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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE ISO 9001 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE ISO 9001 – SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO 1.1 O QUE É QUALIDADE? 1.2 FERRAMENTAS DA QUALIDADE – O PDCA 1.2.1 O “P” 1.2.2 O “D” 1.2.3 O “C” 1.2.4 O “A” 1.3 OS OITO PRINCÍPIOS DA QUALIDADE 1.3.1 Foco no cliente 1.3.2 Liderança 1.3.3 Envolvimento das pessoas 1.3.4 Abordagem por processo 1.3.5 Abordagem sistêmica da gestão 1.3.6 Melhoria contínua 1.3.7 Abordagem factual para tomada de decisões 1.3.8 Relações mutuamente benéficas com fornecedores 1.4 A INSTITUIÇÃO ISO E A HISTÓRIA 1.5 SÉRIE ISO 9000 1.6 A ISO 9001: VISÃO GERAL DA ORGANIZAÇÃO ISO 1.6.1 Vocabulário segundo a ISO 9000 MÓDULO II 2 ESTUDO DOS REQUISITOS DA ISSO 9001 2.1 ESTUDO DOS REQUISITOS 0, 1, 2, 3 AN02FREV001/REV 4.0 4 MÓDULO III 3 ESTUDO DOS REQUISITOS IMPLEMENTÁVEIS DA ISSO 9001 3.1 ESTUDO DA SEÇÃO 4 3.1.1 A necessidade de controlar documentos 3.1.2 A necessidade de controlar registros 3.2 ESTUDO DA SEÇÃO 5 MÓDULO IV 4 ANÁLISE CRÍTICA MÓDULO V 5 PROVISÃO DE RECURSOS 5.1 PROVISÃO DE RECURSOS HUMANOS 5.1.1 Registro de treinamento 5.1.2 Programação anual de treinamentos 5.1.3 Registro para avaliação de habilidades 5.1.4 Registro de matriz de competências 5.2 INFRAESTRUTURA 6 REALIZAÇÃO DO PRODUTO MÓDULO VI 7 PROCESSO DE AQUISIÇÃO 8 PRODUÇÃO E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MÓDULO VII 9 MEDIÇÃO, ANÁLISE E MELHORIA MÓDULO VIII 10 ANÁLISE DE DADOS E MELHORIA CONTÍNUA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I 1 INTRODUÇÃO 1.1 O QUE É QUALIDADE? Quando pensamos em qualidade, facilmente chega a nossas mentes o que a palavra significa. Essa facilidade ocorre porque cada um de nós tem em mente o que desejamos quando pensamos em algo que tenha qualidade. O que significa que o conceito é muito individual, o que Infelizmente acaba causando confusão sobre a interpretação da palavra “qualidade” e consequentemente falha na busca por ela nas empresas. As definições apresentadas nas normas internacionais nos ajuda a esclarecer tal conceito. Mas antes de buscar na norma vamos ver o que os canais de busca na internet, tão comuns no nosso dia a dia, nos dizem sobre qualidade: Qualidade é um conceito subjetivo que está relacionado diretamente às percepções de cada indivíduo. Diversos fatores como cultura, modelos mentais, tipo de produto ou serviço prestado, necessidades e expectativas influenciam diretamente nesta definição. (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Qualidade>. Acesso em: 29 jun. 2013). E finalmente o que nos diz a ISO 9001/2008 sobre qualidade: “Grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz os requisitos.” Mas os requisitos de quem? Quando enfocamos a qualidade no dia a dia das empresas os requisitos sempre serão os do cliente, então concluímos que temos qualidade quando atendemos o requisito do cliente. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto http://pt.wikipedia.org/wiki/Servi%C3%A7o AN02FREV001/REV 4.0 6 Então se, na prática, qualidade significa satisfação do cliente, deveremos abrir os canais na empresa para que possamos conhecer que requisitos são esses, quais requisitos são necessários ao cliente e qual é a necessidade. As necessidades de alguns clientes são complexas, enquanto as de outros são mais simples; porém, para todos à qualidade será percebida quando avaliarem a qualidade do que compraram comparada com as necessidades que tinham e buscaram atender com aquela compra. Essa necessidade pode incluir, por exemplo, o preço, a cor, a utilidade. Qualquer cliente terá a atitude de avaliar se o produto ou serviço atendeu às suas necessidades. O cliente pode ser um cliente comum, habitual da empresa, um cliente esporádico, um comprador, uma autoridade local ou um órgão do governo. Qualidade pode significar coisas diferentes para clientes diferentes. Só se fornece qualidade se primeiro identificarmos quem são os clientes daquela empresa e então o que eles esperam quando procuram a empresa para adquirir um produto ou serviço de “qualidade”. Precisamos saber que requisitos de desempenho o cliente busca no produto ou serviço oferecido pela empresa, como exemplo citamos alguns requisitos de desempenho que são buscados pelos clientes: durabilidade, preço, confiabilidade, segurança, cor, sabor, cheiro, resistência, entre outros. Uma característica do produto pode ser detalhada por intermédio de especificações formais que devem servir de base para que o produto possa ser avaliado de forma