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Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB EXAME FÍSICO VASCULAR - Resumo do Porto ARTÉRIAS 1. SINAIS E SINTOMAS ● Introdução ○ Principais: ■ dor ■ alterações de cor e temperatura da pele ■ alterações tróficas ■ edema ● Dor ○ Pode se apresentar como: formigamento, queimação, contrição, cãibras, sensação de peso, fadiga ○ A dor mais característica da enfermidade arterial isquêmica crônica é a claudicação intermitente - dor, aperto ou queimação após realização de exercício, que vai aumentando à medida que se continua o exercício e que diminui rapidamente após interrupção do mesmo. (Exercício → Dor → Repouso → Alívio da dor → Exercício → Dor…) ■ O que causa a dor isquêmica? R- Acúmulo de catabólitos ácidos ou por produtos de degradação dos tecidos, como a bradicina, que estimulam as terminações nervosas. ● Alterações da cor da pele ○ A cor da pele depende do fluxo sanguíneo, do grau de oxigenação da hemoglobina e da presença de melanina ○ Palidez: diminuição acentuada do fluxo sanguíneo no leito cutâneo ○ Cianose: fluxo do leito capilar se torna lento → consumo de quase todo o Oxigênio → aumento da hemoglobina reduzida ○ Eritrocianose (vermelho-arroxeada): geralmente nas extremidades dos membros com isquemia intensa. Aparece no estágio pré-gangrena. É consequência da formação de circulação colateral com dilatação de capilares arteriais e venosos (última tentativa para suprir as necessidades dos tecidos) ○ Rubor: ocorre principalmente nas doenças vasculares funcionais e se deve à vasodilatação arteriocapilar. ○ Livedo reticular: cianose em modo de rede, circundando áreas de palidez. ○ Fenômeno de Raynaud: aparecimento sequencial palidez-cianose-rubor (nem sempre ocorrem as três fases, pode ser 1-2 ou 2-3. ■ I fase - vasoespasmo com diminuição do fluxo arterial → palidez ■ II fase - desaparece o espasmo arterial e surge espasmo venoso → estase sanguínea → consumo de oxigênio → aumento de hemoglobina reduzida → cianose ■ III fase - desaparece o espasmo e ocorre vasodilatação → rubor ● Alterações da temperatura da pele ○ Depende, basicamente, do maior ou menor fluxo sanguíneo ○ Nas doenças arteriais obstrutivas, a redução do fluxo provoca diminuição da temperatura. ○ Obs: nas obstruções crônicas, por conta da formação de circulação colateral, há menor queda de temperatura da pele ● Alterações tróficas ○ Atrofia da pele, diminuição do tecido subcutâneo, queda de pelos, alterações ungueais, calosidades, lesões ulceradas, edema, sufusões hemorrágicas, bolhas, gangrena. ○ Obs: úlceras isquêmicas ■ podem ser grandes ou pequenas, dependendo do grau de comprometimento arterial ■ localiza-se preferencialmente nas bordas dos pés, nas polpas digitais, nas regiões periungueais, calcanhar e regiões maleolares. ■ podem aparecer espontaneamente ou após traumatismos, compressões… ■ são mais dolorosas no decúbito horizontal em comparação aos membros pendentes, pois no decúbito há a ausência da ação da gravidade sobre a circulação, o que a torna mais “parada” (causa mais dor por isso) ○ Obs: lesões bolhosas: aparecem nas oclusões arteriais agudas e traduzem grave comprometimento da pele. Parecem queimaduras e indicam grave isquemia, irreversível ○ Obs: gangrena: existem as úmidas e secas. ■ A úmida tem limites imprecisos, é dolorosa e é acompanhada por edema e sinais inflamatórios. Surge na diabetes, na tromboangilite obliterante, na trombose venosa profunda e em certas infecções graves. É acompanhada também por secreção serossanguinolenta ou purulenta de mau cheiro. ■ A seca é caracterizada pela desidratação dos tecidos comprometidos. Tem limites definidos. Durante a instalação apresenta dor, mas passa a ser indolor com a evolução do processo. Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB 2. EXAME FÍSICO (inspeção, palpação, ausculta, medida da pressão arterial nos quatro membros e algumas manobras especiais) ● Inspeção ○ É preciso que o paciente esteja em pé e sentado e que mude de posição de acordo com os testes e manobras. ○ A pele deve ser examinada em toda sua extensão: ■ palidez, cianose, eritrocianose, rubor, manchas ■ assimetria de membros e de grupos musculares ■ alterações ungueais ■ ulcerações ■ calosidades ■ gangrenas ■ micoses interdigitais ■ eventuais batimentos arteriais (que podem sugerir hipertensão arterial, arteriosclerose, aneurisma ou fístula arteriovenosa) ● Palpação ○ Avaliam-se: ■ temperatura da pele, comparando sempre ■ elasticidade da pele ■ umidade da pele ■ ocorrência de tumoração ■ infiltração do derma e tecido subcutâneo ■ manifestação de frêmito nos trajetos arteriais ou sobre tumoração ■ pulsatilidade das artérias e endurecimento de suas paredes ○ Temperatura ■ Ambiente deve ser ameno e estável (frio ou calor podem mascarar alterações) ■ É preferível usar o dorso das mãos ou dos dedos. ○ Elasticidade da pele ■ É feita pinçando-se uma dobra da pele com os dedos indicador e polegar ■ Avalia-se também a consistência e a mobilidade da pele (LE e esclerodermia → espessamento e endurecimento da pele) ○ Umidade da pele ■ É avaliado com o dorso das mãos ou polpas digitais (hiperidrose ocorre nas moléstias vasculares funcionais como na distrofia simpaticorreflexa; ausência de sudorese pode acontecer na hanseníase) ○ Frêmito ■ É a sensação tátil das vibrações produzidas pelo turbilhamento do sangue ao passar por uma estenose ou dilatação. Corresponde ao sopro. Pode ser sistólico ou contínuo ■ O sistólico ocorre nas estenoses e nos aneurismas ■ O contínuo ocorre nas fístulas arteriovenosas ■ A intensidade varia de acordo com o ● grau de estenose ou de dilatação ● velocidade do fluxo sanguíneo ■ Pode ser graduado de + a ++++ ● Palpação dos pulsos periféricos ○ É sistematizada e simétrica ○ Possibilita detectar diminuição ou ausência de pulso, viabilizando o diagnóstico de estenose ou oclusão ○ É importante determinar a amplitude comparativamente em pulsos homólogos ○ Artérias acessíveis: ■ carótida comum ■ temporal superficial ■ facial e nasal ■ subclávia ■ braquial ■ radial ■ ulnar (cubital) ■ aorta abdominal ■ ilíaca externa ■ femoral comum ■ poplítea ■ tibial anterior ■ dorsal do pé ■ tibial posterior ■ digitais das mãos e dos pés Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ○ Artérias que palpamos rotineiramente, por conta do tempo: ■ carótidas ■ radiais ■ ulnares ■ femorais ■ dorsais do pé ■ tibiais posteriores ○ Pulso radial - sabemos como faz ○ Pulso carotídeo - médico diante do paciente. ■ O pulso carotídeo direito é palpado com a polpa do polegar esquerdo, afastando a borda anterior do m. esternocleidomastóideo enquanto procura as pulsações. As polpas dos dedos médio e indicador fixam-se sobre as últimas vértebras cervicais. ■ O pulso carotídeo esquerdo faz vice-versa. ■ Pode ser feita também com o paciente em decúbito dorsal, com a cabeça levemente fletida, médico à direita do paciente. Usam-se as polpas dos dedos indicador, médio e anular. ■ Obs!!! Cuidado para não comprimir o seio carotídeo, para não causar bradicardia (risco de parada cardíaca). Não se devem palpar ambas as artérias ao mesmo tempo. ○ Pulso temporal superficial Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ■ Dedo indicador acima da articulação temporomandibular, logo adiante do trago. Paciente em pé, sentado ou decúbito dorsal. ○ Pulso subclávio ■ Paciente sentado, fazendo leve flexão da cabeçapara o lado a ser examinado. Médico à