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Ovinocultura na Região Sul do Brasil/ Zootecnia de Ovinos. Veterinária. UFPEL. ATMV 2021.

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Capítulo 2
Ovinocultura na Região Sul do Brasil
Cleber Cassol Piresa
Sergio Carvalhob
Stefani Macaric
Tatiana Pfüller Wommerd 
Introdução
O ovino é uma espécie privilegiada, pois devido à sua 
diversidade de produção e à sua adaptação a diferentes 
condições edafoclimatológicas, difundiu-se por quase 
todas as regiões do mundo. Em algumas delas, a explo-
ração é realizada por meio de técnicas primitivas, 
apenas visando à subsistência das populações desfavo-
recidas. Por outro lado, em outras, como Nova Zelândia, 
Austrália, Uruguai, Argentina e algumas regiões do 
Brasil, faz-se uso de técnicas mais avançadas, objeti-
vando a elevação da rentabilidade econômica.
Na região Sul do Brasil, a ovinocultura está entre 
as principais atividades pecuárias desenvolvidas. 
Conforme Viana (2008), seu estabelecimento como 
exploração econômica se deu no começo do século 
XX, com a valorização da lã no mercado internacional 
e, a partir da década de 1940, com o incremento tec-
nológico da produção. A produção de lã, por 
intermédio da criação de raças laneiras e mistas, foi 
o principal objetivo da exploração econômica da ovi-
nocultura, na qual os sistemas produtivos eram 
desenvolvidos com o intuito de obter a maximização 
da produção de lã nos rebanhos, enquanto a produção 
a Professor Titular da Universidade Federal de Santa Maria-Departamento de Zootecnia – cpires@ccr.ufsm.br
b Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Maria-Departamento de Zootecnia – scarvalhoufsm@hotmail.com
c Pós-doutoranda da Universidade Federal de Santa Maria-Departamento de stefomimacari@yahoo.com.br
d Professora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (IFMS), câmpus Ponta 
Porã – tatiwommer@hotmail.com ou tatiana.wommer@ufsm.edu.br
de carne, produto considerado secundário, apenas 
supria o consumo dos estabelecimentos rurais.
Durante o século passado, a ovinocultura passou 
por períodos de progressos e crises. As décadas de 
1940, 1950 e 1960 ficaram marcadas pela ascensão 
da atividade com a lã, porém os períodos de crise 
vieram nos anos 1970 com o apoio maciço do gover-
no para a agricultura. Nas décadas subsequentes, a 
atividade sofreu com o fechamento das cooperativas, 
o fim do crédito subsidiado e a crise da lã no mercado 
internacional. Este cenário fez com que muitos pro-
dutores deixassem a atividade, o que causou redução 
drástica no rebanho (Boffil, 1996).
Com o desenvolvimento da ovinocultura laneira, 
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2009), em 1974 o Brasil apresenta-
va um efetivo de rebanho de 18.876.770 cabeças 
(Tabela 2.1), quando 66,17% dos animais encontravam-
se no Rio Grande do Sul, principalmente animais das 
raças Corriedale, Ideal (Polwarth) e Merino. Portanto, 
havia na época uma grande concentração do rebanho 
ovino nacional no Rio Grande do Sul, onde a produção 
laneira apresentava grande importância econômica e 
social para a cadeia produtiva da ovinocultura e, con-
Ovinocultura na região Sul do Brasil 13
sequentemente, para o Estado e para o país. No final da 
década de 1980, com o surgimento do fio sintético, 
produto derivado do petróleo com características de 
maior resistência, uniformidade, produção não estacio-
nal, mais abundante e barato, quando comparado ao fio 
de lã ovina, houve uma desvalorização comercial da lã, 
repercutindo em desestímulo do sistema de produção.
Essa crise estendeu-se durante a década de 1990, o 
que fez muitos produtores desistirem da atividade, 
reduzindo significantemente o rebanho comercial, 
gerando a desestruturação de toda a cadeia produtiva. 
Outro fator que contribuiu para a redução do rebanho 
foi o crescimento da área de lavoura, destacando-se 
as culturas da soja e do arroz, e mais recentemente o 
aumento da silvicultura.
