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Drogas que atuam no Trato Gastrointestinal



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Drogas que atuam no Trato Gastrointestinal
Profa. Cíntia Carolina
Movimentação do alimento pelo trato alimentar;
Secreção de soluções digestivas e digestão dos alimentos;
Absorção de água, diversos eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão;
Circulação de sangue pelos órgãos gastrointestinais para transporte das substâncias absorvidas;
Controle de todas estas atividades pelo sistema nervoso e hormonal local.
ATIVIDADES DO SISTEMA DIGESTÓRIO
Boca;
Faringe; 
Esôfago;
Estômago;
Intestino delgado
Intestino grosso
Duodeno Jejuno 
Íleo 
Ceco 
Cólon ascendente Cólon transverso 
Cólon descendente Cólon sigmóide 
Reto 
Glândulas anexas – Fígado, Pâncreas, baço e vesícula biliar
ESTRUTURA GERAL
TIPOS DE EPITÉLIO DO TGI
PRINCIPAIS DROGAS QUE ATUAM NO TGI
FARMACOS UTILIZADOS EM DOENÇAS ÁCIDO - PÉPTICAS
As doenças ácido-pépticas incluem:
Úlcera péptica
DRGE
Gastrite
Etiologia – Lesões da mucosa TGI
Desequilíbrio entre os fatores que promovem a lesão mucosa e os fatores que protegem a mucosa.
Epitélio intacto,
Muco e bicarbonato
Ácido gástrico, pepsina, ácidos biliares e substâncias ingeridas
Etiologia
Infecções por Helicobacter pylori;
Uso crônico de AINEs
Fatores que favorecem
História familiar;
Tabagismo;
Consumo de álcool;
Estresse;
Má alimentação.
Tratamento dos distúrbios ácidos – pépticos:
Agentes que reduzem a acidez intra - gastrica;
Agentes que promovem a defesa da mucosa
Fisiologia da secreção do ácido gástrico
Mediadores:
Gastrina
Histamina (H2)
Acetilcolina ( M3)
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos
São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico gástrico, formando sal e água.
Principal mecanismo de ação - Redução da acidez gastrointestinal 
Promoção de mecanismo de defesa da mucosa – Estimulação da produção de prostaglandinas na mucosa.
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Bicarbonato de Sódio
Reage rapidamente com o HCL – Forma dióxido de carbono e NaCl.
Efeitos colaterais:
Distensão abdominal;
Eructações;
Alcalose metabólica ( Altas doses e/ou IR)
Exacerbar retenção hídrica ( ICC, HAS e IR)
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Carbonato de Cálcio 
Reage com o HCL para formar: dióxido de carbono e CaCl.
Efeitos colaterais:
Eructações;
Alcalose metabólica ( Altas doses e/ou IR)
Em associação com laticínios contendo cálcio pode levar a desenvolver hipercalcemia, IR e alcalose metabólica ( síndrome do leite-álcali)
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Bicarbonato de sódio
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Hidróxido de magnésio ou alumínio 
Reagem com o HCL ( forma lenta) - Cloreto de magnésio ou cloreto de alumínio + água. 
Efeitos colaterais:
Diarréia osmótica ( Magnésio)
Obstipação/ constipação ( Alumínio)
Tanto o magnésio quanto alumínio são excretados pelos rins, paciente renais não devem fazer uso por longo períodos.
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Hidróxido de magnésio ou alumínio 
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Antagonistas dos receptores H2 
São utilizados 4 antagonistas:
Cimetidina
Ranitidina
Famotidina
Nizatidina
Metabolismo de 1ª passagem 
Biodisponibilidade de 50%
Metabolismo de 1ª passagem 
Biodisponibilidade de 100%
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Antagonistas dos receptores H2 
Farmacodinâmica:
Inibição competitiva nos receptores H2 da histamina nas células parietais.
São altamente seletivos ( não agem nos receptores H1 ou H3).
Ocorre redução de volume da secreção gástrica e aumento da concentração da pepsina.
