados em ativida- des financeiras, de forma dedutiva. As atividades de financiamento são exe- cutadas para suprir a empresa de recursos consumidos nas atividades operacionais e de investimento. Uma parte dos recursos pode ser paga com o caixa gerado pelas operações (caixa é diferente de lucro, como será visto a seguir). 1. Funções do gestor financeiro As atividades de operações existem em fun- ção do negócio da empresa e sua condução é de responsabilidade do “dono do negócio”, que pode estar representado por seu dire- tor-presidente, pelo conselho de adminis- tração, pelos diretores, ou pelo próprio dono de uma empresa individual (HOJI, 2012). O gestor financeiro (ou administrador finan- ceiro) possui papel fundamental em uma organização, seja ela empresa ou família, pois é a pessoa que planeja e controla os recursos financeiros e orienta quanto à me- lhor forma de condução das atividades ope- racionais de curto e longo prazos, com base em conhecimentos técnicos e visão global do negócio. Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem ser conduzidas para a geração do lucro. As funções típicas do gestor financeiro de uma empresa são: a) Análise, planejamento e controle fi- nanceiro. b) Tomada de decisões de investimentos. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras40/201 c) Tomada de decisões de financiamen- to. As funções de análise, planejamento e con- trole financeiro consistem em coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa (operação, investimento e finan- ciamento), bem como participar ativamen- te das decisões estratégicas, planejando as atividades da empresa no longo prazo, mensurando os riscos em relação ao re- torno esperado. Essa função não significa simplesmente efetuar o registro de receitas e gastos e informar os valores; por meio da análise das causas da variação do valor efe- tivo (ou realizado) em relação ao planeja- do, a empresa faz ajustes no plano original, a fim de eliminar as causas indesejáveis do desperdício e minimizar gastos. As decisões de investimento são tomadas para a destinação dos recursos financeiros para aplicaçãoem ativos circulantes e em ativos realizáveis a longo prazo e perma- nentes, mensurando a relação risco-retor- no dos capitais alocados. As decisões de financiamento são toma- das para captação de recursos financeiros para o financiamento dos ativos circulantes e realizáveis a longo prazo e permanentes, considerando a combinação adequada dos financiamentos a curto e a longo prazo e o custo de capital. Uma vice-presidência ou diretoria financei- ra é composta por dois grupos distintos de especialistas ou de conhecimentos, porém intimamente vinculados. O responsável por um dos grupos recebe o título de tesourei- Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras41/201 ro (ou gerente financeiro) e responsável por outro grupo, a denominação de controller (ou contador). Basicamente, o tesoureiro é responsável pelo planejamento, controle e movimen- tação de recursos financeiros e o controller é responsável pelo planejamento, contro- le e análise das operações e investimentos. Em empresas de porte pequeno ou médio, a área de finanças está, geralmente, sob a responsabilidade de um gerente financeiro ou controller financeiro (HOJI, 2012, p. 18). Enquanto o balanço patrimonial retrata a situação estática do patrimônio de um de- terminado momento, a demonstração de resultado apresenta a dinâmica das ativida- des empresariais executadas dentro de um determinado período. A demonstração de Para saber mais A gestão financeira, para ser eficaz, precisa estar sustentada e orientada por um planejamento de suas disponibilidades. Para isso, o gestor precisa de instrumentos confiáveis que o auxiliem a oti- mizar os rendimentos dos excessos de caixa ou a estimar as necessidades futuras de financiamen- tos, para que possa tomar decisões certas e opor- tunas. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras42/201 fluxo de caixa complementa o balanço pa- trimonial e a demonstração de resultado. A demonstração de resultado é uma das principais peças contábeis, que demonstra, ao seu final, quanto a empresa gerou de lu- cro ou prejuízo no período. A diferença entre as receitas e as despesas resulta em lucro líquido (ou prejuízo líquido, se a soma das despesas for maior do que a soma das receitas). O balanço patrimonial demonstra a situa- ção estática dos bens, direitos e obrigações em um determinado momento. A soma do ativo é sempre igual à soma do passivo e pa- trimônio líquido (PL), pois o “balanço” entre os dois lados é de equilíbrio. Outro conceito importante em gestão finan- ceira é o conceito de caixa operacional, que é o resultado de caixa gerado pela operação (negócio). A geração de caixa operacional é fundamental para o sucesso do negócio, pois, se a operação não gera caixa, isso in- dica que a empresa está se deteriorando fi- nanceiramente, isto é, perdendo o capital investido. Diz-se que a operação está con- sumindo caixa. Nesse caso, é recomendável avaliar a possibilidade de encerrar as ativi- dades ou reduzir o tamanho do negócio. Em ambiente empresarial, o caixa pode ser gerado por meio de: a) operação; b) empréstimo e financiamento; c) integralização de capital social. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras43/201 O caixa gerado por meio de operação é o mais importante, pois o recurso gerado per- tence definitivamente à empresa e não há a necessidade de devolvê-lo. É um recurso que permanece no caixa da empresa. O caixa gerado por meio de empréstimo ou financiamento não pertence à empresa to- madora de recursos, pois é necessário de- volvê-lo no mesmo valor, acrescido de juro. O caixa gerado por meio de integralização de capital social não precisa ser devolvido ao acionista, mas esse recurso deve ser re- munerado por meio de valorização da ação e/ou pagamento de dividendo. Para saber mais A sobrevivência e o crescimento da empresa são consequências de um planejamento que envolve volume de vendas com margens de lucros, que remunerem, de forma satisfatória, o capital in- vestido e um plano de recebimentos e pagamen- tos intercalados com boa margem de segurança do primeiro para o segundo, garantindo, assim, a viabilidade e a permanência da empresa no mercado. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras44/201 Glossário Objetivo social: é a atividade principal que a empresa executa. Gasto: dispêndio de recurso para investimento, custo e despesa. Investimento: é um gasto feito para gerar receita durante vários anos. Questão reflexão ? para 45/201 O planejamento e o controle orçamentário, quando re- alizados juntamente com o controle financeiro, possibi- litam mudanças táticas rápidas para tratar de eventos estranhos ao processo administrativo, os quais colocam em risco o alcance das metas estabelecidas. Nesse sen- tido, quais são as maiores exigências em torno de quali- ficação para um cargo na área financeira de uma grande empresa? 46/201 Considerações Finais • Empresas de negócios operam em um ambiente complexo, onde ins- tituições financeiras e mercados afetam as oportunidades de investi- mento, assim como o custo e a disponibilidade de financiamento. • O setor contábil vai prover as demonstrações financeiras necessárias para a análise e o planejamento financeiro, assim como para a toma- da de decisões de investimento e financiamento. • O analista financeiro é o responsável pelo preparo dos planos finan- ceiros e orçamentários. Outras obrigações incluem a previsão finan- ceira, a análise financeira de desempenho e o trabalho em conjunto com a contabilidade. • O controller é um funcionário responsável pelas atividades de conta- bilidade da empresa, tais como a contabilidade da sociedade anôni- ma, o gerenciamento de impostos, assim como a contabilidade finan- ceira e de custos. Unidade 2 • Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras47/201 Referências ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati- va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Dicionário de Termos de Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2001. SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 48/201 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ db180f1b7413fddedb0e75de32ca29cd>. Aula 2 - Tema: Atividades Básicas da Função Financeira e as Áreas de Decisões Financeiras. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d5b48b5582701fea12b87e5b745a267c>. 49/201 1. As principais atividades e responsabilidades do gestor ou executivo finan- ceiro são relacionadas com decisões de investimento (DI) e decisões de fi- nanciamento (DF) no dia a dia. Com base nessas informações, considere as sentenças a seguir: I. As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem decisões de onde investir, aquisi- ção de máquinas e equipamentos, compra de matéria-prima, contratação de pessoas e treina- mentos. II. As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem gastos. III. As decisões de financiamento (DF) são decisões relacionadas com obter e captar os recursos para financiar osinvestimentos. É correto o que se afirma em: a) I, II e III; b) I, apenas; c) I e III, apenas; Questão 1 50/201 Questão 1 d) II e III, apenas; e) I e II, apenas. 51/201 2. Sob o aspecto financeiro, as atividades normalmente executadas em uma empresa podem ser agrupadas segundo o aspecto gerencial e ser classifica- das em: Questão 2 a) operações; investimentos e financiamentos; b) operações; investimentos e sistêmicas; c) livres; dependentes e excludentes; d) financiamentos; sistêmicas e livres; e) independentes; estruturadas e sociais. 