Características
O Rio Grande do Sul sempre se caracterizou por ser 
o maior produtor de lã do país, decorrente da criação 
de raças especializadas na produção da fibra, produ-
zindo, nos últimos anos, volume de lã acima de 90% 
do volume total brasileiro (Viana, 2008). Verifica-se 
que o Rio Grande do Sul sempre se caracterizou como 
o Estado onde foi tosquiado o maior número de ani-
mais, que representa em torno de 90% do total 
(Tabela 2.2). Nota-se que houve, ao longo dos anos, 
uma redução do número total de animais tosquiados 
no país, sendo esta uma consequência direta da redu-
ção verificada no Rio Grande do Sul, onde ocorreu, 
do ano de 1974 até 2009, uma queda de 71,62% do 
total de animais tosquiados. Esse aspecto reflete de 
forma direta a crise observada no setor laneiro, levan-
do à queda significativa do rebanho ovino desse 
Estado, como consequência da redução do número de 
animais especializados para a produção de lã.
Com a crise do setor laneiro, a ovinocultura gaúcha 
passou por um processo de reestruturação, tendo ocor-
rido a introdução de raças especializadas para a produção 
de carne, como uma nova alternativa produtiva para o 
setor. Esse fato deu início ao processo de transição do 
sistema produtivo laneiro para o sistema de produção de 
cordeiros para abate, tornando-se, dessa forma, o produ-
to carne a principal exploração econômica. Esse aspecto 
pode ser verificado quando se analisa a participação na 
Exposição Internacional de Esteio (RS) – Expointer (Fig. 
2.1 e Tabela 2.3) de ovinos de raças especializadas para 
a produção de carne, comparativamente à participação 
de raças especializadas para a produção de lã.
A Expointer é uma das maiores exposições agrope-
cuária da América Latina e representa o momento e as 
tendências da agropecuária gaúcha e brasileira, em seus 
diferentes segmentos. Em 1970, somente 0,8% dos 
animais participantes da Expointer eram de raças espe-
cializadas para a produção de carne. Com o passar dos 
anos, ocorreu uma mudança significativa e, no ano de 
2010, de um total de 854 ovinos participantes, 75,64% 
eram de raças especializadas para a produção de carne 
(Texel, Ile de France, Suffolk, Hampshire Down ou 
Dorper). É importante ressaltar que esses são animais 
reprodutores, pertencentes a plantéis de cabanas, cujos 
descendentes, especialmente os carneiros, serão utili-
zados nos diferentes rebanhos comerciais para 
implementar a genética de produção de carne.
Deve-se ressaltar que, embora tenha ocorrido um 
estímulo do setor produtivo com redirecionamento da 
ovinocultura gaúcha de uma base de produção de lã 
para uma base de produção de carne, vários problemas 
Tabela 2.1 – Evolução do rebanho ovino no Brasil e nos estados da Região Sul
Ano Brasil Rio Grande do Sul Santa Catarina Paraná
1974 18.876.770 12.490.066 186.022 216.059
1979 17.806.268 10.850.828 134.310 160.536
1984 18.447.244 10.992.870 181.305 261.925
1989 20.041.463 10.845.901 222.056 360.882
1994 18.436.098 9.711.917 228.648 597.616
1999 14.399.960 4.870.244 208.280 570.382
2004 15.057.838 3.826.650 200.974 488.142
2009 16.811.721 3.946.349 261.322 599.925
Evolução (%)
1974 a 2009
-10,94 -68,40 40,47 177,66
Fonte: IBGE (2009).,40177,66
14 Situação e Perspectivas da Ovinocultura no Brasil
Tabela 2.2 – Distribuição dos ovinos tosquiados no Brasil de acordo com o Estado
1974 1984 1994 2004 2009
Bahia 10.435 – – – –
Minas Gerais 36.859 24.250 12.465 9.778 5.382
São Paulo 7.236 15.380 25.478 30.932 24.460
Paraná 99.657 121.262 340.728 231.154 258.078
Santa Catarina 98.141 100.791 127.478 91.511 114.440
Rio Grande do Sul 11.976.973 9.926.651 8.540.303 3.337.379 3.398.678
Mato Grosso do Sul – 52.529 91.972 61.664 63.405
Mato Grosso 68.569 – – – –
Goiás 11.157 5.692 540 160 100
Distrito Federal 40 – – – –
Total no Brasil 12.309.067 10.246.555 9.138.964 3.762.578 3.864.543
Fonte: IBGE (2009).