frente, ao lado ou atrás do paciente, usa os dedos indicador, médio e anular na fossa supraclavicular, profundamente e posteriormente à clavícula. ■ Difícil de encontrar. ○ Pulso axilar ■ Paciente sentado ou em decúbito dorsal. Médico ao lado do membro a ser examinado. ■ Enquanto a mão homolateral sustenta o braço em leve abdução, os dedos indicador, médio e anular da mão contralateral procuram, contra o colo do úmero, no oco axilar. ○ Pulso braquial ■ Paciente sentado ou em decúbito dorsal e o médico ao lado do membro a ser examinado. ■ Com a mão homolateral, segura o antebraço, fazendo leve flexão sobre o braço, enquanto os dedos indicador, médio e anular da outra mão sentem as pulsações no sulco bicipital. Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ○ Pulso ulnar ■ Paciente deitado ou sentado. Médico na frente ou ao lado. ■ Com a mão homolateral segura a mão do paciente, fazendo leve flexão e com os dedos IMA da mão contralateral procurar o pulso entre os mm flexor superficial dos dedos e o flexor ulnar do carpo. ○ Pulso aórtico abdominal ■ Paciente em DD, fazendo leve flexão das coxas sobre a bacia (relaxa musculatura abdominal) ■ Médico à direita do paciente. Com a mão direita procura a aorta no espaço entre o apêndice xifóide e a cicatriz umbilical. A mão esquerda deve ajudar na compressão. ○ Pulso ilíaco ■ Paciente em DD com as coxas levemente fletidas sobre a bacia. ■ Médico fica do lado a ser examinado. Com os dedos IAM da mão homolateral comprime a parede abdominal ao longo da linha que vai da cicatriz umbilical à parte média do ligamento inguinal. ○ Pulso femoral ■ É palpado na região inguinocrural, logo abaixo do ligamento inguinal, em sua porção média. ■ Médico do lado a ser examinado, com os dedos IAM, procura as pulsações no triângulo de Scarpa. Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ■ Como é uma artéria superficial, não se deve fazer muita compressão, pois pode estreitar a luz arterial com a formação de um falso frêmito. Frêmitos verdadeiros nessa região não precisam nem de compressão para serem sentidos. ○ Pulso poplíteo ■ Díficil. É preciso um bom treinamento para palpá-la. ■ Existem várias técnicas ● 1. Paciente em decúbito ventral, médico do lado a ser examinado, com a mão contralateral faz leve flexão da perna. Fixa os dedos IAM na face anterior do joelho e com o polegar procura, aprofundando-o no oco poplíteo. ● 2. Paciente em decúbito dorsal com a perna a ser examinada semifletida. O médico usa as duas mãos, fixando os polegares na patela e aprofunda os dedos IAMs no oco poplíteo. Enquanto os dedos de uma das mãos fazem a compressão, os outros procuram. ○ Pulso tibial anterior ■ Palpado no terço distal da perna, entre os mm. extensor do hálux e extensor longo dos dedos. ■ Paciente em decúbito dorsal com leve flexão do joelho. ■ Médico do lado do membro, firmando o pé em dorsiflexão com uma mão, e com a outra (dedos IAM) procura o pulso. ○ Pulso pedioso ■ Palpada entre o primeiro e segundo matatarsianos. ■ Paciente em decúbito dorsal com leve flexão do joelho. ■ Médico do lado do membro e palpa com os dedos IAM de uma mão, enquantro a outra faz dorsiflexão do pé. Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ○ Pulso tibial posterior ■ Palpado na região retromaleolar interna. ■ Paciente em decúbito dorsal, com leve flexão do joelho. ■ Médico do lado do membro, sustentando o calcanhar do paciente com a mão homóloga; com os dedos IAM da mão contralateral, procura o pulso. ○ Pulsos anômalos ● Ausculta ○ Objetivo: Detectar sopros. Deve ser feita no trajeto de todas as artérias troculares do corpo. ○ Intensidade: + a ++++ (mesmos critérios da ausculta do coração) ○ Os sopros menos intensos tornam-se mais nítidos