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Clínica de Grandes – Equinos Semiologia do sistema locomotor · Identificação (idade, raça) · Histórico/Anamnese; (uso do animal, queixa principal, manejo geral, manejo sanitário) · Exame físico; · Inspeção; · Palpação; · Teste de flexões e extensões; · Bloqueios anestésicos; · Exames complementares ( Sinais de dor (claudicação) Distúrbio estrutural ou funcional, visível normalmente durante a locomoção Avaliar o animal parado: Em diferentes ângulos; Alterações visíveis: Aumento de volume; Atrofia/Assimetria ) Inspeção · Posição · Atitude · Aprumos · Constituição física Avaliação do animal em movimento Em linha reta: · Membros anteriores: preferencialmente vistos de frente; · Membros posteriores: preferencialmente vistos de trás; · Vista lateral; Movimentos de cabeça; Abaixamento de garupa; GRADUAR A CLAUDICAÇÃO 0-5 / 0-10 ( Distal > Proximal: Membros; Mobilidade das articulações; Tendões e ligamentos; Ossos; Presença de efusões sinoviais ; Consistência. )Palpação Cranial > Caudal: · Musculatura; · Coluna; Bloqueios Anestésicos **** Antissepsia · Bloqueios Perineurais; · Bloqueios Intra-articulares; · Bloqueios específicos: Bolsa do Navicular, Origem do ligamento suspensor Nervo digital palmar > Articulação interfalangeana distal > Bursa do navicular Afecções do sistema locomotor Cascos Hematoma subsolear e abscesso subsolear: Causas: ferraduras mal colocadas / traumas – pisos, pedras, objetos penetrantes (pregos). · Broca – infecção bacteriana, caracterizada por acúmulo de material enegrecido, mal cheiroso, necrótico · Diferentes organismos – mais isolados Fusobacterium necrophorum · Relação: falta de higiene e piso úmido Localização: · Traumas – mais comum entre talões e ranilha · Brocas – mais comum na sola Sintomas: claudicação intensa (podendo graduar entre 4 e 5, se graduar de 0 a 5) o animal reluta em apoiar membro (apoio em pinça) encurtamento do passo. Diagnóstico: Aumento na temperatura do casco, resposta ao pinçamento do casco (dor), regiões enegrecidas na sola. Tratamento: · Correção da ferradura (se esta for a causa etiológica) · Descompressão do casco (casqueamento drenando abscesso ou hematoma) · Pedilúvios antissépticos com hipoclorito de sódio/permanganato de potássio (em abscesso e em hematoma) membro submerso entre 20 e 30 minutos. Se estiver aberto de forma profunda o ideal é fazer uma “botinha”. Analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais: · Fenilbutazona (2,2 mg/Kg a 4,4 mg/Kg) · Flunixina Meglumina (1,1 mg/Kg), BID por 5 a 7 dias · Antibioticoterapia (em caso de abscessos) · Soro antitetânico (mesmo que o animal seja vacinado) Complicações: Osteíte podal por afecção ascendente. Síndrome do navicular (Podotrocleose doença do navicular) · Doença degenerativa, progressiva e de origem controversa · Multifatorial: Fatores predisponentes: má conformação dos cascos, trabalho excessivo ou inadequado, idade · Comum em animais com mais de 6-8 anos · Membros anteriores Estruturas relacionadas: · Osso sesamóide distal; · Ligamento colateral do osso navicular; · Ligamento ímpar; · Bursa do navicular; · Tendão flexor digital profundo. Sintomas: Claudicação progressiva mas intermitente, evidente a rejeição ao andamento (cavalo pisa em ovos). Na maioria das vezes acontece nos membros anteriores, de forma bilateral (sempre 1 membro pior). Diagnóstico: Movimentos circulares pioram o quadro (andar em redondel ou com guia). Pinçamento pode ser positivo e inespecífico (não apresenta uma região mais dolorida). Bloqueio digital palmar + (mão contralateral geralmente claudica). Exames Complementares: Radiologia: · Como várias estruturas podem estar envolvidas na síndrome é importante realizar um estudo completo radiografando as incidências dorso palmar/plantar e skyline. · Várias