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Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica Autora: Cristina Martins. Nutricionista pela Universidade Federal do Paraná; Doutora em Ciências Médicas – Nefrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Mestre em Nutrição Clínica pela New York University; Dietista Registrada pela American Dietetic Association; Especialização em Nutrição Normal e Especialização em Nutrição Clínica pela Universidade Federal do Paraná; Especialista em Nutrição Renal pela American Dietetic Association; Especialista em Suporte Nutricional Enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Clínica Certificada em Suporte Nutricional pela American Society of Parenteral and Enteral Nutrition; Coordenadora do Setor de Nutrição da Clínica de Doenças Renais de Curitiba e da Fundação Pró-Renal Brasil; Diretora Geral da NUTRO Soluções Nutritivas; Diretora Acadêmica e de Produção do Instituto Cristina Martins de Educação em Saúde Copyright© 2013 by Instituto Cristina Martins Projeto Gráfico e Diagramação: Simone Luriko Saeki Todos os direitos reservados. É permitida uma (01) cópia impressa deste material exclusivamente para o aluno matriculado neste curso. Para solicitar materiais educativos e inscrever-se em outros cursos, entre em contato com: Instituto Cristina Martins. e-mail: instituto@institutocristinamartins.com.br Homepage: www.institutocristinamartins.com.br 3 OBJETIVOS DE APRENDIZADO Após a leitura deste capítulo, você deverá estar apto a: y Descrever o metabolismo do cálcio, do fósforo e da vitamina D. y Identificar os valores séricos de referência, na doença renal crônica, para o cálcio, fósforo, produto cálcio x fósforo e do paratormônio. y Reconhecer os princípios da restrição do fósforo alimentar como terapia de controle do metabolismo do cálcio e fósforo. y Explicar as bases do uso de quelantes de fósforo em pacientes com doença renal crônica. y Identificar a possibilidade do uso da niacina como método de controle da hiperfosfatemia de pacientes com doença renal crônica. y Compreender a indicação da reposição de vitamina D e análogos para pacientes renais crônicos. y Identificar os princípios do uso e as opções de calcimiméticos para o controle do metabolismo do cálcio e fósforo. Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica Cristina Martins 4 Problematização - estudo de Caso M.C.C., 43 anos de idade, portador de DRC secundária a hipertensão arterial não controlada durante 20 anos. Inicia um programa dialítico (hemodiálise) com função renal residual em torno de 8mL/min. (média entre clearance de creatinina e de ureia). Peso inicial no programa dialítico: 58kg; peso usual: 68kg. A hemodiálise é realizada três vezes por semana, quatro horas por sessão. Após dois anos em hemodiálise com o esquema inicial, fístula arteriovenosa sem intercorrências, o paciente passa a apresentar anorexia intensa e consequente perda de peso. Pressão arterial=180/110mmHg. Ausência de edema periférico. Peso atual=50kg, altura=163cm. A avaliação da adequação do procedimento mostra Kt/V=1,3, taxa de redução de ureia (PRU)=65%. Dados laboratoriais sanguíneos: hemoglobina=10mg/dL, cálcio=9,4mg/ dL, fósforo=6,5mg/dL, PTH=150mcg/mL, albumina=3,2g/dL. Em uso de uma injeção de eritropoietina, uma vez por semana. 1. Como você avalia os dados laboratoriais de cálcio, fósforo e PTH de M.C.C.? 2. Pelo fato de a albumina sérica estar abaixo do normal, o resultado do cálcio sérico deve ser corrigido. Qual é o valor corrigido do cálcio sérico? Está dentro da normalidade? 3. Qual é o resultado do produto cálcio x fósforo de M.C.C.? Como você o interpreta? 4. A partir dos níveis séricos elevados de fósforo, apresentados por M.C.C., qual seria a sua conduta primária? 5. Quais são as bases da educação alimentar para a restrição de fósforo na dieta de M.C.C.? 6. Na avaliação para o uso de quelantes de fósforo, quais os princípios básicos que devem ser considerados para M.C.C.? 7. Para M.C.C., o PTH encontra-se normal, o fósforo sérico está elevado, assim como o nível corrigido do cálcio sérico. Qual é o tipo de quelante que pode ser indicado no momento? 8. Quais são os principais motivos para a indicação da suplementação de cálcio em pacientes com doença renal crônica? 9. Caso M.C.C. apresentasse níveis séricos de fósforo = 5,0mg/dL, de cálcio = 7,7mg/dL e de PTH = 180mg/dL, qual seria a conduta mais indicada? 5 Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica INTRODUÇÃO No organismo saudável, há equilíbrio entre a ingestão e a excreção de cálcio e fósforo. O balanço é regulado, principalmente, pela ação do paratormônio (PTH) e da vitamina D. Na doença renal crônica (DRC), pode ocorrer precocemente o aumento dos níveis séricos de PTH e da excreção de fósforo urinário. Com a progressão da doença, nota-se a diminuição do calcitriol sérico, que é a forma ativa da vitamina D, e da absorção intestinal do cálcio. Em fases mais tardias, observam-se resistência óssea à ação do PTH, hipertrofia e hiperplasia das paratireoides, hiperfosfatemia e hipocalcemia. A diálise, isoladamente, é incapaz de remover a quantidade total de fósforo ingerido, principalmente por causa da baixa saída de fósforo do espaço intracelular para o extracelular. Por isso, pacientes em diálise crônica frequentemente apresentam hiperfosfatemia e/ou produto cálcio x fósforo elevado. Graves consequências estão envolvidas com o desequilíbrio no metabolismo do cálcio, fósforo e vitamina D em pacientes com DRC. A osteodistrofia renal e as alterações que englobam, também, as calcificações extra-ósseas são as principais. O produto cálcio x fósforo elevado e a sobrecarga de cálcio imposta pelos quelantes de fósforo à base de cálcio estão associados com maior calcificação de tecidos moles, calcificação cardiovascular e aumento da mortalidade. Embora desejada e recomendada, a restrição alimentar de fósforo pode comprometer o metabolismo proteico e dificultar a manutenção do estado nutricional adequado. Os quelantes de fósforo, dependendo da forma de sua utilização, são, também, participantes em potencial da fisiopatologia do distúrbio mineral ósseo da DRC. Esse capítulo