objetiva pelo cliente ou pela própria empresa antes de lançar o produto no mercado. Por poder ter vários significados de acordo com o desejo do cliente, qualidade passa a ter um conceito não específico, ao menos que seja traduzido pelo próprio cliente quando ele define de forma específica o que deseja quando busca aquele produto ou serviço. FIGURA 1 - TRANSFORMAÇÃO DO DESEJO EM QUALIDADE FONTE: Arquivo pessoal do autor. AN02FREV001/REV 4.0 7 Devemos ficar atentos, ainda, que essa interpretação do desejo do cliente não pode definir um padrão na empresa, a não ser que a mesma atenda um tipo de cliente único, o que não permite que tenhamos diferentes desejos (requisitos) a serem atendidos. O requisito de um único cliente, em uma empresa que tem centenas não pode fazer com que seja criado um “padrão” de qualidade errôneo. Um exemplo é a rede hoteleira, hotéis possuem quartos com diferentes padrões, para atender a qualidade que o cliente busca. O que pode ser diferente de um para o outro e por vezes até o mesmo cliente pode necessitar um produto (quarto de hotel, diária) com a qualidade diferente dependendo do momento. Neste caso, padrão de quarto é a qualidade que ele busca, pois sua necessidade pode mudar com o tempo ou dependendo para fim que está buscando. 1.2 FERRAMENTAS DA QUALIDADE – O PDCA O PDCA é um processo que utiliza um conjunto de ações para melhoria contínua. É a ferramenta da qualidade mais utilizada. Foi criado por Walter A. Shewhart, que definiu a ferramenta como um “ciclo de controle estatístico do processo, que pode ser repetido continuamente sobre qualquer processo ou problema”. Mas esta ferramenta foi popularizada por W. Edwards Deming. O ciclo PDCA é um método que visa controlar e conseguir resultados eficazes e confiáveis nas atividades de uma organização. É um eficiente modo de apresentar uma melhoria no processo. O PDCA quando utilizado nas empresas colabora para padronizar as informações do controle da qualidade, para evitar erros lógicos nas análises de causa de erros ocorridos, e torna as informações mais fáceis de se entender. Cada letra da ferramenta representa um passo a ser seguido dentro da realização da atividade, que pode ser o próprio planejamento de uma ação, a execução de um projeto ou ainda o passo a passo a ser seguido quando está se testando uma ação, validando uma atividade. AN02FREV001/REV 4.0 8 A imagem a seguir representa a ferramentae nos demonstra um ciclo, o infinito, que leva a melhoria contínua. Para obter a melhoria contínua temos que: primeiro planejar; segundo desenvolver, o que inclui treinar; terceiro verificar; e, por último, agir corretivamente. FIGURA 2 - IMAGEM PDCA 1.2.1 O “P” O “P” significa planejamento e vem do inglês Plan. Nesta primeira fase, é proposto pela ferramenta o levantamento das oportunidades de melhorias ou das necessidades do cliente, com base em informações precisas traduzindo-as em objetivos. P D C A Planejar Desenvolver Verificar Agir AN02FREV001/REV 4.0 9 Depois é realizada a definição das ações, é definido o caminho a seguir, o método, o “como”. Utilize esta fase para dialogar novas abordagens e negociar com as partes interessadas e com a equipe o método e quais recursos a serem utilizados (caminho a ser seguido), ou seja, o planejamento. Nesta fase também são definidas as metas. 1.2.2 O “D” O “D” significa desenvolver e vem do inglês Do. É nesta etapa do ciclo que realizamos aquilo que foi planejado no primeiro passo, mas antes disso deve-se realizar o treinamento. O treinamento faz parte do desenvolvimento e nem sempre é lembrado. Capacitar as pessoas, por meio de educação e treinamento, para poder delegar autoridade sobre seus processos. Implementar o planejamento feito anteriormente. É nesta fase que a equipe bem treinada coloca à prova o planejado. Nesta fase também é feita a coleta de dados para controlar as atividades e os avanços previstos e para comprovar que o que foi planejado foi realizado. Pois na próxima etapa a verificação necessitará destes dados. 1.2.3 O “C” O “C” significa verificar e vem do inglês Check. Nesta etapa, a terceira da aplicação do PDCA, comparam-se os dados coletados durante a execução com os dados planejados e esperados ou especificados na primeira fase “P”, de planejamento, a fim de se averiguar desvios. Nesta fase devemos verificar as variações do método empregado. Verificar os desvios, que devem ser analisados e tratados com as ações da próxima fase. Verificar variações nos equipamentos, materiais, métodos e medições. Se as metas propostas na primeira fase foram atendidas. AN02FREV001/REV 4.0 10 Podemos, nesta fase, nos fazer as seguintes perguntas: Quais as lições aprendidas? O que deu certo? O que deu errado? Por quê? Isto irá auxiliar na identificação da raiz do problema da etapa seguinte. Caso não tenha nenhum desvio, e a ferramenta esteja sendo utilizada para padronizar um processo, a fase seguinte pode ser utilizada para estabelecer novas metas. 