estruturas que podem estar alteradas da síndrome do navicular não são observadas na radiografia, como tendinites e desmites, desta forma apenas alterações primárias do osso navicular ou secundárias devido à cronicidade da síndrome podem ser visualizadas. · No entanto as manifestações clínicas da síndrome da navicular são significativas para realização do diagnóstico e tratamento. Ressonância magnética: · ( Tratamento : Ferrageamento corretivo (pinça rolada) e ferraduras ortopédicas. Analgésicos/Anti-inflamatórios (sistêmico/ local) Agentes vasomuduladores – Isoxsuprine (0,6 mg /kg, oral BID e SID - manutenção) Tildren ® - ácido tiludrônico (Europa) Neurectomia química ou cirúrgica: dessensibilizar o segmento do nervo, pode ser de forma reversível (química) ou permanente com a retirada cirúrgica. É paliativo, não cura o animal, apenas retira a sensibilidade no local das alterações. )Ótima para a visualização das alterações mas de custo bem elevado, sendo considerada principalmente para animais de alto valor comercial. Laminite (Pododermatite asséptica difusa ou aguamento) Trata-se de uma inflamação das lâminas dérmicas sem a presença de patógenos, que se exacerbada pode prejudicar o aporte vascular da região. · Geralmente causada por uma alteração sistêmica (processos inflamatórios), neste caso desenvolve a laminite de forma bilateral. · Alterações contralateral (devido uma fratura do membro direito o animal passa apoiar o peso apenas no membro esquerdo, desenvolvendo a laminite no mesmo. Inspeção/Palpação; · Atitude patognomônica (clássica da alteração), o animal tenta retirar o peso dos membros anteriores apoiando-se mais nos posteriores. · Cascos quentes e pulso. · Pinçamento de casco positivo (geralmente o animal dificulta a retirada do casco do chão para pinçar). Alterações: · Separação da parede do casco das lâminas dérmicas. · Afundamento da 3° falange (podendo transpor o casco e ficar exposto em casos graves). · Crescimento errôneo do casco. · Considerado um processo desencadeado por liberação excessiva de enzimas degradantes (metaloproteinases) · Falha na união do tecido conjuntivo da derme ou cório laminar e a camada basal da lâmina epidérmica. · Várias afecções primárias predisponentes (endometrite, tendinite). · Alterações metabólicas: hiperglicemia por excesso de carboidratos ou uso de anti-inflamatórios não esteroidais. ( Fase clínica: Ocorrência de lesão (ou separação) dérmica / epidérmica; Claudicação evidente; Aumento de temperatura dos cascos e pulso digital; Pinçamento de cascos positivo . )Classificação: Fase pré-clínica (pré-laminite): · Antes do início da claudicação; · Preservação da união dérmica / epidérmica; · Aumento de temperatura dos cascos e pulso digital; Prevenção: Tratamento das doenças primárias: Crioterapia contínua de 48 a 72 horas; Resfriamento das extremidades para reduzir fluxo sanguíneo local (redução de até 85% da perfusão local); Menor exposição dos tecidos a citocinas; Menor ativação de metaloproteinases. Tratamento: · Tratar a causa primária. · Acepromazina – vasodilatação periférica (0,02- 0,05, IV ou IM – QID/TID). · Agentes vasomuduladores; Isoxsuprine, Pentoxifilina. · Anti-inflamatórios - Fenilbutazona (4,4 mg/Kg BID ou SID). - Cetoprofeno (2,2 mg/Kg BID ou SID). Na fase pré-clínica o tratamento é a vasoconstrição e a acepromazina realiza vasodilatação, por isto é muito importante usá-la (assim como outros dilatadores) unicamente na fase clínica. · Botas protetoras ou ferraduras corretivas. · Cama sempre alta. · Bandagens para melhor sustentação dos membros. · Biotina: auxilia no crescimento dos cascos para que seja realizado o casqueamento de correção. Tendões Ligamentos e tendões são tecidos conjuntivos, a principal diferença entre ligamento e tendão é o fato de que ligamentos ligam