52/201 3. Analise as alternativas a seguir e assinale a INCORRETA: Questão 3 a) Escolher um determinado tipo de máquina é uma típica decisão de investimento. Decidir se vamos pagar à vista com recursos próprios ou com empréstimos do banco A ou com emprés- timos do banco B é uma típica decisão de financiamento. b) A decisão de investimentos (DI) refere-se ao uso do capital próprio e decisão de financia- mentos refere-se ao uso do capital de terceiros. c) As principais atividades e responsabilidades do gestor ou executivo financeiro são relacio- nadas com decisões de investimento (DI) e decisões de financiamento (DF) no dia a dia. d) As decisões de financiamento (DF) são decisões relacionadas com obter e captar os recursos para financiar os investimentos. e) As decisões de investimento (DI) são decisões que envolvem decisões de onde investir, aqui- sição de máquinas e equipamentos, compra de matéria-prima, contratação de pessoas e treinamentos. 53/201 4. No contexto contábil financeiro, é INCORRETO afirmar que: Questão 4 a) a partir do faturamento bruto, o DRE – Demonstrativo de Resultados do Exercício – subtrai os custos variáveis e os custos fixos relativos a essas vendas e obtém o LAJIR. A sigla LAJIR significa Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda. Com base no LAJIR, subtraímos os juros, impostos, depreciações, caso existam, e os reinvestimentos, até finalmente chegar ao resul- tado das operações do período. Ou seja, o DRE mostra quanto a empresa ganhou em deter- minado período com suas operações; b) o balanço mostra uma “fotografia” da empresa em uma determinada data no tempo. O ba- lanço mostra como estão os ativos da empresa nesta data, ou seja, o caixa da empresa, o es- toque de matérias-primas, o estoque de produtos acabados, as contas a receber nessa data, o maquinário, o equipamento existente; c) o balanço mostra como estão os passivos da empresa em uma determinada data no tempo. O balanço mostra os montantes de contas a pagar, as dívidas de curto e de longo prazo, as provisões para devedores duvidosos, o patrimônio dos acionistas, os lucros retidos; 54/201 Questão 4 d) o DRE mostra a situação de liquidez e solvência da empresa. O demonstrativo de resultados, como o nome diz, apresenta, mostra, demonstra os resultados da empresa ao longo do tem- po e, dessa forma, se as contas da empresa estão sendo pagas; e) o DRE mostra como foram as vendas e os resultados da empresa ao longo de um determina- do período de tempo. O demonstrativo de resultados, como o nome diz, apresenta, mostra e demonstra os resultados da empresa ao longo do tempo. O demonstrativo de resultados começa pelas vendas e mostra, a partir daí, o faturamento bruto da empresa. O faturamento bruto é quantidade de produtos vendidos multiplicado em relação ao pelo preço de venda de cada produto. 55/201 5. Analise as alternativas abaixo e assinale a INCORRETA no que se refere à ética empresarial: Questão 5 a) Refere-se a prevenir e evitar atividades criminosas dentro das empresas. b) Refere-se aos padrões de conduta ou julgamento moral aplicáveis a quem se dedica às ati- vidades empresariais e comerciais. c) Para grandes empresas, é fator importante para a sua sobrevivência e crescimento. d) Para pequenas empresas, é fator importante para a sua sobrevivência e crescimento. e) Pode ser vista como o comportamento da empresa, nas suas operações e ações quando age de acordo com os princípios morais e as regras aceitas pela coletividade. 56/201 Gabarito 1. Resposta: A. As três assertivas referem-se corretamente às atividades e responsabilidades do gestor ou executivo financeiro em termos de deci- sões de investimento e de financiamento. 2. Resposta: A. As atividades normalmente executadas em uma empresa podem ser agrupadas segun- do o aspecto gerencial e ser classificadas em: a) operações; b) investimentos; e c) fi- nanciamentos. 3. Resposta: B. A decisão de investimentos (DI) refere-se ao uso do capital próprio e decisão de financia- mentos refere-se ao uso do capital de ter- ceiros está incorreta. 4. Resposta: D. O DRE não mostra a situação de liquidez e solvência da empresa. O demonstrativo de resultados, como o nome diz, apresenta, mostra, demonstra os resultados da empre- sa ao longo do tempo e, dessa forma, se as contas da empresa estão sendo pagas. 5. Resposta: A. Conceito equivocado: refere-se a prevenir e evitar atividades criminosas dentro das em- presas. 57/201 Unidade 3 Análise do capital de giro Objetivos Uma consideração importante para todas as empresas é a capacidade de financiar operações recorrentes – a transição do caixa para estoques, para duplicatas a receber e a volta ao caixa. Existem várias estratégias para gerenciar o financiamento desse ciclo, dependendo da pro- porção utilizada pela empresa, de recursos de curto e longo prazo, para o financiamento de suas necessidades de fundos. Dessa forma, cabe ao gestor financeiro avaliar termos de crédi- to para fornecedores e escolher entre aceitar ou recusar descontos financeiros oferecidos em razão de um pagamento antecipado. Portanto, temos como objetivo para este capítulo: 1. analisar a gestão do recebimento e pagamento, do caixa