discute as bases do metabolismo do cálcio, fósforo e vitamina D, e as diversas terapias designadas para a prevenção e tratamento das alterações. METABOLISMO DO CÁLCIO, FÓSFORO E VITAMINA D O osso é um tecido dinâmico, em contínua renovação durante a vida. As características, compacta e esponjosa, fornecem força e densidade ideal para a mobilidade e proteção (1). Além disso, os ossos são reservatório de cálcio, fósforo, magnésio, sódio e outros íons necessários para a homeostasia orgânica. O osso é composto de duas fases: A primeira é a proteica osteoide, constituída basicamente por colágeno sintetizado por osteoblastos. E a segunda é a mineral, representada por cálcio e fósforo. Estes, na forma de cristais de hidroxiapatita, depositam-se sobre a primeira (2). Para os problemas relacionados ao metabolismo do cálcio, fósforo e vitamina D, o KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes) sugere dois termos distintos: a osteodistrofia renal (ODR) e o distúrbio mineral e ósseo da DRC (DMO-DRC). A biópsia informa sobre a taxa de formação óssea, presença e quantidade de osteoide e grau de fibrose. Já o DMO-DRC refere- se a uma síndrome que engloba as alterações clínicas e bioquímicas, relacionadas ao cálcio, fósforo, PTH e vitamina D. E as alterações ósseas e extra ósseas. Em um estudo pioneiro, Block et al descreveram o alto risco de mortalidade relacionada com o fósforo sérico acima de 6,5mg/dL em pacientes submetidos à hemodiálise (HD) (3). Da mesma forma, o produto cálcio x fósforo elevado e a sobrecarga de cálcio imposta pelos quelantes de fósforo à base de cálcio foram associadoscom maior calcificação de tecidos moles, calcificação cardiovascular e aumento da mortalidade (4). CÁLCIO As reservas de cálcio corporal estão 99% na forma de hidroxiapatita ([3Ca3(PO4)2].(OH)2). Somente 1% do cálcio do corpo encontra-se no sangue (1). O cálcio sérico encontra-se sob três formas: 1) livre (ionizado), 2) ligado a proteínas e 3) na forma de complexos. A menor parte, em torno de 10% do cálcio sérico total, está como complexos. Nesse caso, o cálcio forma complexos com ânions, como o bicarbonato, o fosfato e o sulfato. Já o cálcio ionizado representa 50% do cálcio total sérico. E está em torno de 5mg/dL no plasma (5). É a fração biológica mais importante, 6 pois regula muitos processos metabólicos. A forma ligada a proteínas compõe aproximadamente 40% do cálcio total sérico. A principal proteína ligada é a albumina. Por isso, alterações nos níveis séricos dessa proteína afetam a concentração do cálcio sérico total. A diminuição de 1,0g/dL na concentração plasmática da albumina reduz o cálcio sérico total em 0,8mg/dL. Por isso, preconiza-se a correção dos níveis séricos do cálcio total em relação à concentração da albumina plasmática. A equação de correção utilizada é: Cálcio sérico total corrigido (mg/dL) = cálcio sérico total (mg/dL) + 0,8 x [4,0 – albumina sérica (g/dL)] As variações de normalidade dos níveis séricos dependem do laboratório, de acordo com o método utilizado para a análise. Os valores de referência mais frequentemente utilizados são de 8,8 a 10,5mg/dL (2,2 a 2,6mmol/L) para o cálcio total e 4,4 a 5,2mg/dL (1,1 a 1,3mmol/L) para o cálcio ionizado. O equilíbrio corporal do cálcio depende da integração entre o trato gastrintestinal, os rins e os ossos. O ajuste do cálcio sérico é feito por ele mesmo, por intermédio de receptores nos órgãos- alvo e de diversos hormônios, principalmente o PTH e a vitamina D. Então, a interação entre o PTH e a vitamina D mantém o cálcio e o fósforo sérico sob controle. A Fig. 1 demonstra a interação. *afetados diretamente pela diminuição da função renal Fig. 1 Resposta homeostática normal à diminuição do cálcio sérico A função básica do PTH é preservar os níveis sanguíneos do cálcio. Para isto, atua na reabsorção óssea, na excreção renal do cálcio e, indiretamente, em nível intestinal, no estímulo da atividade da 1-α-hidroxilase renal. A consequência é a maior produção da 1,25(OH)2 vitamina D3. No osso, o PTH ativa a osteoclastogênese e promove a reabsorção óssea (6). A ingestão alimentar recomendada do cálcio é de 1.000mg por dia para homens e mulheres adultas com idades entre 19 a 51 anos, e de 1.200mg por dia para aqueles com mais de 51 anos (7). As principais fontes alimentares de cálcio são o leite e seus derivados. A ingestão alimentar média do mineral varia de 500 a 1.500mg por dia. Destes, apenas 25 a 45% são absorvidos, e cerca de 130mg são secretados de volta à luz intestinal (8). A absorção é regulada pela vitamina D. Ocorre no íleo, de forma passiva, e no duodeno e jejuno, de forma ativa. Na DRC, a absorção intestinal de cálcio, invariavelmente, diminui. Além de ter função estrutural, os ossos são um reservatório não estático de cálcio. Durante o dia, em torno de 500mg de cálcio são reabsorvidos e a mesma quantidade é acrescida aos ossos (5). A interação entre as principais células do osso, que são os osteoclastos e osteoblastos, é complexa e bem regulada. A excreção do cálcio é, principalmente, pela urina. Por dia, são excretados entre 2 e 4mg/ kg de peso corporal, dependendo da quantidade de cálcio absorvido pelo intestino (5). No rim, a 7 Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica maioria do cálcio filtrado (98 a 99%) é reabsorvida pelos néfrons (5). Quando há expansão do volume extracelular, a excreção urinária de cálcio aumenta. Já na depleção do volume extracelular, a excreção de cálcio diminui. Diuréticos, como a furosemida, promovem maior excreção de cálcio. A forma ativa da vitamina D, o calcitriol ou 1,25(OH)2D3, atua em quase todos os tecidos do organismo, com múltiplas e diferentes ações. Entretanto, suas ações principais são nos ossos e no metabolismo mineral. O calcitriol estimula a absorção de cálcio e fósforo no intestino. No osso, o calcitriol estimula a deposição de cristais de hidroxiapatita sobre a matriz proteica, induzindo, assim, a mineralização do tecido ósseo. O PTH é um hormônio polipeptídico, produzido pelas células principais das paratireoides. A sua principal função é controlar os níveis séricos de cálcio. O PTH está presente nos rins, nos ossos e nos