100
Po
rc
en
ta
ge
m
 (%
)
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Raças de carne
Outras raças
19
70
19
75
19
80
19
85
19
90
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
Figura 2.1 – Evolução da participaçãode ovinos de raças de carne e de outras raças na Expointer.
de organização de cadeia produtiva ainda precisam 
ser contornados. Para Calvete e Villwock (2007), a 
produção de carne ovina no país, e em particular, na 
região Sul é bastante favorável, devido às condições 
climáticas e de solo, entre outros fatores. A atividade, 
entretanto, necessita de melhor organização que pos-
sibilite aumentar sua competitividade, uma vez que a 
produção atual não supre a demanda, pois as impor-
tações têm sido um fato notório. Outros fatores, como 
sazonalidade, baixa qualidade do produto final, falta 
de cortes que facilitem o trabalho culinário, abate 
informal, carência de marketing e a falta de mão de 
obra qualificada prejudicam o desenvolvimento da 
cadeia produtiva como um todo.
Face às dificuldades mensuradas, existem alguns 
aspectos positivos que devem ser considerados, como 
a alta demanda por carne ovina, e que nos permitem 
vislumbrar grandes perspectivas para a exploração da 
espécie. Neste sentido, iniciativas e alianças estraté-
gicas entre organizações de produtores e o setor 
Ovinocultura na região Sul do Brasil 15
público e privado têm gerado programas de fomento 
à produção de carne ovina de qualidade na região Sul 
do Brasil. Um exemplo a ser citado refere-se ao Cor-
deiro Herval Premium, que é um programa de carne 
ovina, com qualidade reconhecida por meio de uma 
marca garantida por um conselho regulador.
Recentemente surgiu no Estado o Programa Cor-
deiro de Qualidade ARCO, que vem como uma forma 
de identificar a valorizar a carne de cordeiro median-
te obtenção de selos de qualidade de cordeiros sendo 
criados e produzidos com critérios técnicos preesta-
belecidos.
Um aspecto importante a ser destacado é o interes-
se de frigorífico(s) em adaptar suas plantas para o 
abate de ovinos e também desenvolver programas de 
fomento para produção de carne – FOCO CRIA.
Essas iniciativas têm grande importância para o 
restabelecimento da ovinocultura gaúcha, pois pro-
porcionam uma forma mais segura de comercialização 
para os produtores rurais que tenham interesse em 
aumentar os seus rebanhos, ou investir na produção 
de carne ovina como um novo negócio de estabeleci-
mentos rurais.
O Rio Grande do Sul, no ano de 2009, segundo o 
IBGE [Pesquisa Pecuária Municipal, IBGE (2009)] 
possuía um efetivo de 3.946.349 cabeças ovinas. 
Quando se deseja aplicar estudos sobre a cadeia ovina, 
a região que se destaca é a Campanha Gaúcha, devido 
à sua tradição secular na atividade e por apresentar a 
maior concentração de ovinos do Estado (Figura 2.2).
A Campanha Gaúcha é formada por rochas basál-
ticas e sedimentares. Os solos são geralmente rasos e 
com bom teor de nutrientes, sustentando campos 
limpos e de bom rendimento forrageiro. A região 
apresenta a maior concentração fundiária do Estado; 
a produção predominante é a pecuária extensiva, 
atestando a hegemonia dos estancieiros. Em área 
menor, o arroz também se destaca contribuindo para 
a economia dos municípios inseridos na região. A 
agricultura familiar também está presente, porém a 
fraca participação de produções com condições de se 
autossustentar atesta a importância secundária dessa 
categoria social (Silva Neto e Basso, 2005).
