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2. TEORIA DA NORMA JURÍDICA 2.1. A regra jurídica; preceito e sanção; coação e coercibilidade 2.2. Esquema da regra 2.3. A regra incompleta 2.4. Regras primárias e regras secundárias 2.5. Distinções entre regras e princípios cf. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Dogmática analítica ou a ciência do direito como teoria da norma (Cap. 4). in: Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão e dominação. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2003. p. 93-254. 2.1. A regra jurídica; preceito e sanção; coação e coercibilidade Para a teoria da norma jurídica, apenas a regra era considerada norma jurídica; os princípios não. A estrutura lógica da norma jurídica é identificada com dois componentes: o preceito e a sanção. O preceito corresponde ao enunciado que permite, obriga ou proíbe; é o comportamento regulado pela norma. A sanção corresponde à punição, ao castigo que será infligido, imposto ao infrator, aquele que não cumprir o preceito. Muitos autores consideram que a sanção da norma jurídica é o principal elemento distintivo da norma jurídica em relação a outros tipos de norma, como a religiosa, a moral, a de trato social, etc. Pergunta-se: toda norma jurídica tem sanção? Toda sanção é punitiva? Temos então as situações de sanção premial e das nulidades. Hans Kelsen e Herbert Hart fornecem elementos para essas perguntas e suas respostas. Então, melhor dizer que a estrutura lógica da norma jurídica tem prescrição (preceito) e consequência (sanção). Para Miguel Reale, a norma jurídica tem estrutura trivalente: fato, valor e forma lógica (norma). Outra questão importante se refere a relação entre coação e coercibilidade. Também muitos autores consideram a coercibilidade a principal característica distintiva da norma jurídica. Enquanto a coação é a força aplicada pelas autoridades de acordo com as normas jurídicas, a coercibilidade é a força em potência, ou seja, a possibilidade de uso da força para cumprimento da norma jurídica. Pode o sujeito cumprir voluntariamente o preceito da norma, sendo desnecessário compelir, usar a força. Portanto, a norma pode ser vista como: norma-proposição: ciência; norma-prescrição: regulação; norma-comunicação: linguagem. 2.2. Esquema da regra São juízos hipotéticos ou condicionais de DEVER-SER que consideram a vontade humana e sua autonomia para cumprir ou descumprir a norma indicando eticidade e dimensão axiológica. Se F é,... C deve ser. (F é o complexo fático descrito; C é a consequência prevista). Se não-C,... SP deve ser. (SP indica a sanção punitiva). Art. 121 do Código Penal Brasileiro: “Matar Alguém. Pena – Reclusão: de 12 a vinte anos”. Para Miguel Reale não basta considerar a norma jurídica do ponto de vista de uma proposição lógica sem considerar sua realidade fática e objetivos axiológicos. 2.3. A regra incompleta Se consideramos o sistema jurídico completo então ele é fechado e não admite lacunas, ou seja, todas as situações de interesse jurídico estão reguladas. Quando consideramos que o sistema jurídico é incompleto é porque admitimos um sistema aberto e precisamos constantemente responder sobre novas situações não previstas pelas regras existentes. Um sistema pode ser fechado e não conter lacunas também quando admite que as lacunas existentes são um problemas das fontes, neste caso, a lei, e o próprio sistema indica mecanismos de integração, preenchimento, colmatação das lacunas: analogia, costumes, princípios, eqüidade. 2.4. Regras primárias e regras secundárias Para Ferraz Júnior, uma das inúmeras classificações possíveis aplicadas às normas jurídicas é quanto aos critérios sintáticos. Assim, pela relevância da norma esta pode ser chamada de primária (preceito) e secundária (sanção). Para Kelsen, a norma primária contém a sanção e a norma secundária detém o preceito. Para Hart, normas primárias são as que contém prescrição e consequência, ou seja, contém diretamente a regulação de condutas. Já as normas secundárias, são normas que resolvem problemas das normas primárias: a incerteza das normas primárias pelas regras de reconhecimento; o caráter estático pelas regras de alteração; e, a ineficácia pelas regras de julgamento. Atualmente, se uma norma tem objeto próprio ela é primária; se a norma se refere a outra, ou seja, indica outra norma que será aplicada, então a norma que indica é secundária e a que foi referida é primária. Para Alf Ross, são normas de competência e normas de conduta. Para Norberto Bobbio, normas de conduta e normas de estrutura. Para Miguel Reale, normas de organização (caráter instrumental) e norma de conduta (disciplinar o comportamento). 2.5. Distinções entre regras e princípios Primeiro, a função normativa dos princípios. Para a teoria da norma jurídica, apenas a regra era considerada norma jurídica; os princípios não eram norma mas tinham funções no ordenamento jurídico: a) auxiliar na interpretação nas normas (regras), especificamente no preenchimento das lacunas (integração); b) orientar a produção de novas normas; c) informar sobre o ordenamento jurídico. 