condrócitos da placa de crescimento (5). Nos rins, o PTH tem três funções importantes: 1) estimar a reabsorção do cálcio, 2) inibir a reabsorção do fósforo, 3) aumentar a formação do calcitriol, além de reduzir a sua degradação. Como consequência, há aumento da absorção intestinal de cálcio e de fósforo. No osso, o PTH aumenta a reabsorção óssea. As principais causas de distúrbios no metabolismo do cálcio estão relacionadas aos desequilíbrios da vitamina D e do PTH. FÓSFORO O fósforo tem papel importante na formação molecular do DNA e do RNA. As células utilizam fósforo para armazenar e transportar energia, na forma de trifosfato de adenosina (ATP). Além disso, juntamente com o cálcio, é um dos principais componentes minerais dos ossos. Aproximadamente 200mg de fósforo entram e saem do osso diariamente (5). No líquido extracelular, participa da formação e dissolução ósseas. O fósforo é, também, parte do sistema tampão urinário, fundamental para a manutenção do equilibro acidobásico (5). Em um indivíduo normal, há cerca de 600 a 700g de fósforo, que significam em torno de 1% do peso corporal. Aproximadamente 85% do fósforo total estão no esqueleto e dentes, 14% nos tecidos moles e o restante no sangue e líquido extracelular. Há pouca concentração de fósforo dentro das células. No sangue, 85% do fósforo estão como ortofosfatos livres (H2PO4 -2 e HPO4 -2), 10% estão ligados a proteínas e 5% formam complexos com o cálcio e o magnésio (5). A concentração sérica de fósforo varia com a idade, gênero, dieta e pH. Além disso, apresenta um ritmo circadiano, com concentrações mais baixas pela manhã, elevação e pico à noite (5). Em nosso meio, as concentrações normais habituais de fósforo sérico são de 2,5 a 4,5mg/dL para o adulto. As concentrações normais de fósforo para crianças são mais elevadas, em torno de 6 a 7mg/dL para a idade ao redor dos dois anos. Em muitos países, a concentrações de fósforo são expressas em mmol/L. Para fazer a conversão, deve-se multiplicar a quantidade em mg/ dL por 0,323 (mmol/L = mg/dL x 0,323). As condições que levam à hipofosfatemia estão associadas ao raquitismo e à osteomalacia. Por outro lado, a hiperfosfatemia da DRC está associada ao aumento do risco cardiovascular. O intestino e o rim têm funções importantes no metabolismo do fósforo, relacionadas à absorção alimentar e à excreção, respectivamente, do mineral. Vários fatores e hormônios envolvidos no equilíbrio do fósforo alteram a eficiência da absorção intestinal ou da reabsorção renal do fósforo. Em condições normais, são absorvidos em torno de 13mg/kg/dia, ou 1,0 a 1,5g/dia, de fósforo no intestino. A absorção do fósforo alimentar é de 60 a 70%, principalmente em nível de duodeno e jejuno proximal (5). E a biodisponibilidade dele nos alimentos de origem animal é maior do que em vegetais. O meio ácido do estômago e da maior parte do intestino delgado proximal (pH = 5) é importante para manter a solubilidade e promover a absorção do fósforo. A absorção intestinal do mineral é regulada, principalmente, pela vitamina D. A quantidade absorvida de fósforo no intestino é equivalente à excretada na urina. Em um adultosaudável e com função renal normal, aproximadamente 7.000mg de fósforo são filtrados por dia (5). Desses, de 80 a 97% são reabsorvidos pelos túbulos. Aproximadamente 15% são excretados na urina. A reabsorção renal do fósforo é regulada pelo PTH e pela ingestão de fósforo. O PTH causa fosfatúria. A ingestão de fósforo diminui a reabsorção. A restrição de fósforo na dieta aumenta a reabsorção renal do mineral (5). O fósforo está presente em muitos alimentos. Em geral, os alimentos ricos em proteínas são também ricos em fósforo. Consequentemente, a sua 8 deficiência em indivíduos saudáveis é muito rara. A ingestão recomendada para adultos saudáveis, homens e mulheres, é de 700mg por dia (9). Porém, a ingestão média da população é maior, variando de 800 a 1.500mg por dia, e está relacionada ao consumo de alimentos ricos em proteínas. VITAMINA D A vitamina D é um hormônio esteroide. Ela pode estar presente sob duas formas: 1) ergocalciferol ou vitamina D2, sintetizada em plantas a partir do precursor ergosterol e 2) colecalciferol ou vitamina D3. A vitamina D3 é produzida na pele pela irradiação ultravioleta do 7-di-hidrocolesterol (7-DHC, pró-vitamina D3). As vitaminas D2 e D3 têm diferenças mínimas em suas estruturas químicas. Mesmo assim, as diferenças nas ações metabólicas são significativas. A vitamina D2 é menos potente que a vitamina D3. Após a exposição solar, o 7-DHC sofre quebra fotoquímica e origina a pré-vitamina D3. Em 48 horas, essa molécula é rearranjada, sob influência da temperatura, e resulta na formação da vitamina D3 (colecalciferol). Quando a vitamina D3 é formada na pele ou a vitamina D2 é ingerida, elas entram na circulação e podem ser armazenadas no tecido adiposo ou transportadas para o fígado. No fígado, a vitamina D (D2 ou D3, com a mesma metabolização a partir desse ponto) é convertida em 25OHD (calcidiol). Esta é um produto com pouca atividade metabólica, mas é a principal forma circulante da vitamina D. A 25OHD é transportada até os rins, onde é filtrada, reabsorvida e convertida em 1,25-di-hidroxi- vitamina D [1,25(OH)2D3, calcitriol], a forma ativa da vitamina D. A síntese do calcitriol é estimulada pelo PTH, que, por sua vez, é secretado em resposta aos níveis baixos de cálcio sérico. A diminuição do fósforo sérico também aumenta a síntese do calcitriol. A exposição solar é responsável por 80 a 90% das reservas de vitamina D. Peixes com alto teor de gordura, ovos e leite enriquecido são as principais fontes de vitamina D na alimentação. A ingestão recomendada para adultos saudáveis varia de 5 a 15mcg por dia, de acordo com a idade (7). A vitamina D exerce sua ação primordial no intestino delgado, ao regular a absorção intestinal de cálcio e de fósforo. Além disso, liga-se a receptores existentes nas paratireoides e suprime diretamente a síntese do PTH. Nos rins, apesar de haverem receptores para a vitamina D nas células tubulares, sua ação é controversa, com possível atuação na reabsorção tubular ou excreção de cálcio e de fósforo (8, 