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Antagonistas dos receptores H2 
Efeitos colaterais:
Vertigem, 
Cefaléia, 
Diarréia, 
Náuseas e vômitos
Dor Muscular
Alucinações e Confusão Mental (pacientes idosos ou administração IV)
Ginecomastia e galactorréia e diminuição da contagem espermática (Cimetidina)
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Antagonistas dos receptores H2 
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Inibidores de bomba de prótons (IBP) 
São utilizados 5 inibibores para uso clínico:
Omeprazol
Lansoprazol
Rabeprazol
Pantoprazol
Esomeprazol
Alimentos 
Biodisponibilidade de 50%
Os IBP´s apresentam meia vida curta ( 1,5 hora) porém a duração da inibição da secreção ácida estende-se por até 24h – ligação irreversível com a bomba de prótons.
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Inibidores de bomba de prótons (IBP) 
Farmacodinâmica
Agentes que reduzem a acidez intra – gástrica
Antiácidos – Inibidores de bomba de prótons (IBP) 
Efeitos colaterais
A maioria dos efeitos indesejados do uso de IBP ocorrem com o seu uso crônico, por vários anos.
 
Reações agudas:
Diarreia, 
Cefaleia;
Náuseas;
Flatulência.
Resumo da farmacodinâmica dos Anti ácidos 
Agentes protetores de mucosa - Sucralfato
É um sal de sacarose complexado com hidróxido de alumino sulfatado.
Em água ou soluções ácidas forma uma pasta de consistência firme que se liga seletivamente a úlceras ou erosões por até 6 horas.
Agentes protetores de mucosa - Sucralfato
Farmacodinâmica – Pouco esclarecida.
Sucralfato
(carga negativa)
Proteínas das lesões
(carga positiva)
Barreira física 
Secreção de prostaglandinas 
Secreção de bicarbonato
Fator de crescimento epitelial
Fator de crescimento Fibroblastos
Agentes protetores de mucosa - Sucralfato
Efeitos colaterais
Como não é absorvido é praticamente desprovido de efeitos colaterais.
Constipação ( 2% dos pacientes – sal de alumínio);
Em virtude da absorção mínima de alumínio, não deve ser utilizado por longos períodos em pacientes renais.
Agentes protetores de mucosa - Sucralfato
Agentes protetores de mucosa – Análogos das prostaglandinas
A mucosa TGI produz diversas prostaglandinas – principais as PGE e as PGFs.
Misoprostol – Análogo da PGE
Farmacodinâmica:
Misoprostol 
Estimula a secreção de muco
Estimula a secreção de bicarbonato
↑ fluxo de sangue na mucosa
Inibição moderada da secreção ácida 
Inibição da cAMP
Agentes protetores de mucosa - Misoprostol
Efeitos colaterais
Diarreia
Dor abdominal em cólicas
Estimulação de contrações uterinas – Não deve ser utilizado em grávidas ou mulheres com potencial de engravidar
10 – 20% dos pacientes
Agentes protetores de mucosa - Misoprostol
Agentes protetores de mucosa – Bismuto Coloidal
São dois os disponíveis no mercado:
Subcitrato de bismuto
Dinitrato de bismuto
Possuem absorção mínima (< 1%) – 99% excretados nas fezes;
Armazenados em muitos tecidos e apresentam excreção renal lenta.
Agentes protetores de mucosa – Bismuto Coloidal
Farmacodinâmica
Recobre úlceras e erosões – camada protetora contra o HCL e pepsina.
Estimula a secreção de prostaglandinas, muco e bicarbonato
Efeitos secundários:
Reduz frequência de evacuações 
Reduz a liquidez das fezes em diarreias infecciosas;
Exerce efeitos antimicrobianos – Ligação a enterotoxinas.
Agentes protetores de mucosa – Bismuto Coloidal
Efeitos adversos
Todas as formulações de bismuto exibem um excelente perfil de segurança.