O Rio Grande do Sul é composto de 497 municípios 
e, destes, 23 apresentam um rebanho ovino composto 
de mais de 50 mil cabeças (Figura 2.2). A soma dos 
rebanhos desses municípios representa 72,21% do 
rebanho ovino do Estado, e a maior população ovina 
se encontra no município de Santana do Livramento, 
Tabela 2.3 – Evolução da participação de ovinos, de acordo com a raça, na Expointer
Raça 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Merino 
Australiano
0 1 4 2 12 13 23 13 13 12 15 22
Ideal 37 35 31 40 36 42 54 64 58 75 76 50
Corriedale 67 54 55 52 50 54 70 60 36 55 49 57
Romney 
Marsh
20 22 23 20 17 19 23 16 17 17 19 21
Hampshire 
Down
50 59 109 85 81 71 77 96 119 85 90 112
Texel 172 226 264 237 288 330 379 329 362 350 335 290
Ile de France 118 103 156 127 159 139 149 126 104 126 135 136
Suffolk 163 165 176 107 108 85 141 159 146 118 155 157
Dorper 0 0 0 0 0 0 2 42 33 19 39 26
White Dorper 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 21 7
Poll Dorset 0 16 27 14 18 8 19 23 23 21 29 24
Karacul 19 17 7 12 16 12 12 15 29 11 19 8
Crioula 0 0 14 15 39 49 61 76 66 51 81 78
Lacaune 9 9 8 0 0 0 0 0 6 8 7 0
Santa Inês 0 0 0 0 0 0 0 14 10 10 14 10
Total 655 707 874 711 824 822 1010 1036 1022 958 1083 998
Fonte: SAR (2005).
16 Situação e Perspectivas da Ovinocultura no Brasil
com 10,18% do rebanho gaúcho. A tradição “ovelhei-
ra” está arraigada nesses municípios, sendo ela, 
juntamente com a bovinocultura de corte, a matriz 
econômica da produção pecuária.
Santa Catarina apresenta uma área de 95.346.181 
km2 dividida com bases topográfica, ecológica e so-
cioeconômica em três regiões distintas, caracterizadas 
pelo Litoral, Planalto e Oeste Catarinense. Caracteri-
za-se por um relevo em sua grande maioria 
acidentado, favorecendo por limitações físicas a pre-
valência de pequenas propriedades familiares. Os 
agricultores catarinenses vêm buscando diversificação 
de renda e investindo em ovinocultura, a priori vol-
tada à produção de carne e lã, mais recentemente 
visando à produção leiteira, inclusive figurando como 
um dos Estados pioneiros na produção de derivados 
lácteos ovinos, pois 82% dos produtores desses ani-
mais estão familiarizados com áreas inferiores a 50 
ha (hectare). Apenas 67% da produção são inspecio-
nados pelos órgãos oficiais, demonstrando o caráter 
de produção de subsistência dessas propriedades.
Na década de 1970, o rebanho ovino catarinense 
representava 1,2% do rebanho na região Sul e menos 
de 1% do rebanho brasileiro. No final da década de 
1980, ocorreu aumento no efetivo do rebanho, che-
gando a apresentar praticamente o dobro da década 
anterior e com contínuo crescimento na década de 
1990 e final dos anos 2000 (IBGE, 2009).
Atualmente, o Estado de Santa Catarina conta com 
o 12o maior efetivo do país, 261.322 mil cabeças (ver 
Tabela 2.1), correspondendo a 1,6% do total brasilei-
ro e responsável pela produção de 260 toneladas de lã 
(Tabela 2.4), terceiro maior produtor do país (IBGE, 
2009). Existem 11 mil criadores em Santa Catarina, 
com potencial de crescimento principalmente na área 
do leite. O Estado teve crescimento triplicado, desde 
Figura 2.2 – Mapa com a distribuição da população ovina do Rio Grande do Sul. Fonte: IBGE (2009).
Paraguai
Argentina
Santa Rosa
Erechim Santa Catarina
Santo Antônio Passo Fundo
São Borja
Caxias do Sul
Uruguaiana
Santa Maria
Porto Alegre
Bagé
La
go
a d
os
 Pa
to
s
Pelotas
Rio Grande Oceano Atlântico
0 40 80 120 
km
Uruguai
Efetivo de ovinos por município, 
média 2001 – 2003
cabeças
0 – 5.000
5.001 – 50.000
50.001 – 100.000
100.001 – 413.470
Rio Grande do Sul: 4.054.271 cabeças 
Brasil: 14.494.189 cabeças
Fonte: IBGE – Produção Pecuária Municipal
Elaboração: SCP/DEPLAN – 06/2005
Ovinocultura na região Sul do Brasil 17
1980 até hoje, o que gera a expectativa de que a ovino-
cultura passe a ser uma pujante atividade econômica 
(Portal do Agronegócio, 2009).
