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PLANO DE AULA 16 - DIREITO PENAL III 2020 docx

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SEMANA 16
Falsificação de documento público - art. 297, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, particularmente em relação à autenticidade de documento público. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: Há na expressão “documento”.
OBS: A doutrina classifica os documentos públicos em: a) documento formal e substancialmente público: o documento é formado, criado, emitido por funcionário público, no exercício de suas atribuições legais, além do que seu conteúdo é relativo a questões de natureza pública. Consideram-se como tais todos os documentos emanados de atos do Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como qualquer outro, expedido por funcionário público, desde que represente interesses do Estado; b) documento formalmente público, mas substancialmente privado: o documento é formado, criado, emitido por funcionário público, mas seu conteúdo é relativo a interesses particulares, por exemplo, uma escritura pública de transferência de propriedade imóvel. O interesse envolvido é particular, mas formalmente o documento é público, pois a escritura foi lavrada pelo oficial de Registro Público, que é um funcionário de fé público, a quem é delegado o exercício dessa atividade.
Exemplos de documentos públicos CPF/MF, CNH, Carteira de Trabalho, Certificado de Registro de Veículo – CRV, escritura pública, título de eleitor etc. 
Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de falsificar ou alterar documento público, com a consciência de que o faz ilicitamente). 
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado e secundariamente que for prejudicado.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a prática de qualquer das condutas descritas no tipo penal, independente do uso posterior ou qualquer outra consequência. 
	