de um negócio; 2. entender a importância de uma administração sadia de caixa, como capital de giro em um negócio; 3. aplicar os modelos da administração sadia de caixa em um negócio. Unidade 3 • Análise do capital de giro58/201 Introdução O balanço patrimonial de uma empresa provê informações a respeito da estrutura dos investimentos da empresa de um lado e a estrutura de suas fontes de financiamen- to do outro. As estruturas escolhidas devem levar de forma consistente à maximização da riqueza dos proprietários da empresa. Componentes importantes da estrutura da empresa incluem o nível de investimento em ativos circulantes e a extensão de finan- ciamento de passivos circulantes. O geren- ciamento financeiro a curto prazo – a gerên- cia de ativos e passivos circulantes – é uma das atividades mais importantes e que mais consome tempo dos gestores financeiros. A meta do gerenciamento a curto prazo é administrar cada um dos ativos circulantes da empresa (caixa, títulos negociáveis, du- plicatas a receber e estoque) e passivos cir- culantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar) para conseguir um equi- líbrio entre retorno e risco, o que contribui positivamente para o valor da empresa. Para saber mais A maior parte do tempo do gerente financeiro é dedicada à administração do capital de giro e muitas das primeiras incumbências dos estudan- tes de fi nanças no emprego envolvem o capital de giro. Por esses motivos, a política e administração do capital de giro consti tuem um tópico impor- tante de estudos. Neste capítulo, daremos uma visão geral da política de capital de giro, admi- nistração de caixa e orçamento de caixa. Unidade 3 • Análise do capital de giro59/201 Ativos circulantes, comumente chamados de capital de giro ou capital circulante, re- presentam a porção de investimento que circula de uma forma para outra na condu- ção normal dos negócios. Essa ideia abran- ge a transição recorrentedo caixa para es- toques, para duplicatas a receber e de volta ao caixa, que forma o ciclo operacional da empresa. Como substitutos do caixa, títulos mobiliários são considerados parte do capi- tal de giro. Passivos circulantes representam o finan- ciamento a curto prazo da empresa, pois eles incluem todas as dívidas da empresa que vencem (devem ser pagas) em um ano ou menos. Essas dívidas normalmente in- cluem montantes que são devidos a forne- cedores (duplicatas a pagar), bancos (títulos Link A página do SEBRAE apresenta um artigo que explica o uso do capital giro. SEBRAE. O que é e como funciona o capital de giro? Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/sites/Portal- Sebrae/artigos/o-que-e-e-como-funciona- -o-capital-de-giro,a4c8e8da69133410Vg- nVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 3 • Análise do capital de giro60/201 a pagar), assim como a folha de pagamento dos funcionários e governos (contas a pa- gar), entre outros. Segundo Gitman (2001), o capital de giro líquido é comumente definido como a di- ferença entre os ativos e os passivos circu- lantes da empresa. Quando os ativos circu- lantes excedem os passivos circulantes, a empresa tem um capital de giro líquido po- sitivo. Nesse caso mais comum, o capital de giro líquido é definido de forma alternativa como a porção dos ativos circulantes da em- presa financiada com fundos a longo prazo (a soma do exigível a longo prazo com o pa- trimônio líquido dos acionistas). Tendo em vista que passivos circulantes representam as fontes da empresa a curto prazo, o mon- tante por meio do qual os ativos circulan- tes excedem os passivos circulantes devem ser financiados com fundos a longo prazo. Quando os ativos circulantes são menores do que os passivos circulantes, a empre- sa tem um capital de giro líquido negativo. Nesse caso menos comum, o capital de giro líquido é a porção dos ativos permanentes da empresa financiados com passivos cir- culantes. Essa conclusão segue a equação do saldo: ativos são iguais a passivos mais o patrimônio líquido. Link Para compreender melhor como estimar o capital de giro, confira o site indicado. Endeavor Brasil. Capital de Giro: saiba como calcular e controlar. Disponível em: <https://endeavor.org.br/capi- tal-de-giro/>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 3 • Análise do capital de giro61/201 A conversão dos ativos circulantes de esto- ques para duplicatas a receber e então para o caixa provê o caixa usado para pagar os passivos circulantes. As saídas de caixa em passivos circulantes são relativamente pre- visíveis. Quando se contrai uma obrigação, a empresa geralmente sabe quando o paga- mento correspondente terá de ser realiza- do. O que é difícil de prever são as entradas de caixa – a conversão de ativos circulantes para formas com maior liquidez. Quanto mais previsíveis forem as entradas de caixa, menos capital de giro líquido uma empresa necessita. Tendo em vista que a maioria das empresas não possui a