10). Portanto, a diminuição da síntese do calcitriol reduz, por consequência, a absorção intestinal de fosfato (11). Além da regulação dos níveis corporais de cálcio e de fósforo e da mineralização óssea, a vitamina D têm vários outros efeitos biológicos. O receptor dela está presente em vários tipos celulares. Atualmente, a dosagem sérica do calcidiol (25OHD) é a mais adequada para a avaliação e monitorização da condição nutricional da vitamina D. Os níveis séricos considerados normais são >30ng/mL. Na insuficiência (entre 10 e 30ng/mL) da vitamina, há elevação das concentrações circulantes de PTH. Consequentemente, ocorre o hiperparatireoidismo secundário, com redução da fração ativa [1,25(OH)2D]. Com isso, há aumento da reabsorção óssea e risco de fraturas. A deficiência franca da vitamina D é considerada quando se encontra abaixo de 10ng/mL. Os níveis séricos do calcidiol podem variar nas estações do ano, de acordo com a exposição solar e ingestão alimentar. VALORES SÉRICOS DE REFERÊNCIA NA DOENÇA RENAL CRÔNICA As diretrizes da NKF-K/DOQI e do KDIGO para o metabolismo mineral indicam o tratamento dos vários distúrbios que podem levar à DMO-DRC (12, 13). O objetivo é prevenir não só a osteopatia, mas também a calcificação, a doença arterial e a mortalidade cardiovascular relacionada à uremia. O Quadro 1 apresenta os valores de referência determinados pelo NKF-K/DOQI para pacientes em estágio 4 da DRC ou em diálise. Quadro 1 Diretrizes do NKF-K/ para o metabolismo ósseo (13) Parâmetro Sanguíneo Valor Alvo Cálcio (total, corrigido**) 8,4 a 9,5mg/dL Fósforo 3,5 a 5,5mg/dL Produto cálcio x fósforo <55mg2/dL2 PTH 150 a 300pg/mL As diretrizes do KDIGO são mais conservadoras e consideram, como objetivo, os mesmos valores laboratoriais de referência recomendados para a população saudável (12). Por exemplo, até 4,5mg/ dL para o fósforo sérico. 9 Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica Então, a terapêutica baseia-se em: manutenção dos níveis séricos recomendados de fósforo e de cálcio, e reposição da vitamina D. Porém, apesar do avanço no conhecimento e na terapêutica da DMO-DRC, a maioria dos pacientes não consegue controlar adequadamente o PTH, o fósforo ou o produto cálcio x fósforo séricos. Um estudo mostrou que apenas 7% dos pacientes atingiram os valores- alvo propostos pelo NKF-K/DOQI (14). A manutenção dos níveis séricos recomendados de fósforo pode ser alcançada com o controle de a ingestão alimentar do mineral e com o uso de quelantes. Além disso, a terapia com a niacina pode ser uma boa opção. Para pacientes em diálise, a eficiência dialítica também é fator crucial para o controle da fosfatemia. TERAPIAS RESTRIÇÃO DO FÓSFORO ALIMENTAR A restrição da ingestão alimentar de fósforo é essencial para manter o controle sérico do mineral. Infelizmente, a dietoterapia ainda é subestimada para o objetivo (15). A primeira estratégia é a limitação de alimentos naturalmente ricos no mineral, como o leite e os substitutos, as leguminosas e os refrigerantes do tipo cola. Porém, o fósforo é bem difundido nos alimentos. E há relação estreita dele com a quantidade de proteínas dos alimentos. Para pacientes em tratamento não dialítico da DRC, que têm recomendação de dietas hipoproteicas, a restrição alimentar do fósforo é viável. Porém, para pacientes em diálise, com recomendação de dietas hiperproteicas, a restrição alimentar do fósforo é extremamente complicada. Nesse caso, uma estratégia é selecionar fontes alimentares com baixa razão fósforo/proteína (Quadro 2). A melhor relação fósforo/proteína é a clara do ovo, seguida das carnes. Em um estudo com pacientes em HD, claras de ovos líquidas pasteurizadas foram incluídas em uma refeição por dia, durante seis semanas (16). Os níveis séricos do fósforo diminuíram e os de albumina aumentaram significativamente. Por outro lado, a restrição alimentar do fósforo pode diminuir a ingestão proteica. E levar à desnutrição e ao aumento da mortalidade. Um estudo mostrou que quanto maior a restrição alimentar de fósforo, piores foram os resultados a longo prazo dos indicadores do estado nutricional de pacientes em HD (17). E maior foi a indicação de uso de suplementos nutricionais. Uma opção pode ser a suplementação de cetoácidos. Em um estudo, a restrição proteica alimentar (0,8g/kg/dia) com suplementação de cetoácidos melhorou significativamente o fósforo sérico de pacientes hiperfosfatêmicos em HD após oito semanas (18). Os cetoácidos contendo cálcio resultam na formação de fosfato de cálcio insolúvel no intestino. No estudo, houve manutenção do estado nutricional dos pacientes. Portanto, essa pode ser uma boa alternativa terapêutica para aquelescom hiperfosfatemia descontrolada. As grandes limitações dos cetoácidos, entretanto, são o alto custo e a exigência de uso de muitos comprimidos diários. Outro aspecto são os aditivos alimentares contendo fósforo, usados cada vez mais frequentemente na indústria de alimentos. Alimentos industrializados contendo aditivos com fósforo reduzem os efeitos protetores da restrição alimentar de fósforo, exigem aumento do uso de quelantes e elevam o custo do tratamento, além de outras complicações. Os aditivos alimentares que contêm fósforo inorgânico são quase 100% absorvidos pelo trato gastrintestinal (19-21). Em uma alimentação típica, contendo grãos, carne e laticínios, aproximadamente 40-60% dos fosfatos orgânicos naturais são absorvidos. Portanto, alimentos e bebidas contendo esses aditivos representam Quadro 2. Relação fósforo/proteína em alguns alimentos Alimento Fósforo (mg) Proteína (g) Relação Fósforo/Proteína Gema de ovo (2, 50g) 250 8 31 Leite (230mL) 220 8 27,5 Queijo (50g; Minas) 215 9 24 Fígado de boi (100g) 370 20 18,5 Soja (100g)* 218 14 16 Carnes (1 bife, 100g) 197 20 9,8 Clara de ovo (2, 50g) 17 6 2,8 Fonte: média de diversas tabelas de composição química de alimentos. *A biodisponibilidade intestinal do fósforo de alimentos de origem vegetal é menor do que de fontes animais. 