	
Tentativa – é admissível.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para sua consumação, se houver dano representará somente o exaurimento do crime); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há forma culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Distinção entre falsidade material e ideológica
A falsidade material altera o aspecto formal do documento, construindo um novo ou alterando o verdadeiro; a falsidade ideológica altera o conteúdo do documento, total ou parcialmente, mantendo inalterado seu aspecto formal.
Com efeito, a falsidade de um documento pode apresentar-se sob duas formas: material ou ideológica. Na primeira, o vício incide sobre a parte exterior do documento, isto é, sobre seu aspecto físico, ainda que seu conteúdo seja verdadeiro. No falso material o sujeito modifica as características originais do objeto material por meio de rasuras, borrões, emendas, substituição de palavras ou letras, números etc. na falsidade ideológica, por sua vez, diz o professor Damásio que “o vício incide sobre as declarações que o objeto material deveria possuir, sobre o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omissões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material, é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também chamar-se de falso ideal.”
Documentos públicos por equiparação
De acordo com o § 2º, para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso (cheque, letra de câmbio, duplicatas, warrant etc.), as ações de sociedade comercial (sociedade anônima ou em comandita por ações), os livros mercantis (são aqueles destinados a registrar as atividades do empresário) e o testamento particular.
Concurso de crimes ou conflito aparente com o estelionato - Enunciado 17, da Súmula do STJ
Questão bastante discutida na doutrina e na jurisprudência é a relativa à prática do delito de estelionato mediante o uso de documento falso. O crime de falsidade documental tem por sujeito passivo o Estado, pois constitui crime contra a fé pública.o falso, portanto, atinge o interesse público, ao passo que o estelionato, interesse particular, pois se tutela o patrimônio do indivíduo. INDAGA-SE: se o sujeito falsificar um documento público ou particular e com tal expediente induzir alguém em erro para obter indevida vantagem patrimonial, por qual crime responde? HÁ 4 POSIÇÕES:
1ª) o estelionato absorve a falsidade, quando esta foi o meio fraudulento empregado para a prática do crime-fim que era o estelionato. Nesse sentido súmula 17 do STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.”. a súmula exige que o falso se exaura no estelionato, o que significa dizer que a fraude se esgote naquele crime.
2ª) para o STF há concurso formal de crimes. O crime de falso atinge a fé pública, ao passo que o estelionato atinge o patrimônio. Tais crimes, portanto, atingem bens jurídicos diversos. Há que se observar, ainda, que a falsidade de documento público é mais severamente apenado que o estelionato, argumentos que afastam a teoria da absorção de crimes.
3ª) há concurso material.
4ª) o crime de falso, quando a falsidade for de documento público, cuja pena é superior à do crime de estelionato, prevalece sobre este. 
Falsidade contra a Previdência Social como modalidade de falsidade ideológica inserida em crime de falsidade material
A Lei 9983/00 incluiu os § § 3º e 4º no art.297, criando novas figuras típica, especificando algumas falsidades documentais. No § 3º as infrações são comissivas e no § 4º são omissiva. Na primeira hipótese, as condutas tipificadas, divididas em 3 incisos, são inserir e fazer inserir dados que mencionam, incondizentes com a verdade.inserir tem sentido de introduzir ou colocar, ao passo que fazer inserir significa estimular, incentivar que outrem introduza ou coloque “na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social,pessoa que não possua qualidade de segurado obrigatório.”
INFORMATIVO 539, STJ, (5ª TURMA)
DIREITO PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO POR OMISSÃO DE ANOTAÇÃO NA CTPS.
A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP). Isso porque é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material, ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso e a efetiva possibilidade de vulneração da fé pública. Com efeito, o crime de falsificação de documento público trata-se de crime contra a fé pública, cujo tipo penal depende da verificação do dolo, consistente na vontade de falsificar ou alterar o documento público, sabendo o agente que o faz ilicitamente. Além disso, a omissão ou alteração deve ter concreta potencialidade lesiva, isto é, deve ser capaz de iludir a percepção daquele que se depare com o documento supostamente falsificado. Ademais, pelo princípio da intervenção mínima, o Direito Penal só deve ser invocado quando os demais ramos do Direito forem insuficientes para proteger os bens considerados importantes para a vida em sociedade. Como corolário, o princípio da fragmentariedade elucida que não são todos os bens que têm a proteção doDireito Penal, mas apenas alguns, que são os de maior importância para a vida em sociedade. Assim, uma vez verificado que a conduta do agente é suficientemente reprimida na esfera administrativa, de acordo com o art. 47 da CLT, a simples omissão de anotação não gera consequências que exijam repressão pelo Direito Penal. REsp 1.252.635-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/4/2014.
Conflito aparente entre falsificação e uso de documento falso
O art.304 do CP prevê o delito de uso de documento falso. Na hipótese em que o próprio falsário faz uso do documento falsificado, o uso constitui fato posterior nãopunível (uma das subespécies da chamada progressão criminosa). Ocorre este quando, após realizada a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico (no caso, a fé pública), visando apenas tirar proveito da prática anterior. O fato posterior é tomado como mero exaurimento. Afasta-se, portanto, a possibilidade de haver no caso concurso de crimes. 
Falsificação de documento particular - art. 298, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, particularmente em relação à autenticidade e confiabilidade dos documentos particulares. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: Há na expressão “documento”.
DOCUMENTO PARTICULAR segundo Bitencourt é aquele não compreendido pelo art. 297 e seu § 2º, ou seja, é aquele elaborado sem a intervenção de funcionário ou alguém que tenha fé pública. De acordo com Capez são exemplos de documentos particulares: instrumento ou documento particular registrado no Cartório de Registro de Títulos e Documentos e instrumento ou documento particular com firma reconhecida. 
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de falsificar ou alterar documento particular). 
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é qualquer pessoa, inclusive o funcionário público atuando como particular. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado, bem como eventual pessoa lesada com a falsificação ou alteração do documento verdadeiro.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a efetiva falsificação, desde que capaz de gerar consequências jurídicas, independentemente da efetiva produção de prejuízo.consuma-se,portanto, com a simples falsificação ou alteração do documento, sem levar em conta seu uso posterior.
	