Escureciemento das fezes – diagnostico diferencial para HD;
Escurecimento da língua ( inócuo)
Uso prolongado:
Encefalopatia
Devem ser evitados em pacientes com IR
Agentes protetores de mucosa – Bismuto Coloidal
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Os agonistas colinomiméticos estimulam os receptores M3 ( muscarínicos) nas celulares musculares e nas sinapses do plexo mioenténtericos.
São utilizados em virtude dos múltiplos efeitos colinérgicos.
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Inibidores de acelticolisterase ( neostigmina)
Aumenta o tempo de esvaziamento gástrico, do intestino delgado e cólon.
Efeitos colaterais:
Salivação excessiva;
Náuseas e vômitos;
Diarreia;
Bradcardia.
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Metoclopramida
Cisaprida
Domperidona
Benzamidas
ButirofenonaEstimulação colinérgica
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Metoclopramida
Domperidona
Mecanismo de ação secundário
Cisaprida
Antagonismo nos receptores 5-HT3
Antagonismo nos receptores D2
Estes agentes aumentam a amplitude do peristaltimo e promovem o esvaziamento gástrico
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Efeitos adversos – Metoclopramida/ Domperidona
Inquietação,
Sonolência
Insônia
Agitação ( 10 – 20% pacientes, idosos)
Reações extrapiramidais, incluindo parkisonismo ( 25% dos pacientes)
Aumento de prolactina ( galactorreia, ginecomastia, impotência e distúrbios menstruais)
Pelos efeitos anti dopaminérgicos não se recomenda o uso prolongado.
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Efeitos adversos – Cisaprida
Cólicas abdominais,
Diarreia.
A cisaprida possui maior ação no cólon por isto efeitos colaterais mais limitados, também com pouca penetração através da barreira hematoencefálica, sendo poucas as manifestações neurológicas..
Agentes Procinético – Agentes colinominéticos
Agentes Laxantes
A grande maioria da população não necessita de laxantes, porém são medicamentos autoprescritos por uma grande parcela da população.
Para evitar a constipação intermitente:
Dieta rica em fibras,
Ingestão adequada de líquidos;
Atividade física regular;
Os laxantes podem ser classificados com base no seu principal mecanismo de ação, todavia muitos apresentam mais de um mecanismo.
Agentes Laxantes – Formadores de massa
Colóides hidrofílicos não digeríveis, que absorvem água, formando um gel emoliente e volumoso.
Promovem distensão do cólon e promovem peristaltismo.
As preparações mais comuns incluem produros naturais de plantas e fibras sintéticas.
A digestão das fibras vegetais no interior do cólon pode resultar em distensão e flatulência.
Agentes Laxantes – Formadores de massa
Agentes Laxantes – Surfactantes
Também chamados de amolecedores de bolo fecal;
Amolecem o bolo fecal permitindo a penetração de água e lipídios;
São utilizados:
Docusato ( oral e enema) – Costuma ser prescrito em pacientes hospitalizados – evita constipação e minimiza o esforço em defecar.
Supositórios de glicerina - Lubrifica o material fecal. Utilizado amplamente no hospital e ambulatório.
 Óleo mineral – Lubrifica o material fecal. Utilizado na prevenção e no tratamento da impactação fecal em crianças de pouca idade e adultos debilitados.
Uso a longo prazo pode comprometer a absoção de vitaminas lipossolúveis ( A,D, E e K)
Agentes Laxantes – Surfactantes
Agentes Laxantes – Osmóticos
São compostos solúveis, porém não absorvíveis que resultam em aumento da liquefação das fezes, em virtude do aumento obrigatório da água fecal.
Exemplos: Óxido de magnésio ( leite de magnésia), sorbitol e lactulose.
Não devem ser administrados por períodos prolongados em pacientes com renais. – Risco de hipermagnesemia.
Efeitos colaterais = intensa flatulência e cólicas abdominais.
Agentes Laxantes – Osmóticos
Agentes Laxantes – Estimulantes ( Catárticos)
Induzem a evacuação através de vários mecanismos pouco esclarecidos.
Mecanismos de ação:
Estimulação direta do SNE
Secreção de líquidos e eletrólitos do cólon.