10 sobrecarga perigosa, extra e oculta, de fósforo. O uso de aditivos contendo fósforo aumenta a relação do mineral para a proteína. Em alimentos processados contendo aditivos com fosfato, um estudo mostrou taxa média de 14,6mg de fósforo para cada grama de proteína, comparado com 9,0mg por grama para itens que não continham o aditivo (20). Exemplos de aditivos alimentares que contém fósforo são: fosfato de cálcio, fosfato de potássio, fosfato de sódio, fosfato de magnésio e ácido fosfórico. Mas os nomes alternativos de cada um desses aditivos são inúmeros. Alimentos tradicionais que usam aditivos contendo fósforo incluem (19): carnes reestruturadas (ex.: nuggets de frango e salsichas), queijos processados ou em creme, produtos instantâneos (ex.: pudins e molhos), alimentos refrigerados de panificadora, e bebidas (ex.: refrigerantes, chás, sucos e águas flavorizadas de várias marcas). Mesmo as carnes frescas podem receber injeção de solução com aditivos de sódio e fósforo. As razões para a indústria utilizar os sais de fosfato como aditivos são múltiplas. Eles não são onerosos e são efetivos para assegurar a qualidade dos produtos. E são considerados seguros para a população em geral. Os sais de fosfato agem não somente como ácidos, como é o caso do ácido fosfórico, mas também como tampão. Eles asseguram a cremosidade e a homogeneidade dos produtos de laticínio, promovem ou previnem a cogulação, emulsificam, preservam a textura de carnes congeladas e melhoram o sabor e a cor das carnes. Eles também amaciam carnes duras e asseguram a maleabilidade de produtos de panificadora, refrigerados e congelados. Eles também reduzem a rancificação pela oxidação e podem ser usados para adicionar nutrientes específicos, como o cálcio, a um produto. Portanto, o uso de aditivos contendo fósforo extende-se a todos os grupos alimentares industrializados, e tornou-se um grande desafio. As informações sobre o conteúdo de fósforo no rótulo, incluindo a quantidade nos aditivos, não são obrigatórias. E podem atém mesmo serem consideradas como “segredo industrial”. Portanto, para o momento, a melhor sugestão é o paciente evitar qualquer alimento industrializado que contenha aditivo com fósforo. Outro aspecto que influencia no conteúdo de fósforo dos alimentos é o tipo de processamento ou de cozimento, industrial ou doméstico. O procedimento de fervura pode eliminar certa quantidade de fósforo dos alimentos. Em estudo, a fervura de 10, 20 e 30 minutos da carne vermelha e do frango reduziu significativamente, em quase metade, o teor fósforo contido nesses alimentos crús (22). A quantidade de proteínas foi praticamente preservada com o procedimento. Por isso, o benefício da fervura em água como forma de reduzir fósforo dos alimentos deve fazer parte da educação alimentar dos pacientes com dificuldades de controle do fósforo sérico. A baixa adesão à dieta pobre em fósforo e ao uso de quelantes de fósforo é um problema comum dos pacientes em diálise (23). Para auxiliar na adesão, a educação alimentar de pacientes e da equipe profissional é crucial. Vários estudos mostraram eficácia da educação alimentar no controle de fósforo (24-28), particularmente na melhora do conhecimento. O impacto parece ser maior para pacientes que apresentam menos conhecimento inicial e para aqueles mais hiperfosfatêmicos. No estudo de Ford et al, 20 a 30 minutos de educação alimentar adicional por mês resultou em melhora significativa da hiperfosfatemia e doo conhecimento dos pacientes em relação ao assunto (26). Porém, além do conhecimento, o sucesso na redução dos níveis de hiperfosfatemia depende da motivação e da determinação do paciente. E pelo fato de o tempo em diálise ter grande impacto na adesão (23), estratégias educacionais devem ser planejadas para repetições criativas a longo prazo. A utilização de materiais educativos e de atividades lúdicas, individuais e em grupo, com adequação às limitações cognitivas e sensoriais, pode ajudar na motivação e na melhora da adesão. O maior objetivo da educação alimentar é dar poder ao paciente, que começa com o conhecimento dele sobre o assunto. Em resumo, segue as recomendações do NICE Clinical Guidelines sobre o manejo alimentar para a hiperfosfatemia de adultos e crianças (29): y Um nutricionista, especialista em doença renal, apoiado por outros profissionais da saúde, com as habilidades e competências necessárias, deve realizar avaliação e oferecer informação e aconselhamento individualizado sobre o manejo alimentar do fósforo. y O aconselhamento sobre o manejo do fósforo alimentar deve ser adaptado para as necessidades individuais de aprendizado e preferências, ao invés de ser generalizado ou por meio de um programa complexo de multicomponentes. y Devem ser dadas informações sobre o controle da ingestão de alimentos ricos em fósforo, em particular aqueles com alto teor de fósforo por 11 Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica grama de proteína, e alimentos e bebidas com altos conteúdos de fosfato (aditivos). O objetivo é controlar o fosforo sérico e, ao mesmo tempo, evitar a desnutrição, mantendo a ingestão proteica no mínimo ou acima do recomendado. Para pessoas em diálise, levar em conta as possíveis perdas pelo dialisato. y Caso seja necesssário usar um suplemento para manter a ingestão proteica de crianças e jovens com hiperfosfatemia, oferecer um produto com baixo conteúdo de fósforo, considerando a preferência e outras necessidades nutricionais. QUELANTES DE FÓSFORO O uso de quelantes está indicado quando o controle do fósforo (níveis séricos acima de 5,5mg/dL) é difícil somente com a alimentação. Ou em caso de indicação de dieta hiperproteica (30). Todos os quelantes apresentam mecanismo de ação semelhante: ligam- se ao fósforo proveniente da dieta e diminuem a absorção deste íon no trato gastrintestinal. Portanto, é evidente que os quelantes devem ser prescritos de acordo com o conteúdo de fósforo de uma refeição ou lanche. Porém, muitas vezes, eles são prescritos inadequadamente (31). O uso adequado pode diminuir a quantidade prescrita de comprimidos (25). Além disso, pode melhorar a adesão do paciente, diminuir custos e riscos do tratamento. De forma ideal, um quelante deveria ter alta afinidade pelo fósforo, baixa solubilidade, ser palatável e não ser absorvido ou apresentar toxicidade. Os quelantes à base de