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Paulo Renê da Silva Junior
Médico Veterinário graduado pela Universidade Federal 
de Lavras e consultor em coturnicultura
 ÍNDICES 
PRODUTIVOS
CODORNAS
COMO MELHORAR
DAS
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Início de postura
A codorna deve chegar ao início de postura 
com a carcaça formada e com peso acima 
dos 160 gramas. Para que isso ocorra, são 
necessários cuidados especiais desde o 
início da recria. 
Fase de produção
As codornas têm dificuldade para fazer a 
reposição de cálcio nos ossos durante seu 
período de produção, o que evidencia ainda 
mais a necessidade de aguardar a completa 
formação da carcaça para atingir melhores 
resultados e, também, mostra o quanto a 
nutrição na recria é importante. 
Recria
O início da recria requer cuidados e tem 
manejo complicado devido à necessidade de 
temperaturas mais altas, entre 34oC e 36oC. 
Uma desatenção nessa fase pode resultar 
em perdas sensíveis no desenvolvimento das 
codornas, prejudicando o ganho de peso, 
formação da carcaça e a uniformidade. 
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NUTRIÇÃO
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A vida produtiva das 
codornas japonesas 
é influenciada pelo 
manejo, nutrição e 
período de luz na 
recria, determinando 
a viabilidade e 
longevidade produtiva 
da ave.
Temperatura
Um dos problemas mais comuns nessa 
fase é o excesso de calor, que causa 
desidratação, apatia, redução no 
consumo de ração e amontoamento, 
podendo levar a taxas elevadas de 
mortalidade. 
Outro problema seria o frio. Quando 
sentem frio, tendem a se amontoar 
buscando aquecimento e, nessas 
situações, algumas codornas ficam 
impedidas de sair para se alimentar e 
beber água, o que gera desuniformidade 
e pode também levar a altas taxas de 
mortalidade. 
Após esse período crítico, entre 3 a 5 dias 
de vida, é preciso reduzir gradativamente 
a temperatura, preparando a codorna 
para retirar completamente a fonte de 
calor, o que deve ocorrer entre 10 e 15 
dias de vida. Nas épocas mais frias do 
ano pode ser necessário fornecimento 
de calor à noite, até o 15º dia de vida, 
mesmo a codorna já estando empenada.
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Luminosidade
A luminosidade é outro fator que deve 
ser controlado. 
Nos primeiros dias são fornecidas 
24 horas diárias. 
Após 15 dias de vida, reduz-se 
gradativamente a luz fornecida, 
visando atrasar a maturidade sexual 
das codornas, até atingir 13 horas de 
luz por dia no 21° dia. 
Mantém-se assim até o início da 
produção de ovos. 
Para recrias realizadas no chão, com 
estruturas de alvenaria, recomenda-se:
O anoitecer deve ser natural 
As luzes devem ser acesas antes do 
amanhecer, pois as codornas tendem 
a se amontoar buscando os primeiros 
feixes de luz que entrem por frestas 
(portas, janelas, telhas), podendo 
gerar altas mortalidades em função 
desses amontoamentos. 
Em galpões abertos, com sistema de 
cortinas, esse cuidado não é necessário, pois 
o dia amanhece uniforme dentro do galpão.
Galpões abertos
Recria em gaiolas
Já em recria de gaiolas, sendo 
de alvenaria, ou cortinas, o 
amontoamento não ocorrerá. Esse 
período de luz deve ser levado até 
início da postura, quando a luz deve 
sofrer aumento de 1 hora semanal, até 
atingir 16 horas diárias. 
Em algumas regiões pode ser que 
sejam necessários períodos de luz de 
até 18 horas, dependendo do clima 
(calor) e da necessidade de ampliar o 
consumo de ração, sendo o período 
noturno mais fresco e, portanto, mais 
propício para estimular o consumo. 
Esse complemento de luz (de 16 para 
18 horas) pode ser adicionado ao final 
do dia, no início do dia, ou em um 
intervalo noturno (neste caso apenas 
1 hora).
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Densidade durante a recria
Outro fator importante e que pode 
influenciar a formação da carcaça da 
codorna é a densidade utilizada na recria.
Quando está acima da recomendada, 
as codornas têm seu desenvolvimento 
prejudicado e a uniformidade do lote fica 
comprometida. 
Além de respeitar a área em cm² 
recomendada pela linhagem, é 
importante observar qual a medida 
de comedouro disponível por codorna 
alojada e também o número de 
bebedouros (nipple) disponíveis para as 
codornas. O comedouro deve oferecer, no 
mínimo, 1,4 cm por codorna e, para cada 
20 codornas, deve possuir no mínimo 
1 nipple.
Ajuste do bico
Outro ponto importante é a data e 
a qualidade do ajuste de bico. É um 
procedimento delicado e de custo elevado, 
porém é muito eficiente para reduzir 
problemas de prolapso, desuniformidade e 
pico de produção. 
O primeiro ajuste de bico (aos 10 dias de 
vida) pode ser mais suave, o segundo e 
mais severo próximo aos 30 dias. 
Esses procedimentos melhoram o ganho 
de peso e o empenamento para o primeiro 
ajuste de bico, sendo que o segundo ajuste 
de bico é importante para um consumo 
mais homogêneo da ração (garante o 
consumo da dieta balanceada), as aves 
“ciscam” menos e, consequentemente, 
reduzem o desperdício de ração, além de 
evitar a bicagem da cloaca. 