capacidade de igualar entradas e saídas de caixa com exatidão, ativos cir- culantes devem exceder as saídas para pas- sivos circulantes. Em geral, quanto maior a margem pela qual os ativos circulantes de uma empresa cobrem os passivos circulan- tes, mais capaz ela será de pagar suas con- tas quando elas vencerem. Unidade 3 • Análise do capital de giro62/201 Para saber mais Geralmente, as organizações, de forma geral, bus- cam manter um equilíbrio específico entre ativos e passivos circulantes e entre vendas e cada ca- tegoria de ativos circulantes em suas operações. Enquanto esse equilíbrio for mantido, os passivos circulantes podem ser pagos em tempo, os for- necedores con tinuam a embarcar os produtos e a restabelecer os estoques, que serão suficientes para atender à demanda de vendas. No entanto, se a situação financeira fica fora de equilí brio, os problemas surgem e se multiplicam, e a empresa pode entrar rapidamente em uma situação decli- nante que pode levar a concordata e, em seguida, até a falência. 1. A opção entre lucratividade e risco Existe um tradeoff entre a lucratividade da empresa e seu risco. A lucratividade, nes- se contexto, é a relação entre as receitas e custos gerados ao se utilizar os ativos da empresa – tanto circulantes quanto per- manentes – em atividades produtivas. Os lucros de uma empresa podem ser aumen- tados por meio de (1) aumento das receitas ou (2) diminuição dos custos. Risco, nesse contexto de gerenciamento de financiamento a curto prazo, é a probabili- dade de a empresa não ser capaz de pagar suas contas quando elas vencerem. Uma empresa que não consegue pagar suas con- tas quando elas vencem pode se tornar tec- Unidade 3 • Análise do capital de giro63/201 nicamente insolvente. É geralmente presu- mido que, quanto maior for o capital de giro líquido da empresa, menor o seu risco. Em outras palavras, quanto maior o capital de giro líquido, mais liquidez possui a empresa e, portanto, menor o risco de se tornar tec- nicamente insolvente. Usando essas definições de lucratividade e risco, podemos demonstrar o tradeoff exis- tente entre elas, ao se considerar separada- mente as mudanças nos ativos e passivos circulantes. Os efeitos de se mudar o nível dos ativos cir- culantes de uma empresa no seu tradeoff lu- cratividade-risco podem ser demonstrados ao se usar o quociente de ativos circulantes com relação ao total de ativos. Essa taxa in- dica a percentagem do total de ativos que é circulante. Quando a taxa aumenta (isto é, quando os ativos circulantes aumentam), a lucratividade diminui. Isso se dá devido o fato de que os ativos circulantes são menos lucrativos do que os ativos permanentes. Ativos permanentes são mais lucrativos, pois adicionam mais valor ao produto do que fazem os ativos circulantes. Sem ativos permanentes, a empresa não po- deria produzir o produto (GITMAN, 2001). O efeito de risco, no entanto, diminui à medida que a taxa de ativos circulantes em relação ao total de passivos aumenta. O aumento em ativos circulantes aumenta o capital de giro líquido, reduzindo o risco de uma insol- vência técnica. Os efeitos opostos no lucro e no risco resultam de uma diminuição na Unidade 3 • Análise do capital de giro64/201 taxa de ativos circulantes em relação ao to- tal de ativos. Por outro lado, os efeitos da mudança no nível dos passivos circulantes da empresa no tradeoff lucratividade-risco podem ser demonstrados ao se utilizar a taxa de pas- sivos circulantes em relação ao total de ati- vos. Essa taxa indica a percentagem do total de ativos que foram financiados com passi- vos circulantes. Quando a taxa aumenta, a lucratividade aumenta, devido Ok! ao fato de que a empresa usa mais financiamento mais barato através de passivos circulantes e menos do financiamento a longo prazo. Passivos circulantes são menos caros, pois somente títulos a pagar, que representam em torno de 20% dos passivos circulantes de uma fábrica típica, têm um custo definido. Os outros passivos circulantes são basica- mente dívidas sobre as quais a empresa não paga juros. No entanto, quando a taxa au- menta, o risco da insolvência técnica tam- bém aumenta, pois o aumento em passivos circulantes, por sua vez, diminui o capital de giro líquido. Os efeitos opostos sobre o lucro e o risco resultam da diminuição da taxa de passivos circulantes em relação ao total de passivos. Uma das decisões mais importantes que devem ser tomadas com relação aos ativos e passivos circulantes é como os passivos circulantes serão utilizados para financiar ativos circulantes. O montante de passivos circulantes disponível é limitado: pelo mon- tante em unidades monetárias de compras no casode duplicatas a pagar, pelo mon- Unidade 3 • Análise do capital de giro65/201 tante de unidades monetárias em passivos de contas a pagar e pelo montante de finan- ciamentos periódicos considerados aceitá- veis pelos financiadores no caso das contas a