	
Tentativa – é admissível.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (que não exige qualidade ou condição especial do sujeito) quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para sua consumação, se houver dano representará somente o exaurimento do crime); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
A Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012 e a equiparação do cartão de crédito ou débito a documento particular Art.298, parágrafo único, do Código Penal.
Falsificação de documento particular    (Redação dada pela Lei nº 12.737, de 2012)    
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Falsificação de cartão        (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     
Parágrafo único.  Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito.      (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)     
O Parágrafo Único do art. 298 do CP foi introduzido pela Lei 12.737/12, conhecida como Lei Carolina Dieckmann. Cuida-se de norma penal explicativa ou interpretativa, pois auxilia na compreensão do alcance e do conteúdo do art. 298, caput, do CP. Pouco importa se a instituição financeira responsável pela emissão do cartão constitui-se em pessoa jurídica de direito público ou de direito privado. Também é irrelevante a sua origem, nacional ou internacional.
A propósito, mesmo antes da Lei 12.737/12 o MP de São Paulo já havia editado a tese 351 com o seguinte enunciado: “O cartão de crédito enquadra-se no conceito de documento particular e a falsificação de sua tarja magnética viola o art. 298 do Código Penal.”. 
Falsidade ideológica - art. 299, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública referente à autenticidade e confiabilidade dos documentos públicos ou privados, indispensáveis nas relações interpessoais. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: Há na expressão “documento”.
Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de falsificar documento, público ou particular, no todo ou em parte). Há também elemento subjetivo específico, ou seja, a falsidade somente adquire importância penal se for realizada com o fim de prejudicar direito, criar obrigações ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
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Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é crime comum, qualquer pessoa pode praticar. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado, bem como a pessoa lesada que, eventualmente, seja lesada ou prejudicada direta ou indiretamente pela falsificação praticada pelo sujeito ativo.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a prática das condutas típicas contidas no dispositivo legal. Tem-se entendido que a simulação configura o crime de falsidade ideológica. No entanto, cumpre notar que a simulação fraudulenta (locupletação ilícita), em certos casos, deixa o quadro dos crimes de falsidade para figurar entre os crimes patrimoniais, como duplicata simulada (art. 172, CP) e fraude à execução (art. 179, CP), por exemplo.
	
	
Tentativa – é admissível nas modalidades inserir e fazer inserir.
	
	
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a sua consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação) e OMISSIVO (o verbo “omitir” indica abstenção); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Conflito aparente com a bigamia, o registro de nascimento inexistente e o parto suposto
Falsidade ideológica e bigamia – o agente, já casado, ao habilitar-se para o casamento, deverá apresentar a documentação constante do art. 1.525 do Código Civil ao oficial do registro civil. Nesse momento, como meio para lograr o certificado de habilitação, faz-se necessário declarar seu estado civil, a ausência de impedimento para a assunção do matrimônio. Questiona-se se, ao falsear a verdade, deverá ele também responder pelo crime de falsidade ideológica. É preciso distinguir duas situações: 1) a habilitação para o casamento constitui mero ato preparatório do crime de bigamia. Se a conduta do agente restringir-se apenas à prática de tais atos, deverá ele responder pelo crime de falsodocumental; 2) se, por outro lado, o delito de bigamia for tentado ou consumado, haverá concurso de crimes: falsidade ideológica e bigamia. 
Falsidade ideológica e registro de nascimento inexistente – embora a declaração de nascimento inexistente seja também ideologicamente falsa, existe previsão específica para esse comportamento, conforme se verifica da redação do art. 241 do CP.
Falsidade ideológica e parto alheio como próprio – da mesma forma, aquela que dá parto alheio como próprio, fazendo com que conste, erroneamente, a maternidade diversa da verdadeira no registro de nascimento, pratica também um falso ideal. No entanto, também entendeu por bem o legislador criar um tipo penal específico, conforme se verifica do art. 242 do CP. 
Conflito aparente entre falsificação e uso de documento falso
De acordo com o professor Rogério Greco se o agente, autor da falsificação, fizer uso do documento ideologicamente falsificado, não haverá concurso de crimes, respondendo somente pelo crime-fim (uso de documento falso), tipificado no art. 304 do CP.
Já Fernando Capez entende que se o próprio falsário faz uso do documento ideologicamente falso, o uso constitui fato posterior não punível (uma das subespécies da chamada progressão criminosa). Ocorre este quando, após realizada a conduta, o agente pratica novo ataque contra o mesmo bem jurídico (no caso, a fé pública), visando apenas tirar proveito da prática anterior. O fato posterior é tomado como mero exaurimento. Afasta-se, portanto, a possibilidade de haver no caso concurso de crimes.
Cezar Roberto Bitencourt entende também que se o falsificador usa o documento falsificado, responde apenas pelo crime do art. 299 do CP. 
Preenchimento abusivo de documento em branco assinado por outrem – tipificação como falsidade material ou ideológica.
 