1.2.4 O “A” O “A” significa ação corretiva e vem do inglês Action. Nesta fase os desvios que podemos chamar de não conformidades que levaram ao não atendimento do planejado, ou do atendimento das metas, são corrigidos por meio da aplicação das ações corretivas. Nesta fase estuda-se a causa dos desvios e planejam-se as ações corretivas. Quando planejamos as ações corretivas, estamos entrando novamente na primeira fase do PDCA, no “P”, e assim segue-se rodando o ciclo PDCA de forma infinita, rumo à melhoria contínua. Nesta fase o grande objetivo é remover sempre a causa primeira do problema sem, no entanto, paralisar a produção, as ações da empresa. Essas ações corretivas podem ser imediatas, para resolver o problema, e posteriormente de longo prazo, para que seja definitiva na correção do desvio. Perguntas que podemos fazer nesta fase: O que deve ser mantido dentro do planejamento? E o que de deve ser descartado no planejamento? Nesta fase, revisamos o planejamento e incorporamos as correções no processo, retroalimentando o processo com as novas alterações. E assim segue a melhoria contínua, e feito a nova aplicação do PDCA. AN02FREV001/REV 4.0 11 1.3 OS OITO PRINCÍPIOS DA QUALIDADE A ISO 9004 refere-se aos “Oito Princípios da Gestão da Qualidade”, que podem ser resumidos: Foi claramente demonstrado e comprovado que aquelas organizações que se esforçam firmemente para compreender as necessidades e expectativas de seus clientes e então sistematicamente ajustam seu planejamento e gerenciam suas operações para entregar seus produtos e/ou serviços de modo confiável e consistente, geralmente sobrevivem e crescem. Os princípios da qualidade foram definidos de maneira que expressam de maneira geral o que resumidamente uma empresa deve praticar para que possa ter uma boa gestão. Em paralelo podemos dizer que estes princípios são a base para a implantação da gestão da qualidade, seguramente podemos dizer que uma empresa que se propõe a implantar normas de gestão da qualidade automaticamente está se propondo a praticar os oito princípios da qualidade. Os oito princípios individualmente podem ser descritos como apresentados a seguir. 1.3.1 Foco no cliente Uma organização depende de seus clientes e, portanto, precisa compreender as suas necessidades atuais e futuras. Não deve somente se estabelecer em atender aos requisitos do cliente, mas se esforçar em exceder as suas expectativas. Exceder expectativas significa ir além do desejo declarado do cliente e atender aquilo que ele ainda nem pensou em desejar, mas se torna seu desejo quando ele se depara com aquele atributo do produto ou serviço. No esquema a seguir esta superação que demonstra foco no cliente é representada. AN02FREV001/REV 4.0 12 FIGURA 3 - SUPERAÇÃO DA EXPECTATIVA DO CLIENTE Lacuna FONTE: Arquivo pessoal do autor. 1.3.2 Liderança Os líderes da empresa determinam, comunicam o propósito e direção da organização, bem como moldam e fazem acontecer um ambiente interno de organização no qual o pessoal pode tornar-se totalmente envolvido em atingir os objetivos da organização. E esse propósito é identificado pelo pessoal da organização nas ações dos seus líderes, e isso é perene, evolui. As ações de uma empresa que pratica a liderança vão ao encontro do propósito da empresa e a impulsiona para atingir este propósito porque seu pessoal percebe e segue a liderança naquilo que pratica e que determina. 1.3.3 Envolvimento das pessoas As organizações são dependentes de seu pessoal e envolvimento completo possibilita que suas habilidades sejam utilizadas para o benefício da organização. O que significa que ações de gestão devem envolver não apenas os líderes, mas todo Expectativas dos clientes em relação ao produto que busca na empresa O que a empresa tem para oferecer para o cliente para superar as suas expectativas. AN02FREV001/REV 4.0 13 o pessoal, as pessoais devem estar envolvidas nos resultados e nos atendimentos as metas. Envolver as pessoas significa que será necessário treinamento, participação do pessoal na resolução dos problemas. 