ossos com os ossos, enquanto tendões conectam os músculos aos ossos (origem muscular e inserção óssea). Desta forma os tendões auxiliam na locomoção, enquanto os ligamentos auxiliam a estabilidade dos movimentos. Ambos capacidade elástica limitada e muita resistência. Tendinite e Desmite: • Tendinite é processo de inflamação dos tendões. • Desmite é processo de inflamaçãodos ligamentos. Quando ocorre uma exigência física exacerbada, como a que ocorre em animais atletas, este processo pode causar muita dor e consequente claudicação (manifestação clínica), que pode ser indicativo de lesão. Tendões: · Posturais – tendão flexor digital profundo · Elásticos – tendão flexor digital superficial e ligamento suspensório Maior frequência de lesões: · Tendão flexor digital superficial (1) · Ligamento suspensório (3) · Tendão flexor digital profundo (2) Patogenia: Esforço repetitivo ou trauma intenso: hemorragia e edema, inflamação, acúmulo transudato e desarranjo das fibras tendíneas ou ligamentares. Substituição das fibras colágenas tipo I por tipo III (fibrose) Classificadas dependendo da fase como: • Aguda – ruptura da matriz tendínea e hemorragia – inflamação (movimento novo, mudança de intensidade na atividade física causando dor e consequente claudicação). • Subaguda – angiogênese e invasão de fibroblastos – cicatrização (geralmente não apresenta manifestação clínica, mas ao logo do tempo é possível em uma exame complementar perceber a substituição de tecido). • Crônica – remodelação (mais comum em animais de esporte que são tratados de lesões recorrentes, o ideal é que seja tratado por um tempo mais prolongado para poder voltar ao esporte, ou até mesmo não voltar). Sintomas: aumento de volume e claudicação de diferentes graus, dependo do local e tamanho da lesão. Diagnóstico: palpação e inspeção local evidenciam dor, aumento de temperatura e de volume local. Exames complementares: · Ultrassonografia: para diagnóstico preciso do grau da lesão · Ressonância magnética: existe uma dificuldade de acesso, no entanto muitas vezes trabalha-se com animais de valor muito alto compensando a utilização, a ressonância é realizada apenas em membros e com o animal sedado). Tratamento: (depende do grau da lesão) - Repouso -Crioterapia: · Menos de 30 minutos – processos agudos · Mais de 30 minutos – processos crônicos - Analgésicos e anti-inflamatórios: · Fenilbutazona · Cetropofeno · Flunixina Meglunima - Pomadas anti-inflamatórias com bandagem compressiva. - Infiltrações locais (Hyaluronato de sódio). - Fisioterapia (pré e pós provas). - Laser e ultra-som terapêuticos para auxiliar a cicatrização. - Ferraduras corretivas – aumentando a área de sustentação dos cascos - Terapia com células tronco ou PRP (regeneração de tecido). • Fase aguda: controle da inflamação - Fisioterapia (frio) e esteróides de curta duração (corticoides em geral não podem ser utilizado para animais que participarão de provas). • Fase subaguda: estimulo da organização - Exercício monitorado e anti-inflamatórios. • Fase crônica: melhorar função - Exercício e ondas de choque extracorpóreo. Músculos Miopatias (miosite dos cavalos atletas) A inflamação do músculo é a miosite, comum em animais atletas, mas também ocorre em animais que não realizam atividades físicas regulares e são submetidos ao esforço que não estão preparados. A inflamação muscular também é conhecida por rabdomiólise, doença de segunda-feira, doença do cavalo atleta, miosite paralítica. • Comum em cavalos atletas mal treinados ou em sobre esforço. - Miosite agudas: sem depleção das reservas de glicogênio (mais comum) -Miosites tardias: após depleção das reservas de energia (não ocorre após uma atividade mas decorrente do esforço ao longo de um tempo). Sintomas: “face ansiosa”, mialgia, fasciculação muscular, tremores, claudicação