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1 EMBARGOS DO DEVEDOR

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
Profª Alessandra Moraes 
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UNIDADE VIII). EMBARGOS DO DEVEDOR 
 
Os Embargos do Devedor possuem natureza jurídica de ação de 
conhecimento incidental ao processo de execução. 
Atualmente não dependem da garantia do juízo (artigo 914, CPC), ao 
contrário do que ocorria antes da reforma no Livro das Execuções, em que seu prazo só 
transcorria da intimação da penhora, haja vista a necessidade de garantia do juízo. 
Os embargos são distribuídos por dependência, e autuados em 
apartado, mas apenso ao processo de execução e instruídos com cópias das peças 
relevantes, que podem ser declaradas autênticas pelo advogado (artigo 914, §1º, CPC). 
O devedor tem 15 (quinze) dias para embargar, sendo que o 
advogado deve estar muito atento ao termo inicial da contagem desse prazo, pois 
temos algumas hipóteses diferentes: 
1). Vários devedores: será feita a contagem de forma independente, 
sendo que o prazo de cada devedor terá como termo inicial a juntada do seu mandado de 
citação cumprido ou do aviso de recebimento assinado aos autos (artigo 915, §1º, CPC); 
2). Devedores cônjuges ou companheiros: nesse caso o termo inicial 
de contagem do prazo de embargos será a juntada do último comprovante de citação aos 
autos (artigo 915, §1º, CPC); 
3). Citação por Carta Precatória (aplicável também a carta 
rogatória e de ordem): 
3.1). embargos que versem sobre vícios de penhora, avaliação ou 
alienação de bens (ocorridas no juízo deprecado): o termo inicial 
será a juntada do comprovante de citação nos autos da própria Carta 
(artigo 915, §2º, I, CPC); 
3.2). embargos que versem sobre outras matérias: o prazo 
começará a contar da data da juntada da comunicação eletrônica de 
citação aos autos de origem, ou se essa não acontecer, a partir da 
juntada da própria Carta cumprida (artigo 915, §2º, II CPC). 
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Em qualquer caso, não haverá a contagem do prazo em dobro na 
hipótese de litisconsórcio, ainda que com advogados distintos, como expressamente 
ressalta o §3º, daquele mesmo artigo 915. 
 
CONFISSÃO DO DÉBITO NO PRAZO DOS EMBARGOS (artigo 916, CPC): 
Se o devedor no prazo dos Embargos confessar o débito poderá, 
depositando 30% do valor da execução (incluindo custas e honorários), requerer o 
parcelamento do saldo em 6 (seis) vezes, acrescidas de correção monetária e juros de 1% 
(um por cento) ao mês, circunstância que, ouvido o credor sobre o preenchimento dos 
pressupostos em 5 dias (artigo 916, §1º, CPC), pode ser deferida ou não pelo juiz, quando 
deferida acarretará a suspensão dos atos executivos, se indeferida, apesar do levantamento 
do valor depositado a execução prosseguirá. 
Caso o devedor não pague qualquer das parcelas, as demais vencerão 
e lhe será imposta multa de 10% sobre os valores não pagos, vedada a interposição de 
Embargos (artigo 915, §5 º CPC). 
 
REJEIÇÃO LIMINAR (artigo 918, CPC): 
Ao juiz caberá indeferir a petição inicial dos Embargos, rejeitando-os 
liminarmente, caso: 
a). sejam intempestivos; 
b). seja caso de indeferimento da inicial ou de improcedência liminar 
do pedido; 
c). sejam manifestamente protelatórios (por exemplo: quando estejam 
argumentando com tese amplamente superada na doutrina e na jurisprudência), caso em 
que podem ser considerados como ato atentatório à dignidade da justiça (artigo 918, 
parágrafo único, CPC). 
 