alumínio são bastante efetivos em diminuira absorção de fósforo. Porém, devido aos vários efeitos colaterais que apresentam, como por exemplo, anemia microcítica, osteomalácia e risco de encefalopatia, eles têm seu uso bastante restrito (32). Os quelantes à base de cálcio podem ser empregados como terapia inicial. Carbonato ou acetato de cálcio são as preparações mais utilizadas. O acetato de cálcio (1mg de fósforo quelado por 3mg de cálcio absorvido) é mais efetivo que o carbonato de cálcio (1mg de fósforo quelado por 8mg de cálcio absorvido) (33, 34). Clinicamente, não há diferença significativa na taxa de hipercalcemia entre as duas preparações (35). Ambos devem ser utilizados próximos ou durante as refeições. Sintomas gastrintestinais como obstipação, desconforto abdominal e baixa palatabilidade são frequentes (36). O uso dos sais de cálcio é limitado pelo desenvolvimento de hipercalcemia em até 38% dos pacientes, e pela elevação do produto cálcio x fósforo, principalmente quando em uso da vitamina D. A ingestão de quelantes à base de cálcio é fator de risco independente para a calcificação vascular (37). Por isso, recomenda-se que a dose total de cálcio elementar, incluindo o cálcio alimentar, não deve exceder 2g (lembrar que 500mg de carbonato de cálcio contém 200mg de cálcio elementar). Também se desaconselha o uso em pacientes hipercalcêmicos (cálcio total maior que 10,2mg/dL), naqueles com PTH intacto menor que 150 e em casos de calcificação grave, seja ela vascular ou de tecidos moles (38). A manutenção de níveis adequados de calcemia é parte importante do controle do metabolismo mineral em pacientes submetidos à terapia renal substitutiva. Pacientes em diálise peritoneal apresentam mais frequentemente tendência à hipercalcemia, principalmente pelo uso de quelantes de fósforo à base de cálcio associado às bolsas de diálise com alta concentração de cálcio. Quando o cálcio total exceder 10,2mg/dL, medidas como redução de quelantes à base de cálcio, diminuição ou suspensão da oferta de vitamina D ou de seus análogos e utilização de bolsas de diálise com concentração de cálcio de 2,5mEq/L devem ser implementadas (38). A hipocalcemia (cálcio total menor que 8,4mg/ dL) deve ser corrigida se o paciente apresentar sintomas como parestesias ou sinais de tetania ou se o PTH estiver acima dos níveis-alvo recomendados. Nestes casos, utilizam-se medidas opostas àquelas empregadas no tratamento da hipercalcemia. O hidrocloridrato ou, agora também disponível, o carbonato de sevelamer (Renagel®, Renvela®) é um quelante de fósforo isento de cálcio e de alumínio, não absorvível e resistente à degradação digestiva (39). Em um estudo multicêntrico que analisou 200 pacientes em HD, Chertow et al demonstraram que o sevelamer, comparado ao carbonato ou ao acetato de cálcio, preveniu a progressão de calcificações coronarianas e valvares aórticas, documentadas por tomografia computadorizada por feixe de elétrons (EBCT) (40). Ao final das 52 semanas do estudo, o fósforo sérico, assim como o produto cálcio x fósforo, foi semelhante em ambos os grupos. Entretanto, a incidência de hipercalcemia foi significativamente maior no grupo que utilizou quelantes à base de cálcio. Outro achado, 12 atribuído à ligação com sais biliares, foi a diminuição dos níveis séricos de colesterol total e da LDL com o uso do sevelamer. O nível sérico de bicarbonato foi menor ao final do estudo em pacientes que utilizaram o hidrocloridrato de sevelamer (22,1 ± 4,4 vs 19,2 ± 4,3, p=0,0003) (40). Vários estudos confirmaram sua eficácia em diminuir o fósforo sérico e os níveis de PTH, sem aumentar o cálcio do sangue (41-43). No entanto, um estudo randomizado e multicêntrico, de 2.103 pacientes, objetivou avaliar a mortalidade total e por causa específica (cardiovascular, infecção ou outras) (44). Não houve vantagem na sobrevida de pacientes prevalentes em diálise. Houve somente algum benefício no subgrupo com mais 65 anos de idade. O sevelamer deve ser administrado junto com as refeições. A dosagem inicial, bem como a manutenção, deve ser em função dos níveis de fósforo sérico. A associação com baixas doses de sais de cálcio mostrou-se promissora em alguns estudos (45, 46). E pode diminuir os custos potenciais do tratamento, ao permitir o uso de doses menores de sevelamer. O carbonato de lantânio (Fosrenol®), aprovado pelo Food and Drug Administration americano (FDA) em 2004, ainda não está disponível em nosso meio. Ele também é um quelante isento de cálcio e de alumínio, que se liga ao fósforo e forma o fosfato de lantânio. Apresenta baixa absorção gastrintestinal e os resultados foram favoráveis para pacientes hemodialisados. Dados histomorfométricos não revelaram a presença de osteomalácia ou de doença adinâmica em período de uso do lantânio de até um ano (47). Além disso, o metal não cruza a barreira hemato-liquórica. E o número de comprimidos necessários para a quelação de fósforo é pequeno (1 a 3 por dia), o que pode facilitar a adesão ao tratamento (48). Entretanto, o lantânio é um metal de transição e, devido aos problemas anteriores com o alumínio, sua aceitação ainda é controversa. E os desfechos clínicos e a calcificação vascular ainda não foram adequadamente avaliados. A não aderência ao uso de quelantes pode estar relacionada à preferência do paciente, além de outros fatores. Num estudo, 54,5% dos pacientes relataram não gostar do quelante prescrito (49). Estes pacientes tiveram maior risco de apresentar níveis séricos de fósforo maiores que 5,5mg/dL. O acetato de cálcio foi o quelante preferido por quase a maioria dos pacientes, seguido do lantânio, do sevelamer e do hidróxido de alumínio. As razões para a não preferência de quelantes foram o formato da dose, o sabor, o número de comprimidos e a intolerância gástrica. A intolerância gástrica e o sabor ruim foram mais frequentemente relatados para o hidróxido de alumínio. O sevelamer recebeu queixas em relação ao tamanho muito grande e ao número elevado de comprimidos por dia. As queixas do lantânio foram em relação a ser mastigável. As recomendações do NICE Clinical Guidelines, sobre quelantes de fósforo no manejo da hiperfosfatemia