É importante que a pessoa que realiza o 
ajuste de bico tenha conhecimento para 
tal, pois se exagerar pode “abrir o bico 
da ave” e se o corte for menor que o 
necessário, o bico volta a crescer e pode 
trazer problemas.
Em galpões climatizados, com sistema 
dark house e iluminação controlada, com 
baixa luminosidade, o ajuste de bico 
torna-se opcional, pois a codorna fica 
mais calma e a diferença de mortalidade 
e produção torna-se bem menor, quando 
compararmos com lotes que sofreram 
ajuste de bico.
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Transferência para 
o galpão de postura
Com o controle da luminosidade, manejo 
adequado na recria, nutrição de qualidade, as 
aves vão se desenvolver de forma adequada e 
podem ser transferidas para postura entre 37 e 
40 dias, antes do início da postura, que ocorrerá 
por volta dos 42 a 45 dias de vida.
A data da transferência precisa de uma margem 
de segurança, que impeça o transporte de 
codornas já em postura, evitando que ocorra 
postura interna, quebra de ovos no oviduto além 
de lesões no ovário que podem prejudicar o 
início de produção das codornas e até mesmo a 
viabilidade. 
No galpão de postura, é necessário verificar 
a pressão e vazão do bebedouro e o acesso 
a ração no comedouro, pois em algumas 
situações as codornas podem ter dificuldade 
para beber água ou comer, o que deve ser 
rapidamente observado e corrigido.
É extremamente importante que os galpões 
tenham apenas uma idade de aves e que se 
utilize o sistema “todos dentro todos fora” 
(all in all out). 
Não existe limpeza e desinfecção bem feitos, 
se dentro do galpão ainda restarem aves de 
outro lote. O processo adequado de limpeza 
e desinfecção quebra o ciclo de bactérias 
e vírus patogênicos presentes no galpão e 
diminui o desafio da codorna, tornando a 
tarefa de se adaptar ao novo ambiente mais 
fácil. 
Com os cuidados citados anteriormente 
é possível reduzir significativamente a 
mortalidade no início de postura das 
codornas, além de melhorar a taxa de 
postura e prolongar o pico de postura, 
garantindo ovos com boa qualidade de 
casca por um período maior. 
A transferência exige muitos cuidados, 
o manuseio das aves deve ser realizado de 
forma suave e evitando causar lesões na 
aves:
As caixas de transporte das codornas 
devem estar limpas e desinfetadas. 
Não podem permitir que as codornas 
passem a cabeça para fora da caixa, 
o que aumenta o risco de morte por 
decapitação ou estrangulamento.
Devem ter um espaço entre o piso e o 
fundo da caixa para evitara amputação 
de dedos ao arrastar uma caixa sobre a 
outra.
A densidade utilizada na caixa deve 
ser adequada, temperatura adequada, 
visto que durante o dia podem ocorrer 
variações de temperatura e de umidade 
no ambiente que podem interferir 
no conforto da codorna durante o 
transporte.
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Conclusões
Um lote de codorna que inicia a postura 
com as aves abaixo do peso adequado, 
sem completar o desenvolvimento da 
carcaça e/ou com baixa uniformidade, 
terá maior mortalidade no início de 
produção e terá uma vida produtiva 
menor, quando comparada com um lote 
que atenda essas exigências.
A principal causa de mortalidade 
no início do ciclo produtivo está 
relacionada ao prolapso e a causa do 
prolapso está diretamente relacionada 
ao peso corporal da codorna e sua 
carcaça. Outro fator importante na 
questão do prolapso é o ajuste de bico, 
quando tem maior luminosidade, para 
que as codornas não fiquem bicando a 
cloaca umas das outras. 
Em luminosidades maiores, ou com 
luz natural, isso ocorre porque logo 
após a postura, devido à coloração 
avermelhada da cloaca e seu 
movimento de contração para retornar 
à forma original (piscando), as outras 
codornas, por curiosidade, bicam a 
cloaca levando a formação de edema 
e dificultando o retorno a forma 
normal, ficando exposta a bicagens 
consecutivas, aumentando o edema e 
ocasionando o prolapso no momento 
da postura do próximo ovo.
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O alto índice de crescimento do 
mercado de codornas nos últimos 
anos e a demanda por ovos fizeram os 
coturnicultores investirem em granjas 
com estruturas caras e modernas. 
E, para honrar os compromissos 
financeiros assumidos, além da 
dificuldade de se encontrar mão 
de obra qualificada, os granjeiros e 
técnicos deixaram de lado algumas 
ações de manejo que são extremamente 
importantes para atingir altos níveis 
produtivos. Como as instalações eram 
novas e os investimentos não paravam 
de acontecer, sempre alojando novos 
galpões, isso mascarava o problema que 
estava por vir.
Porém, o setor deve repensar a 
maneira de olhar para o manejo 
da granja, priorizando o manejo 
sanitário e o bem-estar das aves, 
que devem ter suas necessidades 
atendidas para que consigam 
expressar todo seu potencial 
genético.
Como melhorar os índices 
produtivos das codornas
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