A doutrina costuma distinguir duas situações: a) se a folha em branco assinada foi confiada ou entregue ao agente pelo signatário, seu preenchimento abusivo, isto é, em desacordo com as instruções deste último, caracteriza o crime de falsidade ideológica. É que, na hipótese, aquele que tinha atribuição para formar o documento nele inseriu conteúdo falso, daí caracteriza-se o falso ideológico; b) se a folha em branco assinada foi apossada pelo agente ou obtida por meio da prática de algum crime (furto, roubo, apropriação indébita, receptação etc.), seu preenchimento falso caracterizará o crime de falsidade material. Na hipótese, a formação material do documento é falsa, pois o agente não tinha autorização para fazê-lo; c) Heleno Fragoso lembra, ainda, que, na primeira hipótese, havendo a revogação do mandato ou extinção da obrigação ou faculdade de preencher o papel, o agente deverá também responder pelo delito de falsidade material.
OBS: O documento não necessita estar inteiramente em branco, isto é, somente com a assinatura, podendo ser objeto material do delito de falso o documento escrito que contenha algum espaço em branco, o qual possa ser preenchido com declarações falsas. 
Falso reconhecimento de firma ou letra - art. 300, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, relativamente à autenticação de firma ou letra. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de praticar a conduta incriminada, com conhecimento de que a firma ou letra não é verdadeira).
FIRMA é a assinatura por extenso ou abreviadamente; LETRA é o manuscrito integral de alguém que também subscreve o documento. O reconhecimento pode ser autêntico, semiautêntico, por semelhança ou indireto. A lei não os distingue para efeitos de tipificação do crime.
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – somente pode ser o funcionário público que possua fé pública para reconhecer a firma ou letra. Trata-se de crime próprio. 
SUJEITO PASSIVO – a pessoa lesada em decorrência da conduta ilícita é o sujeito passivo imediato; já o Estado é o sujeito passivo mediato.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com o reconhecimento feito pelo funcionário público, independentemente da utilização do documento ou da produção de eventual prejuízo.
	
	
Tentativa – é teoricamente admissível para Bitencourt; já Nucci entende inadmissível a tentativa.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME PRÓPRIO (exige qualidade ou condição especial do sujeito ativo, na hipótese que se trate de funcionário público que tenha fé pública para reconhecer firma ou letra, ou seja, o tabelião); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); de acordo com Nucci é CRIME DE FORMA VINCULADA (pode ser cometido somente pela forma escolhida pelo tipo penal), porém Bitencourt entende ser CRIME DE FORMA LIVRE; CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta). 
Certidão ou atestado ideologicamente falso - art. 301, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, especialmente em relação a certidões e atestados emitidos por funcionário público. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: Há na expressão “falsamente”.
Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de praticar qualquer das condutas descritas no dispositivo legal). Há elemento subjetivo do tipo em caso de lucro e além da pena privativa de liberdade há também multa.
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é o funcionário público no caput e qualquer pessoa no § 1º, ou seja, crime próprio e comum respectivamente. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado-Administração, além de eventual lesado ou prejudicado pela conduta, que pode ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a prática de qualquer das condutas tipificadas, independentemente de qualquer outro resultado ou consequência; consuma-se, enfim, no momento em que o agente conclui a certidão ou atestado. 
	
	
Tentativa – é admissível embora seja difícil sua configuração.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME PRÓPRIO na hipótese do caput (exige condição especial de funcionário público, no exercício da função) e CRIME COMUM na hipótese do § 1º (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para sua consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há modalidade de previsão culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Falsidade de atestado médico - art. 302, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, particularmente em relação ao atestado médico. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo dotipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ
Elemento subjetivo: há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de dar ou emitir atestado médico falso). Há elemento subjetivo do tipo em caso de lucro e além da pena privativa de liberdade há também multa.
 