2.5. Distinções entre regras e princípios Para a teoria do ordenamento jurídico os princípios, além daquelas funções, também passam a ser considerados norma jurídica ao lado da regras. cf. SILVA, Virgílio Afonso da Silva. Ponto de Partida: a teoria dos princípios. (Cap. 2). in: Direitos fundamentais: conteúdo essencial, restrições e eficácia. 2. Ed. São Paulo: Malheiros, 2011. P. 43-64. Segundo, os princípios tem maior grau de abstração e generalidade, necessidade do caso concreto para definição de seu conteúdo. Terceiro, os princípios tem posição hierárquica superior e as regras inferior. Quarto, as regras têm conflitos entre si (antinomias); já os princípios sofrem apenas de colisão. Quinto, as regras valem ou tudo ou nada; princípios têm relação de limitação e complementação recíprocas, ou mesmo de precedência. O autor Robert Alexy considera que os princípios são mandamentos de otimização exigindo que sejam realizados concretizados tanto mais quanto possível. cf. ALEXY, Robert. A estrutura das normas de direitos fundamentais (Cap. 3). in: Teoria dos direitos fundamentais. (trad. Virgílio Afonso da Silva). 2. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 85-179. O modelo de regras e princípios proposto por Ronald Dworkin: Regras valem ou tudo ou nada (válida/não-válida); Princípios para serem concretizados precisam de uma decisão particular (caso concreto); em colisão com outros princípios o princípio não-escolhido persiste validamente; ver DWORKIN, Ronald. Uma questão de princípio. São Paulo: Martins Fontes. Regras têm peso e importância iguais entre si; regras são importantes ou não; para a solução de antinomias, verificar os critérios tradicionais; Princípios têm dimensão de peso e importância diferenciados entre si; cada princípio tem força relativa e cederá ante outro mais forte; Algumas vezes as regras podem funcionar logicamente como regra, mas substancialmente como princípio, exigindo para sua aplicação outros princípios, sem que com isso deixem de ser regras; Princípios atuam mais vigorosamente nas questões judiciais e quando aplicados os princípios dão origem a regras; Regras são obrigatórias como normas jurídicas; Os princípios podem ou não ser considerados obrigatórios, ou seja, como norma jurídica, conforme a teoria/modelo adotada; Atividade: AÇÃO DISCENTE – Leitura dos textos e responder exercício sem consulta: Dia 11-08-2016: 1. a superação do método positivista e o reencontro do direito com o direito; 2. a contribuição da tópica jurídica para a crise do normativismo abstrato; 3. a nova sofística de Chäim Perelman; Dia 18-08-2016: 4. desconstruindo os modelos de juiz: a hermenêutica jurídica e a superação do esquema sujeito-objeto; 5. a recepção Habermasiana da Sociologia do Direito de Max Weber; 6. a hermenêutica filosófica e as possibilidades de superação do positivismo pelo (neo)constitucionalismo. Unid. 3. TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO 3.1. A unidade do ordenamento jurídico; 3.2. A coerência doordenamento jurídico; 3.3. A completude do ordenamento jurídico; 3.4. Relação entre os ordenamentos jurídicos. cf. BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. trad. Maria Celeste C. J. Santos; rev. téc. Claudio de Cicco; apres. Tércio Sampaio Ferraz Júnior. 10. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1999. Sobre o tema ver tb. FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Dogmática analítica ou a ciência do direito como teoria da norma (Cap. 4). in: Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão e dominação. 4. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2003. p. 93-254. Unid. 3. TEORIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO 3.1. A unidade do ordenamento jurídico: o problema da pluralidade de normas e de fontes: Norma Fundamental; Constituição; Normas Gerais; Costume; Normas individuais; Direitos Fundamentais; A Jurisprudência no sistema romano-germânico. 2.1. A unidade a partir da Constituição e da Norma Fundamental: RECEPÇÃO de normas já existentes (fontes recepcionadas: costumes e leis anteriores); DELEGAÇÃO do poder de produzir normas (fontes delegadas: leis e decretos posteriores); A teoria da construção escalonada do ordenamento jurídico (KELSEN): normas superiores e normas inferiores; cada norma retira seu fundamento de validade de outra norma que lhe é superior; O ordenamento jurídico tem uma estrutura hierárquica; A norma fundamental: é o critério supremo que permite estabelecer se uma norma pertence a um ordenamento; é o fundamento de validade de todas as normas do sistema; é o princípio unificador das normas de um ordenamento. 3.2. A coerência do ordenamento jurídico: o problema das antinomias: Critérios de solução; Conflito entre critérios; Insuficiência dos critérios. Antinomia é a situação de normas incompatíveis entre si. Pelo último significado de sistema (3º) para ordenamento jurídico, pode-se dizer que o Direito não tolera antinomias. 