de diferentes graus (principalmente nos posteriores), relutância para se movimentar e mioglobinúria. Diagnóstico: histórico somado + sintomas. Exame complememtar: Dosagem de enzimas musculares - Aspartato aminotransferase (AST) – presente em vários tecidos (inespecífica). Pico dealteração em 24h, durando até 7 dias. - Criatinoquinase (CK) – específica de tecidos musculares. Pico de elevação em 3 a 4h, durando poucas horas. Tratamento: depende do grau da lesão - Manutenção da temperatura corpórea (duchas frias) - Repouso prolongado - Relaxante muscular, analgésicos e anti-inflamatórios - Xilazina (é alfa 2 agonista e causa sedaçaõ) - relaxante muscular (0,2mg/kg) - Acepromazina (fenotiazínico) – vasodilatação periférica e relaxamento (0,02-0,05, IV ou IM – QID/TID) *se o animal estiver hidratado. - Fenilbutazona - Flunixina Meglumina - Cetoprofeno - Repositores de Cálcio e eletrólitos - Fluidoterapia com soluções poliônicas O animal tem lactato acumulado devido ao esforço muscular intenso que o organismo não estava preparado, desta maneira neste caso a fluidoterapia deve ser realizada com solução fisiológica no entanto deve-se dar suporte de glicose (fluidoterapia com solução fisiológica de forma geral intercalando com um pouco de ringer lactato ou glicofisiológico). → A principal complicação da miosite é a insuficiência renal, que geralmente é aguda e leva o animal à óbito. A base do tratamento para um animal com insuficiência renal é a fluidoterapia, com o intuito de “limpar o rim” e filtrar o sangue, no caso dos equinos a dose de manutenção de fluidoterapia é de 25 litros e não consegue-se alcançar esta fluidoterapia constante. CASO CLÍNICO – SISTEMA LOCOMOTOR Caso 1 Você foi chamado para atender um equino, macho castrado, de 10 anos de idade que apresenta claudicação intermitente bilateral. Na inspeção nota-se uma ferida próximo aos talões pois o animal “se alcança” e uma cicatriz próxima ao boleto devido a um trauma antigo. Na inspeção em movimento, nota-se claudicação de 1/10 ao passo 3/10 ao trote no membro anterior direito. À palpação, discreta sensibilidade dolorosa no musculo braquicefálico bilateral e no tendão flexor digital profundo do membro anterior direito. No teste de flexão das articulações interfalangeanas, observa-se aumento da claudicação para 4/10 nos dois membros anteriores. Nos bloqueios perineurais, quando realizado o bloqueio no nervo digital palmar no membro anterior direito o animal começa a apresentar claudicação no membro anterior esquerdo (1/10 ao trote). 1 - Qual a suspeita diagnóstica (justifique)? Síndrome do navicular (podotrocleose, doença do navicular). Animal adulto com claudicação intermitente bilateral, apresentando bloqueio perineural e teste de flexão positivos. 2 - Como podemos confirmar o diagnóstico? Com exame radiográfico e ressonância magnética. 3 - Quais alterações podem ser encontradas a partir da suspeita diagnosticada? Perda da relação cortiço-medular nas projeções latero medial e skyline. Dilatações sinoviais (“buraquinhos”). Osso navicular com bordas irregulares e radioluscência Caso 2 Uma égua fêmea, raça American Trotter,12 anos de idade foi encaminhada para o hospital veterinário imediatamente após a corrida, por apresentar impotência funcional do membro anterior esquerdo. Ao apoiar o membro, o mesmo fazia com que a pinça do casco se levantasse e ele apoiava apenas nos talões, impedindo a flexão do dígito.A égua estava bastante assustada e apresentava sudorese intensa. O veterinário local já havia realizado o primeiro atendimento e o exame radiográfico: 1- Qual diagnóstico? Raio X1 - Luxação da articulação interfalangeana distal com provável ruptura do tendão flexor digital profundo. Raio X 2 - Fratura do osso sesamóide distal.
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