depois de exercício. ○ Podem ser sistólicos ou contínuos (sistodiastólicos). ■ sistólicos ~ estenose ou dilatação da artéria ■ contínuos ~ fístulas arteriovenosas ● Manobras para avaliação do fluxo arterial nos membros inferiores ○ Manobra da marcha ■ Fazer o paciente andar cadenciadamente (em ritmo lento), medindo-se o tempo e a distância necessários para que ocorra dor nos membros inferiores e incapacidade funcional. ■ Indicação principal: claudicação intermitente ■ É útil para avaliação do tratamento. ■ Dois parâmetros devem ser analisados: tempo de claudicação e tempo de incapacidade funcional. ○ Manobra da isquemia provocada ■ 1º tempo: paciente em decúbito dorsal. ■ 2º tempo: paciente eleva os MMII até um ângulo de 90°; manter por 1 minuto, observe; o normal é não alterar a cor ou alterar muito discretamente; se houver isquemia, aparece palidez na região plantar. Nos casos de dúvida, peça ao paciente para fletir e estender os pés 30x/min por 3 minutos. ■ 3º tempo: os membros voltam à posição normal; observe o tempo necessário para o retorno da coloração normal. Em pessoas normais leva de 5 a 12 segundos. Se houver isquemia, esse tempo se prolonga, de acordo com o grau da isquemia. Aliás, quando há Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB isquemia, os pés nem voltam à coloração normal, mas sim passam a ter uma cor vermelho-arroxeada (hiperemia reativa). ■ Nos casos de isquemia muito acentuada, a hiperemia não é homogênea, fica mesclada com áreas de palidez, além disso pode aparecer dor na elevação dos membros. ■ Obs: Essa prova pode ser realizada nos MMSS. ○ Manobra da hiperemia reativa ■ 1º tempo: paciente em decúbito dorsal. Médico observa a coloração. ■ 2º tempo: MMII são elevados à 90°, manter por 3 minutos para que haja esvaziamento do leito venoso. → Colocar um manguito na raiz da coxa e insuflar até ultrapassar o valor da pressão sistólica do paciente. ■ 3º tempo: os membros voltam à posição horizontal. 3 minutos após, o manguito é desinsuflado rapidamente. Observar as alterações de coloração. ● Indivíduos normais: imediatamente após a desinsuflação, aparece uma cor avermelhada que progride de maneira uniforme até alcançar os dedos, no prazo 10 a 15 segundos, e permanece por 30 a 40 segundos. ● Isquemia: o tempo de surgimento da cor vermelha é mais longo e pode demorar 30 minutos para chegar nos dedos. Além disso, nem sempre é uniforme, podem ocorrer em placas, que podem ser cianóticas também. ■ Pode ser feita nos MMSS. ○ Manobra do enchimento venoso ■ 1º tempo: paciente sentado com as penas pendentes. Médico observa o estado de enchimento das veias do dorso do pé. ■ 2º tempo: pede para ele se deitar, elevando os MMII a 90°. Médico massageia as veias em direção às coxas, esvaziando-as. ■ 3º tempo: paciente volta à posição inicial, e o médico observa o tempo de enchimento das veias do dorso do pé: ● Normal: 10 segundos. ● Isquemia: demora de acordo com o grau da isquemia. ● Manobras para avaliação do fluxo arterial nos membros superiores ○ Manobra de Adson ■ Utilizada para o diagnóstico de compressão da artéria subclávia e do plexo braquial pelo m. escaleno anterior, costela cervical, processo transverso longo da 7ª vértebra cervical ou bridas fibróticas. ■ 1º tempo: paciente sentado com os MMSS apoiados sobre os joelhos → médico palpa o pulso radial e ausculta a região supraclavicular (do lado queestá sendo examinado) ■ 2º tempo: enquanto palpa o pulso radial, pede ao paciente que faça uma inspiração profunda e que “segure” → pede que faça uma extensão forçada da cabeça, que é girada para o lado examinado. Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB ■ Se houver compressão da artéria subclávia, o pulso radial diminui de intensidade ou desaparece e surge um sopro na região supraclavicular (desaparece se a manobra causar oclusão total da artéria!) ■ O paciente pode queixar de dor ou formigamento e é possível observar palidez na região palmar ○ Manobra costoclavicular/ Halsted ■ Detecta compressão da artéria subclávia no nível de sua passagem pelo espaço costoclavicular. ■ 1º tempo: paciente sentado com as mãos apoiadas sobre os joelhos → médico palpa o pulso radial e ausculta a região supra ou infraclavicular. ■ 2º tempo: pede ao paciente para inspirar profundamente ao mesmo tempo que joga os ombros para trás e para baixo (parece a posição de sentido do militar). ■ Resultado igual o anterior ○ Manobra costoclavicular passiva - ele nem citou na aula, não vou colocar esses. ○ Manobra de hiperabdução/ Wright ■ Detecta compressão da artéria subclávia pelo tendão do músculo pequeno peitoral. ■ 1º tempo: paciente sentado com os MMSS apoiados sobre oo joelhos. Médico palpa o pulso radial do lado examinado. ■ 2º tempo: pede ao paciente que faça hiperabdução do braço, colocando a mão acima da cabeça. Médico observa amplitude do pulso. ■ Se houver compressão, o pulso diminui ou desaparece. ○ Manobra de Allen ■ Detecta oclusão da artéria ulnar ou da artéria radial. ■ 1º tempo: paciente sentado, com membros estendidos à sua frente, com a palma voltada para cima. ■ 2º tempo: médico palpa a artéria radial com o polegar. ■ 3º tempo: enquanto comprime a a. radial, o médico solicita ao paciente fechar a mão com força (esvaziar). ■ 4º tempo: mantendo a artéria comprimida, pede ao paciente que abra a mão. ■ Normal: rápida volta da coloração normal. ■ Estenose/Oclusão de artéria ulnar: coloração demora de voltar. CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA ARTERIAL OBSTRUTIVA PERIFÉRICA: classificação de Fontaine (4 estágios) e a de Rutherford (7 estágios). CLASSIFICAÇÃO DE FONTAINE: Estágio 1: Assintomático; Estágio 2: Claudicação intermitente; Estágio 3: Dor isquêmica em repouso; Estágio 4: Lesões tróficas; CLASSIFICAÇÃO DE RUTHERFORD: Categoria 0: Assintomático; Categoria 1: Claudicação leve; Categoria 2: Claudicação moderada; Categoria 3: Claudicação severa; Categoria 4: Dor em repouso; Categoria 5: Lesão trófica pequena; Categoria 6: Lesão trófica grande (necrose extensa). Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB VEIAS 1. Sinais e sintomas ● Dor, alterações tróficas (edema, celulite, hiperpigmentação, eczema, prurido, úlceras e dermatofibrose), hemorragias e hiperidrose. ● Dor ○ Principal queixa. Pode aparecer com diversas qualidades. ○ Dor intensa + edema + cianose = suspeita de TVP. ○ Mecanismo da dor da estase venosa: dilatação das paredes das veias. ○ Dor da insuficiência venosa = mais intensa no período vespertino, ao final da jornada de trablho, após caminhadas… ○ Ao contrário da insuficiência arterial, a dor de Insuficiência Venosa melhora com a deambulação e melhora com a elevação dos membros (diferentemente da dor isquêmica). ● Alterações tróficas ○ Edema ■ O da insuficiência venosa crônica costuma surgir no período vespertino e desaparece com o repouso. É mais intenso em pessoas que ficam muito tempo sentadas ou com os pés pendentes. É mole e depressível, de preferência nas regiões perimaleolares. Quase sempre predomina de um lado. ○ Celulite ■ À medida que o edema se torna crônico, acumulam-se substâncias proteicas no interstício. → Desencadeiam reações inflamatórias na pele e subcutâneo → pele fica com coloração castanho-avermelhada com aumento da temperatura e dor. ○ Hiperpigmentação ○ Eczema ou dermatite de estase ○ Úlcera ○ Dermatofibrose ○ Hemorragias ○ Hiperidrose 2. EXAME FÍSICO ● Inspeção ○ Paciente em pé (médico à 2m). De frente, de