crianças, jovens e adultos são (29): y Para crianças e jovens, oferecer quelantes à base de cálcio como primeira opção de quelante para o controle do fósforo sérico, além do manejo alimentar. y Para crianças e jovens, em caso de várias medidas seriadas de cálcio sérico mostrarem tendência para o limite máximo da normalidade para a idade, considerar um quelante à base de cálcio em combinação com o sevelamer, levando em consideração outras causas para o aumento dos níveis de cálcio. y Para crianças e jovens adultos que permanecem hiperfosfatêmicos, apesar da aderência ao quelante de fósforo à base de cálcio, e que os níveis de cálcio sérico estão acima do limite máximo normal para a idade, considerar a combinação ou a mudança para o sevelamer, levando em consideração outras causas para o aumento dos níveis de cálcio. y Para adultos, oferecer acetato de cálcio como primeira opção de quelante de fósforo para controlar o fósforo sérico, além do manejo alimentar. y Para adultos, considerar o carbonato de cálcio se o acetato de cálcio não estiver sendo tolerado, ou o paciente o achar impalatável. y Para adultos com DRC nos estágios 4 ou 5, não em diálise, e que estão tomando quelante à base de cálcio: considerar a mudança para um quelante não à base de cálcio se o quelante à base de cálcio não estiver sendo tolerado; considerar a combinação ou a mudança para um quelante não à base de cálcio se a hipercalcemia se desenvolver (levando em conta outras causas do aumento dos níveis de cálcio), ou se os níveis séricos do PTH estiverem baixos. 13Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica y Para adultos com DRC no estágio 5, em diálise, e que que permanecem hiperfosfatêmicos, apesar da aderência à dose máxima recomendada ou tolerada de quelante de fósforo à base de cálcio, considerar a combinação ou a mudança para um quelante não à base de cálcio. y Para adultos com DRC no estágio 5, em diálise, e que estão tomando quelante à base de cálcio, se os níveis séricos de fósforo estão controlados pela dieta atual e pelo regime atual de quelante, mas: os níveis de cálcio sérico estão acima do limite máximo de normalidade ou os níveis de PTH estão baixos, considerar a combinação ou a mudança para o sevelamer ou lantânio, levando em consideração outras causas para o aumento dos níveis de cálcio. y Para crianças, jovens e adultos, se é usada a combinação de quelante de fósforo, aumentar lentamente a dose, até alcançar o controle do fósforo sérico, levando em consideração os efeitos de qualquer quelante à base de cálcio nos níveis séricos do cálcio. y Levar em consideração a preferência e a facilidade de administração, assim como as circunstâncias clínicas, quando oferecer um quelante de fósforo recomendado. y Orientar os pacientes (ou, quando apropriado, os pais e/ou cuidadores) que é necesssário tomar os quelantes de fósforo junto com os alimentos, para controlar o fósforo sérico. y Em resumo, em cada rotina clínica, revisar e avaliar o controle sérico de fósforo, levando em consideração: manejo alimentar do fósforo; regime de uso do quelante de fósforo; aderência à dieta e medicamento; outros fatores que podem influenciar o controle do fósforo, como o uso da vitamina D e a diálise. NIACINA A área menos pesquisada e nova é o uso da niacina com método para controle da hiperfosfatemia. A base do uso da niacina foi a descoberta do transportador Na-Pi-IIb, parcialmente responsável pela quantidade de fósforo absorvida, e presente no intestino e nos túbulos renais. O transportador é inibido pela presença da nicotinamida (50, 51). A niacina é conhecida como ácido nicotínico. A nicotinamida, ou niacinamida, é o amido do ácido nicotínico. A conversão do ácido nicotínico para a nicotinamida não é um processo direto. Embora ambos sejam rapidamente absorvidos no corpo, o ácido nicotínico somente é capaz de funcionar nas formas de coenzimas nas células, para o processo de glicogenólise, no metabolismo de ácidos graxos e na respiração de tecidos (52). As duas formas da niacina têm sido estudadas em relação ao efeito nos níveis de fósforo sérico. Efeitos positivos e negativos de ambas têm sido identificados. Aparentemente, a nicotinamida tem menos efeitos colaterais. Os efeitos negativos potenciais do ácido nicotínico são a vermelhidão cutânea, as alterações nos testes de função hepática, a piora da resistência insulínica, os distúrbios gastrintestinais, como náuseas, vômitos e irritação de úlceras gástricas pré-existentes. Com a nicotinamida, os efeitos colaterais mais comuns são o desconforto gastrintestinal e o potencial para trombocitopenia. Mas, aparentemente, o monitoramento da tolerância do paciente e o fornecimento de doses mais baixas do suplemento podem resultar em reações pequenas nos pacientes (53). Com a compreensão de que a nicotinamida pode inibir o transportador Na-Pi-IIb no intestino e no túbulo renal, os estudos têm focado na eficiência e determinação da dose exata que pode ajudar no controle do fósforo sérico em pacientes com DRC. A eficiência e a segurança foram bem comprovadas com diferentes doses (de 1 a 2g por dia) de niacina, por períodos usuais de 2 a 3 meses (54-59). Ao iniciar a suplementação, o paciente deve ser monitorado cuidadosamente para determinar o nível de tolerância individual. Enfim, a suplementação com a nicotinamida deve ser considerada como alternativa ou adição às terapias atuais de controle do fósforo sérico de pacientes com DRC. A suplementação pode ajudar a diminuir o número usado de comprimidos de quelantes, pode melhorar a adesão do paciente e diminuir custos. VITAMINA D E ANÁLOgOS A deficiência absoluta da forma ativa da vitamina D, 1,25(OH)2D3 ou calcitriol, possui papel central na gênese do hiperparatireoidismo secundário. Adicionalmente, diminuição no número de receptores e resistência à ação da vitamina D concorrem para uma deficiência relativa deste hormônio (60). 