pagar. Financiadores fazem empréstimos a curto prazo para permitir que a empresa financie aumentos periódicos nas duplica- tas a receber e no estoque. Há duas estratégias básicas para se deter- minar uma combinação aproximada de fi- nanciamentos a curto prazo (passivo cir- culante) e a longo prazo – as estratégias agressiva e conservadora. As necessidades de financiamento da em- presa podem ser separadas em uma ne- cessidade permanente e outra sazonal. A necessidade permanente, que consiste em ativos permanentes e a porção permanente dos ativos circulantes da empresa, perma- nece sem mudanças durante o ano. A ne- cessidade sazonal, que consiste na porção temporária dos ativos circulantes, varia du- rante o ano. Uma estratégia agressiva de financiamen- to é o processo por meio do qual a empresa financia suas necessidades sazonais e, pos- sivelmente, uma parcela de suas necessida- des permanentes com fundos a curto pra- zo. O saldo é financiado com fundos a longo prazo. A estratégia agressiva opera com um capital de giro líquido mínimo, já que ape- nas a porção permanente dos ativos circu- lantes da empresa é financiada com fundos a longo prazo. De forma adicional ao risco de um capital de giro líquido baixo, a estratégia agressiva Unidade 3 • Análise do capital de giro66/201 de financiamento também força a empre- sa a se apoiar pesadamente em suas fon- tes de fundos, a curto prazo para atender às oscilações sazonais. Esse risco, associado à estratégia agressiva, resulta do fato de a empresa ter apenas um montante limitado de capacidade de financiamentos a curto prazo. Se ela se apoia demais nessa capaci- dade, necessidades inesperadas podem ser difíceis de serem satisfeitas. A estratégia de financiamento conservado- ra é utilizada para financiar todas as neces- sidades projetadas de fundos, com fundos a longo prazo, usando financiamento a curto prazo somente para emergências ou saída de fundos inesperadas. É difícil imaginar como essa estratégia pode realmente ser implementada, pois o uso de ferramentas de financiamento a curto prazo, tais como duplicatas a pagar e contas a pagar, é virtu- almente inevitável. Diferentemente da estratégia agressiva, a estratégia conservadora requer que a em- presa pague juros sobre fundos que não são necessários. O custo mais baixo da estra- tégia agressiva, portanto, a torna mais lu- crativa do que a estratégia conservadora. No entanto, a estratégia agressiva envolve muito mais risco. Para a maioria das empre- sas, uma troca entre extremos representa- dos por essas duas estratégias deveria re- sultar em uma estratégia de financiamento aceitável. Unidade 3 • Análise do capital de giro67/201 Para saber mais Atualmente, sabe-se que o sucesso de uma empresa de pende basicamente de uma boa Administração financeira. Quando se fala em boa administração, deve-se levar em consideração não só as políticas de recursos humanos ou as estratégias de marketing, mas, principalmente, uma boa administração finan- ceira. Sendo assim, a administração financeira pode agrupar meios que permitam o exercício de proce- dimentos geren ciais com elevado grau de eficiência e eficácia. O processo de planejamento financeiro consiste numa das grandes fontes de contribuição para o sucesso organizacio nal, visto que, muitas vezes, o capital de giro, através da análise da liquidez, proporciona respostas para o administrador com relação a decisões fundamentais, por exemplo, o aproveitamento de oportunidades de investimento. Unidade 3 • Análise do capital de giro68/201 Glossário Capital de giro: ativos circulantes, que representam a porção de investimento que circula de uma forma para outra, na condução normal dos negócios. Ciclo operacional: a transição recorrente do capital de giro de uma empresa do caixa para es- toques, para duplicatas a receber e de volta ao caixa. Capital de giro líquido: a diferença entre os ativos e os passivos circulantes da empresa, ou, de forma alternativa, a porção de ativos circulantes financiada com fundos a longo prazo; pode ser positiva ou negativa. Questão reflexão ? para 69/201 Quando a organização não consegue manter um nível satisfatório de caixa para honrar seus compromissos por causa do desequilíbrio de capital de giro, provavel- mente ela poderá ser forçada a sair do mercado, prin- cipalmente se perder os créditos junto a fornecedores e bancos. Por que o gerenciamento financeiro a curto prazo é uma das atividades mais importantes do gestor financeiro? 70/201 Considerações Finais • A lucratividade representa a relação entre as receitas e os custos gerados ao se utilizar os ativos da empresa – circulantes permanentes – no processo produtivo. • Entende-se por risco a probabilidade de a empresa não ser capaz de pagar suas contas no vencimento. • Uma empresa que não é capaz de pagar suas contas no vencimento é deno- minada tecnicamente insolvente. • Uma consideração importante para todas as empresas é a capacidade de financiar operações recorrentes – a transição do caixa para estoques, para duplicatas a receber e a volta ao caixa. Unidade 3 • Análise do capital de giro71/201 Referências ALMEIDA, Jarbas Thaunahy Santos de. Matemática financeira. Rio de Janeiro: LTC, 2016. GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira – essencial. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. HOJI, Masakazu. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporati- va e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SANVINCENTE, Antonio Zoratto. Administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 72/201 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Análise do Capital de Giro. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f9c4fed0dfe4a18e7bffa0a4e9ec86ad>. Aula 3 - Tema: Análise do Capital de Giro. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ d8cd9bb65f2dd0b630a8605749cfa30c>. 73/201 1. Analise as duas afirmações a seguir a respeito do capital de giro: Uma empresa no curso de suas operações normais concede prazos para seus clientes pagarem; por outro lado, as despesas da empresa continuam a ter data certa para pagamento... ....COMO CONSEQUÊNCIA ... Isso gera uma pressão de demanda de caixa na empresa que deve fazer uma série de pagamen- tos, contudo sem ter entrada efetiva de caixa, pois concedeu prazos para os clientes pagarem. A esse respeito, conclui-se que: a) as duas afirmações são falsas; b) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira; c) as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira; d) a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira; e) a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. Questão 1 74/201 2. Assinale a alternativa que apresenta o que é risco em finanças. a) Medida das queixas dos clientes e dos consumidores, dos processos abertos na justiça con- tra a empresa e dos processos que afetam o código de defesa do consumidor. b) Medida da probabilidade de um resultado ser lucrativo. c) Probabilidade de um investimento proporcionar um prejuízo. d) Probabilidade de um investimento dar problemas de qualquer natureza no futuro. e) Medida da probabilidade de um resultado ser diferente do esperado. Questão 2 75/201 3. A empresa Neves da Rosa & Cia Ltda. analisa a possibilidade de flexibilizar seuspadrões de crédito, visto que o mercado está atuando dessa forma e eles percebem que estão perdendo vendas por não conceder maiores prazos de pagamento a seus clientes. Dentre os fatores que podem afetar essa decisão, assinale a alternativa correta: a) A empresa deve fazer uma análise a partir dos custos adicionais que terá com a flexibiliza- ção, pois o aumento nas vendas gerará caixa positivo para a empresa, portanto, não precisa ser considerado na análise. b) A empresa deve flexibilizar seus padrões de crédito para se manter no mercado, visto que os concorrentes estão concedendo prazos mais elásticos e os consumidores preferem pagar no longo prazo. c) A empresa deve analisar se o resultado da flexibilização gerará um resultado financeiro po- sitivo (contribuição adicional aos lucros), mediante projeção do aumento nas vendas, dedu- zindo os custos adicionais projetados com antecipação de recebíveis e prováveis perdas com devedores duvidosos. Se positivo, vale a pena flexibilizar. Questão 3 76/201 Questão 3 d) A empresa deve fazer uma análise a partir do aumento no faturamento bruto, deduzindo daí os custos adicionais com emissão de boletos de cobrança e devedores incapazes. e) A empresa deve analisar a taxa de juros cobrada pelos bancos para antecipação dos recebí- veis. Se for taxa de juros simples, vale a pena a flexibilização; se for taxa de juros composta, não vale a pena a flexibilização. 77/201 4. A medida que determina a capacidade de uma empresa saldar suas obri- gações de curto prazo, conforme o vencimento de suas obrigações, deno- mina-se: a) Medida de Pontualidade. b) Medida de Liquidez. c) Medida de Endividamento. d) Medida de Atividade. e) Medida de Lucratividade. Questão 4 78/201 5. Quando elaboramos ou estudamos um balanço patrimonial, uma infor- mação muito importante é o ativo circulante. Devem constar no ativo circu- lante: a) Máquinas da empresa. b) Estoques. c) Equipamentos. d) Instalações. e) Imóveis. Questão 5 79/201 Gabarito 1. Resposta: B. A segunda asserção justifica o conceito de capital de giro. 2. Resposta: E. O risco é medido pela possibilidade de errar em na tomada de decisões em finanças. 3. Resposta: C. A empresa deve analisar se o resultado da flexibilização gerará um resultado financei- ro positivo (contribuição adicional aos lu- cros), mediante projeção do aumento nas vendas, deduzindo os custos adicionais pro- jetados com a antecipação de recebíveis e prováveis perdas com devedores duvidosos. Se positivo, vale a pena flexibilizar. 4. Resposta: B. Atende o conceito de liquidez. 5. Resposta: B. Estoque é um ativo circulante. 