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Plano de Aula: Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada. DIREITO CIVIL V - CCJ0225 Título Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada. Número de Aulas por Semana Número de Semana de Aula 15 Tema Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada. Objetivos - Analisar a tutela, curatela e tomada de decisão apoiada. Estrutura do Conteúdo Unidade 8 - Alimentos. Tutela, curatela e tomada de decisão apoiada. (...) 8.2. Tutela e curatela: traços distintivos e tratamento legal. 8.3. Tomada de decisão apoiada. Tutela Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 1.430-1.431) ressaltam que tutela e curatela são institutos autônomos, com a finalidade comum de “propiciar a representação legal e a administração de sujeitos incapazes de praticar atos jurídicos”, configurando, portanto, “uma proteção jurídica aos interesses daqueles que se encontram em situação de incapacidade na gestão de sua vida”. Distinguindo os institutos, aduzem que a tutela se refere à menoridade legal e “a curatela se relaciona com situações de deficiência total ou parcial, ou, em hipótese mais peculiar, visa a preservar interesses do nascituro”. A tutela pode ser conceituada “como a representação legal de um menor, relativa ou absolutamente incapaz, cujos pais tenham sido declarados ausentes, falecido ou hajam decaído do poder familiar”, estando prevista no art. 1.728, CC. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto, devendo a nomeação constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico (art. 1.729, CC). Sendo nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indicação de precedência, entende-se que a tutela foi atribuída ao primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento (art. 1.733, §1°, CC). “A nomeação conjunta dos pais não pressupõe a existência de vínculo de parentesco”, pois muitas vezes “os pais têm mais confiança em amigos íntimos do que em parentes para o exercício de tal múnus”, sendo tais tutores conhecidos como tutores testamentários ou documentais, a depender do instrumento que os indicou. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.432) É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder familiar (art. 1.730, CC), o que é coerente, pois se não conservou o poder familiar, não dispõe de condições de nomear adequadamente um tutor. A tutela é “um múnus público de grande responsabilidade, em que não é simplesmente a capacidade civil que autoriza o seu exercício, sendo necessária uma legitimidade específica (capacidade especial)”, preservando “a idoneidade do tutor e o patrimônio do tutelado, afastando-se situações, objetivas ou subjetivas, que possam pôr em risco tais bens jurídicos” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.434-1.435), elencando o art. 1.735 quem não pode ser tutor. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consanguíneo ou afim, em condições de exercê-la (art. 1.737, CC). A escusa apresentar-se-á nos dez dias subsequentes à designação, sob pena de entender-se renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-se-ão do em que ele sobrevier (art. 1.738, CC). Se o juiz não admitir a escusa, o nomeado exercerá a tutela, enquanto o recurso interposto não tiver provimento, e responderá desde logo pelas perdas e danos que o menor venha a sofrer (art. 1.739, CC). É possível haver delegação parcial do exercício da tutela quando “os bens e interesses administrativos exigirem conhecimentos técnicos, forem complexos, ou realizados em lugares distantes do domicílio do tutor, poderá este, mediante aprovação judicial, delegar a outras pessoas físicas ou jurídicas o exercício parcial da tutela” (art. 1.743, CC). A tutela parcial ou delegada não se confunde com a protutela, pois naquela “os dois tutores atuam paralelamente, cada um na atividade para o qual foi designado” e nesta “o protutor apenas monitora a atividade do tutor, que realiza individualmente suas funções”, sendo o protutor “designado pelo magistrado, enquanto o tutor parcial é indicado pelo próprio tutor originário, com a aprovação judicial”. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.440) Curatela A regulamentação da curatela no Código Civil é menos extensa, tendo menos dispositivos dedicados a este instituto do que a tutela. A razão disto é encontrada no art. 1.774, que estatui a aplicação das regras da tutela a este instituto com as modificações pertinentes. A curatela “visa a proteger a pessoa maior, padecente de alguma incapacidade ou de certa circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação de vontade”, resguardando seu patrimônio de interferências indevidas. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.444) O curador é a pessoa idônea e capaz que assumirá o encargo em relação ao curatelado, que é o destinatário da proteção jurídica, sendo mais comum que “tal função seja exercida por alguém que, além de apresentar comportamento probo e idôneo, mantenha relações de parentesco ou de amizade com o sujeito que teve sua incapacidade, total ou relativa, reconhecida”. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.444) O Código Civil (art. 1.767) elenca quem pode ser curador e curatelado. A legislação cível tratou de regular o instituto da curatela compartilhada, que cabe a “mais de um curador, simultaneamente, o que, em verdade, oficializará situações fáticas corriqueiras, na medida em que, em muitas famílias, é comum mais de um parente dispensar, ao mesmo tempo, cuidado, auxílio e atenção em favor do beneficiário da curatela” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.445). Conforme dispõe o art. 1.779, CC, é possível conceder curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro. Tomada de decisão apoiada Este instituto foi acrescentado ao Código Civil (art. 1.783-A) pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade (art. 1.783-A, CC). “Este procedimento especial é vantajoso, pois resguarda a autonomia da pessoa com deficiência, que não terá a necessidade de se valer de um curador”, pressupondo “um grau de discernimento necessário que permita o exercício do livre direito de escolha e da capacidade de autodeterminação da pessoa apoiada” (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2018, p. 1.449). Aplicação Prática Teórica Questão objetiva 1: (Delegado de Polícia/GO - UEG - 2013) Em relação aos institutos da Tutela e da Curatela, o Código Civil dispõe o seguinte: (A) em se tratando do falecimento dos pais, restando apenas herdeiros menores de 12 anos, de acordo com o Código Civil, estes menores incapazes serão postos em curatela, pois ainda não possuem discernimento necessário para conviver em sociedade. (B) os bens do menor serão entregues aos cuidados do tutor mediante termo especificado deles e seus valores, ainda que os pais o tenham dispensado. (C) se os bens do menor constituírem valor considerável, o juiz, em prol do interesse do hipossuficiente, deverá dirimir o exercício da tutela à prestação de caução regular e indispensável,mesmo tratando-se de tutor com reconhecida idoneidade. (D) as regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, pois são institutos que se complementam de forma interdisciplinar, tratando-se de incapazes ou relativamente capazes. Questão objetiva 2: (MPE-AC - FMP-RS - 2013) Com base no disposto no Código Civil acerca da tutela e da curatela, assinale a alternativa correta. (A) Os filhos menores são postos em tutela em caso de os pais decaírem do poder familiar. (B) Podem escusar-se da tutela as mulheres maiores de 55 anos, desde que casadas. (C) Os bens do menor serão entregues ao tutor mediante termo especificado deles e seus valores, salvo se os pais os tenham dispensado. (D) O tutor pode dispor dos bens do menor a título gratuito, desde que o faça mediante prévia autorização judicial. (E) Dar-se-á curador ao nascituro, sempre que o pai falecer, estando grávida a mulher.
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