A comercialização de lã para artesanato é outra 
fonte de renda proveniente da criação de ovinos e, 
neste item, Santa Catarina destaca-se pela criação de 
ovinos da raça Crioula Lanada, que durante quatro 
séculos sobrevive às adversidades climáticas da região, 
passando por um processo de seleção natural (Vaz, 
2000). A criação da raça Crioula Lanada visa à pro-
dução de carne, lã e pelego. Admite-se que a raça 
tenha quatro diferentes expressões genéticas; o encon-
trado na Serra Catarinense é a ecotipo Serrana, que é 
frequentemente criado em regime semi-intensivo a 
intensivo (Silva, 2010).
A produção de ovinos tem captado recursos e in-
centivos governamentais, já que é vista no Estado 
como uma alternativa de renda para a pequena proprie-
dade, considerando o retorno rápido que a ovinocultura 
propicia aos criadores, além dofato de que a atual 
produção não consegue atender à demanda existente 
e crescente de consumidores (SAR, 2005).
Neste sentido, a ovinocultura brasileira ganhou 
impulso com a fundação da Associação Brasileira dos 
Criadores de Ovinos Leiteiros (ABCOL) sediada em 
Chapecó (SC) e com a introdução no país de animais 
da raça East Friesian, de tripla aptidão e grande pro-
dução leiteira – originária da Alemanha. Essa raça é 
considerada por especialistas uma das que apresentam 
maiores produções no mundo, podendo alcançar até 
quatro litros por dia. Segundo estimativa da ABCOL, 
o país tem seis mil ovinos da raça East Friesian, aptos 
a produzir leite. Destes, três mil estão em Santa Ca-
tarina (Nascimento, 2010).
Outra raça de aptidão leiteira introduzida foi a 
Lacaune, da França, que atualmente está bem adapta-
da às condições de clima e alimentação do Sul do 
Brasil (Brito et al., 2006).
No Paraná, o rebanho ovino vem apresentando um 
crescente aumento nas últimas três décadas (ver 
Tabela 2.1). No final da década de 1970, o rebanho 
ovino paranaense representava menos de 1% do 
efetivo do rebanho nacional, quantidade esta inex-
pressiva, e uma atividade econômica secundária à 
bovi nocultura leiteira e ao cultivo de lavouras. 
Acompanhando o crescimento da ovinocultura 
nacional, o estado do Paraná, no final da década de 
1980, teve seu efetivo do rebanho ovino duplicado, 
atingindo uma representatividade de quase 2% do 
rebanho brasileiro. No final da década de 1990, apesar 
do significativo declínio da ovinocultura nacional, 
impulsionado principalmente pelo surgimento dos 
tecidos sintéticos e consequente queda do preço pago 
pela lã, falência de cooperativas e desistência de mui-
tos produtores pela criação de ovinos com aptidão 
laneira, o rebanho ovino paranaense cresceu aproxi-
madamente 63% em função do direcionamento da 
criação para produção de carne.
Até a metade da década de 2000, a ovinocultura 
paranaense manteve seu efetivo de rebanho razoavel-
mente estabilizado, assim como o rebanho nacional. 
A partir do ano 2005, a criação de ovinos desse Estado 
apresentou um crescimento contínuo, atingindo apro-
ximadamente 4% de participação no rebanho nacional. 
Esse aumento proporcionou ao Estado do Paraná o 
sexto lugar no ranking nacional no ano de 2009.
A atividade da ovinocultura no Estado do Paraná 
tem como objetivo a exploração de cordeiros exclusi-
vamente para abate com a utilização de raças de carne, 
como a Texel, Ile de France e mais recentemente 
Dorper e White Dorper.
Em função disto, o Paraná apresenta atualmente um 
sistema de criação mais intensivo, com uso de tecno-
logia e sistema de organização em cooperativas.