80/201 Unidade 4 O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação Objetivos Os gestores financeiros usam técnicas de valor do dinheiro no tempo para reconhecer, expli- citamente, suas oportunidades de obter resultados positivos, avaliando o valor de séries de fluxos de caixa esperados associados a alternativas de decisões. Alternativas podem ser ava- liadas através da capitalização para achar o valor futuro ou através de taxas de desconto para achar o valor presente. Devido ao fato de eles estarem no tempo zero para tomar decisões, administradores financeiros baseiam-se, principalmente, em técnicas de valor presente. As- sim, este capítulo tem como objetivo: 1. identificar as principais diferenças entre juros simples e compostos, definindo seus princi- pais componentes em uma operação financeira; 2. verificar o rendimento de aplicações financeiras e efetuar operações que envolvam aplica- ção de uma taxa de juros; 3. compreender o significado de Taxas de Juros em operações que envolvem diferentes tipos de prazos. Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação81/201 Introdução O regime de capitalização é o processo de formação dos juros. Capitalização, portan- to, nada mais é que a incorporação dos juros ao capital. Caso os juros incidam somente sobre o valor inicialmente aplicado ou to- mado emprestado, trata-se de juros simples ou convenção linear. Por outro lado, caso os juros incidam sobre o capital mais os juros acumulados anteriormente, trata-se de ju- ros compostos ou convenção exponencial. Nos juros simples, o crescimento é line- ar, comportando-se como uma progressão aritmética (PA). Já no regime de juros com- postos, o crescimento é exponencial, tal qual uma progressão geométrica (PG). Tecnicamente, o regime de juros compos- tos é superior ao de juros simples, principal- mente pela possibilidade de fracionamento dos prazos. No critério composto, a equiva- lência entre capitais pode ser apurada em qualquer data, retratando melhor a realida- de das operações se comparado ao regime linear. A rigor, o fenômeno da capitalização ape- nas ocorre no regime de juros compostos, em que os juros se transformam em capital e passam a render juros. Entretanto, é co- mum o emprego da expressão “capitaliza- ção simples” para se referir ao crescimen- to do dinheiro no regime de juros simples (PUCCINI, 2004, p. 24). Nas operações que envolvem os juros, há sempre dois “agentes”: o tomador de re- cursos (que paga os juros) e o emprestador de recursos (que recebe os juros). Ambos podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Vale Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação82/201 lembrar que o agente (pessoa física ou pes- soa jurídica) que em uma operação é toma- dor em outra operação pode ser empresta- dor. O emprestador do capital, ao calcular o va- lor dos juros do empréstimo, deve conside- rar vários fatores, dentre eles: • o risco do empréstimo, isto é, a pro- babilidade de receber ou não o capi- tal emprestado, também denominado risco de crédito ou risco de inadim- plência; • as despesas operacionais, contra- tuais e tributárias pertinentes ao em- préstimo; • a inflação prevista para o prazo do empréstimo; e • o spread, isto é, a margem de ganho do emprestador, considerando o cus- to de oportunidade do capital. Para saber mais O juro não é uma prática moderna, pois há indí- cios históricos de que nos tempos remotos, mais precisamente na era pré-urbana, quando a ativi- dade econômica era fundamentalmente agrícola, a cobrança de juros já existia. Tal cobrança pas- sou a existir devido à necessidade de se empres- tar algo. No sistema de juros simples (simple inter- est), o juro é constante e sempre calculado sobre o capital, ou seja, o valor inicial. Aqui, os juros não rendem juros. Unidade 4 • O valor do dinheiro no tempo: juros simples, juros compostos, juros nominais, juros reais e inflação83/201 Os juros simples são utilizados no mercado financeiro nas operações de curtíssimo pra- zo, em função da simplicidade de cálculo e também para reduzir ou aumentar ficticia- mente a verdadeira taxa de juros das opera- ções, o que facilita a tarefa de colocação dos produtos para investidores e/ou tomadores de recursos financeiros. Alguns exemplos de utilização: • hot money (empréstimo diário e reno- vável); • cheque especial; • desconto de títulos (nota promissó- rias e duplicatas) e • desconto antecipado de cheques. Em finanças, há duas formas de se conside- rar o tempo: • ano civil (365 ou 366 dias, se bissex- to) ou • ano comercial (360 dias). Quando se trata do ano civil (mês com 28 ou 29, 30 ou 31 dias), diz-se que os juros são exatos e, quando se trata do ano comercial (todos os meses com, exatamente, 30 dias), dizem-se ordinários. O primeiro é o utilizado pelas Instituições Financeiras e normalmente não é utilizado nos problemas de finanças, a não ser
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