perfil e de costas. ○ Depois, de perto. CLASSIFICAÇÃO CEAP = é usada no mundo inteiro e representa uma linguagem comum entre os médicos que tratam doença venosa. Ela funciona ajudando na pesquisa científica e na comunicação entre os médicos, que, como retorno para o paciente, melhora a qualidade do tratamento e os avanços tecnológicos. Em outras palavras esse sistema de classificação descreve o que o médico vê no exame físico, a causa do problema a localização na perna e o mecanismo responsável para a manifestação do problema. “C” significa clínica, ou seja, o que é visível das veias. “E” de etiologia, ou seja, se o problema é herdado ou não. “A” de anatomia, ou seja, quais veias estão envolvidas. “P” de fisiopatologia, em inglês, significa qual a direção o sangue está fluindo, se existe refluxo, ou se o fluxo está bloqueado. A parte mais usada da classificação de CEAP é o C, que tem sete categorias, de 0 a 6. Em geral, o termo doença venosa refere todo o espectro de C1 a C6. A insuficiência venosa é restrita a graus mais graves, como C3 a C6. CEAP0 é o paciente que tem a menor gravidade, ou seja, não tem nenhum sinal visível de doença ao examinar a perna, mas pode ter sintomas venosos. CEAP1 significa que a pessoa possui teleangiectasias e veias reticulares. CEAP2 indica que veias varicosas estão presentes. Chama-se varizes quando veias forem maiores que 3mm. CEAP3 indica a presença de edema, ou seja, inchaço na perna. CEAP4 quando, além do edema, inclui alteração cutânea de pigmentação, ou seja, a pele mais escura, o eczema, que seria a pele vermelha, coceira. CEAP5 é quando o paciente já teve úlcera e essa úlcera cicatrizou. CEAP6, que é a classe mais grave, significa que existe uma úlcera aberta e ativa na perna. ● Palpação ● Ausculta Pedro Victor Oliveira Rocha Nascimento, Medicina, UESB 3. Manobras especiais ● Brodie-Trendelenburg modificada ○ Permite diagnóstico de insuficiência da válvula ostial da safena interna e das válvulas de veias perfurantes. ○ 1º tempo: paciente em decúbito dorsal ○ 2º tempo: eleva-se o membro acometido à 90°, esvazia-se as varizes com massagens. A seguir, coloca-se um garrote na raiz da coxa (bloqueia a circulação venosa superficial) ○ 3º tempo: paciente fica de pé e observa-se o que ocorre: ■ a) paciente de pé com garrote e ocorre rápido enchimento das varizes, com fluxo sanguíneo no sentido caudocranial → perfurantes insuficientes. ■ b) retira o garrote, há rápido enchimento das varizes com fluxo sanguíneo craniocaudal → insuficiência da válvula ostial da safena interna ■ a.1) após a primeira alternativa, retira-se o garrote: ● se as varizes continuarem seu enchimento caudrocranial, é sinal que só há insuficiência de perfurantes. ● mas, se houver rápido enchimento das veias craniocaudal, é porque existe também insuficiência válvula ostial da safena. ● Manobra de Homans. Esta manobra consiste na dorsiflexão forçada do pé em paciente com suspeita de trombose venosa das veias profundas da perna. Se a dorsiflexão provocar dor intensa na panturrilha, a manobra é positiva, indicando a possibilidade de trombose venosa. ● Manobra de Olow. Consiste na compressão da musculatura da panturrilha contra o plano ósseo. Se a compressão provocar dor intensa, a manobra é positiva,levantando a suspeita de trombose venosa profunda das veias da perna. Uma variante desta manobra consiste na compressão da musculatura da panturrilha com a mão em garra. ● Manobra de Denecke-Payr. Esta manobra consiste na compressão com o polegar da planta do pé contra o plano ósseo. Se a compressão provocar dor intensa, ela é positiva e indica a possibilidade de trombose profunda das veias profundas do pé.
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