Um fato importante, que deve ser considerado e 
certamente contribui muito para o crescente desenvol-
Tabela 2.4 – Produção de lã e participações relativas em ordem decrescente no ano de 2009
Unidades da Federação Quantidade de lã produzida (toneladas) Participações no total da produção (%)
Brasil 11.395 100,0
Rio Grande do Sul 10.442 91,6
Paraná 520 4,6
Santa Catarina 260 2,3
Mato Grosso do Sul 103 0,9
São Paulo 60 0,5
Minas Gerais 8 0,1
Fonte: IBGE 2009.
18 Situação e Perspectivas da Ovinocultura no Brasil
vimento da ovinocultura desse Estado, são suas 
condições climáticas. Segundo a classificação de 
Köppen, a grande parte do Estado apresenta clima Cfa 
e Cfb (subtropical úmido) com temperatura média 
anual e pluviometria idênticas às encontradas em 
muitas cidades do Rio Grande do Sul, onde a ovino-
cultura é explorada com êxito. Como exemplo, citamos 
a cidade de Santana do Livramento (RS), que apre-
senta também um clima subtropical e é o município 
com o maior rebanho ovino do Estado. Nos anos de 
1996 e 1997 foi realizado um estudo (Barbosa et al., 
2001) sobre zoneamento bioclimático da ovinocultu-
ra no Estado do Paraná (2.700 observações), com o 
objetivo de determinar uma distribuição mais racional 
de algumas raças ovinas, segundo a zona de conforto 
térmico das mesmas. Os autores concluíram que uma 
extensa faixa ao longo do litoral do Estado, até cerca 
de 200 km para o interior, até os limites das cidades 
de Castro, Telêmaco Borba, Laranjeiras do Sul da 
região Central e da cidade de Pato Branco da região 
Sudoeste, permite a criação das raças Hampshire 
Down, Ile de France e Texel, sem proporcionar maior 
empenho do metabolismo termorregulador.
As perspectivas de crescimento da ovinocultura 
paranaense são muito promissoras, principalmente 
pela existência, recentemente, de incentivos estraté-
gicos e apoio de entidades do governo (Secretaria da 
Agricultura e do Abastecimento do Paraná – SEAB; 
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão 
Rural – EMATER; Instituto Agronômico do Paraná 
– IAPAR; Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 
– SENAR) para a estruturação da cadeia produtiva. 
Uma estratégia nova do governo é a implantação de 
uma unidade de Produção de Matrizes e Reprodutores 
Ovinos e Genética Animal. Este projeto tem como 
objetivo ampliar a base genética de ovinos existente 
no Estado, proporcionar aos produtores animais me-
lhorados e tornar o Paraná uma unidade-referência da 
federação em relação a material genético ovino de 
qualidade. Nesse projeto ainda se incluem unidades 
de apoio, como estudo de mercado, visando identificar 
a concorrência no mercado consumidor e manter uma 
escala de produção e oferta regular.
Os incentivos governamentais estão voltados tam-
bém para projetos de formação de associativismo com 
o objetivo de qualificar a produção e os processos 
produtivos e fortalecer as entidades de produtores 
(Associação Paranaense de Criadores de Ovinos – 
OVINOPAR).
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
(Embrapa) e o IAPAR também incentivam pesquisas 
direcionadas à produção animal e ao desenvolvimento 
de espécies forrageiras cultivadas em distintas regiões 
do Estado. Por meio de pesquisas têm-se respostas 
importantes para que possam ser difundidas diferentes 
tecnologias e melhorias no sistema produtivo.
Deve ser mencionado que no Estado do Paraná 
existe o Projeto Gourmet, com apoio da EMATER, 
cujo objetivo é promover ações para que a carne ovi-
na seja inserida no mercado com as características que 
atendam às exigências do consumidor. Para isto são 
realizados cursos de análise sensorial, de cortes espe-
ciais com a carne ovina, bem como técnicas de 
preparo desse produto. Dentre as ações desse projeto 
destaca-se também a difusão da carne pela criação do 
marketing empresarial e degustação em supermercado, 
feiras e eventos gastronômicos com o objetivo de 
educar o consumidor para esse produto diferenciado.
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