O uso prolongado pode causar dependência e destruição de plexos mioentéricos.
Efeitos adversos:
Melanose do cólon.
Agentes Laxantes – Estimulantes ( Catárticos)
Agentes Antidiarreicos
Podem ser utilizados com segurança em pacientes com diarreia aguda leve a moderada.
Não devem ser administrados a pacientes com diarreia sanguinolenta, febre alta ou toxicidade sistêmica.
São utilizados para controlar diarreia crônica .
Agentes Antidiarreicos – Agonista opióides
Loperamida
 Agonista opióides muito utilizado como antidiarreicos pois não possui ação analgésica e sim obstipante.
Não atravessa a barreira hematoencefálica.
Mecanismo de ação:
Inibição dos nervos colinégicos (plexos submucosos e mioentéricos) –Aumento do tempo de peristaltimos colônico e absorção de água fecal.
Dimiuição dos movimentos de massa colônicos e o reflexo gastrocólico.
Efeitos colaterais:
Constipação/ obstipação.
Agentes Antidiarreicos – Agonista opióides
Loperamida
Agentes Antidiarreicos – Caulim e Pectina
 Caulim – Silicato de alumínio e magnésio hidratado.
Pectina – Carboidrato não digerível derivado da maçã.
Mecanismo de ação:
Absorventes de bactérias, toxinas e líquidos diminuindo a liquefação de fezes e o número de evacuações.
Indicação de uso nas diarreias agudas.
Efeitos colateral:
Obstipação/ constipação.
Agentes Antidiarreicos – Caulim e Pectina
Agentes Anti eméticos
A náusea e os vômitos podem constituir manifestações de uma grande variedade de condições, incluindo efeitos adversos de medicamentos, distúrbios sistêmicos e até gravidez.
O centro do vômito ( tronco encefálico) coordena o ato de vomitar através de interações com os nervos cranianos VIII e X e as redes neurais que controlam os centros: respiratório, da salivação e vasomotor.
São identificados uma elevada concentração de receptores muscarínicos, histamínicos ( H1) e de serotonina ( 5-HT3) no centro do vômito.
Fisiopatologia do vômito
Agentes Anti eméticos – Antagonistas dos receptores 5 – HT3
Possuem propriedades antieméticas por bloqueio dos receptores 5-HT3 localizados:
No estômago;
Na zona de gatilho quimiorreceptora;
No centro do vômito.
São exemplos:
Ondansetron, granisetron e dolasetron. 
Estes agentes não exibem antagonismo nos receptores dopaminérgicos ou muscarínicos. Não exercem efeitos sobre a motilidade gástrica, mas podem retardar o trânsito colônico.
Agentes Anti eméticos – Antagonistas dos receptores 5 – HT3
Agentes Anti eméticos – Anti histamínicos e anticolinérgicos
Como agentes isolados estes agentes tem fraca atividade antiemética, embora são uteis na prevenção ou tratamento de cinetose.
Mecanismo de ação:
Bloqueio dos receptores H1 da histamina – Difenidramina / dimenidrato/ meclizina
Efeitos colaterais:
Sedação / Tontura/ Confusão;
Boca seca;
Retenção urinária,
Cicloplegia
Agentes Anti eméticos – Anti histamínicos e anticolinérgicos
Agentes Anti eméticos – Benzamidas substituidas
Dois principais medicamentos: metoclopramida e a trimetobenzamida.
Mecanismo de ação:
Bloqueio dos receptores dopaminicos.
Bloqueio dos receptores anti-histamínicos ( fraca – Trimetobenzamida)
Efeitos colaterais:
Reações extrapiramidais
Inquietação;
Distonia;
Sintomas parkinsonianos.
Agentes Anti eméticos – Benzamidas substituidas
Referências
KATZUNG, BG. Farmacologia Básica e Clínica. 10ª Ed. McGraw-Hill, 2008.
SILVA, PENILDON. Farmacologia. Rio de Janeiro, 8a edição, Ed. Guanabara Koogan, 2010.