1.3.4 Abordagem por processo Atividades e recursos gerenciados como um processo na busca de um resultado. As organizações atingem seus objetivos mais eficientes e eficazmente quando atividades são adequadamente municiadas de recursos e gerenciadas como um processo. Um processo exige uma entrada, aplicação de recursos e métodos para gerar uma saída, a saída é o produto do processo. Abordar as atividades da empresa divididas por processos contribui para a rápida identificação das causas dos desvios e estabelecimento de metas. 1.3.5 Abordagem sistêmica da gestão Uma organização irá aumentar sua eficiência e eficácia pela identificação, compreensão e gestão de processos inter-relacionados de um sistema que são projetados para atender a determinados objetivos. Identificar, entender e gerenciar os processos inter-relacionados como um sistema traduz a abordagem sistêmica da gestão. Um processo sempre fornece um serviço ou produto para outro processo,mesmo que seja um processo que acontece no cliente. Dentro de uma mesma empresa temos vários processos, então teremos também vários clientes e fornecedores para cada processo. Entender que esses processos devem estar inter- relacionados para que aconteça uma boa gestão é ter a abordagem sistêmica da gestão. AN02FREV001/REV 4.0 14 1.3.6 Melhoria contínua Objetivo permanente da organização. Melhoria contínua do seu desempenho. Um objetivo primário da organização é melhorar continuamente na busca da satisfação do cliente. A organização deve buscar ser hoje melhor que “ontem” e “amanhã” melhor que “hoje”. 1.3.7 Abordagem factual para tomada de decisões Decisões eficazes são baseadas em análise lógica e intuitiva de dados e informações. A organização que pratica este princípio toma decisões eficazes, pois está baseada na análise de dados e informações. A direção da empresa não age impulsivamente, e sim de forma segura porque o faz baseada em dados e informações. 1.3.8 Relações mutuamente benéficas com fornecedores A habilidade da organização em satisfazer as necessidades e expectativas de clientes é aumentada pelo relacionamento com seus fornecedores que são também beneficiados. Relação de benefícios mútuos aumenta a capacidade de ambos em agregar valor. A relação com o fornecedor deve ser de parceria, a chamada relação “ganha-ganha”, a empresa deve proporcionar ao fornecedor esta relação para que seja sustentável para o fornecedor fornecer seus produtos ou serviços para a empresa, para que o fornecedor permaneça no mercado. AN02FREV001/REV 4.0 15 1.4 A INSTITUIÇÃO ISO E A HISTÓRIA As Normas de Sistema (de gestão) da Qualidade atual podem ter se originado nas versões normativas da década de 50, nos Estados Unidos. Porém, através dos anos, muitos aprendizados e experiências foram incorporados para as Normas Nacionais e Internacionais. O gráfico a seguir representa de maneira simples essa evolução. FIGURA 4 - A EVOLUÇÃO DAS REVISÕES DA NORMA X ANO FONTE: Arquivo pessoal do autor. O interesse em Sistemas da Qualidade se estendeu tanto que, em 1987, a Organização Internacional para a Padronização (ISO), com sede em Genebra (na Suíça), publicou uma série de modelos de Sistemas da Qualidade para capacitar o mundo para se padronizar em requisitos comuns de Sistema da Qualidade. Facilitando a remoção de barreiras comerciais baseadas na falta de compatibilidade AN02FREV001/REV 4.0 16 (ou compreensão) de vários documentos nacionais de Sistemas da Qualidade. Então foi criada a série ISO 9000. Muitas organizações nacionais já tinham instituído suas normas de gestão, mas escolheram reposicionar suas normas correntes e resolveram adotar a série ISO 9000. O Reino Unido, por exemplo, revisou e novamente emitiu a sua norma de sistema da qualidade (série BS 5750). Os EUA também fizeram isso com a série ANSI 90, em Singapura com a SS 308, e assim na maioria das nações industrializadas. Caminhando na harmonização das normas europeias, o Comitê Europeu de Normatização (CEN) adotou a série ISO 9000 em 1987, como a Norma Europeia Série EN 29000. A Organização Internacional para a Padronização (ISO) tem como política que suas normas devem ser revisadas aproximadamente a cada quatro ou cinco anos e, em 1994, foi publicada a versão revisada da série ISO 9000 ao mesmo tempo que suporta tal emissão com alguns documentos adicionais e enfatizando a intenção de não expandir as séries em uma grande variação direcionada a ramos de negócios específicos. As normas da série ISO 9000 foram então revisadas em 1994 e, em formato geral, permanecendo basicamente inalteradas e, novamente em 2000 e depois em 2008. Com certeza o maior salto foi entre a versão 1994 e a versão 2000, introduzindo de maneira obrigatória os requisitos de melhoria contínua. Alterou-se o conceito de que era uma norma