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é somente o médico. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado-Administração.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a entrega do atestado falso ao interessado ou a outra pessoa, visto que a conduta tipificada é “dar” atestado falso, independente de qualquer outro resultado ou consequência. 
	
	
Tentativa – é admissível teoricamente para corente majoritária. Já Luiz Regis Prado entende inadmissível. 
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME PRÓPRIO (pois exige qualidade especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para sua consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Confecção do atestado falso sem posterior entrega ao interessado.
A doutrina pátria entende que o crime somente se consuma quando o médico entrega o atestado ao interessado ou a terceira pessoa, pois o tipo penal emprega a palavra DAR (Celso Delmanto). O professor Luiz Regis Prado discorda de tal entendimento dizendo que a expressão dar atestado equivale a atestar, isto é, a afirmar, conduta distinta e precedente à da entrega. Portanto, para Regis Prado o momento consumativo ocorre no momento em que o médico termina de atestar, antes mesmo da entrega do documento a outrem.
Assim, para a corrente majoritária quando há confecção do atestado falso sem posterior entrega há tentativa; já para Regis Prado como o momento consumativo é aquele em que o médico conclui o atestado falso, a tentativa é inadmissível, ou seja, enquanto não conclui o atestado, pode o médico retificá-lo, e não há falar, ainda, em tentativa. Se já ultimou o atestado falso, está consumada a infração, independentemente de qualquer outra consequência. 	
Uso de documento falso - art. 304, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, embora não mais pela falsidade propriamente dita, mas pelo uso de documento que se reveste da característica de falso. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de usar documento falso, consciente da falsidade).
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é crime comum, ou seja, qualquer pessoa pode praticar, excluído o autor da falsificação, que, se também for usuário, responderá por crime único. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado e, secundariamente, a pessoa prejudicada.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a utilização efetiva de documento falso. O uso de documento falso não se confunde com o crime de falsidade material. No uso de documento falso o criminoso utiliza documento já materialmente falsificado; na falsidade material falsifica o documento total ou parcialmente. No primeiro a consumação do crime ocorre com o simples uso, no segundo com a ação de falsificar. 
	
	
Tentativa – é admissível 
	
	
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (não exige resultado naturalística para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio, forma ou modo); CRIME INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES (consuma-se de pronto, mas seus efeitos perduram no tempo; CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Conflito aparente entre falsificação e uso de documento falso quando ambos os crimes têm o mesmo sujeito ativo
Quando se reunirem na mesma pessoa as figuras do usuário e do falsário haverá responsabilidade por crime único, ou seja, o de falsidade, que absorve o crime de uso. O uso, nesse caso, funciona como post factum impunível, aplicando-se o princípio da consunção na denominada progressão criminosa. Já Rogério Greco entende também que haverá crime único, porém aplica no presente caso o raciocínio do antefato impunível, isto é, deve o uso de documento falso (crime-fim) absorver o crime-meio (falsificação de documento).
JURISPRUDÊNCIA
AP 530 / MS - MATO GROSSO DO SUL 
AÇÃO PENAL
Relator(a):  Min. ROSA WEBER
Relator(a) p/ Acórdão:  Min. ROBERTO BARROSO
Julgamento:  09/09/2014           Órgão Julgador:  Primeira Turma
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4. De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, o crime de uso, quando cometido pelo próprio agente que falsificou o documento, configura "post factum" não punível, vale dizer, é mero exaurimento do crime de falso. Impossibilidade de condenação pelo crime previsto no art. 304 do Código Penal. 
Atipicidade do porte de documento público
Quando o documento falso é encontrado em poder do agente, sem que este, efetivamente, o tenha utilizado, o fato é atípico, haja vista não existir no tipo penal em questão o núcleo portar. Para a tipificação do art. 304 há necessidade que o agente, volitivamente, apresente o documento como se fosse verdadeiro.
É de se observar que quando se trata de Carteira Nacional de Habilitação o simples porte caracteriza o crime, pois o CTB exige que o motorista porte a CNH e a exiba quando solicitado, daí porque “portar”, no caso, tem significado de “fazer uso” .
Falsa identidade - arts. 307, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública no tocante à identidade pessoal. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de atribuir-se ou atribuir a outrem a falsa identidade). Há porém elemento subjetivo específico, consistente no especial fim de agir “para obter, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem”.
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é crime comum, pode ser praticado por qualquer pessoa. Na primeira figura trata-se de crime de mão própria (que são os crime que somente podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa). 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado, bem como a pessoa que, eventualmente for prejudicada.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a atribuição efetiva da falsa identidade, independentemente de atingir o especial fim de agir 
	