EFEITOS DOS EMBARGOS (artigo 919, CPC): 
A regra geral na oposição de Embargos é a continuidade do 
procedimento executivo, sendo o efeito suspensivo hipótese excepcional, analisada a partir 
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do requerimento do Embargante e quando sendo relevantes os argumentos, o juiz entender 
que seria o caso de concessão de tutela provisória. 
De qualquer modo, para deferir o efeito suspensivo a execução deve 
estar garantida por penhora, depósito ou caução suficiente (artigo 919, §1º, do CPC). 
A decisão sobre os efeitos atribuídos aos Embargos tem caráter 
precário, podendo ser modificada pelo magistrado a requerimento da parte e desde que em 
decisão fundamentada na alteração das circunstâncias que a motivaram (artigo 919, §2º, 
CPC). 
A suspensão pode ser apenas parcial, caso em que a execução pode 
prosseguir quanto ao restante, assim como se a suspensão disser respeito a argumentos que 
sirvam apenas a um dos Embargantes, a execução prosseguirá em relação aos demais 
(artigo 919, §§3º e 4º, CPC). 
A concessão do efeito suspensivo não impede a penhora e avaliação 
de bens, impedindo apenas os atos de expropriação (artigo 919, §5º, CPC). 
 
PROCEDIMENTO (artigo 920, CPC): 
Recebidos os Embargos o exeqüente será intimado a oferecer 
impugnação no prazo de 15 (quinze) dias. 
Sendo necessário produzir prova, será designada audiência, encerrada 
a instrução ou sendo hipótese de julgamento antecipado da lide sentenciará de imediato. 
 
MATÉRIAS DOS EMBARGOS DO DEVEDOR (ARTIGO 917, CPC): 
O Embargante pode veicular em sua petição as seguintes matérias, a 
saber: 
A). Inexequibilidade (quanto falto ao documento os atributos que o 
transformam em título executivo) ou inexigibilidade do título (quando alguma condição 
exigida no título não foi cumprida previamente pelo credor) 
B). Penhora ou Avaliação erradas; 
C). Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções: 
Na alegação de EXCESSO DE EXECUÇÃO, o Embargante para ter 
sua petição recebida deve declarar qual é o valor correto da execução, juntando memória 
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do cálculo detalhada e atualizada, sob pena de rejeição liminar ou não conhecimento do 
pedido (artigo 917, §§3º e 4º, CPC). 
Entende-se por excesso de execução as seguintes hipóteses: 
I). quando o credor pede valor superior ao do título; 
II). quando pede coisa diversa do título (na hipótese de execução para 
entrega de coisa); 
III). quando se processa de modo diverso do que determina o título; 
IV). quando o credor sem cumprir sua prestação exige a do devedor; 
V). se o credor não prova que a condição da execução se realizou. 
D). Retenção por Benfeitorias (na hipótese de execução para entrega 
de coisa): nessa espécie de Embargos o exeqüente poderá pedir a compensação das 
benfeitorias com os frutos ou danos devidos pelo executado, o que poderá ser apurado por 
meio de exame pericial, sendo que o exeqüente poderá se imitir na posse, desde que preste 
caução ou deposite o valor das benfeitorias ou resultado da compensação entre estas e os 
frutos e danos. 
E). Incompetência absoluta ou relativo do juízo da execução; 
F). Matérias oponíveis em defesa em ação de conhecimento 
(pagamento, novação, renúncia ou perdão da dívida, etc...) 
O parágrafo 1º, do artigo 917, autoriza o devedor a se insurgir contra o 
erro de penhora ou avaliação, por petição simples, no prazo de 15 (quinze) dias, que nesse 
caso seriam contados da ciência do ato. 
Parece-nos que isso ocorrerá quando o ato estiver desvinculado da 
citação, nos casos em que estaocorra depois. 
o for o juiz liberará o valor depositado em seu favor, mas se o juiz entender que os 
embargos foram protelatórios imporá multa equivalente a 20% (vinte por cento) do valor 
em favor do adquirente do bem.

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