listada por elementos de sistema da qualidade para um modelo mais compatível aos métodos organizacionais de operação, menos burocrática e focada em padronização documental. Em paralelo com este movimento na direção da utilização de Sistemas da Qualidade formalizados, desenvolveu-se o crescimento na “avaliação” da capacidade de uma organização colocar em prática as disciplinas de tais sistemas. O foco passou em torno da capacidade da empresa em, por meio da prática dos conceitos da norma ISO 9001, promover a melhoria contínua da empresa. Inicialmente as grandes empresas compradoras anunciaram que os fornecedores deviam adotar um sistema formalizado, com o requisito que devia ser submetido a uma avaliação profunda pelo comprador, para estabelecer se tudo aquilo que ele buscava na empresa e considerava necessário estava sendo implementado eficazmente. Isso levou ao estabelecimento de setores dentro das empresas somente para avaliar este fornecedor, e mais tarde o termo “auditorias” AN02FREV001/REV 4.0 17 passou a ser utilizado para definir esta atividade de avaliar o fornecedor de acordo com os requisitos. Dessa forma, passa a ser definido que para avaliar de maneira formal a prática da ISO 9000 de uma companhia, seria necessária uma avaliação formal realizada por um organismo autorizado e independente, isto é, uma auditoria de terceira parte. O interesse mundial nas séries ISO 9000 aumentou o interesse e estimulou a necessidade para auditorias de terceira parte numa escala mundial. O conceito básico de que uma auditoria realizada por uma organização autorizada em Singapura deve ser aceita por um comprador na Holanda é válido e sensato, mas para ser este o caso, é necessário um esquema aceitável para todos e, administrado por uma norma comum. Em paralelo ocorreu o reconhecimento dos governos nacionais em apoiar ativamente as empresas de seus países a adotar as práticas de Gestão da Qualidade e ativamente promover o estabelecimento de esquemas com base na ISO 9001 bem como a avaliação por uma organização de terceira parte aprovada e autorizada, as hoje chamadas certificadoras. As organizações de “terceira parte” precisam atender a requisitos predefinidos para competência e habilidade técnica para representar estas empresas ao avaliar seus fornecedores. Então, elas precisam ser “credenciadas” ao organismo acreditador de seu país para atuar como uma organização competente em realizar avaliações de sistemas da qualidade e garantir uma certificação formal. Logo, elas são credenciadas como um organismo certificador. A ISO está dando seguimento ao posterior desenvolvimento das Séries ISO 9000, tendo desenvolvido normas de apoio para a aplicação da ISO série 9000 nos diversos ramos de indústrias e serviços, como software, alimentos, e outros ramos de negócios. Elas servem de apoio de como estes setores são integrados à série ISO 9000:2008. A série de normas ISO 9000 foi projetada para ser menos focada a um único negócio e mais amigável do ponto de vista abrangente de uso. Em particular a série de documentos está inserida em uma filosofia Total Quality Management (Gestão da Qualidade Total) e aos vários esquemas nacionais da qualidade e propõe-se a fornecer uma única forma a qualquer organização que pode ser registrada (certificada), ou seja, a norma ISO 9001:2008 pode ser aplicada a qualquer organização. AN02FREV001/REV 4.0 18 Junto com a introdução da ISO 9001:2008 há também a intenção de integrar as normas de sistemas de gestão (meio ambiente, saúde e segurança, etc.). Muitas empresas já se movimentaram nesta direção e não é incomum encontrar uma empresa cujo Manual da Qualidade está abordando outros sistemas de gestão e não somente Qualidade. Nestas situações, o documento tem um título mais abrangente como “Manual do Sistema de Gestão Integrado”, ou “Manual de Gestão” etc. As Organizações de Terceira Parte oferecemuma auditoria combinada, a chamada auditoria integrada para cobrir dois ou mais sistemas de gestão (normas). 