	
Tentativa – é admissível.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para a consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (pode ser praticado por qualquer meio ou forma pelo agente); CRIME UNISSUBJETIVO (podeser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta). 
O especial fim de agir no delito previsto no art. 307, do CP
Exige-se para o crime do art. 307 o elemento subjetivo do tipo, consistente no especial fim de obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou de causar dano a outrem. A vantagem a que se refere a lei pode ser de qualquer ordem: moral, patrimonial, política etc. cite-se como exemplo de vantagem moral a hipótese em que o irmão gêmeo de um detento gravemente enfermo se faz passar por este, ficando encarcerado em seu lugar, com o fim de libertá-lo.
A subsidiariedade expressa do crime de falsa identidade
A falsa identidade é crime expressamente subsidiário, pois o preceito secundário do art. 307 comina a pena de detenção de três meses a um ano “se o fato não constitui elemento de crime mais grave” 
Súmula 522, STJ
A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. Terceira Seção, aprovada em 25/3/2015, DJe 6/4/2015.
JURISPRUDÊNCIA
INFORMATIVO 533, STJ – CORTE ESPECIAL 3ª SEÇÃO
DIREITO PENAL. CRIME DE FALSA IDENTIDADE. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). 
É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no AREsp 185.094-DF, Quinta Turma, DJe 22/3/2013; e HC 196.305-MS, Sexta Turma, DJe 15/3/2013. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013.
Uso de documento de identidade alheia - arts. 308, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, em particular a identidade da pessoa. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: Há na expressão “documento”
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de usar como próprio documento alheio, ou de ceder a terceiro documento próprio ou de terceiro para que este o utiliza, com conhecimento de sua ilicitude).
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – qualquer pessoa pode praticar, é crime comum. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado e, eventualmente, qualquer pessoa que possa ser lesada ou prejudicada com o uso indevido de documento alheio.
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com o uso ou com a entrega do documento alheio para uso.
	
	
Tentativa – é admissível na modalidade ceder.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME FORMAL (que não exige resultado naturalístico para sua consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE FORMA LIVRE (que pode ser praticado por qualquer meio ou forma); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Adulteração de sinal identificador de veículo automotor - art. 311, do CP
Bem jurídico tutelado
Tutela a fé pública, especialmente a proteção da propriedade e da segurança no registro de automóveis. 
	
Elementos do tipo (subjetivo, descritivos e normativos)
Elemento objetivo: referem-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como por exemplo, o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo).
Elemento normativo: NÃO HÁ
Elemento subjetivo: somente há elemento subjetivo geral, ou seja, o DOLO (vontade livre e consciente de alterar ou remarcar o número ou sinal individualizador do veículo). Não é necessário que o sujeito saiba que o veículo é produto de crime.
Sujeitos do delito
SUJEITO ATIVO – é qualquer pessoa na hipótese do caput e o funcionário público nos § § 1º e 2º. 
SUJEITO PASSIVO – é o Estado e, secundariamente, o indivíduo lesado. 
Consumação e tentativa
Consumação – consuma-se o crime com a efetiva adulteração ou remarcação do número do chassi ou de qualquer outro sinal identificador do veículo automotor, de seu componente ou equipamento. Consuma-se o crime independentemente de eventuais resultados posteriores. 
	
