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Endometriose Prof.ª Enf.ª Bruna Torralvo Ribeiro Introdução A parede interna do útero é revestida por uma camada denominada ENDOMÉTRIO, que é sensível às alterações do ciclo menstrual. É no endométrio que ocorre a fixação do embrião e o seu desenvolvimento durante todo o período gestacional. Definição de Endometriose A endometriose é uma doença crônica, inflamatória, estrogênio-dependente que ocorre durante o período reprodutivo da vida da mulher, caracterizando-se pela presença de tecido endometrial, glândula e/ou estroma, fora da cavidade uterina. Classificação da endometriose A classificação mais utilizada atualmente é a da American Society of Reproductive Medicine. Essa classificação gradua a endometriose em mínima, leve, moderada ou grave pela extensão da doença no peritônio e ovários, bem como pela presença de aderências tubo-ovarianas e bloqueio do fundo de saco de Douglas . Entretanto, estudos recentes têm recomendado uma nova classificação com melhor associação entre clínica e estadiamento, além de maior relação com a fisiopatogenia. Essa nova classificação divide a endometriose em três tipos distintos: endometriose superficial, endometriose ovariana e endometriose profunda. Endometriose superficial A endometriose peritoneal, ou superficial, apresenta como característica focos de tecido endometriótico sobre o peritônio superficial, com menos de 5 mm de profundidade. Esses focos podem possuir diversas características dependendo do momento de evolução da doença. Inicialmente, apresentam-se como áreas avermelhadas ou vesículas. ENDOMETRIOSE SUPERFICIAL NA LAPAROSCOPIA: 1: lesão vermelha; 2 e 4: lesões negras; 3: lesão branca O quadro clínico é variável, e sua intensidade não tem relação com a extensão das lesões. Exames de imagem geralmente ajudam pouco. O diagnóstico geralmente só é feito com a laparoscopia. A cirurgia é útil no diagnóstico e no tratamento da doença, que consiste na remoção de todos os focos. Endometriose ovariana Endometriose ovariana é um tipo de endometriose que se apresenta como endometrioma, ou seja, cistos no ovário com líquido achocolatado que variam de tamanho, podendo atingir grandes volumes. Acometem 17% a 44% das pacientes com endometriose. Em cerca de 98,9% dos casos, apresentam outro foco de endometriose, estando normalmente associados a aderências ao peritônio posterior e a uma chance aumentada de endometriose no intestino. Podem ser bilaterais, mas ocorrem mais frequentemente no ovário esquerdo. Endometriose Profunda É caracterizada pelo comprometimento mais profundo dos tecidos (acima de 0,5 cm), podendo envolver intestino, bexiga, ureter e septo reto-vaginal. A endometriose infiltrativa é a que mais causa dor e interferência no funcionamento dos órgãos. Sua evolução pode ser até comparada com a de patologias malignas – com a diferença de não levar à morte. O diagnóstico definitivo será feito através da identificação de glândulas e/ou estroma endometriais em material obtido de biópsia durante a videolaparoscopia ou laparotomia. A cirurgia deve ter o compromisso manter a fertilidade da paciente e não comprometê-la ou agravá-la. TEORIAS Existem várias teorias sobre a origem da endometriose, que podem ser genericamente categorizadas entre as que propõem que os implantes se originam do endométrio tópico e as que propõem que os implantes surgem de outros tecidos que não o útero. TEORIAS Teoria dos restos embrionários O tecido endometrial ectópico surge a partir de células de origem mulleriana, devido a um estímulo ainda indeterminado capaz de diferenciar essas células; Teoria da disseminação linfática As células endometriais chegariam aos focos raros fora da cavidade peritoneal pelos vasos sanguíneos; Teoria da metaplasia celômica Transformação de mesotélio em tecido endometrial; Teoria da menstruação retrógrada ou da implantação O sangue proveniente da menstruação contendo fragmentos do endométrio sofreria de maneira retrógrada um refluxo voltando através das tubas uterinas atingindo a cavidade peritoneal, órgãos pélvicos e abdominais Sinais sintomas gerais Sintomas físicos: Dismenorreia; Dispareunia; Dor pélvica crônica (DPC); Disúria; Disquezia; Infertilidade. . Além dos sintomas físicos, dois estudos conduzidos no Brasil demonstraram o impacto psicológico da endometriose na vida das mulheres. Eles mostraram que a frequência de depressão variou de 86,5% a 92%4,5 e a ansiedade esteve presente em 87,5% das pacientes que foram avaliadas exames Diagnósticos Tratamento Clínico Medicamentoso: Danazol (Danocrine) – Androgênio sintético que suprime o crescimento endometrial, contraindicado na gravidez; Projestinas – Criam um ambiente hipoestrogênico; Injeções de um antagonista do hormônio liberador de gonotropina durante um período de meses; Contraceptivos hormonais – utilizam uma pequena quantidade de estrogênio, uma quantidade máxima de progestina e o efeito androgênico para reduzir o tamanho dos implantes; Inibidores de aromatase, como letrozol (femara) – inibem a ação da aromatase, que transformam o androgênio em estrogênio, reduzindo assim os níveis de estrogênio em todos os tecidos, incluindo a endometriose Tratamento Cirúrgico Cirurgia laparoscópica – procedimento preferido para remover os implantes e produzir a lise nas aderências; não sendo curativa, alta taxa de recidiva; Laparoscopia a laser de dióxido de carbono – para doença superficial; vaporiza o tecido; pode ser feita na mesma ocasião que é realizado o diagnóstico; Laparotomia - para endometriose profunda ou com sintomas persistentes; Neurectomia pré sacra - para reduzir a dor pélvica central e preservar a fertilidade; Histerectomia – se a fertilidade não estiver sendo desejada e os sintomas forem intensos; os ovários também são removidos Avaliação da Enfermagem Observar a história dos sintomas para determinar a disseminação e a gravidade da doença; Avaliar a dor – nível, localização e características; Realizar exame físico abdominal para avaliar as áreas de hipersensibilidade e presença de nódulos; Demais alterações sentidas/percebidas: náuseas, vômitos, refluxo alimentar, disfagia, anorexia, polifagia, pirose, flatulências, prurido, hematêmese, alterações de hábitos intestinais, diarreia, constipação, sangramentos nas evacuações, perda ou ganho de peso, alteração da circunferência abdominal; Para ajudar a fixar! Referências bibliográficas Cacciatori, F. A., Medeiros, J. P. F., Endometriose: uma revisão da literatura, Revista Iniciação Científica, Criciúma, v. 13, n. 1, 2015 Nácul, A. P., Spritzer, P. M., Aspectos atuais do diagnóstico e tratamento da endometriose, Rev Bras Ginecol Obstet. 2010; 32(6):298-307 Nettina, Sandra M., BRUNNER - PRÁTICA DE ENFERMAGEM, Rio de Janeiro, Guanabara, Koogan – 2014 Podgaec, Sérgio, Manual de endometriose / Sérgio Podgaec. -- São Paulo : Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014 OBRIGADA
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