14 O calcitriol (Rocaltrol®) é efetivo em reduzir os níveis séricos de PTH. Entretanto, o aumento da absorção intestinal de cálcio e de fósforo é o principal limitante para seu uso. Em pacientes com hiperparatireoidismo secundário, a administração da vitamina D em pulsos não apresentou maior vantagem que a via oral (61). Doses de calcitriol de 0,5 a 1µg por via oral duas ou três vezes por semana, de preferência à noite, são comumente empregadas (38, 62). Alternativamente, doses menores (0,25µg) podem ser administradas diariamente. O objetivo em pacientes com DRC estágio 5 é a redução de níveis séricos de PTH para valores entre 150 a 300pg/mL ou mantê-los na faixa de aproximadamente duas a nove vezes o valor do limite superior da normalidade. Infelizmente não é rara a necessidade de suspensão do calcitriol por hipercalcemia (>10,2mg/dL) ou hiperfosfatemia graves (6mg/dL). É também frequente, pela já citada hiperabsorção intestinal de cálcio e de fósforo, a necessidade de adequação da concentração de cálcio no dialisado, a diminuição no uso de quelantes de fósforo à base de cálcio e/ou a introdução de quelantes não calcêmicos para evitar aumentos indesejáveis do produto cálcio x fósforo. Mais recentemente, foram desenvolvidos análogos da vitamina D com menor ação hipercalcêmica e hiperfosforêmica. Estudos iniciais com o doxercalciferol (1-α-OH-vitamina D2) e com o paricalcitol (19-nor- 1,25(OH)2D2, Zemplar®) mostraram-se promissores (45, 63). Em 2003, um estudo chamou atenção ao detectar menor mortalidade de pacientes hemodialisados que utilizaram o paricalcitol versus aqueles que usaram o calcitriol. Neste estudo, Teng et al, em uma análise retrospectiva, compararam 29.021 pacientes que utilizaram o paricalcitol e 38.378 que usaram o calcitriol (64). Ao final de 36 meses, houve redução da mortalidade em aproximadamente 4% no grupo que utilizou o paricalcitol. Os mecanismos para esses resultados ainda são desconhecidos. Outro estudo retrospectivo relatou menor taxa de hospitalização e de permanência hospitalar com o paricalcitol (65). Apesar de intrigantes, obviamente estes dados necessitam de confirmação, com estudos prospectivos e multicêntricos. É importante frisar que em qualquer estágio de progressão da DRC, devem-se avaliar os níveis de calcidiol (25-OH-vitamina D), a forma de estoque da vitamina. São consideradas adequadas concentrações entre 30 a 60ng/mL. A insuficiência (<15ng/mL) ou deficiência (15-30ng/mL) de calcidiol deve ser tratada com vitamina D2 ou D3. CALCIMIMÉTICOS Por seu papel regulador da secreção de PTH, os receptores sensores de cálcio, detectados em vários tecidos, como paratireoides, rins, intestino e osso, tornaram-se alvo farmacológico potencial, na tentativa de suprimir o PTH e diminuir os níveis séricos de cálcio e de fósforo. Ligantes que ativam estes receptores e inibem a secreção de PTH foram desenvolvidos e denominados de calcimiméticos. A utilização destes compostos por via oral diminui abruptamente o PTH sérico, em uma a duas horas, de maneira dose-dependente. Como efeito colateral, nota-se a hipocalcemia com alguma frequência. Dados obtidos de estudos clínicos, que utilizaram o hidrocloreto de cinacalcete (Mimpara®), com duração de 12 a 24 meses, indicam que o PTH pode ser diminuído efetivamente em pacientes hemodialisados, com decréscimoconcomitante no produto cálcio x fósforo (66, 67). Uma indicação possível dos calcimiméticos são os casos de hipercalcemia durante a utilização de calcitriol. Em um estudo multicêntrico (OPTIMA) (68), a eficácia terapêutica do cinacalcete foi comparada ao tratamento tradicional com doses flexíveis de vitamina D (ou análogos) e quelantes de fósforo, em pacientes submetidos à HD e com hiperparatireoidismo secundário inadequadamente controlado (PTH maior que 300 e menor que 800pg/mL). No geral, 71% dos pacientes tratados com cinacalcete, em contraste com apenas 22% nos tratados com doses flexíveis de vitamina D, alcançaram níveis plasmáticos de PTH médios menores que 300pg/mL (p<0,001). Estudos em andamento (estudo EVOLVE - EValuation Of Cinacalcet HCl Therapy to Lower CardioVascular Events, por exemplo) procuram determinar o efeito do cinacalcete na morbidade e mortalidade cardiovascular de pacientes em HD. CONCLUSÃO A hiperfosfatemia é um obstáculo difícil para a população de pacientes com DRC. Quando não tratada, há aumento do risco para múltiplos problemas de saúde e sobrevida. Estes incluem a doença cardiovascular, resultante da calcificação 15 Cálcio, Fósforo e Vitamina D na Doença Renal Crônica do coração, de vísceras e de artérias periféricas, o hiperparatireoidismo secundário e a osteodistrofia renal. O controle do paratormônio, a diálise eficiente, a restrição de alimentos ricos em fósforo e o uso adequado de quelantes são necessários para melhorar os resultados dos pacientes. Particularmente para pacientes em diálise, o manejo alimentar do fosforo é difícil e complexo, devido à recomendação de dieta hiperproteica. Há múltiplos tipos de quelantes de fósforo disponíveis. Cada um deles tem efeitos positivos no controle do fósforo, mas também desvantagens. A educação de pacientes com DRC para a promoção da adesão da dieta e uso adequado de quelantes de fósforo contribui significativamente para o manejo do fósforo. Além disso, toda a equipe profissional deve ser instruída para os princípios do manejo do fósforo. Os nutricionistas são somente parte da equipe de cuidado do paciente. Os enfermeiros, técnicos em diálise, médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros podem reforçar os esforços educacionais do nutricionista. Novas alternativas, como a suplementação da niacina, devem ser mais pesquisadas e avaliadas como contribuintes para a prevenção da hiperfosfatemia de pacientes com DRC. Por fim, as terapias com calcimiméticos, vitamina D e análogos também podem evitar as complicações promovidas pelo hiperparatireoidismo. Com isso, há redução de custos, aumento da qualidade de vida e, principalmente, melhora da sobrevida dos pacientes com DRC. REFERÊNCIAS 1. Baron R. Anatomy and ultrastructure of bone. In: Favus MJ, editor. Primer on the metabolic bone disease and disorders of mineral metabolism. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 1999. p. 3-10. 2. Goodman WG, Coburn JW, Slatopolsky E, Salusky IB. Renal osteodystrophy in adults and children. In: Favus MJ, editor. 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