	
Tentativa – é admissível.
CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA:
Trata-se de CRIME COMUM (aquele que não exige qualquer condição especial do sujeito ativo); quanto ao resultado é CRIME MATERIAL (que exige resultado naturalístico para sua consumação); CRIME COMISSIVO (o verbo nuclear implica a prática de uma ação); CRIME DOLOSO (não há previsão legal para a figura culposa); CRIME DE LIVRE (que pode ser praticado por qualquer meio ou forma); CRIME UNISSUBJETIVO (pode ser praticado, em regra, apenas por um agente); CRIME PLURISSUBSISTENTE (pode ser desdobrado em vários atos, que, no entanto, integram a mesma conduta).
Conceito de sinal identificador de veículo
É qualquer marca colocada no veículo para individualizá-lo, como a numeração corespondente àquela que consta no chassi estampada nos vidros do automóvel, podendo ser inclusive a placa do veículo. VER ARTS. 114/117 DA LEI 9503/97
Atipicidade penal da falsificação grosseira
Não serve para tipificar a infração penal, constituindo mera infração administrativa. 
INFORMATIVO 427, STJ – SEXTA TURMA
APN. MODIFICAÇÃO. PLACA. VEÍCULO.
Trata-se, na origem, de habeas corpus no qual se objetivava o trancamento de ação penal (APN) por falta de justa causa, em razão de que o paciente, ora recorrido, teria modificado letra da placa identificadora de veículo. O tribunal a quo concedeu a ordem sob o fundamento de que, na hipótese, trata-se de fato atípico caracterizado como mera infração administrativa; assim, inexistiria sustentação fático-jurídica para o prosseguimento da referida ação. Daí, o MP interpôs o REsp em que, além de divergência jurisprudencial, sustentou que a conduta é típica, pois o recorrido alterou a placa do veículo, ato que se insere no tipo penal descrito no art. 311, caput, do CP. Nesta instância especial, entendeu-se que, no caso, efetivamente, houve a colocação de fita adesiva ou isolante para alterar letra ou número da placa de identificação do veículo, o que é perceptível a olho nu. Em sendo assim, o meio empregado para a adulteração não se presta à ocultação de veículo, objeto de crime contra o patrimônio. Observou-se que qualquer cidadão, por mais incauto que seja, tem condições de identificar a falsidade, que, de tão grosseira, a ninguém pode iludir. Em suma, a fraude é risível, grotesca. Logo, a fé pública não é sequer atingida. Ressaltou-se que a punição de mera infração administrativa com a sanção criminal prevista no tipo descrito no art. 311 da lei subjetiva penal desafia a razoabilidade e proporcionalidade, porquanto a fé pública permaneceu incólume e, à mingua de lesão ao bem jurídico tutelado, a conduta praticada pelo recorrido é atípica. Não é possível dar a um ato que merece sanção administrativa o mesmo tratamento dispensado à criminalidade organizada. Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 503.960-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 16/3/2010.
PESQUISA PRONTA – STJ - Análise da tipicidade ou não da conduta de alterar placa de veículo automotor mediante a colocação de fita adesiva
HC 369501 / SC HABEAS CORPUS
Este Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimentono sentido de que é típica a conduta de alterar placa de veículo automotor, mediante a colocação de fita adesiva, conforme ocorreu na espécie dos autos. Isto porque a objetividade jurídica tutelada pelo art. 311 do CP é a fé pública ou, mais precisamente, a proteção da autenticidade dos sinais identificadores de automóveis.
INFORMATIVO 657, STJ – SEXTA TURMA
SEXTA TURMA
	PROCESSO
	RHC 98.058-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 24/09/2019, DJe 07/10/2019
	RAMO DO DIREITO
	DIREITO PENAL
	TEMA
	Crime de adulteração de sinal identificador de veículo automotor. Veículo semirreboque. Atipicidade formal.
	DESTAQUE
	A conduta de adulterar placa de veículo semirreboque é formalmente atípica.
	INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
	O art. 311, caput, do Código Penal prevê como crime apenas a adulteração de sinal identificador de veículo automotor. Por sua vez, a redação do art. 96, inciso I, do Código de Trânsito Brasileiro, expressamente, diferencia os veículos automotores dos veículos semirreboques. Desse modo, constata-se que a conduta de adulterar placa de semirreboque é formalmente atípica, pois não se amolda à previsão do art. 311, caput, do Código Penal.