1º estático: códigos morais antigos; 2º tb estático: sistema de classificações semelhante às ciências naturais; 3º dinâmico: não admite antinomias; Além do conceito de antinomia (duas normas incompatíveis), há outras duas condições: A) As duas normas devem pertencer ao mesmo ordenamento (ordenamento do Direito positivo é diferente do Ordenamento do Direito Natural); B) devem ter o mesmo âmbito de validade. Distingue-se quatro âmbitos de validade de uma norma. São eles: material, pessoal, espacial e temporal. CRITÉRIOS: CRONOLÓGICO (lex posterior): em favor da atualidade. HIERÁRQUICO (lex superior): em favor da superioridade, da hierarquia, da ordem; ESPECIALIDADE (lex specialis): em favor da especialidade, da justiça como tratamento particular e individualizado; CONFLITOS DOS CRITÉRIOS: Cronológico é FRACO: perde para os outros; Hierárquico é FORTE; Especialidade é FORTE: Conflito entre os critérios FORTES? INSUFICIÊNCIA DOS CRITÉRIOS Estabelecer gradação de prevalência entre as formas da norma jurídica: imperativa ou proibitiva e a outra é permissiva, prevalece a permissiva (Interpretação favorabilis sobre a odiosa); proibitiva contra imperativa? (Idem!). O DEVER DE COERÊNCIA para o legislador e para o intérprete/aplicador (juiz). Cronológico: legislador (livre); juiz (obrigatório); Hierárquico: legislador e juiz (obrigatório); Normas de mesmo nível e tempo (pertencentes ao mesmo veículo normativo): legislador (livre); juiz (livre, mas por impossibilidade lógica e necessidade fática, e até mesmo por um dever moral, não obrigacional, deverá aplicar uma e a outra não será eliminada e poderá ser aplicada futuramente); 3.3. A completude do ordenamento jurídico: o problema das lacunas: Auto-Integração: analogia e princípios gerais do direito; Hetero-integração: recurso a outras ordens normativas e eqüidade. a completude do ordenamento jurídico é “(...) a propriedade pela qual um ordenamento jurídico tem uma norma para regular qualquer caso”; ou seja: é a ausência de lacuna (falta de uma norma), no ordenamento jurídico. A completude é uma condição necessária para os ordenamentos em que valem estas duas regras: 1) o juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se apresentarem a seu exame (non liquet); 2) deve julgá-las com base em uma norma pertencente ao sistema. O problema das lacunas tem três faces: 1) o problema do ordenamento jurídico considerado em si próprio, ser completo ou incompleto; 2) o problema de ser completo ou incompleto comparado a um ordenamento jurídico ideal; 3) o problema de ser completo ou incompleto o ordenamento legislativo considerado como parte do todo e confrontado com o todo. As lacunas podem ser: 1) próprias (dentro do sistema) ou impróprias (comparado a um sistema ideal); 2) subjetivas (dependem de algum motivo imputável ao legislador) e objetivas (dependem do desenvolvimento das relações sociais); 2.1) voluntárias (deixadas pelo próprio legislador) ou involuntárias (descuido do legislador); 3) praeter legem (regras que para serem particulares não compreenderam todos os casos) e intra legem (regras que por serem muito gerais apresentam vazios). OUTRAS: normativas, de conhecimento, de reconhecimento, ontológicas, axiológicas; Para colmatar, isto é, preencher as lacunas usa-se os processos de integração, que podem ser: auto-integração (uso de fonte do mesmo ordenamento legislativo) heterointegração (uso de fonte externa ao ordenamento legislativo ou mesmo de outro ordenamento jurídico). São formas de auto-integração: o uso da analogia e dos princípios gerais do Direito; São formas de heterointegração: o uso dos costumes, mas também do Direito Natural, do Direito Romano, do Direito comparado. AÇÃO DISCENTE: [complementar: recomendação] Leitura do texto adiante indicado, identificando as relações e resolução de antinomias entre os vários tipos de ordenamento; Texto: BOBBIO, Norberto. As relações entre os ordenamentos jurídicos (cap. 5). in: Teoria do ordenamento jurídico. trad. Maria Celeste C. J. Santos; rev. téc. Claudio de Cicco; apres. Tércio Sampaio Ferraz Júnior. 10. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1999. p. 161-184. Leitura do texto abaixo sobre antinomias e resolução de conflitos entre o direito interno e o direito internacional; Texto: DINIZ, Maria Helena. Conceitos Fundamentais (Cap. III): Aplicação do direito (item 4): Correção do direito e antinomia jurídica (letra D) in: Compêndio de introdução à ciência do direito. 19. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 480-489. Atividade: AÇÃO DISCENTE – Leitura dos textos e responder exercício sem consulta [vale nota]: Dia 11-08-2016: 1. a superação do método positivista e o reencontro do direito com o direito; 2. a contribuição da tópica jurídica para a crise do normativismo abstrato; 3. a nova sofística de Chäim Perelman; Dia 18-08-2016: 4. desconstruindo os modelos de juiz: a hermenêutica jurídica e a superação do esquema sujeito-objeto; 5. a recepção Habermasiana da Sociologia do Direito de Max Weber; 6. a hermenêutica filosófica e as possibilidades de superação do positivismo pelo (neo)constitucionalismo.
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