1.5 SÉRIE ISO 9000 As normas da série ISO 9000 não fornecem especificações de produtos ou serviços e pretendem fornecer uma abordagem genérica para sistemas de gestão da qualidade visando capacitar uma organização a fornecer produtos/serviços que atendam aos requisitos dos clientes, requisitos regulatórios ou da própria organização. Esta abordagem genérica é aplicável a qualquer ramo de negócio, setor econômico, não importando o produto ou serviço oferecido. Os requisitos de produtos e serviços (e em alguns casos processos associados específicos) precisam estar contidos de alguma forma em especificações técnicas, especificações de produto e processo, acordos contratuais e requisitos de legislação. O número escolhido, 9000, não representa superioridade ou inferioridade, por exemplo, em relação ao 14000, é apenas um número escolhido para montar uma série de normas na área de gestão da qualidade. A seguir, a definição/conteúdo das normas dentro da série ISO 9000. ISO 9000 Sistemas de Gestão da Qualidade – Fundamentos e Vocabulário: esta norma descreve os fundamentos dos sistemas de gestão da qualidade e terminologia para sistemas de gestão da qualidade. ISO 9001 Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos: a única certificável, as demais são normas de apoio. Esta norma, que está na versão 2008, especifica requisitos de sistemas de gestão da qualidade para uso AN02FREV001/REV 4.0 19 onde a capacidade da organização precisa ser demonstrada para fornecer produtos que atendam os requisitos de clientes e regulamentos aplicáveis. ISO 9004 Sistemas de Gestão da Qualidade – Guia para melhoria do desempenho: esta norma é um guia para sistemas de gestão da qualidade incluindo os processos para melhoria contínua que contribuem para a satisfação dos clientes da organização e outras partes interessadas. Suportadas por: ISO 10005 Gestão da Qualidade – Guia para Planos da Qualidade; ISO 10012-1 Requisitos de Garantia da Qualidade para Equipamentos de Medição; ISO 10013 Guia para Desenvolvimento de Manuais da Qualidade; ISO 19011 Guia para Conduzir Auditorias de Meio Ambiente e Qualidade. Uma organização só pode ser auditada e certificada com base na ISO 9001. As normas ISO 9002 e ISO 9003 não estão mais sendo utilizadas, foram descontinuadas. Uma organização não pode ser auditada com base na ISO 9000:2000 ou na ISO 9004:2000. A ISO 19011 traz diretrizes extremamente úteis para que auditores de sistemas da qualidade possam realizar auditorias de primeira, segunda ou terceira partes. A maioria dos cursos de treinamento baseia-se atualmente nos princípios e práticas expostos neste documento. Infelizmente pouquíssimas autoridades de auditoria dispensam tempo ou atenção para entender alguns dos conceitos básicos cobertos neste documento. A ISO 9001 fornece um modelo para que o sistema da qualidade possa ser utilizado como base no desenvolvimento de um sistema da qualidade adequado à necessidade de uma organização. Pode ser utilizada em uma situação contratual entre duas partes onde o fornecedor precisa demonstrar capacidade em projetar e fornecer um produto. Os requisitos contidos na norma são preventivos em sua natureza. A ISO 9001:2008, juntamente com sua “parceira” ISO 9004:2000, segue o que é descrito na ISO 9000:2000 como os oito princípios da gestão da qualidade que já estudamos no capítulo anterior. AN02FREV001/REV 4.0 20 Deve ser verificado que o que está nas normas é somente retirado do que ocorre no mundo. As normas não inventam ou lideram, elas seguem o que é considerado a “melhor prática”. Neste aspecto, o conteúdo da ISO 9001:2008 não é a revelação de qualquer organização ou classe mundial, mas meramente um reconhecimento da sua abordagem. O principal propósito da elaboração das normas ISO 9000:2008 é apoiar organizações que desejam desenvolver, implementar e manter um sistema de gestão da qualidade que dará a capacidade de atender as necessidades dos clientes. As normas atuais de sistemas de gestão da qualidade formam uma série complementar de normas com a intenção de facilitar um entendimento mútuo em comércio nacional e internacional no que diz respeito à gestão da qualidade. A intenção é que as normas ISO 9001 e ISO 9004 formem um par “consistente” de normas de sistemas de gestão da qualidade e foram projetadas para serem utilizadas em conjunto e também independentemente. A estrutura de ambos os documentos é similar, visando facilitar o uso em conjunto, porém a intenção por trás de ambas as normas é estar claro o respectivo escopo de cada uma. É aceitável para a certificação um escopo reduzido e ajuste do sistema para fornecer a organização uma identificação clara de quais elementos da ISO 9001:2008 podem não ser aplicáveis a uma organização em particular e com concordância da terceira parte (órgão certificador). Reconhece-se que as organizações não dirigem seus negócios para adequar os requisitos detalhados nas normas de Sistemas de Gestão da Qualidade tais como a ISO 9001, mas sim de um modo que serve para suas necessidades de fornecer produtos e serviços. Logo, as organizações irão se organizar para realizar processos que resultam em saídas adequadas. AN02FREV001/REV 4.0 21 1.6 A ISO 9001: VISÃO GERAL DA ORGANIZAÇÃO ISO A sigla ISO é formada pelas iniciais International Organization for Standardization (Organização Internacional para Normatização Técnica). É uma organização não governamental criada na Suíça, no ano de 1946, sediada em Genebra, seu objetivo é fixar normas técnicas essenciais para o âmbito internacional, para evitar abusos econômicos e tecnológicos dos países mais desenvolvidos sobre os países menos desenvolvidos. Os membros desta organização são representantes das entidades de normalização em seus respectivos países. Temos como exemplo o Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), bem conhecido pela população brasileira. O trabalho técnico da ISO é conduzido por comitês técnicos, que aqui no Brasil é o CB25, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As normas ISO não são imutáveis, devem ser revistas e revisadas pelo menos uma vez a cada cinco anos. Até a década de 80, existiam diversas normas sobre a garantia e gestão da qualidade. Normas que deveriam ser cumpridas pelos fornecedores para que seus produtos fossem vendidos. Isso gerava muita confusão, pois para vender no mercado internacional o fornecedor tinha que se adequar às normas. Com o objetivo de acabar com a proliferação de normas da qualidade, a ISO criou o comitê TC/176 – garantia da qualidade que elaborou a ISO 9000. Estas normas forram criadas a partir de outras normas analisadas sobre o assunto. No ano de 1987, foi publicada a ISO 9000 – normas para sistemas de qualidade – e, a partir da versão 1994, a série ISO 9000 passou a ser conhecida como “família ISO 9000”. Sendo que o número inicial significa a norma, e o número que vem após os dois pontos ( : ) é o ano de revisão da norma. Vários países adotaram a série e passaram a utilizá-la em seu sistema de qualidade. Com a abertura dos mercados, a exportação torna-se mais fácil, bem como a entrada de novos produtos, aumentando a competitividade entre empresas AN02FREV001/REV 4.0 22 locais e não locais, procurando adequar-se a exigência do mercado quanto à qualidade total. A família ISO inicialmente era composta por quatro normas. Cada norma trata de um título diferente, que possuem suas particularidades e requisitos de execução. Esquematicamente, a série ISO 9000 pode ser vista como a primeira norma a demonstrar os princípios basilares para construção de Sistemas de Gestão da Qualidade. Estabelece os fundamentos eo vocabulário da qualidade, para melhor entendimento na execução. A Norma ISO 9000 é o ponto de partida, uma vez que ela fixa as bases para construção de SGQs (Sistemas de Gestão da Qualidade): fundamentos e vocabulário. Por outro lado, a necessidade de estabelecer um vocabulário é obvia para qualquer ciência ou assunto; é próprio princípio de normalização técnica. Em terminologia, não há uma base consistente para estabelecer parâmetros objetivos. 1.6.1 Vocabulário segundo a ISO 9000 Como dito anteriormente, a ISO 9000 é uma norma de apoio à ISO 9001, ela traz as definições dos termos utilizados na ISO 9001. Para entender os requisitos desta norma, é base o entendimento dos termos utilizados. Mais de 80 palavras estão definidas na norma ISO 9001. Podemos separá- las e, de forma coesa, juntá-las segundo o tema relacionado às normas da série ISO 9000. Termos relacionados com a qualidade: qualidade – grau em que um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos; requisito – necessidade ou expectativa que é expressa, geralmente, de forma implícita ou obrigatória; satisfação do cliente – percepção do cliente do grau no qual os seus requisitos foram atendidos. AN02FREV001/REV 4.0 23 Termos relacionados com a gestão: sistema – conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos; Sistema de Gestão – sistema para estabelecer política e objetivos, e para atingir estes objetivos; Sistema de Gestão da Qualidade – sistema de gestão para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à qualidade; objetivo da qualidade – aquilo que é buscado ou almejado, no que diz respeito à qualidade; planejamento da qualidade – parte da gestão da qualidade focada no estabelecimento dos objetivos da qualidade e que especifica os recursos e processos operacionais necessários para atender a estes objetivos; melhoria da qualidade – parte da gestão da qualidade focada no aumento da capacidade de atender os requisitos da qualidade; melhoria contínua – atividade recorrente para aumentar a capacidade de atender requisitos; eficácia – extensão na qual as atividades planejadas são realizadas e os resultados planejados alcançados; eficiência – relação entre o resultado alcançado e os recursos usados. Termos relacionados com a organização: organização – grupo de instalações e pessoas com um conjunto de responsabilidades, autoridades e relações; infraestrutura – sistema de instalações, equipamentos e serviços necessários para a operação de uma organização; ambiente de trabalho – conjunto de condições sob as quais um trabalho é realizado; cliente – organização ou pessoa que recebe um produto; fornecedor – organização ou pessoa que fornece um produto. Termos relacionados com o processo/produto: processo – conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas); produto – resultado de um processo; AN02FREV001/REV 4.0 24 projeto e desenvolvimento – conjunto de processos que transformam requisitos em características especificadas ou na especificação de um produto, processo ou sistema. procedimento – forma especificada de executar uma atividade ou um processo. Termos relacionados com as características: característica – propriedade diferenciadora; rastreabilidade – capacidade de recuperar o histórico, a aplicação ou a localização daquilo que está sendo considerado. Termos relacionados com a conformidade: não conformidade – não atendimento a um requisito; defeito – não atendimento a um requisito relacionado a um uso pretendido ou especificado; ação preventiva – ação para eliminar a causa de uma potencial não conformidade ou outra situação potencialmente indesejável. Termos relacionados com a conformidade: ação corretiva – ação para eliminar a causa de uma não conformidade identificada ou outra situação indesejada; correção – ação para eliminar uma não conformidade identificada; retrabalho – ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo conforme aos requisitos; reparo – ação sobre um produto não conforme, a fim de torná-lo aceitável para o uso pretendido; concessão – permissão para usar ou liberar um produto que não atende a requisitos especificados; permissão de desvio – permissão para desviar-se dos requisitos originalmente especificados de um produto antes da sua realização. Termos relacionados com a documentação: informação – dados significativos; AN02FREV001/REV 4.0 25 documento – informação e o meio no qual ela está contida; especificação – documento que estabelece requisitos; manual da qualidade – documento que especifica o Sistema de Gestão da Qualidade de uma organização; plano da qualidade – documento que especifica quais os procedimentos e recursos associados devem ser aplicados, por quem e quando, a um empreendimento, produto, processo ou contrato específicos; registro – documento que apresenta resultados obtidos ou fornece evidências de atividades realizadas. Termos relacionados com exame: evidência objetiva – dados que apoiam a existência ou a verdade de alguma coisa; análise crítica – atividade realizada para determinar a pertinência, a adequação e a eficácia do que está sendo examinado, para alcançar os objetivos estabelecidos; verificação – comprovação, através de fornecimento de evidência objetiva, de que os requisitos especificados foram atendidos; validação – comprovação, por meio do fornecimento de evidência objetiva, de que os requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos; processo de qualificação – processo para demonstrar a capacidade de atender a requisitos especificados. Termos relacionados com a auditoria: auditoria – processo sistemático, documentado e independente, para obter evidência da auditoria e avaliá-la objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios de auditoria são atendidos; evidência da auditoria – registros, apresentações de fatos ou outras informações, pertinentes aos critérios de auditoria e verificáveis; competência – atributos pessoais e capacidade demonstrados para aplicar conhecimento e habilidades; AN02FREV001/REV 4.0 26 auditor – pessoa com atributos pessoais demonstrados e competência para conduzir uma auditoria; auditado – organização que está sendo auditada; especialista – pessoa que fornece conhecimentos e experiência específicos à equipe da auditoria. Termos relacionados com o processo de medição: processo de medição – conjunto de operações para determinar o valor de uma grandeza; comprovação metrológica – conjunto de operações necessárias para assegurar que um equipamento de medição atende aos requisitos para seu uso pretendido; sistema de gestão de medição – conjunto de elementos, inter- relacionados ou interativos, necessários para alcançar a comprovação metrológica e controle contínuo dos processos de medição. FIM DO MÓDULO I
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